Love Kitsune escrita por BlackCat69


Capítulo 11
Capítulo: Discussão e decisão




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/677284/chapter/11

 

 

Hiashi foi formalmente recebido por esposa e filha.

Hinata sentada de joelhos, espalmou as mãos no piso, e colocou a testa entre elas.

Por conta da gravidez, Hana permaneceu de pé, curvando-se apenas um pouco.

O senhor Hyuuga, descalçou-se antes de avançar sala adentro.

Ele pediu que a filha aguardasse no quarto.

Hinata hesitou séria, pusera-se de pé.

Colocou uma mãozinha no ombro da mãe, mantendo seus lunares rotundos na direção do patriarca.

— Não fique com raiva da okaa-san, não brigue com a okaa-san, se não o bebê passará mal.

Alertou-o, pensando no bem estar de sua mãe.

Seguidamente, obedeceu-o, retirando-se ao quarto.

Hana colocou uma mão na barriga, esticando os cantos de seus lábios, enquanto a pequena Hyuuga se distanciava.

Sua filha era um amor, e vê-la toda séria, defendendo-a, enchia-lhe de orgulho.

Hiashi mesmo expondo uma cara nada amigável, compartilhara da mesma sensação que a esposa, em relação ao comportamento de Hinata.

Hana cuidadosamente se movimentou pela sala, sentou sobre as almofadas diante a mesa baixa.

Observou o conjunto cerâmico sobre o móvel amadeirado, e perguntou-o:

— Querido, quer que eu peça para esquentarem o chá?

— Não se incomode. — Ele respondeu, acomodando-se do outro lado da mesa, de frente à esposa.

Hana o serviu o chá, e depois, serviu-se.

Eles deram algumas sorvidas.

No interior da esposa, o anseio engrandecia.

Hiashi iniciou o assunto esperado:

— Estou bem informado pelos anciões. Não condeno o que fez, Hana. — A galope para casa, tivera tempo para se acalmar, e pensar com clareza. Umedeceu os próprios lábios. — O chá está ótimo.

Como um avaliador de chá, experimentou inúmeros chás, de diversos praticantes da arte do chá, todavia o de sua esposa sempre seria o melhor, por que ela preparava com o amor que nutria por ele.

Hana agradeceu ao elogio, e com ar aliviado, dissera-o:

— Estou feliz, querido, e confesso que surpresa por sua compreensão.

— Não deveria se sentir assim. — Hiashi sorveu mais um pouco do chá. — Imagino o quanto desconfortante foi em permitir que nossa filha defendesse o hanyou. Porém, como uma Hyuuga, você foi forte, e agiu valorizando nosso clã, não permitiu que uma injustiça fosse cometida, fez o que era correto.

Hana então entendeu que Hiashi acreditava que ela havia detestado ajudar o meio yokai.

Na visão do marido, ela agiu com lealdade aos princípios do clã, apenas.

— Bem...

— Vamos esquecer esse assunto. — O Hyuuga a interrompeu. — Nos concentraremos em nossa filha, nunca imaginei que ela cuidasse de animais. Neji sabia disso? — colocou o recipiente do chá na mesa.

— Ele....me respondeu que observava Hinata cuidar de passarinhos e coelhos, como eram animais inofensivos, ele nunca interveio.

— Mas ela cuidou de um filhote de urso, com uma ursa louca para encontrá-lo.

— Foi a primeira vez. Ela ainda está de castigo por conta disso, além de se pôr em risco, ela saiu sem a presença de Neji. — Hana dissera, colocando uma mão no peito, um temor sugava-lhe toda vez que considerava que aquele dia poderia ter sido uma tragédia.

Hiashi avaliativo, decidiu:

— Libere-a do castigo, ela poderá ir para qualquer lugar sob companhia do primo, contanto que não seja na floresta. E claro, ela não poderá mais mexer em remédios, ou qualquer outro utensilio que usava para tratar de animais.

Tudo voltaria ao normal, e sua filha se manteria segura.

Hana depositou seu chá na mesa, e colocou as mãos no colo, espremendo o tecido de seu quimono. Lembrou-o:

— Querido, me prometeu que nossas crianças, seja menino ou menina, aproveitariam a infância. Está descumprindo a promessa feita no dia do nosso casamento?

Hiashi indignado a encarou, argumentando:

— Como isso é descumprir? Hinata aproveitará a infância longe da floresta.

— Mas é na floresta que ela gosta de passear mais. Ela não aproveitará ao todo se retirar as coisas que ela mais gosta de fazer. Quero que nossa filha tenha uma infância feliz.

— Tudo bem então, deixe nossa filha ir para o mato e continuar cuidando dos animais, dane-se se ela se deparar com uma serpente ou outro animal feroz. — Hiashi sorriu amargo.

— Daqui pra frente, asseguraremos que ela esteja na companhia de Neji quando for à floresta.

O Hyuuga franziu o cenho, negando no movimento de balançar da face.

Vendo o olhar desesperado da esposa, estabeleceu:

— Se ela retornar aquele lugar, é somente com uma escolta com Hyuugas adultos. Quatro no mínimo, entendido?

Pela voz e expressividade de Hiashi, Hana soube que era até onde o marido concederia, e aceitou.

Era melhor do que nada.  

Contudo, chegou a outra parte delicada do assunto, que deveria esclarecer ao esposo.  

— Querido, Hinata não se sentiu ruim em defender Naruto.

Hiashi criou vários vincos na testa.

Naruto.

Aquele era o primeiro nome do meio yokai.

Sua esposa chamou o hanyou pelo primeiro nome?

Achou estar cansado demais, entretanto, as próximas palavras da esposa confirmavam que ele escutava certo:

— Creio que um dos anciões não lhe mencionou o motivo de eu permiti-la interceder pelo acusado. Contei ao senhor Sarutobi. Nossa filha passou mal, por que queria ajudar Naruto Namikaze.

— Que... — Hiashi sussurrou, espaçando mais as pálpebras.

— Eu a proibi de início, mas não suportei vê-la sofrer. Ela quis ajuda-lo por conta própria. E também....eu permiti que ela visitasse o Namikaze ao lar dele.

O senhor Hyuuga se levantou, quase sem piscar, de olhar revoltado à mulher.

Encorajando-se, Hana foi até o final:

— Depois que recebi o aviso de que você demoraria a chegar, continuava eu sendo responsável pela nossa filha, e não vi problema. Minato Namikaze quis agradecê-la por testemunhar a favor do filho, e os dois foram muito corteses com ela, Neji esteve de vigia.

Hiashi não teve duvidas ao determinar:

— Evitaremos que ela se amigue com os Namikazes.

— Qual o problema, querido? Eles são gentis, trataram nossa filha bem.

O líder do clã Hyuuga fitou a esposa como se não a conhecesse.

Em voz grave, verbalizou-a:

— O que há com você, Hana? Minato Namikaze gerou um fruto a ter sangue de kitsune, a mesma espécie que destruiu vidas de Konoha. Quer que nossa filha se amigue com uma criatura que traz agouro, quer trazer desgraça para nosso lar?

— Eu conheci Naruto Namikaze, ele é apenas um ser inocente, tem a ingenuidade de qualquer criança da aldeia. Não consigo culpar a natureza dele, querido, que culpa ele tem de ter nascido meio kitsune?

Em um movimento veloz, Hiashi arrastou a mão no ar, como se tirasse algo de sua frente, respondendo-a:

— Oras, ele não tem culpa alguma, mas também não pode culpar quem não quer ficar próximo dele, não pode culpar em eu querer minha filha longe dele! Todos querem se livrar de agouro!

— Me diga, onde nossa filha foi agourada? Ela continua a mesma.

— Você quer esperar pra ver? Ao menos banhou-a em sal depois que ela retornou do lar dos agourentos?

— Não a banhei, inclusive, se torna uma prova que Naruto não traz azar.

Hiashi virou as costas à esposa, colocando a mão na face, fechando os olhos.

Retirando-se da sala, dizia:

— Kami, por que me testas, sempre fui devoto aos seus princípios...

— Querido! — Hana chamou-o, pretendendo continuar com a conversa.

O Hyuuga cessou seu andar, mas não se virou.

— Falar no hanyou está estritamente proibido. Se descumprir minha ordem, então descumprirei minha promessa.

O coração de Hana se comprimiu.

— A quero cuidando unicamente do nosso filho que estar por vir.

Ele continuou indo embora, sentia o cheiro da refeição, mas estava atordoado demais para se alimentar no momento.

 

 

~NH~

 

 

De seu belo sonho, Naruto era despertado pelos chamados vindos do lado de fora da casa.

Reconhecia aquela voz.

Pertencia ao cobrador de impostos.

Bocejando, sentou-se de pernas abertas, esfregando os olhos.

Limpou um filete de baba, ao se levantar.

Fechou os olhos e se concentrou.

Uma fumaça emergiu ao seu redor, e quando ela se dissipou, suas orelhas e cauda se ausentavam.

Sim, o hanyou aprendeu a controlar sua transformação.

Nos dias transcorridos, reservava um tempo para treinar.

Descobria que quanto mais se esforçava, mais tempo fazia durar sua forma humana.

Empurrando o fusuma, o hanyou falou receptível:

— Yokoso.

O homem montado no cavalo marrom escuro, de quimono e kazaorie negro, surpreso observou o menino.  

— Uh, é a primeira vez que o filho do artesão-camponês me recebe, está bom de saúde hoje. É muito parecido com ele, sabia menininho?

— Claro, Naruto é filho do otou-san.

— Que jeitinho engraçado de falar. — Ele riu, e apresentou-se: — Sou Ebisu Nobuo, acho que seu pai já falou de mim.

— Já sim. Naruto reconhece a voz do levador de arroz.

O Nobuo se pôs a gargalhar, divertindo-se pelo apelido. 

Naruto andou pela varanda, e saltou dela, indo ao depósito de artesanato.

— Espero que esse apelido seja no bom sentido, afinal os impostos são para o damyo. — Ebisu dissera, após deter sua gargalhada.

— Bom sentido?

Perguntou Naruto, entrando no depósito, após meio minuto, pegou o cesto o qual seu pai falou onde estariam os sacos de arroz.

Uma vez que Naruto provou ao pai que controlava sua forma humana por mais de uma hora, Minato confiou que seu filho poderia receber o Nobuo.

Inexistia uma data certa para a visita de Ebisu, assim sendo, o Namikaze demorava em partir de viagem por volta do último dia de cada mês, perdia muito tempo de trabalho nessa espera. 

Com o filho tendo mais domínio sobre a forma humana, o problema foi resolvido.

O artesão-camponês confiava que seu filho receberia o Nobuo direitinho.

Minato sempre dizia ao cobrador de impostos que seu filho não jazia bem, que não saía da cama.

O hanyou era constantemente lembrado que ninguém de fora da aldeia sabia de sua natureza meio yokai. 

Nem mesmo os guardas do damyo. 

Naruto retornou do depósito, trazendo o cesto, e dizendo:

— Levador de arroz é levador de arroz. — Parando ao lado da montaria, elevou o cesto acima da cabeça. — Tem que ter um sentido a mais?

— Bem, tive impressão que falou com desgosto, menino. — Ebisu não pegou o cesto, colheu saco por saco, pendurando cada um junto com os outros tributos recolhidos da aldeia. — Qual o seu nome?

— Naruto Uzumaki Namikaze.

— Uzumaki... — Ebisu murmurou, estranhando.

— O que custa o senhor Nabuo deixar pelo menos metade do arroz que o otou-san planta e colhe?

Naruto quebrou o raciocínio do cobrador que respondeu seriamente:

— Muita coisa, guri. Se seu pai quiser entregar menos quantidade de arroz, deverá abrir mão de um dos ofícios dele.

— Ué, por que isso?

— Por que nossa lei é assim, a partir do momento que ingressa em um ofício, não poderá mais sair dele. É para a melhor organização da nossa sociedade, mas creio que você não entenderá.

— Então por que otou-san tem dois ofícios?

— Seu pai perdeu os pais precocemente, e herdou deles a plantação de arroz quando desenvolvia o talento para o artesanato. A condição dupla dele foi permitida, contanto que o imposto dele aumentasse. Agradeça ao damyo por isso. — Observou o menino, dos pés à cabeça. — Você bem que está na idade de dá uma mãozinha ao seu velho, assim ele não trabalhará tanto.

— Meu otou-san ainda não deixa.

— “Meu otou-san ainda não deixa”. — Ebisu imitou usando uma voz infantil e chorosa. Retornou à sua voz comum: — Oras na sua idade eu já punha comida pra dentro de casa. Humpf, boa tarde, guri. — Volvia sua montaria.

O Uzumaki correu parando na frente do cavalo do cobrador, e perguntou-o:

— O que é isso na cara do senhor Nobuo?

— Está falando dos óculos? — Ebisu encostou o indicador no meio da haste curva que interligava as duas lentes redondas e negras. — É legal, não é? O próprio damyo me presentou com eles. — Respondeu repleto de orgulho.

— Pra que serve?

— Eu tenho uma vista sensível e as lentes escuras amenizam a sensação. — Notando a curiosidade do menino, cortou o assunto: — Chega, se está querendo ter um, saiba que de mim não conseguirá, até mês que vem.

Ebisu contornou o pequeno Uzumaki Namikaze, e galopou à subida, repreendendo-se por se distrair durante um momento com aquele garoto.

Naruto ficou esperançoso de que aquele adulto voltasse, por mais que não gostasse dele, carecia de uma companhia para conversar até o pai retornar.

Resolveu entrar em casa e continuar treinando sua transformação.

Fechou as pálpebras e pensou em sua mãe; e o quanto seu pai dizia que os cabelos vermelhos e alongados dela eram maravilhosos.

Uma nova nuvem de fumaça surgira, e um sorriso floresceu no meio yokai.

Ele correu de quatro à porta lateral da casa, e foi se olhar na banheira amadeirada, cuja água suja refletiu sua face.

Em sua cabeça, os fios loiros foram substituídos pelos fios alongados e vermelhos, de tamanho exagerado, a arrastar no solo.

— Naruto está lindo.

Sem ligar para o comprimento de seus cabelos, adentrou na casa e abraçou suas madeixas ruivas.

Começou a dançar pela casa, sacudindo todo o corpinho e quando girou algumas vezes; enrolou-se no próprio cabelo e acabou dando de encontro na parede, ao lado do kamado.

Com sua batida, balançou as prateleiras, e um pote postado na beirada caiu.

Por sorte, não havia nenhum ingrediente dentro, apenas o pequeno saco de juta de Hinata.

Imediatamente, Naruto se sentou, e pegou o saco.

Estava vazio, mas o cheiro de natto jazia forte.

Ele colocou o tecido contra o nariz, e inspirou forte.

Ela havia se esquecido, e seu pai deve ter guardado.

Uma ideia acendeu na mente do meio yokai.

— Naruto devolverá para Hinata. — Se pusera de pé, empolgado. — Naruto aprendeu a controlar a forma humana. Naruto estará seguro, ninguém vai reconhecê-lo!

Com isso, suas marcas de cada bochecha sumiram.

Ele devolveria o saco à Hyuuga, e regressaria antes do pai retornar.

Em um momento, recebeu um tremor, crendo que desobedecia ao pai.

Todavia, ao refletir melhor, não conversou com ele, consequentemente, seu pai não disse que estava proibido de sair de casa agora que possuía maior controle sobre sua forma humana.

E só pelo motivo de Minato encarregá-lo de receber o cobrador de impostos, era uma prova de que seu otou-san confiava em sua capacidade.

Sim, então estava decidido, devolveria pessoalmente, o saco de juta para Hinata.

Desenrolou-se dos seus alongados cabelos e foi buscar suas chinelas amadeiradas.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!