Love Kitsune escrita por BlackCat69


Capítulo 33
Capitulo Futuro (parte 6)


Notas iniciais do capítulo

Olha só quem voltou!



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Karin se perdurou imóvel, e por mais que a ideia de estar em outra era fosse assustadora, o que a dominou rapidamente foi a emoção de estar na presença de sua avó outra vez, mesmo sendo sua avó, uma criança.

Mito recebeu um apertado abraço de Karin.

A ruivinha de coque duplo não demorou a interligar os pontos.

E murmurou com um leve brilho emocionado nos olhos:

— Eu sou avó. — Sorrir feliz. — Sou avó de uma menina bonita.

A Uzumaki do futuro abriu a boca, soltando um grito de choro.

Mito levou suas mãozinhas para limpar a face da neta. 

Quando o choro se reduziu, o pentavô de Mito seriamente pousou uma mão sobre os cabelos da Uzumaki do futuro.

— Karin. Sei que está emocionada, mas deve prestar atenção. Mantenha em segredo o máximo de informações possíveis sobre sua era.

Karin se afastando de Mito, esfregava os olhos.

— Mas... mas... eu quero compartilhar muita coisa do futuro com a obaa-chan.

— É, deixa-a falar, pentavô. Eu quero saber com quem vou casar. E quantos filhos vou ter. — Mito apertou as mãos na frente do peito. — Qualquer coisa a gente vai atrás de um kodama e...

— Não, Mito. — Naruto nega, severamente. — Não sabemos como essa situação se desenvolverá. Pequenos detalhes, até os que parecem irrelevantes, podem ser responsáveis por alterar drasticamente o futuro.

Mito apertou os lábios estufando as bochechas. 

Naruto não se deixara vencer pela carinha dela, dizendo-a:

— Se quer ser uma boa seladora precisa entender isso.

Mito engoliu o ar de suas bochechas e assentiu. Conformada.

Karin secou mais os olhos e perguntou:

— Eu posso saber coisas do passado, não posso? 

— Pode. — Naruto a respondeu. — Contanto que não conte nada para alguém de sua era.

— Tá legal! — a ruiva de óculos sorriu maravilhada, mas seu sorriso sumiu. E seriamente queria entender a situação: — Qual a importância do colar?

— Nas mãos de seladores serve para muita coisa. Por exemplo, os sacerdotes, como seladores, têm ritual de cura. Esse colar aumenta imensamente essa habilidade. Podendo curar, purificar inúmeros indivíduos ao mesmo tempo.

— Mas — Mito interveio — o menino que nos roubou não parece ser um selador, então acho que ele está a mando de alguém. Ah se eu pego ele, ah se eu pego!

Karin se sentiu tão enfezada quanto sua avó. 

Com aquela negativa emoção reduzindo no progresso de alguns segundos, a menina do futuro comentou:

— Tive a impressão de que passei a ver yokais depois que usei o colar.

— Isso é por que você é uma Uzumaki — Naruto a explicava — mesmo que meu gene yokai não seja mais predominante em seu sangue, o colar em um Uzumaki liberta o dom de ver yokais.

— Mesmo eu não o usando mais? — impressionava-se Karin. 

— Sim. Em uma pessoa não Uzumaki, ela só verá se estiver usando o colar. Em um Uzumaki, basta usar o colar uma vez. É como usar uma chave e destrancar uma porta. Mesmo sem a chave na fechadura, a porta continuará aberta.

— Há como eu me "fechar"?

— Hai. Basta usar o colar de novo e ordenar em sua mente que não quer ver mais yokais.

Fascinante, Karin nadava em mais curiosidades: 

— Uh como iniciou a mistura entre humanos e Uzumakis em nossa família? 

Naruto sorriu. 

— Com meu pai, Minato Namikaze, e minha mãe, Kushina Uzumaki. — Nos seus rotundos azuis, um sereno brilho se expandiu. Doces lembranças abraçaram sua mente.

— Em que época foi?

— Período Edo. Século XVII. 

— Uau, desde essa época nós habitávamos Konoha?!  

— Hai. — Naruto seguia confirmando. 

Mito de platéia gostava de assistir a fome de Karin em conhecer sobre o passado. 

 

 

~NH~

 

 

Karin não viu o progredir do tempo.

Distraiu-se da preocupação, apreciando saber sobre a linhagem de sua família e a respeito da divisão dos mundos.

A decisão foi tomada conjuntamente por humanos e yokais.

Foi consultada a previsão de uma miko, sacerdotisa que detinha entre suas habilidades a função de exercer papel de oráculo.

Ela avisou que o número populacional de ambas as espécies, yokais e humanos, um dia alcançaria proporções a resultarem em inúmeros conflitos ao ponto que um dia a Terra se tornaria inóspita para ambos os lados.

Mesmo que fosse um futuro muito distante, ainda sim, nenhum dos lados queria que esse dia chegasse.

E como na época da consulta da miko, jazia muito difícil em vários lugares do mundo, humanos e yokais chegarem a um acordo, ao menos em uma decisão a maioria de ambos os lados concordou: a divisão dos mundos, por meio da magia.

Foi mais seguro fazer com que os mundos se dividissem e com isso as pessoas perderem a memória sobre a existência das criaturas. 

Tudo o que restou foram histórias. 

Lendas. 

Nesse contexto, os descendentes de Naruto se dividiram.

Ele tivera quatro filhos com Hinata Uzumaki, antes, Hyuuga.

O primeiro filho foi um menino de cabelo verde, Kyabetsu. 

Ele tinha olhos azuis claros e três traços horizontais, em cada lado da cara. 

Os dentes e unhas eram afiados. 

Ele puxou a longevidade do pai, tanto que chegou um tempo em que parecia ser o irmão caçula da família.

Tendo ele parte hanyou e parte humana poderia vagar entre os dois mundos. 

E ele era apaixonado pelos dois.

Assim que alcançou sua adolescência passou a se distanciar da família, enviando apenas lembranças.

Encontrava-se com a família somente pelo mês de julho ou final do ano. 

Tinha ano que não aparecia e quando reaparecia no outro levava um cascudo de todos da família.

O segundo filho foi uma menina ruiva chamada Kosho. 

Seu gene yokai era recessivo.

Entre o quarteto de irmãos, ela foi a única a permanecer em Konoha, morando com os pais, ajudando Naruto a cuidar de Hinata quando ela atingiu a fase idosa.

Obviamente, Kosho foi a responsável pela predominância de ruivos na família Uzumaki. 

Foi com ela também que se iniciou a prática de selamento na família. 

Existiam yokais que não concordavam com a divisão do mundo e tentavam um jeito de fugir ao primeiro mundo.

Para combatê-los, Kosho se especializou em rituais. 

O terceiro filho foi Boruto, uma cópia do pai, tanto em aparência quanto em personalidade. 

E mesmo tendo o gene yokai inativo em seu sangue, foi-lhe permitido se estabilizar no mundo yokai, pelo qual era fascinado. 

Himawari foi a caçula e reunia a mistura de Naruto e Hinata tanto em aparência quanto em comportamento.

Ela residiu em Konoha até seus vinte anos, quando se apaixonou por um príncipe yokai e resolveu se mudar com ele para o segundo mundo.

Comparando com Kyabetsu e Boruto, Himawari era quem mais visitava Konoha depois de não morar mais em casa. 

Uma coisa era certa: no mês de julho e festa de fim de ano, eram os momentos oficiais para a família se reunir.

O amor, o carinho e a felicidade que os envolviam, eram sempre na mesma grande intensidade.

Não importava o tempo que passavam longe um do outro. 

Com um timbre calmo, Naruto dizia: 

— A parte yokai deles é bem menor que a minha. Até mesmo a de Kyabetsu que dos irmãos foi quem viveu mais. Vivi mais tempo que meus filhos. Nenhum pai ou mãe quer partir depois dos filhos. Mas carreguei este fardo. Até mesmo porque meus filhos deixaram descendentes.  Ano passado fui ao segundo mundo ver como estão os descendentes de Boruto e Himawari. Eu os vigiei por muito tempo. Mas finalmente chegou o ano em que descansarei para sempre.

Mito espremeu seu quimono fazendo um bico choroso, odiava quando seu pentavô falava aquilo.

— O senhor está doente? — Karin perguntou preocupada.

— Não, é somente a velhice. Há quem consegue entender quando está chegando a sua hora. 

Karin reduzindo a distância entre os dois o abraçou.

— Espero que sua hora não seja esse ano. Ainda quero que viva bastante, para eu conhecê-lo na minha época. Eu adoraria lhe fazer companhia e cuidar do senhor.

— Ele não vai morrer esse ano. Ele sempre fala isso, mas ele ainda vai viver muitos anos!

Mito exclamou confiante, enquanto gotículas lacrimosas suas caíam no chão. 

Naruto acarinhou os cabelos de Karin, sorrindo serenamente. 

A morte não o preocupava.

Ela lhe seria uma doce anfitriã e partiria com ela feliz sabendo que reencontraria pessoas que amava.


 

~NH~


 

A lua cheia nítida no céu se rodeava de estrelas que fugiam de suas constelações. 

Na entrada da caverna, Karin e Naruto aguardavam por Mito que se ausentou, avisando que buscaria algumas coisas em sua casa.

A ruivinha do futuro acariciava entre as orelhas do hanyou que se colocara em sua forma de raposa para deitar no chão.

Ele repousava a cabeça sobre as patas dianteiras.

Tranquilamente, ele mantinha os olhos fechados. 

O modo como os dedinhos de Karin o acariciavam lembrava o doce contato de sua esposa.

A Uzumaki do futuro parou de agradá-lo quando avistou vários vaga-lumes se revelando ao mesmo tempo.

— Veja que bonito, senhor Naruto.

Encantada Karin ficou rodeando, lentamente, em meio aos luminosos insetos.

O Uzumaki abriu os olhos apenas por um momento e retornou a fechá-los, acostumado com aquele belo cenário.

Mito ressurgiu trazendo um saco de aniagem. 

Karin parou de rodear e prestou atenção na Uzumaki de dois coques. 

Mito colocou o saco no chão e o abriu, retirou de dentro dele uma peruca e um quimono.

— Aqui. Vista isso. Vou levá-la pra casa, mas é melhor que ninguém a veja em sua verdadeira aparência, pois alguém pode se lembrar de você quando estiver no futuro. Há muitas crianças que me conhecem.

Karin compreensiva assentiu e se trocou ali mesmo, repassando suas roupas para Mito que as enfiava no saco.

De quimono e meias de cor branca; chinelos amadeirados e peruca castanha cobrindo seus cabelos ruivos, Karin questionou:

— Por que tem uma peruca em casa?

— Ah é de uma boneca imensa que minha mãe me deu. Mas não gosto dela, então está tudo bem. — Mito estendeu a mão, pedindo: — Preciso guardar seus óculos também. Quanto menos se parecer com a Karin do futuro, melhor.

Receosa em entregar o objeto, Karin disse-a:

— Eu preciso muito deles, não enxergo bem sem eles.

— Eu serei sua guia. — Mito garantiu. — Vamos andar de mãos dadas todo o tempo.

A Uzumaki do futuro pensativa quanto a ideia, sorriu, confiaria em sua avó e retirou os óculos, entregando-os nas mãos dela.

Mito cuidadosamente o enfiou no saco de aniagem e ao fechar o envoltório de linho cru, encaminhou-se à caverna, avisando ao hanyou:

— Pentavô, nós estamos indo. Karin dormirá na minha casa e direi a quem perguntar que ela é minha amiga. Acha que é um problema?

Sem abrir os olhos a raposa moveu a cabeça em negativa.  

Ele concordava. 

Despediu-se Karin:

— Obrigada por tudo, senhor Naruto. 

Ele fungou.

Mito segurou a mão de Karin, enquanto punha o saco por cima do ombro. 

As duas meninas se distanciaram da caverna e somente quando estavam longe, Naruto abriu os olhos, apreciando a lua. 


 

~NH~


 

Em Konoha, por onde as duas meninas passavam, as pessoas cumprimentavam Mito.

As crianças a convidavam para brincar, entretanto Mito respondia que estava ocupada e que precisava ir para casa. 

— Boa noite, Mito. — Um homem intercedeu no caminho das duas. Ele segurava um cesto de frutas. — Quem é essa menina?

— Só uma amiga, ela veio passar alguns dias em casa.

— É de Kanto? Ou em algum lugar próximo de Tóquio? — o homem interrogou preocupado.

Mito entendendo a preocupação dele aproveitou para elaborar a mentira:

— Hai, ela é de Kanto. Ficará em casa enquanto o lar dela é reestruturado. 

— Eu lamento muito, menina. — Ele passou a mão sobre a peruca de Karin. Em uma leve caricia. As Uzumakis se alarmaram achando que ele perceberia se tratar de uma peruca. Por sorte, o sujeito retirou o braço rapidamente e perguntou: — Qual o seu nome, amiga de Mito?

Karin quase respondeu seu verdadeiro nome.

Não havia planejado um. 

Não conseguiu pensar em um.

— Karina. — Mito respondeu pela neta. — Desculpe, ela não é de falar muito desde o grande terremoto. 

— Entendo, entendo. — Pesaroso o homem retirou uma maçã do cesto de frutas e ofereceu para Karin. — Que tudo fique bem com o seu lar e meus pêsames. 

Ele se afastou das meninas indo para casa. 

As duas continuaram o caminho, com Mito segurando firmemente a mão de sua neta.

— Por que escolheu Karina? — perguntou a menina do futuro.

— O seu nome foi o primeiro que chegou à minha cabeça, eu só acrescentei o “a”. — Mito fitou o céu estrelado. — Até que é um nome bonito. 

Karin sorriu. 

Futuramente, seu sorriso se reduziu até sumir inteiro.

Pensava no que aquele home mencionou.

Perguntou à avó:

— Aquele senhor se referia ao grande terremoto de Tóquio?

— Hai. Alguns sobreviventes vieram até Konoha se abrigar. Foram muito bem recebidos. De vez em quando ainda tem quem venha de lá. — Mito direcionou sua vista para a neta. — Ainda terão muitos acontecimentos que entrarão na história do Japão?

Karin jazeu emudecida.

— Não precisa me detalhar. Apenas responder sim ou não.

Mito especificou achando que a neta se preocupava em causar alguma desordem temporal se respondesse. 

— Sim. 

Karin confirmou, tensa.

Lembrava-se de que sua avó, na sua idade, vivia no período entre guerras. 

Não sabia como se sentir a isso. 

Era óbvio que Mito sobreviveria. 

Todavia, imaginava que ela perderia muitos conhecidos e amigos durante a Segunda Guerra Mundial.

As imagens famosas sobre os bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki repassaram na mente de Karin. 

O coração da menina do futuro se apertou.


 

~NH~


 

No interior da casa de Mito, a própria procurava pela mãe, enquanto a menina do futuro observava os cômodos.

Por conta da ausência dos óculos, Karin se aproximava dos objetos da casa.

Até onde Karin conseguiu observar, os lugares dos cômodos seguiam sendo os mesmos do futuro.

A única diferença era os objetos que para Karin eram todos antigos. 

Mito retornou para perto de Karin.

— Uma pena, se minha mãe ainda não chegou é por que ainda deve está em missão. Só espero que não seja muito longe de Konoha dessa vez.

Karin mordeu a maçã, sua barriga roncava. 

Quis saber:

— Se ela estiver longe, em quantos dias ela chegará?

— Huuum depende do lugar. A média é um pouco mais de uma semana, mas não se preocupe. Se ela não estiver aqui amanhã, de manhã começaremos nós mesmas a missão de recuperar nossos cordões.

— E como faremos isso, obaa-chan?

— Atraindo kodamas. Vamos para o lugar onde nos encontramos. O ojii-san quinto disse que são yokais dóceis. Eu sei como atrair yokais dessa natureza.

— Já tentou antes, obaa-chan?

— Não, por causa da barreira mágica. Mas Kodamas conseguem ultrapassá-la então... não custa tentar. 

A neta assentiu, apoiando a ideia.

Deu outra mordida na maçã. 

De acordo com o pentavô de Mito, os kodamas levam para onde o individuo desejar. 

Entretanto, o desejo deve estar bem nítido na mente.

— Vou preparar um banho para você. — Mito retirou a maçã da mão de Karin. — Enquanto você tomar banho eu vou preparar uma refeição para nós duas. — Afastando-se da neta, a avó a chamava: — Me siga que eu vou te levar onde você dormirá. Suas coisas já estão guardadas lá. 

— Hai, obaa-chan! 

Karin ainda mastigando seguia Mito. 

— Tente substituir o "obaa-chan" pelo "Mito-chan". Assim não correrá o risco de me chamar de avó em público. 

— Hai, Mito-chan. — Karin a abraçou por trás e Mito parou de andar.

Apreciando o contato da menina do futuro, Mito jazia feliz em saber que seria uma vó que receberia muito amor. 


 

~NH~

Na manhã seguinte

~NH~

 

Novamente, as duas vestiam quimonos brancos calçando meias da mesma cor e chinelos amadeirados.

A mão de Mito segurava firme a de Karin que punha a outra mão contra a peruca.

Quando andavam muito rápido, a menina do futuro temia que a peruca balançasse muito e caísse.

Na floresta, elas reconheceram o lugar onde se conheceram.

Mito sustentava uma bagagem nas costas, o envoltório se prendia ao corpo dela, por meio de cordas. 

Cada alça de corda dupla passava por cima de um ombro.

Ela mencionou:

— Há um cedro que é maior de todos, é por ali. 

— Tem certeza que precisa ser um cedro? — Karin questionou.

Mais cedo naquela manhã, Mito lhe falou que fariam um ritual para atrair kodamas.

Escutando a pergunta da neta, Mito alçou seus orbes para o céu, estando pensativa. 

Respondeu-a:

— Não sei se funciona com outras árvores porque tradicionalmente sempre se usaram cedros para se homenagear kodamas. É melhor não arriscarmos com qualquer tipo.

Encontrando o tal cedro quase vinte metros distante do lugar onde as duas se encontraram, Mito colocou a bagagem no solo e aos poucos começou a retirar tudo de dentro do envoltório.

Em dez minutos, Karin percebia que Mito montava um pequeno santuário em torno do cedro.

De santuário finalizado, a Uzumaki do passado orientou a neta:

— Venha, fique ao meu lado. Oraremos palavras de boa sorte aos kodamas.

Sem hesitação, Karin se pusera ao lado de Mito e primeiro a viu fechar os olhos e juntar as mãos em modo de reza. 

A Uzumaki do futuro a imitou.

As duas se concentraram. 

Decorrentes quinze minutos, Mito comentou:

— Você está abrindo os olhos a cada três minutos, procurando pelos kodamas. Se não se concentrar, não dará certo. Os kodamas precisam sentir a sinceridade de sua oração, não deixe que suas emoções a atrapalhem.

— Mil perdões, oba… Mito-chan. — Karin sentia muito.

Não queria estragar nada e tratou de se concentrar corretamente.

Fechou os olhos e pressionou suas palmas.

O tempo se prolongou.

E nada acontecia.

Quando calculava que devia está perto de completar duas horas, as esperanças de Karin começaram a se esvair.

Contudo, quando pensava em desistir, reafirmou a imagem do cordão em sua mente.

Já estava até ali.

Não regressaria.

O rosto de sua avó na fase idosa e sorrindo preencheu sua mente.

Retornaria ao futuro com o colar dela!

— Karin. — Mito a chamou. — Eu estou sentindo. Podemos abrir os olhos agora.

— Tem certeza?

— Hai! — Mitou abriu as pálpebras e seus rotundos chamejaram.

Karin devagar afastou as mãos, abaixou os braços, entreabrindo as pálpebras.

Não somente um, mas vários kodamas rodeavam-nas.

O kodama mais próximo encostou-se à marca do rosto de Karin.

A marca, por conta do remédio, estava bem menos visível.

Mesmo assim, o kodama a fez sumir da pele da menina.

Karin pusera a mão na bochecha, não sentindo marca nenhuma.

Agradeceu à criatura:

— Arigatou Gozaimasu.

Apressadamente, Mito pusera a bagagem nas costas, ainda tinha coisa dentro do envoltório.

Não desfez o santuário.

— Agora o que faremos? — perguntou Karin.

— Suigetsu, é óbvio. Ele...

Mito não terminou de responder por que uma luz as envolveu, juntamente, com o kodama. 

Os três sumiram.

Quando a luz se reduziu a nada, as duas levaram um tempo para visualizar em volta.

Continuavam em uma floresta, no entanto, nenhuma das ruivas se dedicou a observar os detalhes do ambiente, uma vez que algo capturou imediatamente a atenção de ambas. 

Suigetsu amarrado com os braços nas costas e os tornozelos imobilizados também por uma corda áspera.

— O que está acontecendo? — Karin apavorada perguntou.

Mito pensando no que poderia ter acontecido, objetivou avisar:

— Essa não, temos q...

— VOCÊS! — Suigetsu abriu os olhos. — Tirem-me daqui!

O kodama que as levou até ali, imediatamente recuou no ar e sumiu assustado com o menino peixe.

— Você espantou o kodama! — Mito se enfureceu com o hanyou, não se importando com a situação de vulnerabilidade dele. — Sabe quanto tempo demoramos em atraí-lo?!

— Mas o que está acontecendo? — Karin ainda queria entender.

Mito se voltou para a neta, explicando-a:

— Nós não conectamos nossos pensamentos. Deveríamos ter desejado que o kodama nos levasse de volta no tempo. Kami, o erro foi meu. — Colocou a mão na testa. — Eu deveria voltar sozinha no tempo, antes de Suigetsu roubar meu colar. Se ele não roubasse o meu, consequentemente, não roubaria o seu. No momento que seguramos o kodama, ele sentiu nossa vontade de encontrar Suigetsu. Por isso, nos trouxe até ele. 

Karin compreendeu. 

O kodama atendeu a vontade delas. 

Estavam diante Suigetsu.

Elas só não conseguiram especificar ao kodama, em qual momento queriam encontrar o menino tritão.

— Tirem-me daqui! Eu preciso salvar meu irmão! — Suigetsu tossiu e acrescentou: — E preciso de água. Não tenho muito tempo. — Sua voz saía enrouquecida.

— Você nos contará o que está acontecendo? — Mito questionou. 

— Sim. — Suigetsu fechou os olhos e pressionou a testa contra o solo terroso, em sinal de rendição.

— Hum... — Mito entrou em uma séria reflexão.

— Está mentindo! — enraivecida Karin acusou o hanyou. Cruzou os braços e virou de costas para Suigetsu. — Por mim, você pode ficar aí até virar sushi! Vamos embora ob... Mito-chan. Vamos atrair os kodamas bem longe dele. — Foi se afastando do menino peixe, todavia cessou segundos posteriores, quando descobriu que não estava sendo seguida. — Mito-chan?

Por cima do ombro, olhou para trás e suas pupilas dilataram.

Mito desamarrava o menino peixe.

Boquiaberta Karin jazeu durante três segundos, antes de, desesperadamente, exclamar:

— Está louca?! Depois do que ele fez com a gente?!

Calmamente, Mito se justificou:

— Faz parte do juramento de uma seladora ajudar os yokais.

— Mesmo depois do que ele fez?

Depois de desamarrar os tornozelos, as mãos de Mito começaram a desamarrar os braços do Hozuki.

— Bem, ele não está com o colar e a gente também não. Não temos nada que o interesse.

— Como sabe que ele não está com o colar?!

— Eu sou mais treinada e consigo sentir a energia do colar. Não sinto nada vindo dele. 

— Mesmo assim, é perigoso confiar nele! Ele teria me matado se eu resistisse mais!

— Confie na sua obaa-chan. Irei protegê-la se ele tentar algo contra você. 

Mito libertou, completamente, os braços do hanyou.

Ágil ela colocou sua bagagem entre os dois e de dentro do envoltório retirou um copo de bambu, em formato cilíndrico, cheio de água. 

Suigetsu sentado, logo puxou o copo e ao molhar a garganta, suas pernas, imediatamente, uniram-se e se transformaram em uma única estrutura: sua cauda.

Karin torceu o nariz, vendo as brânquias no pescoço do menino peixe se abrirem.

Recordava-se de ter acertado uma delas, quando os dois estavam na praia.

Relaxado, o hanyou soltou o recipiente e depois de um tempo, sua cauda retornou a ser pernas humanas.

O short que roubou em Konoha continuava lhe sendo uma saia.

— Preciso de um mergulho. 

Suigetsu disse, erguendo-se e dando as costas para as meninas.

— Você precisa retribuir minha ajuda. — Mito o avisou, seriamente. 

— Eu não tenho tempo, já tenho os meus problemas. 

— Que ousado! — Karin cerrou os punhos. — Eu sabia que não devíamos acreditar em você. 

Suigetsu a fitou por cima do ombro, descobrindo que a menina sem óculos e de cabelo castanho era a menina do futuro.

Bem que achou a voz dela familiar. 

Ele fitou Mito, avisando-a:

— Por você me libertar, não atacarei você. Considere isso uma retribuição, adeus.  

— GRRR desgraçado!

Karin exclamativa correu em direção a ele, mas ela pausou, quando viu sua avó retirar algo de dentro do quimono e arremessar em torno do pescoço do Hozuki.

Era um cordão composto de várias contas cinzentas. 

— SUSHI! — Mito gritou e imediatamente o menino peixe caiu de joelhos no chão.

— Mas o que... — Suigetsu se levantou assustado dois segundos depois. Não se ajoelhara por vontade própria. — O que foi isso? O fez comigo?!

Satisfatoriamente, Mito o respondeu:

— São contas de subjugação, eu carrego isso para emergência. Daqui por diante, você sempre vai se ajoelhar quando eu ou qualquer outro Uzumaki mencionar a palavra “sushi”.

— Maldita!

Suigetsu gritou, pegando o colar de contas, tentou retirá-lo à força, entretanto uma barreira invisível impedia o utensílio de passar pela cabeça.

Desistindo de se livrar das contas, o Hozuki se volveu à ruiva dos coques e tentou golpeá-la.

— ME DÊ A MINHA LIBERDADE!

— SUSHI! — Karin gritou de coração acelerado. Temendo ver sua avó sendo machucada.

Suigetsu caiu, novamente, de joelhos e seus olhos arregalados brilharam.

— Não. Não pode ser. — Ele murmurou, desacreditado que se tornou um prisioneiro.

— Você terá sua liberdade se nos ajudar. — Mito avisou.

— GRRR um inferno com esse negócio de ajuda! Vocês nunca ajudam! Hanyous sempre são traídos pelos dois lados! Sejam pelos yokais ou por humanos!

Suigetsu abaixou a cabeça. 

Seu timbre final indicava que chorava. 

Ele se virou de costas para as duas e abraçou as próprias pernas. 

Mito se aproximou lentamente e se curvou, repousando a mão sobre o ombro dele, sugerindo-o:

— Vamos encontrar um lugar onde você possa mergulhar. Depois conversamos. Eu não tenho mais água, e acredito que você passar muito tempo sem se molhar é perigoso, não é?

O Hozuki aceitou silencioso.

Karin mantida distante, cultivava desconfiança.   


 

~NH~


 

Suigetsu se sentia melhor imergido na água daquele lago esverdeado.

Observava o sol que de seu ponto de avistamento parecia uma mancha tremeluzente. 

Quando satisfeito nadou para a superfície e ao pôr a cabeça pra fora da água avistou as duas ruivas conversando. 

Elas se seguravam as mãos. 

Mito acarinhava os cabelos de Karin.

O carinho entre as duas se ressaltava. 

Algo que entrou na percepção do menino tritão foi o sumiço da marca que deixou no rosto da ruiva do futuro.

— Já está refrescado? — Mito perguntou ao notá-lo observando-as.

— Humpf. — Ele nadou de costas.

Mito soltou Karin e cruzou os braços:

— Olha, se quer demorar com isso, não deve está tão desesperado para salvar seu irmão. 

Suigetsu tremulou os lábios e rendido nadou até a margem. 

Cruzou os braços sobre uma pedra.

Iniciou seu relato:

— Meu irmão, Mangetsu, está muito doente. Procurei diversos curandeiros, mas nenhum deles conseguiu curá-lo. Mangetsu está incapaz de falar e a cada dia definha mais. Escutei falar sobre as mikos, “noivas de santuário”, por meio de rituais, elas conseguem prever o futuro. Eu fui atrás de uma miko. Ela me mostrou uma carta, na carta estava o desenho de duas sombras com formas que indicavam que era meu irmão e eu, de mãos dadas, porém uma das sombras sumiu. 

O olhar sofrido e o silêncio seguinte do hanyou entregou a mesma interpretação às ruivas: morte.

Karin dissera: 

— Eu sinto muito. 

Suigetsu a fitou rapidamente e retornou a abaixar o olhar para a pedra sobre a qual mamtinha seus braços cruzados. 

— Por que roubar o nosso colar? — intrigou-se Mito. — Se simplesmente pedisse a mim ou a minha mãe, teríamos tentado curar o seu irmão. 

Suigetsu balançou o rosto ao responder: 

— Os colares eram para ajudar Kisame. Ele é líder de uma gangue de tritões. Eu tive o azar de cruzar o caminho dele. Uma vez que sou hanyou e tenho a permissão de vagar pelos dois mundos, ele capturou Mangetsu e está o fazendo de refém.  Ele quis que eu enfraquecesse a barreira mágica, mas sempre que eu fazia isso, seja em qual lugar… — Ele fitou os olhos de Mito — Sua mãe aparecia para consertar a falha que eu criava na barreira. Quando percebi que ela se utilizava do colar, avaliei que o objeto a fazia corrigir a falha rapidamente. Considerei que sem o colar, a seladora demoraria mais tempo e aí daria tempo de Kisame ultrapassar a barreira. Bem, ele conseguiu e aqui estou. Além de me amarrar, o desgraçado não libertou o meu irmão. 

— E a minha okaa-san?!

Mito questionou, atônita.

— Deve está enfrentando Kisame e outros tritões que passaram para o primeiro mundo. Pela quantidade, ela deve ter ido pedir ajuda para outros seladores. 

Entendível o porquê de a mãe de Mito ainda não regressar.

Karin não se preocupava com sua bisavó, pois Mito nunca mencionou que a mãe morreu de uma forma trágica. 

A menina do futuro quis dissolver uma dúvida:

— Você conseguiu viajar com os kodamas antes, por que não viajou para voltar no tempo antes de cruzar seu caminho com Kisame?

A face de Suigetsu obscureceu: 

— Eu tentei três vezes. Mas cada vez que eu viajava no tempo, as coisas pareciam piorar. Vi meu irmão morrendo nas três linhas do tempo, em momentos diferentes. Então voltei para a primeira. 

— Interessante. — Mito segurou o queixo. — Parece até um mecanismo de defesa para as pessoas não utilizarem a viagem do tempo várias vezes. 

— Ou simplesmente é o destino. — Suigetsu dissera. — Ele quer mostrar que não há como escapar dele. 

Mito silenciosa, não sabia se discordava. 

Karin ainda guardava duvidas e quis respostas: 

— Sabe. Eu não entendo uma coisa. Se você roubou o colar primeiro da obaa-chan, por que conseguiu roubar o meu? Não são o mesmo colar?

— O colar que a ruiva dos coques tinha pertencia à mãe dela. Sua vó lhe presenteará com outro.

Nem Mito sabia daquilo. Surpreendeu-se. 

— Sabe, Suigetsu. Se você explicasse toda a situação para okaa-san, ela não hesitaria em ajudá-lo. 

— É a vida do meu irmão que está em jogo. Eu não quis arriscar. A vida toda só tivemos um ao outro. Viajamos por varios oceanos, mas nunca tivemos um lar fixo por que nunca fomos aceito pelas criaturas de cada lugar. Com os humanos, eles nos vêem como uma aberração.  Escutei alguns deles falando que podiam conseguir muito dinheiro com a gente. Enfim. 

Seu rosto jazia sem vida, desprovido de esperança.

Verbalizou: 

— Me resta agora saber onde Kisame deixou o meu irmão. Eu gostaria de utilizar um kodama para isso, mas os kodamas não vão mais se aproximar de mim. Não consigo me livrar de toda essa energia negativa. 

Os três se recordaram em como o kodama se espantou com Suigetsu.

Não foi somente pelo hanyou ter gritado, mas também por toda a aura obscura que exalava dele. 

— Os kodamas ainda nos atendem. — Informou Mito. — Karin e eu podemos nos concentrar e atraí-los! Vamos encontrar Mangetsu. 

— Temos que nos preparar e pedir com cuidado dessa vez. — Falou Karin, concordando. 

E o hanyou ficou boquiaberto, vendo que nenhuma delas hesitou em ajudá-lo. 


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