Duty, Love or War?- Interativa escrita por Ice Queen


Capítulo 6
Selecionadas da Terra da Música- O Avião


Notas iniciais do capítulo

Oi minhas queridas ♥ Tudo bem com vocês?
Ah esse capítulo veio mais rápido do que eu planejei originalmente e isso é muito bom! Estou de volta ao meu cronograma original u.u Deu a louca em mim ontem e fiquei da meia noite até as quatro escrevendo e atualizando o tumblr (E vendo vídeo no youtube mas isso a gente releva), hoje eu só tive que escrever sobre a Lilian e corrigir os erros, ai estou feliz por isso ♥
Só para lembrar que se eu fizer alguma coisa errada com sua personagem é preciso que vocês me avisem, viu? Se não eu vou continuar errando e ninguém quer isso!

Edit (NYAH PARA DE COMER MINHAS NOTAS FINAIS CARAMBA ç.ç To ficando triste já): Eu já quero começar a escrever as relações ♥ A Lil poderia estar junto com elas, mas sei lá preferi escrever ela separada por enquanto, depois a gente vê u.u
O próximo vai ser sobre as norueguesas e já se passara em solo inglês, mas pode ser que só tenha quatro meninas e se esse for o caso sigo o exemplo das irlandesas. E gente se eu esqueci o comentário de alguém por favor me avisem! Eu acho que respondi todos, mas nunca se sabe...
Ah não tenho muito o que dizer ç.ç O tumblr foi atualizado de novo, todas as selecionadas já estão lá ♥



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“Sou metade agonia, metade esperança.”

Jane Austen

Gabrielle Aplin– Home

Espaço aéreo norte irlandês

Bianca foi a primeira a embarcar entre as selecionadas do País de Gales e da Irlanda do Norte, com certeza por viver na capital Belfrast enquanto as demais garotas se espalham pelo reino e duas serem do País de Gales. Isso foi ao mesmo tempo reconfortante e incrivelmente desconfortável pelas mesmas razões, o que a deixa se sentindo estranha por muito mais do que as razões iniciais de nervosismo sobre estar embarcando para uma cidade desconhecida para viver com pessoas desconhecidas muitas das quais fazem parte da realeza.

Ela é a primeira admitir que o que está fazendo é uma completa loucura, quem pensaria na querida Bianca se aventurando pelo mundo em busca do coração do príncipe norueguês? A garota que nunca mostrou interesse nenhum em alcançar uma posição de poder, em sair da aconchegante rotina em que caiu há tanto tempo? Foi tão atípico para o comportamento dela que a decisão chocou a muitos que a conhecem o que de certo modo só reforça a certeza da garota de que tomou uma boa decisão. O ponto é: Bianca quer uma segunda chance, quer um novo começo, ou melhor, um novo capítulo, para sua vidinha simples e pacata.

Não a entenda mal, não tem nada de errado em viver com seus avós e ajuda-los na padaria, em passar seu tempo livre com seus irmãos ou com os dois amigos que arranjou no trabalho, em estudar política porque isso a faz se sentir mais próxima do pai que não conheceu, não existe mal nenhum em viver uma simples e boa vida, em ser somente mais uma jovem comum. Mas não é isso que Bianca quer para si, ela sonha em segredo com algo maior, em fazer a diferença em algum lugar e ser lembrada por isso, Bianca ama sua família, ama estar com eles, mas não consegue amar sua própria resignação em ficar ali para sempre, sua falta de coragem para expandir suas fronteiras e ativamente buscar aquilo que ama. Bianca está cansada de seu próprio jeito de ver o mundo e sabe que vai precisar de algo que a tire completamente de sua tão amada zona de conforto para poder mudar esses lados a qual passou a desprezar, e o que é a Seleção se não sua melhor chance? Porque a querida Bianca, a neta perfeita a quem todos comparam seus próprios filhos, nunca faria algo assim tão de repente, a querida Bianca sempre imparcial e indecisa não se jogaria em um mundo de intrigas e discussões por vontade própria.

Fixou os olhos verdes escuros nas nuvens do outro lado da janela sentindo-se fascinada por como cidades inteiras parecem miniaturas, como as nuvens parecem feitas de algodão- Estivera nervosa com a ideia de viajar de avião pela primeira vez, mas agora tem a certeza que essa é uma experiência que vai querer reviver no futuro, existe algo de calmante em estar tão alto no céu, como se nada fosse capaz de alcança-la lá. Ela só desejava estar junto de pelo menos mais uma pessoa, Bianca não é sociável e não tem mesmo muitos conhecidos porém não está acostumada a estar sozinha e cercada de completos estranhos e está rapidamente descobrindo que não gosta da sensação, do aperto no peito e na certeza de que mesmo se quisesse falar sobre o que passa na sua mente- O que não quer vale lembrar, quaisquer medos de Bianca estão escondidos a sete chaves e devem permanecer assim- não teria ninguém ali para lhe ouvir.

Está quase ansiosa para que pousem na próxima cidade para que possa conhecer outra das selecionadas- Sabe pelas aeromoças que mais duas são norte irlandesas e outras duas galesas- sabendo que não vai ter que se preocupar em vê-la como concorrente em nenhum sentido da palavra, não entende como a Seleção de Illéa pode funcionar com 35 garotas competindo por um mesmo príncipe sem maiores escândalos, será que nenhuma das garotas se sente competitiva demais, será que não tem ciúmes? Bianca espera que nenhuma das outras quatro concorrentes pelo príncipe Alberich esteja atrás de confusão, odiaria ter que conviver em um ambiente marcado pelas tão odiosas picuinhas as quais nunca se envolveu nem mesmo quando ainda estava na escola e isso era tudo que as outras pessoas pareciam ligar para. Se quiser realmente renovar quem é sem perder suas qualidades então tem que estar disposta a formar laços com aqueles que a cercam e isso é claro inclui as selecionadas, quer fazer amizades entre elas e quem sabe levar esses laços consigo quando tudo acabar- Seja com ela indo embora ou com uma coroa pousando em seus cabelos castanhos.

Encostou a cabeça na janela focando-se nas nuvens e no cenário que parece tão pequeno e frágil, decidida a não perder a cabeça sobre coisas que estão fora do seu controle e esperar com paciência pelo que o futuro lhe aguarda- Se tem qualquer esperança em ser uma rainha então não pode ser desesperada assim, tem que aprender a passar uma imagem de calma que inspira confiança.

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"É melhor levar uma surra da sinceridade, do que um abraço da falsidade."

Desconhecido

Katy Perry- Firework

Lisburn, Irlanda do Norte

Alasca entrou no avião armada de toda a coragem que conseguiu reunir e se deu tapinhas nas costas por conseguir manter as lágrimas escondidas depois da chorosa despedida que acabara de passar- Mas um sorriso ainda estampa seus lábios ao pensar em como aquelas pessoas parecem tão certas que ela, uma zé ninguém que trabalha cozinhando, pode e até vai ser a rainha de um país como a União Russa, seu coração se aquece pelo amor deles e por isso está disposta a dar uma chance a essas novas possibilidades que estão se abrindo perante a ela. Por pura e sem sentido superstição pisou no avião com o pé direito e foi saudada por uma simpática moça loira que lhe perguntou se gostaria de alguma coisa:

—Não obrigada- Agradeceu com um sorriso, não sabe se consegue realmente comer alguma coisa de tão mexida que está com tudo isso, mudanças não são novas para Alasca porém nunca deixam de surpreendê-la.

Quando a aeromoça a deixou sozinha a garota olhou ao redor procurando o melhor lugar para sentar, sem surpresa seus olhos azuis claros ao ponto de serem gélidos pousaram na única pessoa ali além de si própria. Avaliou a garota rapidamente para saber se sentar-se próximo a ela é uma boa ideia, mas fez sua decisão bem rápido. Quando a garota a olhou e deu um sorriso forçado já estava se movendo, um dos tidos “dons” de Alasca- Como diz seu tio- sempre foi o de reconhecer fácil as emoções alheias algo que ainda acredita ter sido herdado de seu guardião- O completo mestre nesse assunto- e o sorriso da garota das madeixas castanhas é um que reconheceu fácil, forçado não por motivos de arrogância ou manipulação, mas por puro nervosismo e timidez, então abriu um de seus próprios e sentou-se ao lado da outra morena com sua faceta mais amigável, disposta a realmente começar com o pé direito:

—Sou Alasca Wardwick prazer em conhece-la- Estendeu a mão e a outra logo estendeu a própria para retribuir

—Bianca Darcy, o prazer é todo meu senhorita Alasca- O sorriso se tornou menor, mas mais sincero também confirmando as suspeitas de Alasca.

—Darcy como o livro?- Não pode evitar de achar graça ao reconhecer o sobrenome de uma de suas muitas leituras- E por favor me chame só de Alasca, e em troca eu te chamo apenas de Bianca!

—Se é assim que prefere. Ah e sim é como o livro- Bianca lhe respondeu com um riso leve-Minha professora de literatura na escola preparatória não me deixou em paz por causa disso e meus colegas não entendiam muito bem.

Alasca não pode evitar de rir com isso, os ingleses são orgulhosos ao ponto de arrogância com sua cultura e obras de centenas de anos foram preservadas ou reescritas no período de paz entre as duas últimas grandes guerras, mas isso não quer dizer que todos conheçam as velhas histórias, pode imaginar com clareza a situação da outra. Recostou-se na poltrona para melhor conversar com Bianca, satisfeita que seu amor pelos livros lhe permite achar uma abertura para falar com a outra- Alasca é uma borboleta social, ela ama pessoas e as pessoas a amam, gosta de fazer amigos, de ter longas conversas e fazer mil perguntas a qualquer um que encontra e por isso ficou satisfeita em não ser a primeira a embarcar e ainda mais agora que encontrou alguém com quem pode dialogar até pelo menos o fim da viagem:

—Imagino- Concordou ainda tentando imaginar a situação- Perdi a conta de quantas pessoas me perguntaram se meu nome é porque sou fria ou se meus pais eram fanáticos por história.

—Foi pelos olhos?- Bianca adivinhou ao perceber a cor gélida tão diferente de seus próprios que mais lembram um pântano

—Foi- Concordou e completou já querendo saber mais da outra- Então Bianca o que faz da vida? Estuda, trabalha?

Alasca sorriu um pouco mais suavemente ao pensar nos pais e na vida que tinha há tanto tempo que nem pode se recordar direito dos detalhes mais importantes, mas espantou as lembranças tristes e dolorosas antes que essas acabassem com todo o seu bom humor, fez a si mesma a promessa de viver no presente aproveitando a vida ao lado do tio e dos primos e não mais remoendo as coisas do passado e não planeja jogar no lixo seus esforços- Não vai ser uma pessoa amarga, que vive odiando a vida, recusa-se a deixar que as lembranças das tragédias lhe tirem aquilo que a bondade do tio lhe devolveu. Por isso simplesmente focou-se na conversa com Bianca:

—Eu trabalho na padaria da minha família, sou confeiteira. E você?

—Eu ajudo na fazendo do meu tio na parte da manhã e a tarde eu sou cozinheira numa lanchonete local- Respondeu com carinho ao lembrar de sua chefe, Lola- Nós duas daremos um show se for preciso dar um jantar então, eu cuido do pratos principais e você sela com a sobremesa!

—Com certeza- Bianca acenou com o mesmo sorriso tímido de antes- Mas será que vai surgir à necessidade? Eles não falaram nada sobre a natureza dos desafios ou mesmo confirmaram a existência dos mesmos.

—Eu não sei- Admitiu pensativa mordendo o lábio inferior inconscientemente- Mas é melhor estarmos preparadas não? Eu acho que vão ter ao menos algumas provas, e você?

—Com certeza- A morena concordou com mais certeza do que antes- Eles vão querer testar nossas habilidades e os resultados das aulas que vamos ter, só não imagino qual exatamente vai ser a natureza dos desafios. Talvez vão seguir o esquema de Illéa? A cada país as selecionadas vão ter que apresentar um projeto de cunho social?

—Pode ser- Alasca assentiu- Ou eles só joguem desafios conforme a chances forem surgindo. Vamos ter que esperar para ver eu acredito.

Alasca tem certeza que se tiver que montar projetos de cunho social vai voltar à maioria deles para as crianças, além de gostar imensamente das mesmas tem experiências de primeira mão em como o sistema de adoção funciona e provavelmente uma centena de ideias de como ele pode, e deve, ser melhorado. A garota parou seus pensamentos quando percebeu exatamente o que estava fazendo, planejando. Alasca nunca planejara ser sorteada e nem mesmo o desejava como outras garotas, se inscreveu porque todas as garotas da casa fizeram e pela pequena chance de ser sorteada e poder prover uma maior renda a sua família de oito pessoas ao mesmo tempo que aproveita comida de qualidade e dorme em camas confortáveis, nunca cogitou a ideia de se casar com o príncipe Dimitri e de se tornar a Czarina da União- Mas também não é completamente contra isso:

—Acho que é o jeito mesmo- Bianca se pronunciou depois de alguns momentos de contemplação de ambas- Só espero que não peçam coisas impossíveis para as pessoas como nós que não tem experiência prática com a política, seria injusto demais.

—Concordo- Foi rápida em concordar- Mas mesmo se eles fizerem isso temos que dar nosso melhor e mostrar que não podem nos tratar como lixo ou nos desmerecer, temos tantas chances de ganhar quanto as duquesas escolhidas.

Bianca lhe olhou surpresa por alguns momentos, mas logo sorriu e assentiu em concordância. Alasca retribuiu o sorriso e se deixou relaxar procurando outro assunto que possa interessar Bianca, tem a impressão de que está conquistando uma ótima amiga e se for o caso então vai fazer de tudo para firmar essa certeza. Vai fazer dessa Seleção uma boa experiência custe o que custar.

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“A alegria de fazer o bem é a única felicidade verdadeira.”

Leon Tolstoi

Pearl Jam- Release

Newry, Irlanda do Norte

Para Aideen pisar naquele avião foi ao mesmo tempo a coisa mais maravilhosa e a mais assustadora que aconteceu em todos os seus 17 anos de vida. Ao mandar aquela inscrição Aideen estava desafiando tudo a que foi doutrinada a acreditar, estava lançando um desafio a sua avó coisa que não se pode recordar de fazer desde que se entende por gente e fazendo- Finalmente— uma coisa que realmente deseja, uma coisa para ela e mais ninguém. É estranho para a jovem de fios ruivos essa sensação do que julga ser a tão falada liberdade, sempre foi ensinada a ser uma boa menina e ouvir sua avó para não se tornar uma decepção como sua mãe é, nunca se rebelou porque nunca viu motivos para duvidar da velha senhora porém ao mandar aquele formulário e agora ao entrar naquele avião está sendo tomada por uma súbita sensação de poder, o mesmo poder que nunca percebeu que foi privada durante toda sua vida.

Mas com a felicidade desconhecida vem o sentimento avassalador de medo. Porque Aideen não sabe como o mundo de verdade funciona e não percebe que ao se inscrever para a Seleção não estava de modo algum ferindo os sentimentos de sua avó, que estava na verdade se libertando de anos de doutrinamento e manipulação. A querida menina está se martirizando por seu ato de rebeldia como quem comete um crime gravíssimo, remoendo a reação da avó e a proibição da mesma que tão corajosamente se negou a aceitar- E se relembrando com felicidade que a mãe viera em seu apoio como apenas uma vez antes fizera e talvez só por tê-lo feito é que Aideen permaneceu firme em sua decisão, porque ao menos uma pessoa lhe apoia-, e seu corpo e mente é um campo de batalha de emoções e sensações. Aquilo que foi criada para ser e aquilo que deseja desesperadamente se tornar- Quer apagar a maldita imagem de covardia que passa porque não consegue deixar de se importar com a opinião alheia, porque tem medo de desapontar aos outros e acaba cedendo e se assustando. Não é covarde, sabe que não é, mas se vê sempre incapaz de demonstrar sua coragem ao mundo.

Depois de aceitar a oferta de um copo de suco da simpatia aeromoça a jovem olhou ao redor em busca de um lugar para sentar. Mordeu o interior da bochecha em nervosismo seus olhos verdes pousados nas duas garotas já acomodadas e conversando animadamente, a de cabelos mais claros sorrindo imensamente e falando com uma facilidade que causaria inveja em Aideen se o coração da menina soubesse o que é esse sentimento, enquanto a de cabelos mais escuros se pronuncia mais calmamente com um sorriso bem mais contido, tem vontade de se juntar a elas e sua amigável conversa, mas não tem certeza se deve. Elas parecem entretidas, será que não vão se incomodar se uma desconhecida for lá incomodá-las? Será que não vão acha-la atirada demais? Pode ser que as interrompa ou não consiga acompanhar o assunto e as force a mudar.

Por fim sentou-se um tanto distante delas horrorizada com a ideia de causar algum transtorno, ainda despreparada para tomar um passo tão grande para seus padrões. Escolheu o assento da janela e lá encostou sua cabeça em busca de acalmar os sentimentos e emoções desconhecidos e familiares que lutam em seu interior e ao mesmo tempo afastar passar o tempo que restava até pousarem em Londres e serem escoltadas até o palácio. Tão imersa em suas fantasias sobre como deve ser o interior de um lugar luxuoso como o palácio da família real Aideen não percebeu a aproximação de alguém até que uma mão suave pousou em seu ombro- Coberto por uma simples jaqueta rosada, usada para esconder as odiosas sardas que pontilham a região. Quase saltou e se virou rapidamente na direção da pessoa sendo confrontada com os olhos azuis claros de uma das garotas:

—Olá, sinto muito por tê-la assustada não era minha intenção- A garota, pouco mais velha que ela, se pronunciou- Sou Alasca Wardwick e aquela ali é Bianca Darcy, será que você não quer se sentar conosco?

—Oh você não me assustou- Apressou-se em garantir apesar de ser uma completa mentira e completou mais indecisa- Tem certeza? Eu não quero incomodá-las de modo algum, não vejo nenhum problema em ficar aqui, não quero causar transtornos...

—Não se preocupe- Alasca a interrompeu gentilmente- Nós queremos sua presença, é melhor começar a Seleção com algumas amigas ao seu lado não é? Você não é obrigada a vir, mas nós adoraríamos se fosse.

Amigas... Aideen nunca tivera nenhuma, a avó nunca permitiu que tivesse contato com as crianças da rua ou da escola e os conhecidos da Igreja nunca passaram disso, pessoas que via poucas vezes na semana e apenas lá, a ideia soa imensamente tentadora e de qualquer jeito mesmo se não estivesse tão aliviada por ter sido convidada ela iria. Por isso se levantou e fez uma quase mesura suave para Alasca sorrindo um de seus melhores sorrisos que foi prontamente retribuído e logo elas estavam de volta a onde Bianca as aguardava:

—Olá, meu nome é Bianca- Se apresentou estendendo a mão para Aideen- Prazer em conhecê-la.

—Olá, o prazer é todo meu- Retribuiu o cumprimento- Sou Aideen Bird, obrigada por me recepcionarem.

—Não tem problema- Bianca afirmou quase ecoando as palavras de Alasca que acenou em concordância- Nós não somos inimigas, não tem motivos para que nos tratemos com qualquer coisa além de camaradagem.

—É bom saber- Abriu um de seus sorriso felizes já relaxando na presença das duas recém-conhecidas

—Então Aideen está na Seleção para qual dos príncipes?- Bianca ousou perguntar- Eu me inscrevi pelo príncipe Alberich.

—Pelo príncipe Edmund- Respondeu quase timidamente e completou para se explicar- Ele me parece charmoso.

—Parece mesmo, é um ótimo partido. Eu escolhi o príncipe Dimitri- Alasca completou já de volta a seu lugar e logo lançou outra pergunta-Então Aideen o que faz da vida? Está em idade de ser estudante ainda eu suponho.

—Entrei na escola um ano avançada na verdade- Comentou com um leve orgulho, sua inteligência é uma das únicas coisas que vê de bom em si mesma- Agora eu trabalho meio período em um pub perto da minha casa, sou garçonete.

Isso por algum motivo causou as duas garotas a começarem a rir e as bochechas de Aideen coraram instantaneamente. Será que dissera alguma coisa errada? Ou será que é por sua profissão ser tão simples? Quase pediu desculpas por uma razão instintiva quando Alasca se pronunciou tendo notado a expressão ansiosa que se apossou de seu rosto jovem:

—Não estamos rindo de você, me desculpe Aideen- Assegurou num tom gentil- É só que agora nós temos a equipe inteira, eu trabalho como cozinheira em uma lanchonete.

—E eu sou confeiteira na padaria dos meus avós- Bianca completou num tom igualmente gentil- Com você nós temos um time completo caso surja à necessidade.

Ser incluída na ideia dessas duas de time aqueceu o coração de Aideen e ela logo se viu sorrindo para as duas novamente, qualquer sentimento negativo oriundo do susto que passara esquecido completamente deixando lugar apenas pelo começo de um tipo de afeição. Logo foi incluída com facilidade no assunto discutido anteriormente pelas duas, livros são desde sempre um escape e uma paixão de Aideen e discutir seus preferidos com alguém é muito mais divertido do que pensou possível. Com certeza a Seleção é algo diferente de tudo que já fez em sua curta e, se esse começo é alguma indicação, muito melhor do que pensara a princípio.

Aideen fechou os olhos por um segundo e suspirou profundamente como se estivesse respirando ar puro pela primeira vez em sua vida, o que de certa forma ela realmente estava, e naquele momento fez uma promessa a si mesma. Não importa se ganhar a Seleção ou não, uma vez que sair dali não vai voltar para sua rotina, não vai voltar correndo para sua avó como um cachorrinho. Porque pela primeira vez Aideen está provando o que é ser independente e por mais assustador, por mais que esteja morrendo de medo daquilo que a aguarda, por mais que não tenha a mínima ideia de como agir, do que tem que fazer, já está viciada nessa sensação. Um passado engaiolado desde o nascimento pode não saber que está preso, mas quando as portas da gaiola se abrem e ele voa livre pelo céu pela primeira vez voltar à gaiola é pior que uma sentença de morte e, como a avó a chama de vez em quando, Aideen é um passarinho.

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“Estou presa em minhas próprias correntes...”.

Desconhecido

Florence + The Machine- Shake It Out

Pontypool, Torfaen, País de Gales

Como filha de um duque- Mesmo sendo uma bastarda como muitos gostam de lembrar sempre que o nome da garota surge- Amaterasu foi à primeira das selecionadas galesas a embarcar no avião que partira da Irlanda do Norte com destino á Londres, a posição social que nunca desejou a colocando em um frágil patamar acima das demais garotas, uma ideia que a própria despreza e não vê como aplicável a si ou qualquer outra nobre que possa estar na Seleção- No momento são todas iguais, mesmo que no futuro suas posições na sociedade possam pesar mais do que deveriam.

Ela entrou no avião e depois de um olhar e um educado aceno de cabeça as três jovens já presentes tomou um lugar vazio próximo à porta, dispensando por hora a companhia de outros em favor de um antigo, mas muito bem conservado, livro que carregava consigo desde que saíra da casa de seu pai- A qual raramente pensa como sua por uma centena de motivos, não importa o quanto a madrasta e meio-irmão paterno tentem fazer o lugar parecer como tal, para Runa casa é, e talvez sempre vá ser, outro lugar e família são outras pessoas as quais sente imensa falta. A jovem deixou um leve suspiro lhe escapar dos lábios vermelhos antes de abrir seu livro e lá tentar focar sua atenção, o rosto arredondado e os olhos azuis acinzentados não demonstrando nenhuma das emoções em seu interior como é de costume dela e passando a errônea impressão de uma jovem fria e arrogante, a filha de um duque rico com um lugar importante na Corte. Debateu internamente se esse seu comportamento inicial vai passar uma má impressão ás três jovens já presentes, mas decidiu que mesmo se o fizer não é nada que não possa ser resolvido depois.

Amaterasu não quer criar inimizades logo de cara, ou inimizade nenhuma para ser honesta, não vê qualquer lógica em evocar tais sentimentos numa competição cuja palavra final virá dos príncipes, se qualquer coisa acredita que aquelas que buscam o confronto não estão adequadas a um cargo na política, mas também não se sente confortável em se aproximar das três norte irlandesas no momento. Sempre foi, mesmo na infância, uma jovem retraída que prefere a companhia dos livros á de muitas pessoas e por mais que saiba como se portar em situações sociais Amaterasu sente-se sempre sufocada e pressionada quando forçada nelas, então pelo bem das relações futuras decidiu que socializaria com as demais selecionadas quando isso lhe parecesse menos um dever e mais uma opção. Não se inscreveu na Seleção para fugir dessas situações só para se jogar nelas de novo no primeiro dia antes mesmo de oficializar ali sua participação. Não, melhor esperar e se ver alguém com quem pode formar um laço amigável então buscar uma aproximação, nada de verdadeiro pode surgir quando se forçando a convivência, disso ela sabe por experiência própria, afinal se esse fosse o caso não seriam ela e o pai melhores amigos?

Não é que eles se odeiem de qualquer modo, em fato Runa gosta de pensar que ambos se dão muito bem dada as circunstâncias que os uniram e as repercussões da bastarda na aparentemente perfeita família Gwenfrewi-Rhiannon, mas os dois também não tem o mesmo relacionamento que a jovem tinha e ainda tem com seu padrasto Shean, existe muita história entre os dois, de certa forma muita amargura e coisas não ditas, para que nasça um verdadeiro amor familiar mesmo com anos de convivência. Talvez por isso Runa tenha se espantado tanto quando Anton lhe aconselhou a se inscrever na Seleção sem nenhum motivo político por trás de suas ações, somente o conhecimento de quanto Runa precisa de um escape desse mundo em que vive- Não é a política que a sufoca, muito pelo contrario é esse seu ponto mais forte, mas sim as situações sociais onde todos parecem estar tratando-a como um erro, uma mancha na família e isso é algo que Runa abomina e tem sempre que domar seu temperamento para não dar-lhes mais munições. Conhece seu próprio valor e recusa-se a se rebaixar ao nível daqueles que a provocam porém os anos passam e sua paciência por mais que incrivelmente grande não é infinita para aguentar a pressão e os comentário maldosos por toda eternidade.

Ficara feliz ao ver que o pai percebe seus problemas e não demorou a ver as vantagens naquela proposta, é uma verdadeira aventura que a levaria para longe de sua zona de conforto e serviria além de para aliviá-la da pressão para deixa-la mais perto do mundo político que tanto adora- Ainda se arrepende de não ter ingressado no curso de Ciências Sociais como desejava-, que melhor lugar para descobrir as razões por essa súbita nuvem de tensão e ameaças que o lugar onde as fontes estarão reunidas? Os avisos do pai e os pedidos para que tome cuidado estão ainda no fundo de sua mente, não se esqueceu de nenhum deles e está ciente dos perigos e ameaças que vão fazer parte de sua vida só que não acredita que deva deixa-los impedi-la de aproveitar as vantagens que lhe serão apresentadas- Que são, se pensar logicamente, mais numerosas que as desvantagens.

Está satisfeita com suas escolhas e decisões, nem mesmo tem muitos receios quando ao príncipe escolhido, está ciente dos rumores a cerca de Anthony Ainsworth e dos alegados defeitos do herdeiro, mas não está intimidada por eles. Amaterasu acredita em formar suas opiniões com base naquilo que conhece e não por aquilo que escuta por terceiros, não acredita que a mídia é o mais confiável dos veículos de comunicação e isso só reforça sua crença de que deve esperar até conhece-lo pessoalmente para tirar a prova. Não gosta de admitir isso nem para si mesma e no começo nem estava entre seus motivos para se inscrever, mas Runa está em busca de um romance também, é só uma jovem mulher afinal de contas não uma máscara de indiferença e nem ela é imune aos charmes do herdeiro por mais que não tenha se apaixonado por sua imagem como fazem tantas jovens britânicas.

Amaterasu acomodou-se no assento para ficar mais confortável e forçou sua mente a focar-se nas palavras ao invés de mil direções- Sempre foi assim, facilmente perdida em devaneios podendo ser considerada avoada. O que, esperançosamente, vai ser sua nova vida está só começando.

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"É melhor acender uma vela que amaldiçoar a escuridão."

 William Shakespeare

 Katy Perry- Roar

Espaço aéreo galês

Lilian foi à última das selecionadas a embarcar no avião no aeroporto da cidade de Newsport depois de um adeus frio vindo de seus pais, não houve palavras de encorajamento porque elas soaram mais como ordens do que qualquer coisa e as últimas palavras deles ainda estão ressoando incessantemente em sua mente mesmo agora que já está se encaminhando para Londres. Mas isso não é qualquer tipo de surpresa, Lilian já se acostumou com essa sensação e esse tipo de comportamento vindo dos pais e mesmo de si própria, não por vontade própria, mas por puro instinto- Ou ela se acostumava e aprendia a colocar o sorriso no rosto e ao mesmo fingir felicidade ou seria destruída por suas inseguranças, esmagada pela pressão absurda vinda daqueles que a cercam.

É uma jovem prodígio, era ao menos cinco anos mais jovem que seus colegas do Ensino Médio quando se formou e ingressou na faculdade em idade igualmente precoce tendo já um diploma na área de história e atualmente trabalhando para conseguir um em medicina- Mesmo que vá ter que esperar ao menos mais dois anos antes de começar a fazer residência caso deseje seguir nessa área- o que sempre a fez um alvo de muitos comentários, alguns de admiração outros de desprezo e dúvida, Lilian tem um rosto jovem que a faz parecer ainda mais infantil que seus meros 17 anos, fácil de subestimar a inteligente menininha que está sempre sorrindo e fazendo piada, mas isso apenas prova o quanto ninguém conhece quem ela é de verdade, o que se esconde dentro de si.

Porque Lilian foi forçada a criar uma couraça de ferro para sobreviver ás criticas e cobranças de seus pais, que sempre pesaram mais do que as de qualquer outra pessoa, sendo sempre forçada a ser a perfeita em tudo- Qualquer coisa menos que isso é um crime, uma mancha imperdoável- aprendeu cedo os melhores métodos para conseguir o que quer, desenvolveu um intelecto afiado e um raciocínio rápido, mas ao mesmo tempo também aprendeu o que é amargura e cinismo, o que é se ressentir do que deveria lhe trazer alegria.

E talvez seja por isso que escolheu sentar-se sozinha no avião ao invés de se juntar as três garotas que conversavam animadas em um canto ou mesmo a silenciosa garota com um livro de aparência antiga na mão, porque por pelo menos esse curto espaço de tempo de sua cidade natal até Londres ela quer deixar transparecer esses sentimentos sombrios que a corroem por dentro e que ameaçam tomar conta a cada dia que passam reprimidos em seu coração, somente tomando força conforme Lilian cresce mais cínica e obcecada em ser a filha perfeita, sentimentos que ninguém de sua idade deveria portar e principalmente não em tal intensidade.

Quando chegarem a Londres ela sabe o que deve fazer, tem que abrir um de seus lindos sorrisos e esconder o cinismo e amargura tão fundo que ninguém possa nem sonhar que existam, tem que ser a filha perfeita que Wesley e Layla Acker a criaram para ser, tem que demonstrar toda sua vivacidade e inteligência superior para encantar e conquistar a todos e principalmente ao príncipe Patrick- Porque é isso que seus pais esperam que a sempre perfeita Lilian faça e isso não lhe é nenhuma surpresa também.

Já sabia que eles a pressionariam a se inscrever assim que a notícia foi anunciada, afinal não seria o desfecho perfeito para o trabalho dos dois? Sua jovem e perfeita filha sendo coroada a rainha da Irlanda, reinando ao lado de um marido belo e poderoso, a família ganhando enfim seu título de nobreza- Porque eles são sim ricos e seu pai é um militar de alto escalão, mas não nasceram entre a realeza e tem uma imensa diferença entre ter sangue azul e um título e conviver com aqueles que têm um ou os dois. Eles podem não ser más pessoas no geral, mas são humanos e Lilian sabe que estão despejando todos seus sonhos frustrados nela no que pensam ser um gesto de amor- E isso é o que a impede de odiá-los, o que a faz continuar com tudo isso, o que a faz amá-los apesar de tudo.

E Lilian, querida jovem amarga Lilian, não sabe nem dizer onde terminam as expectativas de seus pais e onde começam as suas porque ela quer estar ali, provavelmente deseja mesmo ganhar a Seleção, mas não pelas razões de seus pais querem, não por poder ou ambição, mas porque estando na Seleção vai estar livre do olhar penetrante deles e das críticas e cobranças pela primeira vez em sua vida. E também, bom, Lilian é ainda uma adolescente e esta sujeita à ação dos hormônios e por isso não pode evitar desenvolver uma paixonite pelo príncipe irlandês depois de ver algumas entrevistas dele na televisão que a levaram a ver mais delas até chegar a esse ponto- Não sabe se o que sente é paixão porque nunca experimentou esse sentimento, mas sente o coração acelerar e mesmo agora um pequeno sorriso surge em seus lábios ao pensar em conhecê-lo.

A garota encostou a cabeça no assento e fechou os olhos sentindo-se cansada demais para a situação. Dormiu com facilidade esperando sonhar com um futuro mais feliz, onde tenha mais liberdade e quem sabe um amor para chamar de seu.


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Notas finais do capítulo

Meninas vocês não sabem o quanto eu AMEI escrever esse capítulo! Na hora que eu reparei que a Bianca, a Alasca e a Aideen estariam juntas meus olhos brilharam porque essas três tem tudo para serem ótimas amigas
Beijos queridas~