—Sabe que sua decisão não tem volta, não é? - A garota acenou a cabeça confiante. - Me pergunto o que a faz querer se envolver no caso.

— Sr. River, acho que vai querer meus dados e documentos, já os providenciei. - Ela retirou uma pasta da bolsa.

Ela está fugindo do assunto? _ Pensou analisando a pasta .

— Gevanni cuidará disso. - O moreno a pegou e folheou o que havia dentro. - Catherine Bloom , 18 anos , cursa direito na Universidade Columbia University .

— O que a faz querer estudar direito, Srta. Bloom?

Ele está atrás de pistas sobre meu passado?

— Eu sempre gostei de enigmas e especificamente a área de mentes criminosas. Acho-as .. interessantes.

— E por isso arriscaria até sua vida neste caso? Para estudar a mente de um psicopata como Kira? - A garota riu.

— Não necessariamente, tenho outros propósitos. Dos quais não posso falar. Um motivo também seria, ajudar L.

— O conheceu? - Agora sim Near estava ficando curioso. A garota acenou negativamente.

— Pode-se dizer que sou uma mera admiradora de seu trabalho.

— Você tem muitas informações para uma mera admiradora. - Near após analisar o que dissera fez uma breve pausa e encarou-a novamente. - Até que ponto se arriscaria, Srta.Bloom?

— Até minha morte. Estou dizendo, eu vim aqui com um propósito, e não o abandonarei. Já fui longe demais para parar no meio do caminho. - Suas palavras eram firmes, sem nenhuma hesitação. - A propósito, não precisa de tanta formalidade, pode me chamar de Catharine, Near .

— Tudo bem então.

O silêncio se instalou no local. O som de um ronco veio de Cath, que rapidamente corou.

— Hm... Será que teria como eu ir comer algo, não almocei antes de vir pra cá.

— Tudo bem. - Fez um movimento para Halle, que segurou o ombro de Catherine.

— Me acompanhe.

Rester colocou novamente a venda em seus olhos. Disse algo como " É necessário ". Após descerem o prédio e chegarem na saída, Halle retirou sua venda.

Quando finalmente já estava livre, resolveu ir até um restaurante conhecido na cidade, por seus doces e cafés. Entrou e começou a olhar o que tinha no folheto sobre a bancada. 

— Dizem que o Cappuccino daqui é ótimo.- Se virou vendo o jovem homem que sorria simpaticamente.- Sou Light Yagami.- Estendeu a mão que logo foi apertada.

— Catherine, Catherine Bloom.

— Posso? - Fez um movimento para se sentarem em uma das mesas distantes da porta.- Gosto daqui, geralmente é quieto e posso pensar melhor.

— Hm, realmente é bem..Pacífico. 

Não demorou muito para uma das garçonetes vir atendê-los.

— Vou querer um Cappuccino e um croissant de queijo.- Fechou o cardápio e olhou para Catharine que ainda parecia indecisa.

— Então, dois Cappuccinos e um pedaço de bolo de chocolate com cobertura de morango, por favor.

A mulher anotou o pedido, fez uma reverência e saiu.

— Parece que resolveu aceitar minha recomendação.

— Não seja tão convencido, Yagami.- Riram.

— Catherine, o que acha de Kira?

— Por que a pergunta repentina?

— Curiosidade, só se fala nisso ultimamente.

A garota suspirou.

— Kira é um hipócrita.

— E por que acha isso?

— Simples, Kira acha que se livrando do "mal" do mundo, iria resolver algo. Mas, se ele fosse realmente bom, não estaria sendo procurado pela polícia, não acha?

— Talvez sejam apenas pontos de vista distintos.

— Pode ser, mas o caráter de Kira já mostra que ele não serve nem de longe para ser o "Deus" que julga ser. A morte do falso L, em plena TV japonesa só mostra isso. Se Kira fosse sábio, não teria tentado matar alguém inocente e que protege a sociedade, só por pura raiva de ser contrariado. Parece uma criança tentando retirar seus adversários de um jogo. Totalmente infantil. E foi idiota da parte dele achar que L se arriscaria daquela forma.- Tomou um gole do Cappuccino que havia chegado a alguns segundos.

— Talvez você tenha razão. 

— Você concorda com ele?

— Como?

— Do jeito que você se coloca sobre o assunto, parece que concorda com o que ele faz, ou talvez..Você seja Kira?- O garoto engasgou com um pedaço do croissant.- Brincadeira, brincadeira.- Riu. - Se você fosse Kira, eu já estaria morta. 

— É, tem razão. 

Continuaram a conversar e depois foram até a frente do estabelecimento.

— Por que veio para o Japão? Percebi que não é daqui.

— Sim, venho dos Estados Unidos. Mas resolvi fazer um intercâmbio pra cá. Estou a alguns meses aqui. 

— Ah, então já conheceu bastante da cidade?

— Um pouco, estive sem tempo. 

— Então, se me permite, posso ser seu "guia" enquanto está aqui? Podemos marcar de sair outra vez.

— Por mim, tudo bem. - Sorriu e retirou o celular da bolsa para trocarem números.

— Vou te acompanhar até a estação. 

— Não precisa. Você deve ter outros compromissos, não quero atrapalhar.

— Que nada, sua companhia é agradável. Vamos. - Segurou sua mão, a puxando. 

Conversaram mais até chegarem lá, comentaram sobre notícias atuais. Parecia que Light sempre se mantinha neutro sobre questões relacionadas a Kira. Cath tentou evitar, mas achou-o um pouco suspeito. 

— Bem, chegamos.

— Obrigada, por me fazer companhia. - Sorriu.

— Tudo b-- O telefone do moreno tocou e ele pediu licença.- Alô? Ah, o que foi Misa? - A voz feminina era perceptível do outro lado da linha.- Não posso falar disso agora, estou com uma pessoa.- A voz tornou-se estridente. O garoto bufou irritado.- Depois falamos disso. Tchau.

— Não devia tratar sua namorada assim.- Levantou uma sobrancelha.

— Ela não é minha.. Enfim, tenho que ir agora. Mas foi bom o lanche, espero encontrá-la mais vezes, aliás, bonito broche.- Disse antes de se distanciar. 

— Broche? - Olhou para o sobretudo que tinha um pequeno broche branco. Maldito Near! Tacou-o no chão e pisou em cima.

Quando voltou ao QG, o garoto se mantinha pacífico, montando um castelo de cartas. 

— Uma escuta? Sério?- O garoto virou o rosto para ela.- Isso que chamo de confiança. 

— Então você descobriu, eu não tinha escolha.- Ela bufou.

O garoto se virou novamente para as cartas, ela se sentou no sofá próximo a ele.

— C, já ouviu falar de Mello?

— Mello?- Ficou pensativa.- Ah, um dos sucessores de L. Um garoto problemático. - O albino a encarou e ela deu de ombros. - Li em sua ficha na Wammy's House. - Ele murmurou algo como : " Você realmente sabe demais."- É uma pena qie ele não tenha cooperado na investigação, ia ser de grande ajuda.

— Ele não serve para ser usado.

— Que engraçado, pensei que era você que usava as pessoas como peças de xadrez. 

— Sim, mas Mello é meu oponente.

— Oponente? Sim, e Kira é o xeque-mate, quem chegar até ele primeiro,ganha. 

— Hm, não me surpreende a competitividade entre vocês.

O silêncio se instalou no local até Catherine resolver quebrar o silêncio.

— Já está ficando tarde.. Acho melhor ir para casa. Amanhã volto. 

— Você ficará aqui.

— Como?- Ele estendeu uma chave com um número.

— Você ficará num dos quartos desse hotel, para ser vigiada. Não precisa se preocupar. Já trouxeram suas coisas, inclusive sua gata. 

— Ora seu.. 

— A propósito, eu tomaria cuidado com esse homem. 

— Por que? 

Near se levantou e apertou uma das teclas na mesa, os monitores rapidamente mudaram, mostrando perfis e documentos. Vários homens apareceram, entre eles, Light.

— Light Yagami, participa de um dos grupos que caça Kira, é um suspeito, mas pode chamá-lo de "novo" L. 

A garota analisava cada coisa escrita. Não era possível. 

— Bem que o achei suspeito.. 

— Preciso de sua ajuda.

— No que?

— Quero que o espione, e descubra tudo sobre ele. Mas estar próximo a ele não é o bastante. Quero que se torne íntima dele.

— Espera. Quer que eu me torne " namorada" dele?

— Chame do que quiser, será preciso para a solução do caso. 

— Entendo.. Vou para meu quarto. - Near jogou-lhe a chave e ela pegou, indo em direção a porta. 

— Srta. Catharine.

— Hm?

— Ainda vou descobrir quem você é, e seu passado.

— Boa sorte com isso, Near. - Sorriu de canto, saindo da sala do QG.