Acordo com o barulho insuportável do meu despertador. É sério, se eu encontrasse o ser que inventou isso, garanto que ele iria se arrepender do maldito dia. Me sento na cama – depois de desligar o aparelho demoníaco – ainda sonolenta e me espreguiço, tentando me acostumar com a luz solar que invade o meu quarto. Me levanto e caminho lentamente até o banheiro, como seria bom se o dia passasse sem que eu precisasse me submeter a uma situação que eu considero uma das mais constrangedoras que uma pessoa pode passar…

Nunca fui uma pessoa muito sociável, mas entrar em uma escola na qual eu não conheço ninguém, numa cidade totalmente estranha, só piora a minha situação.

Entro no banheiro e me olho no espelho da pia. Não poderia estar pior: minha pele está totalmente pálida, o que só realça as olheiras que marcam meus olhos; meus cabelos loiros e lisos estão desgrenhados e opacos; e a vermelhidão nos meus olhos é quase tão nítida quanto a certeza de que eu vou me ferrar.

Pessimismo,seu nome é Mônica Sousa.

Ah, já ia me esquecendo, meu nome é Mônica Sousa, tenho 17 anos de idade. Moro em Forx, quero dizer, agora eu moro em Forx, infelizmente.

Antes eu morava em Nova Jersey, com meus pais, eu era feliz. Tinha poucos amigos, uma escola boa, uma vida pacatá e sem emoção , como uma boa nerdy... Mas adivinha? Como se não bastasse toda a grana que a gente tem, tivemos que nos mudar pra cá porque surgiu uma oportunidade e um salário melhor para o meu pai. Então viemos parar nessa cidade, conhecida por fazer um calor infernal 365 dias por ano. Ninguém perguntou se eu queria me mudar.

Agora aqui estou eu, tentando adiar ao máximo o momento de encarar a nova realidade. Se já era difícil ir á escola e ter que engolir as pessoas me olhando como se eu fosse um ET, agora será pior. Alguém me mata.

Sou despertada da minha viagem a minha mente em frente ao espelho, com batidas na porta.

—Mônica, vamos acorde, você está atrasada para a escola!

Que ótimo, lá vamos nós. Oba.