É tipicamente doloroso a pressão que seus dedos fazem no meu rosto. Eu não gosto. Surge uma vontade de me afastar, bater em sua mão e gritar o que penso. Mas não faço.

É tipicamente sofrível assistir sua decadência pessoal. Sério, não vejo prazer algum nisso como você me acusa. Pelo contrário, fico com vontade de te ajudar a levantar e esquecer o que você fez e faz. Mas, felizmente, nego-me a tal rebaixamento próprio.

É sadicamente delicioso ver seu sorriso de escárnio morrer aos poucos enquanto me olha sem acreditar que, sim, posso muito bem viver sem você. Aliás, querido, de onde tirou essa ideia?

Ah... É adorável como você não entende, e se recusa a tentar, como eu definitivamente sou melhor que você. Não adianta gritar, não adianta prender meu rosto em sua mão enquanto dispara ameaças que não cumprirá, não adianta sorrir debochado a cada falta de ação minha, não adianta quantas vezes você simplesmente rasteja por atenção, planejando quem sabe até me matar.

Não adianta, querido, eu sou melhor. E sou melhor em ser pior que você, porque minhas ameaças eu cumpro, minha palavra te fere, meus golpes te acertam e minha simples existência te faz insano, um louco gritando à beira do precipício.

Sou melhor porque sei a hora de parar, porque sei quando um jogo já possui seu xeque-mate escrito e prescrito. Sou melhor porque planejei te matar e o fiz antes mesmo de você sequer cogitar fazer o mesmo para se libertar desse nosso jogo doentio.

É, querido... Não era eu a fraca.