Olicity - Lies escrita por Buhh Smoak


Capítulo 4
Capítulo 04


Notas iniciais do capítulo

Já que pediram um capítulo maior ai vai.
Espero que gostem.

Cap sem revisão, ok?



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~ Felicity Smoak ~

Não precisei fazer esforço para ouvir a briga dos dois na sala. Estava sentada na banheira abraçando meus joelhos. A dor no corpo tinha multiplicado, mas nada se comparava a dor que apertava meu peito com tudo o que tinha acontecido e por ter que encarar o Oliver sem estar pronta para isso.

— Sua mulher? Pelo que me consta para que isso seja verdade ela precisa ter um anel dourado na mão esquerda. E como nem mesmo o anel de noivado está presente na direita acho que essa realidade está bem distante. – sabia que a ausência do anel não passaria despercebida, mas pensei que ela diria algo se esse fosse o caso.
— Não se meta no que você não sabe Thea.
— Não sei mesmo, mas sei que você fez alguma merda que magoou a Felicity e se ela não está no apartamento de vocês é porque não quer te ver.
— Eu tenho direito...
— Cala a boca Oliver. Você não tem direito a nada quando isso significa magoa-la. Depois de tudo o que vocês passaram achei que você tinha crescido.

Queria pedir que eles parassem de brigar, mas o choro chegou me impedindo de pensar em outra coisa a não ser que meu futuro marido tinha mentido sobre algo tão importante.

Sei que não deveria sair da banheira sozinha, mas eu precisava pedir que o Oliver fosse embora. Terminei de me lavar e estava prestes a sair quando a porta abriu e a Thea entrou.

— Vim te ajudar a sai do banho e te avisar que o babaca do meu irmão está ai fora e disse que não vai embora enquanto não conversar com você.
— Tudo bem.

Era muito complicado depender dos outros para colocar uma simples calcinha, mas era por pouco tempo. Rezava para que a fisioterapia começasse a surtir mais efeito com o passar do tempo. Ainda era muito recente para querer sair correndo por ai.

— O que ele fez com você, Felicity? – ela questionou quando terminou de me ajudar com a roupa e colocou as sapatilhas em meus pés.
— Se eu te contar você vai agora mesmo colocar ele para fora.
— Sim vou. Porque você não devolveria o anel de noivado se não fosse por algo muito sério.
— Quero que ele te conte, ele tem a obrigação de fazer com você o que não fez comigo. – me levantando e parando na frente do espelho com sua ajuda.

Encontrei uma Felicity abatida e com os olhos inexpressivos, bem diferente da mesma que acordou naquele dia nos braços do noivo pronta para encarar mais um dia de trabalho. Era impressionante como as coisas mudam rápido sem que nem percebêssemos.

— Vamos encarar a fera. – sorri para Thea que estava ainda mais carrancuda.

Seguimos para fora do banheiro e Oliver estava parado perto da porta, olhando para um mural de fotos que eu tinha deixava em casa. Tinha fotos da minha infância, com amigos e com minha mãe no dia em que me formei na faculdade.

— Pronto, Oliver. Agora você pode se lamuriar com a Felicity olhando.

Ele se virou e encarou a irmã por poucos segundos com a pior cara possível, depois olhou para mim com olhos suplicantes, mas isso não me comoveria mais.

— Eu vim para cá porque não queria conversar com você hoje, estou muito cansada.
— Só queria saber como você está. – sem se mover.
— Como acha que estou depois do que descobri?

Thea me segurava pela cintura, o que eu era muito grata por sentir minhas pernas perderem a firmeza.

— Não acho que essa é uma conversa que temos que ter na frente da Thea.
— Ela tem que saber, afinal, ela é tia dele.
— Tia?

Oliver me encarou sem acreditar que eu estava prestes a contar a verdade para sua irmã, mas depois de mentir ele tinha que aceitar que não era mais uma prioridade em nossa relação e não tinha porque eu preserva-lo quando ele não tinha feito o mesmo por mim.

— Sim, você é tia de um menino de mais ou menos 8 anos.
— Que porra é essa Oliver? – Thea apertou mais minha cintura, provavelmente se segurando para não avançar no irmão.
— Esse assunto não é da sua conta.
— Nem da minha pelo visto. – despejei minha frustração, estava cansada disso tudo.
— Você não entende Felicity, ela me chantageou.
— Para alguém que estava sendo coagido você estava bem feliz com ela no parque.
— Eu estava com meu filho, não com ela.
— Desde quando você sabe que é pai?

Eu tinha minhas suspeitas de quando tudo isso tinha acontecido, mas precisava ouvir da boca dele. Longos minutos se passaram até que ele começasse a falar e destruísse o pouco de respeito que eu ainda tinha pelo homem que amava.

— Desde nossa viagem a Central City. Descobri porque encontrei com o menino no café e quando vi a Samantha liguei os pontos.
— E ela te chantageou como?
— Disse que se eu contasse para alguém iria sumir com meu filho.
— E hoje em dia não existe nenhum recurso para que você não tenha que ceder a esse tipo de chantagem, não é, Oliver?
— Não fala nesse tom comigo, eu não vou suportar te ver nessa indiferença como se eu fosse qualquer um.

A dor era tão intensa que minha vontade era de me encolher em qualquer canto e chorar até não ter mais lágrimas, mas eu tinha que encarar, eu tinha que deixar claro que eu não era palhaça de ninguém.

— Como você quer que eu te trate, Oliver? Quando eu pensei que minha vida estava indo por um caminho eu me deparo com um telefonema de um garotinho te lembrando de um jogo que eu nem sabia quem você iria e muito menos quem era o menino.
— Eu disse para não ligarem em casa.
— Então é isso? O problema é terem ligado para nossa casa e não por você ter mentido sobre a existência de um filho?
— Eu tinha que fazer isso.
— Sim, a escolha foi sua... por isso eu também fiz minha escolha.

Oliver deu um passo, mas parou quando levantei a mão, o impedindo de continuar. Me desvencilhei do braço de Thea, que espumava de raiva enquanto encarava o irmão. Fui até minha bolsa que estava no sofá e peguei meu chaveiro. Tirei a chave do apartamento e estendi a mão em sua direção.

— Agora você está livre para fazer o que quiser da sua vida, sem mentiras.
— O que você está fazendo?
— Estou dando a você a liberdade que precisa. Agora a Samantha não vai precisar mais te chantagear, até porque ela me viu e terá que lidar com isso.
— Você não vai terminar comigo. – disse entredentes.
— Eu? Não. Quem terminou com qualquer coisa entre a gente foi você.

Sem conseguir se segurar mais, Thea pegou a chave da minha mão e tacou no irmão, que a encarou pronto para brigarem.

— Pensei que você tinha virado homem e não passa de um babaca que só pensa em si mesmo.
— Eu já disse que isso não é da sua conta.
— Você é muito cínico. Mente e ainda se coloca no direito de exigir o que quer que seja das pessoas. Acorda para a vida Oliver, você está perdendo a única mulher que fez diferença em sua vida por causa de uma vagabunda que escondeu de você um filho e acha que tem o direito de mandar você esconder isso de todo mundo.
— Ela escondeu meu filho porque sua mãe a chantageou.
— Agora sabemos quem puxou da mamãe a mania de mentir, não?

Eu assistia tudo com vontade de sumir. Meu noivado tinha chegado ao fim, o homem que eu amava era um desconhecido que não se importava de mentir e eu sentia meu corpo todo dolorido, como se o acidente tivesse sido a poucas horas e não a meses.

— Felicity? – Thea me chamou quando apertei o encosto do sofá, sentindo a fraqueza nas minhas pernas. – Vem, senta. – me ajudando e sentando ao meu lado.

No segundo seguinte Oliver ajoelhou na minha frente e segurou minhas mãos, que já estavam geladas.

— Me perdoa, por favor. Eu agi sem pensar. Eu estava desesperado com a possibilidade de perder meu filho pela segunda vez. – fechei os olhos incapaz de encará-lo.
— Vai embora, Oliver. – foi a única coisa que consegui dizer antes dele encostar a cabeça em minhas mãos e começar a chorar.

Senti o movimento do sofá e Thea já não estava perto da gente. Abri meus olhos de novo e o choro estava preso em minha garganta, mas nem mesmo isso eu era capaz de fazer.

— Eu te amo e quero que você vá embora antes que eu me arrependa do que posso falar. Não tenho condições para lidar com nada agora, só quero ter o direito de chorar e lamentar o fim do nosso noivado.
— Nosso noivado não acabou. – levantou a cabeça e me encarou com os olhos vermelhos e inchados.
— Sim, Oliver. Acabou.

Soltando minhas mãos ele levantou e se inclinou em minha direção, me dando um selinho demorado. Eu queria afasta-lo, mas precisava disso tanto quanto ele. Quando se afastou do sofá e me encarou era como se estivesse levando consigo meu coração.

— Isso não acaba aqui, eu te amo e vou me casar com você, leve o tempo que levar. Essa é uma promessa que eu faço a você, mesmo que eu tenha estragado tudo.

Pegando a chave do chão ele a colocou sobre a mesa de centro que estava encostada na parede e saiu. Quando a porta se fechou eu achei que morreria, nunca me senti tão desamparada na minha vida e deixei que o choro falasse por mim. Quando os braços de Thea me envolveram eu sabia que não estava sozinha, mas o vazio em meu peito deixava claro que uma fase escura e sombria tinha se instalado em minha vida e não tinha prazo para ter fim.


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