Adorabilidade escrita por Vulpe


Capítulo 1
KageHina


Notas iniciais do capítulo

EU SOU FRACA DEMAIS PARA ESCREVER SMUT MAS EU TENTEI. FOI UM ESFORÇO VÁLIDO E MINHA ALMA SENTIU O IMPACTO DISSO. desculpa mãe.



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Adorabilidade

É só que, Hinata era tão adorável.

Claro, Kageyama nunca falaria isso em voz alta, mas não podia evitar o pensamento. Era automático, tão automático como quando Hinata fazia alguma coisa estúpida e ele o recriminava do outro lado da quadra antes de perceber que abrira a boca.

Os olhos de Hinata brilhando ao pedir por mais um levantamento. O entusiasmo que o fazia quicar como a própria bola quando falava sobre vôlei – na verdade, como não conseguia ficar parado nunca, cheio de energia nervosa. A determinação sobre-humana. Adorável.

Todas características que também podiam ser irritantes, não havia como negar. Mas Kageyama estava começando a suspeitar de que a irritação fosse apenas uma máscara para seus verdadeiros sentimentos no que dizia respeito a Hinata, um campo no qual ainda não ousara se aventurar.

De qualquer forma, o conhecimento de que não era o único com tal opinião o acalmava. Conseguia ver que Sugawara pensava a mesma coisa pelo modo que sorria carinhosamente para o calouro. Tanaka e Nishinoya exclamavam que Hinata era fofo em alto e bom som, enquanto afagavam seu cabelo laranja. Isso fazia Hinata ficar vermelho e protestar que não, não era fofo, era ameaçador e intimidante, o que, bem... só tornava-o mais adorável.

Começara inocente. Kageyama fizera um esforço para admitir a si mesmo que o outro não era assim tão enervante, o que levou a uma série de considerações sobre Hinata. Por exemplo, o fato de que sua honestidade o agradava. Ele sempre dizia o que pensava e quando não o fazia seu rosto era como um livro aberto, o que, após anos de convivência com Oikawa, era refrescante. E, em uma súbita mudança de foco, Kageyama percebera que o cabelo de Hinata não era só bagunçado. As pontas das mechas formavam curvas, enrolando-se em si mesmas com delicadeza surpreendente.

Esses detalhes, essas observações, levaram Kageyama a concluir: Hinata era fofo. Tanto em aspectos físicos quanto de personalidade.

De início, a descoberta não causou mudança alguma no relacionamento dos dois. O fato de Hinata ser fofo não influenciava em sua habilidade na quadra, então Kageyama não sentia dificuldade em gritar com ele caso errasse algo idiota. Pelo contrário - chegava a ser um incentivo, agora que sabia apreciar o rosto de Hinata se colorindo de vermelho pela bronca e se enrugando um pouco enquanto ele se concentrava para acertar na próxima.

Nesses primeiros dias Kageyama tentou descobrir a razão palpável pela qual Hinata era fofo, além de meras ondulações de mechas. Encarava-o em busca de uma resposta quando o atacante estava distraído, procurando o que o tornava especial. Mas Kageyama não era a pessoa mais discreta do mundo: Tsukishima percebeu os olhares antes do resto do time e como consequência Yamaguchi notou logo depois, e os dois riram e debocharam entre si da forma como Kageyama estreitava os olhos e parecia se perder admirando o colega.

Depois dos dois, não demorou muito mais para que os outros notassem – tanto porque não era como se Tsukishima e Yamaguchi estivessem escondendo o motivo de suas risadas, quanto porque todos ficaram preocupados depois que Kageyama levou uma bolada na cara por falta de atenção. Era com Hinata que isso acontecia, não Kageyama, o gênio atento a cada movimento do jogo. Algo sério devia estar acontecendo para ele estar tão distraído.

E Kageyama era de fato o epítome da distração. Esquecia de fazer lição de casa, colocava meias diferentes e deixava o almoço em cima da mesa da cozinha. O time, juntando os lapsos com o tempo empregado olhando para Hinata, logo entendeu o que se passava na cabeça do levantador -ou achou ter entendido- e o olhar maligno de Daichi foi a única coisa a impedir que Tanaka e Noya puxassem Kageyama (ou Hinata) de lado para uma lição sobre ‘Amor Jovem’.

Graças a isso, não demorou muito para que Hinata fosse o único deixado no escuro. Notara apenas que Kageyama vinha encarando-o, com uma intensidade ameaçadora que dava medo. Quase pedia desculpas todas as vezes que se cruzavam no corredor, apesar não saber pelo quê. Nem fora ele a passar a bola na cara de Kageyama! Se bem que rira. Muito. Ah, estava tão morto. Sua visão periférica informou que Kageyama o olhava e Hinata iniciou o planejamento do seu serviço fúnebre, enquanto seu suposto futuro assassino ponderava sobre sua aparência. Mais especificamente, sobre sua altura.

Talvez fosse porque ele era baixinho? Hm, não baixinho. Hinata era pequeno de modo proporcional, como uma miniatura. Miúdo e gracioso como uma criança. É, aí estava a resposta. Eram os 1,62 centímetros bem balanceados que faziam com que Kageyama sentisse vontade de apertar as bochechas do amigo. A altura de Hinata era, como sempre, seu maior defeito e sua maior arma.

Kageyama contentou-se com essa explicação, o que poderia ter encerrado do episódio, se ele não tivesse se trocado na mesma hora que Hinata na saída do treino naquele dia. O que já tinha acontecido diversas vezes, como era fadado a ocorrer quando todo o clube usava a mesma sala como vestiário; mas, naquele dia, o dia em que Kageyama achara ter desvendado o mistério da adorabilidade do ruivo, Hinata tirou a camiseta e transformou em pó todo o resultado do seu duro trabalho de investigação. Ou quem sabe Kageyama tenha sido responsável por sua própria queda, pois nada o obrigou a olhar Hinata despindo-se da parte de cima e ele o fez de qualquer maneira, talvez levado pelo costume que já se tornara observá-lo.

O que viu definitivamente não era o que esperava e definitivamente não apoiava sua teoria. Hinata não era musculoso como Asahi ou Daichi, mas também não possuía o corpo da criança pela qual seu rosto poderia fazê-lo passar. Seu torso era definido graças ao treinamento, fracas linhas delineavam seu abdômen. Os vagos quadrados tomaram Kageyama de surpresa, mas o que fez seus olhos se arregalarem foi a visão da trilha de pelos ruivos que começava no umbigo de Hinata e descia para baixo dos shorts. Porque aquilo não fazia o mínimo sentido.

Crianças não tinham nada assim.

—Kageyama? – perguntou Hinata, ao passar do ponto de poder fingir que os olhos do levantador não estavam perfurando sua barriga. – Que foi?

Tobio levou um sobressalto. Corou como se estivesse fazendo algo errado, pois não tinha certeza de que analisar o físico de um companheiro de equipe por motivos que nada tinham a ver com desempenho fosse de todo aceitável. Tentou disfarçar forçando um sorriso.

—Nada. – respondeu, o rosto torcido em uma expressão aterrorizante.

Hinata quase chorou. Kageyama saiu correndo da sala do clube, mas teve que voltar emburrado porque, no frenesi, esquecera sua mochila. Tsukiyama e Yamaguchi se entreolharam e riram.

Não ficou melhor a partir disso.

Kageyama começou a perceber outras coisas sobre Hinata, não mais os cândidos detalhes de antes, os pelos ruivos revelados guiando-o por um caminho desconhecido e perigoso. De súbito, notou que Hinata tinha as pernas mais torneadas do time, o que não deveria ser uma novidade, mas mesmo assim atraía seus olhos toda vez que o atacante pulava. Nunca percebera que, assim como ele, assim com todo jogador de vôlei do mundo, Hinata usava a camiseta para limpar o suor do rosto, deixando barriga à mostra. Aquela maldita trilha de pelos e o abdômen brilhando de suor ficavam expostos.

O rosto vermelho de esforço de Hinata não era nada mau. Tampouco a respiração pesada.

Kageyama passou a esforçar-se para nunca trocar de roupa com Hinata. Ou corria imediatamente ao final do treino, ou enrolava o máximo possível, e se por acaso Hinata ainda não houvesse terminado se trocava de costas em uma velocidade que costumava resultar em itens colocados ao contrário. Após alguns dias, até Hinata percebeu que Kageyama estava estranho. Ou melhor, que Kageyama estava evitando-o, tanto dentro quanto fora da quadra. Como antes, não conseguia pensar no que poderia ter feito para causar aquilo, e tentava remediar correndo atrás de Kageyama em todos os momentos que lhe eram permitidos, mesmo que o levantador fugisse dele como da praga.

Era difícil conversar com Hinata e ficar no mesmo cômodo que ele já que, quando seus olhos passavam pelo ruivo, Kageyama corava, e, dependendo da ocasião, sentia um puxão na virilha. Não era sua culpa, muito menos de Hinata; seu subconsciente era o problema. O subconsciente que o fazia sonhar com Hinata quase toda noite, em sonhos que causavam tendas nas calças do seu pijama. Tentou se convencer de que era normal, mais um dos enlouquecedores aspectos da puberdade – mas nunca tivera sonhos desse tipo com tanta regularidade, muito menos com uma única pessoa como personagem principal.

Mas era assim que funcionava agora. Kageyama dormia e tudo com o que sonhava era Hinata, Hinata, Hinata. Então não conseguia conversar com ele quando estava acordado, não quando era imediatamente remetido aos sonhos. Sonhos nos quais Hinata dizia e fazia coisas que nunca aconteceriam de verdade e onde Kageyama tinha uma coragem que nunca conseguiria reunir no mundo acordado.

Como falar com Hinata se Hinata era tão fofo? Se sua mente devaneava em pensamentos de como a voz dele seria melodiosa gemendo o seu nome, para fora isso silenciar pela primeira vez desde que haviam se conhecido? Se a fantasia de como Hinata seria adorável, tão pequeno e corado e sem fôlego preso embaixo de si fazia com que precisasse correr para o banheiro antes que alguém notasse o que acontecia em suas calças?

Mas a verdadeira extensão do problema só ficou clara quando Kageyama viu a boca de Hinata. Mais especificamente, lábios em um picolé comprado na Sakanoshita após um dia quente, língua impedindo que o sorvete derretido escorresse para a mão. Uma língua vermelha, lábios com certeza macios. O quadro mental que seguiu, envolvendo Hinata entre suas pernas, com outra coisa na boca, lambendo um líquido que não devia ser doce, com os olhos grandes e inocentes em sua direção e talvez as bochechas um pouco cheias de ar e rosadas, sem ter certeza do que fazia mas querendo fazer certo, quase fez com que Kageyama derrubasse seu picolé no chão e trombasse em Ennoshita. O que seria ruim, bem ruim, no estado em que se encontrava.

Ao invés de brincar com a sorte, gritou uma despedida e escapou. Hinata observou enquanto ele se afastava, com o picolé na boca e o cenho franzido. Kageyama estava muito estranho de fato. Precisava tomar uma medida mais concreta a respeito, decidiu. Pediu um favor a Suga, que sorriu como quem sabia de algo, o que só deixou Hinata mais confuso e irritado. Talvez todos soubessem por que Kageyama estava bravo menos ele. Tentou perguntar, mas Suga só passou a mão pelo seu cabelo como uma mãe faria e disse que era melhor falar direto com Kageyama.

Suga andou o restante do caminho até em casa relembrando como seu primeiro médio não fora assim tão diferente. Riu de leve ao lembrar quantas vezes pegara Daichi encarando-o e como seu coração quase parava de nervosismo sempre que ele lhe dirigia palavra. O mínimo que podia fazer para honrar tudo o que seu eu de 15 anos tivera que enfrentar era ajudar seus atrapalhados kouhais em sua própria, aham, dificuldade.

No dia seguinte, Kageyama surpreendeu-se quando todos se apressaram para arrumar a quadra ao final das atividades do clube. Inclusive Hinata, que costumava enchê-lo com pedidos de levantamentos até Daichi aparecer de braços cruzados e emanando uma aura sombria, com ordens de que eles se mexessem para que o ginásio pudesse ser fechado logo. Aproveitando a urgência geral, Kageyama comprometeu-se a dobrar a rede sozinho. Para sua surpresa, ninguém se ofereceu para ajudá-lo e Sugawara não voluntariou ninguém. Os companheiros só acenaram e correram para fora, para suas roupas limpas – Tsukishima e Yamaguchi rindo com superioridade, mas nisso não havia nada de novo.

Kageyama não suspeitou. Nem arrependeu-se do trabalho que trouxera para si mesmo. Chegou a assobiar enquanto dobrava, aliviado com a facilidade com que Hinata fora desviado. O atacante vinha seguindo-o e tentando conversar com muita insistência, o que só tornava as coisas mais difíceis para Kageyama, que se encontrava na constante caça por novos lugares para almoçar na esperança de despistar o ruivo. Não teria mais que se preocupar com Hinata e sua risada luminosa naquela noite. Pelo menos não até que ela voltasse em seus sonhos, algo com o qual já estava quase acostumado e que aceitara como inevitável.

O que o levantador não esperava, porém, depois de ter se livrado de todas as ameaças usuais, era ser atacado pelas costas no momento em que parou na frente da sua mochila.

—Que diabos?!... – exclamou, ao sentir outro corpo indo de encontro ao seu com força, tirando seu equilíbrio, e um par de braços agarrando seu torso, prendendo seus próprios braços no lugar.

—Eu não vou te deixar fugir, Kageyama! – exclamou a voz determinada de Hinata.

Hinata. Era Hinata. A pequena bola de sol, Hinata, tinha pulado em cima dele e quase feito com que batesse a testa na estante. Kageyama sentiu a irritação subindo pelo seu corpo como chá quente descia.

Hinata. Era Hinata, a pequena bola de sol, prendendo-o com seus braços mais fortes do que o esperado. Enquanto os dois estavam sozinhos na sala do clube. E era cheiro de suor que vinha do outro? Ele não se limpara, nem trocara de roupa, para ter certeza de que a emboscada daria certo. O estômago de Kageyama embrulhou por um motivo que nada tinha a ver com irritação.

Começou a lutar contra o aperto, desesperado para se libertar antes que a situação causasse um tipo completamente diferente de situação.

—Me solta, Hinata idiota! – Sua resistência só fez Hinata apertar com mais força.

—Não!

—Me solta, idiota! Hinata idiota!

—Não!

—Por que não?!

—Porque eu quero falar com você!

—Não é assim que se fala com alguém, idiota!

Kageyama conseguiu soltar seus braços, mas a essa altura a exasperação já prevalecia sobre seu bom-senso. Quando Hinata agarrou a frente da sua camiseta, ele agarrou seu queixo, com vontade de esmagá-lo entre seus dedos.

—É, mas se eu não fizer isso você vai fugir! – acusou Hinata, a voz engraçada graças à dificuldade de abrir a boca. – Você tem me evitado!

Kageyama piscou, surpreso, fraquejando o aperto. Hinata aproveitou a abertura para pegar o pulso do mais alto e tirar a mão do seu rosto, forçando o levantador a dar um passo para trás, as costas contra as estantes.

—Por que você está me evitando? – os olhos de Hinata cravavam buracos nos de Kageyama. Seu rosto estava sério de forma como Kageyama só vira ficar quando o tema era vôlei, e que podia contar em uma mão quantas vezes presenciara. Não havia nada de infantil na expressão. – Eu fiz alguma coisa? Achei que estivesse ficando melhor.

Kageyama empurrou-o, sem metade do empenho ou da força de antes. Estava desconcertado. Lidar com um Hinata autoritário estava muito além de suas capacidades, pouco familiarizado com essa faceta nem um pouco fofa. Bem o oposto: sexy de um jeito que chegava a incomodar.

Engoliu em seco e olhou para o lado, qualquer lugar que não aquele rosto e aqueles olhos, por mais que ainda os sentisse, procurando, queimando. É, Hinata ainda estava suado; o odor que tantas vezes fizera Kageyama torcer o nariz e mandá-lo sair de perto agora causava uma reação oposta ao nojo. O cheiro de sal misturado à fragrância Hinata, de alguma coisa que fora deixada por tempo demais no sol, estava em todos os lugares. Kageyama mal conseguia respirar.

—Você está tão bravo que nem quer olhar na minha cara? – perguntou Hinata, chateado. Ao invés de segurar, apertou os dedos de leve, como quem buscava suporte.

—Não é isso, idiota. – resmungou Kageyama, tentando manter a voz firme apesar da sensação dos dedos de Hinata escorregando por sua pele.

—Então o quê? – exclamou o atacante, colocando-se nas pontas dos pés para tentar ficar na altura dos olhos de Kageyama. Não chegou nem perto.

Era adorável.

—Eu gosto de você. – soltou Kageyama para aqueles olhos brilhantes antes de conseguir se controlar. – Droga, é porque eu gosto de você, seu idiota.

Ele gostava de Hinata. Logo de Hinata. Como poderia evitar? A seu modo, o garoto era tão atraente ao olhar quanto Shimizu. O que a gerente tinha de beleza, Hinata possuía em fofura. Kageyama estivera condenado desde o começo.

Hinata piscou. Duas vezes. Sua cabeça pendeu para o lado.

—Ué, eu também gosto de você. Você é tipo meu melhor amigo. E é por isso que... – começou Hinata, confuso. E profundamente lerdo, o crânio espesso como o pilar de suporte de um prédio. Kageyama deveria ter previsto, mas mesmo assim seu rosto ficou do vermelho do uniforme da Nekoma e sentiu um pouco de raiva de Hinata por obrigá-lo a quase gritar:

—Não esse tipo de gostar, estúpido!

Hinata encarou-o. Kageyama quase conseguia ver fumaça saindo do cabelo laranja pelo esforço do cérebro em colocar sentido no que ele dissera. Suspirou, dividido entre insistir e desenhar para Hinata ou aproveitar o que talvez fosse um sinal do universo para fingir que nada tinha acontecido.

—Espera. – falou Hinata, assombrado, antes que Kageyama tivesse decidido. – Você gosta gosta de mim?

Era um milagre. A informação passara pelo crânio duro que nem bolas de vôlei haviam conseguido abalar após múltiplas tentativas. Kageyama teria ficado mais corado, se não fosse tão ridículo.

—Sim, Hinata idiota! – respondeu, ríspido, agindo no automático. – Achei que ia ter que escrever nossos nomes embaixo de um guarda-chuva para você entender!

A vivacidade do vermelho no rosto de Hinata passou a competir com a cor do seu cabelo. Era quase brilhante demais para se olhar diretamente, e Kageyama pestanejou, ainda que acostumado a se ofuscar com a personificação do sol. Hinata deu um passo para trás, mas não soltou as mãos da camiseta do levantador.

—Mas você... –é um menino, Kageyama completou consigo mesmo. – é muito alto. - disse Hinata, como se esse fosse o aspecto que o deixava mais perplexo sobre seu rival/melhor amigo declarar que seus sentimentos por ele iam além da amizade.

Por alguns segundos, Kageyama tentou se convencer de que ouvira errado. Mas então sua racionalidade lembrou que aquele era Hinata; claro que ele se preocuparia com altura em qualquer contexto.

—É você que é baixinho! – retrucou, cada vez menos envergonhado e mais irritado. – E por que você falaria isso depois de uma declaração?!

Hinata usou uma mão para coçar a nuca, sem graça. Parecia absorver o vermelho que as bochechas de Kageyama dispensavam.

—É que. Assim. Como os beijos funcionariam? Não seria meio ridículo? Ou você não imaginou? – adicionou, com pressa.

Se Kageyama havia imaginado?

Se ele havia imagi... Há! Beijos, abraços e muito mais! Tanto mais, que fazia um mês que não conseguia olhar Hinata nos olhos como agora. Olhos castanhos que, ao invés de terem uma reação normal e evitarem contato, estocavam-no com inocência e intensidade perturbadoras.

Era uma dúvida genuína. Hinata não fazia a mínima ideia de que era uma presença constante na mente de Kageyama. Não sabia que era no que ele pensava ao se tocar embaixo dos lençóis, nunca cogitaria que uma versão ofegante do seu nome servia de trilha sonora para essa mesma ação, nem podia conceber tudo o que Kageyama fantasiara fazer com ele. Hinata nem suspeitava.

—Se eu imaginei? – perguntou Kageyama, estreitando os olhos, circundado por uma aura sombria que não passou despercebida pelo ruivo.

Kageyama não queria matá-lo antes, mas agora Hinata tinha certeza de que estes eram seus últimos momentos de vida. Soltou a outra mão da camiseta do levantador e deu mais um passo para trás, querendo colocar o máximo de distância possível entre os dois, não que isso significasse muito na sala do clube. Expôs as palmas enquanto recuava, como faria com um cachorro bravo.

—Haha, não precisa se irritar, Kageyama! É claro que não imaginou, né. – forçou o riso, tentando acalmar a fera que aparentemente ofendera. – Você pode ser mandão e assustador, mas não é pervertido!

Kageyama congelou. O sentimento de tontura súbita e de que a Terra saíra dos eixos por um segundo era igual ao de quando Hinata sacara na sua cabeça.

Inclinou a cabeça para frente e seu cabelo fez sombra em seus olhos. Sem entender o que dissera de errado, Hinata desejou ter comprado um pão de carne a mais no dia anterior. Teria sido uma saborosa memória para revisitar antes de morrer; agora seu fantasma arrependido assombraria a loja do treinador Ukai até o fim dos tempos.

—Hm, Kageyama? – testou, hesitante, para que ninguém (ou seja, Tsukishima) pudesse dizer que não mostrara coragem diante do fim.

Kageyama não respondeu, mas avançou um passo. Hinata engoliu em seco. Adeus, sonho do nacional. Adeus, ser o ace. Adeus, primeiro encontro com uma garota bonita. Apertou os olhos bem fechados e cerrou as mãos em punhos ao lado do corpo enquanto aceitava seu destino.

...exceto que. Nada estava acontecendo. Sentia a respiração de Kageyama no seu rosto e nada mais. Não fora atacado. Seu coração continuava batendo, até com mais energia do que o normal. Mais uma vez, foi preenchido pela confusão e uma boa dose de adrenalina.

Abriu um único olho e encontrou Kageyama mais próximo do que esperara, as íris que costumavam parecer apenas escuras revelando diversos tons de azul. Assustadoras. Penetrantes.

Lindas.

Algo sobre a proximidade e o olhar azulado fez Hinata engolir em seco. Uma tentativa de dissolver o bolo que aparecera na sua garganta e de distrair sua atenção do arrepio que sentira nas costas, não mais por medo.

Devia ser porque Kageyama se declarara. Era isso, Kageyama se declarara, o que era esquisito e perturbador porque ele era mais alto... mas agora ele inclinara, o que deixava os rostos dos dois na mesma altura. Estranho. Não fazia Hinata se sentir diminuído ou ofendido como havia suposto.

Mas continuava sendo esquisito, errado, mesmo sem a altura no caminho! Kageyama, seu maior rival – seu mais precioso aliado, aquele que o tornava invencível e no qual sempre podia confiar -, um Rei assustador que achava que sabia de tudo – sempre ajudava quando ele ficava mais tempo para praticar e apesar de não sorrir seus olhos mostravam um brilho aprovador quando acontecia progresso -, um garoto – em mais de uma ocasião Hinata observara com inveja e mais do que um pouco de admiração a forma de Kageyama, sinuosa e forte como a de uma pantera, seus movimentos fluidos e fáceis inseridos entre as poucas coisas que Hinata considerava lindas e atraentes ao mesmo tempo -, e, o mais importante de tudo, Kageyama! Kageyama gostar dele era impossível, risível, bizarro, elogioso –

O quê?

Hinata já entreouvira meninas de várias salas falando sobre como “Kageyama-kun” era legal. Por algum motivo, elas gostavam da ausência de sorrisos e do silêncio e da expressão permanentemente emburrada em conjunto com o metro e oitenta e o tom escuro de azul dos seus olhos. O fato de ele ser um gênio no vôlei (“Membro do time regular mesmo sendo só um primeiro anista! Kyaa!”) ajudava. Hinata chegara a ouvir especulação sobre uma namorada e debate sobre as chances de ele aceitar chocolate no 14 de fevereiro.

Todas aquelas meninas o queriam, mas Kageyama nem olhava na direção delas. Kageyama gostava de Hinata.

Hinata percebeu, horrorizado, que a ideia o agradava.

Racionalizou tudo isso em questão de segundos, durante os quais a causa da rebelião nos seus pensamentos encarou-o sem vacilar. E, após as conclusões que tirara, Hinata não conseguia mais aguentar a pressão daqueles olhos.

—Kageyama? – tentou, pela segunda vez em minutos, querendo que Kageyama falasse, se mexesse, qualquer coisa que quebrasse aquela imobilidade enervante. Seu estômago dava nós em si mesmo.

Kageyama continuou o jogo de encarar por mais alguns instantes, com certo ar de expectativa, como se esperasse que Hinata entendesse algo. Ao não obter resposta, bufou, impaciente (Hinata quase suspirou de alívio ao ver um Kageyama que conhecia), e, em um movimento lento e premeditado, desviou os olhos para os lábios do ruivo.

Nem Hinata era obtuso o suficiente para não entender o que esse olhar implicava. Seu coração começou a bater com tanta força que devaneou que daria para vê-lo contra a camiseta. Em uma reação automática que amaldiçoou assim que ocorreu, mordeu o lábio inferior como fazia quando ficava nervoso em um jogo.

Nem passou pela sua cabeça que o coração de Kageyama poderia estar batendo com igual fúria. O levantador mal conseguia ouvir os próprios pensamentos, abafados pela batida constante do peito. Talvez fosse justamente por não conseguir ser alcançado pela lógica que estava fazendo aquilo.

Quase beijara Hinata quando ele fechara os olhos, a área entre as sobrancelhas franzida na expectativa de algo, mas recuperara o suficiente de sanidade para impedir-se a tempo. Fora difícil, mas sabia que era o certo. Jamais admitiria quão aliviado ficara por Hinata não ter saído correndo, ou dito que nunca mais falaria com ele, ou quem sabe tê-lo batido depois da declaração. Considerando as possibilidades, a reação que tivera era uma das melhores que poderia ter esperado. Não sabia se Hinata queria ou aceitaria um beijo, e não ia correr o risco de estragar tudo quando já estava vivendo um milagre.

Parara. Esperara. Lutara para manter sua resolução quando Hinata abriu um olho como uma criança acordando e Kageyama achou que uma de suas veias ia explodir de excesso de fofura. Superou esse perigo alguns segundos depois, quando passou a quase fumegar de impaciência ao perceber que sim, teria que deixar suas intenções mais do que claras para que o idiota entendesse. Sua única esperança era de que Hinata estivesse tão imerso em suas próprias bochechas, já em um tom alarmante de vermelho, que não notasse a cor nas de Kageyama.

E, porque aquele era Hinata e tudo o que ele fazia tinha como propósito deixar a vida de Kageyama mais difícil, o maldito tinha que morder o lábio. Claro. Por que não? Talvez por que Hinata era a fusão perfeita entre o que havia de mais adorável e atraente no mundo, o que o tornava irresistível, e ele queria deixar isso explícito mesmo que Kageyama já soubesse? Talvez estivesse brincando com seu recém-descoberto poder sobre Kageyama? Sendo Hinata, não havia como saber. Kageyama só teve certeza, uma certeza que vinha da boca do seu estômago, de que esse era seu limite; se esperasse mais um segundo, realmente explodiria, e nunca descansaria em paz tendo consciência de que Tsukishima algum dia descobriria o que causara sua explosão espontânea e riria sobre o assunto com Yamaguchi.

—Se você não quiser, é só me parar. – falou, com uma voz sufocada que detestou com todas as forças e que mais tarde negaria ter produzido. - Mas eu vou te beijar agora.

Kageyama não viu os olhos de Hinata se arregalando, inundado por uma concentração que costumava aparecer em clímaces de jogos. Aproximou seu rosto, olhos fechando quando não havia distância suficiente para um erro de rota grotesco que terminasse o beijo no nariz de Hinata. Sem dúvida era uma possibilidade a se considerar no futuro, Kageyama teve tempo de pensar, se conseguisse assegurar um futuro para o qual planejar. Seu rosto estava quente como se estivesse sob sol escaldante, mas suas mãos estavam geladas e presas ao lado da cintura como se estivessem amarradas.

Se Hinata desviasse. E se Hinata-

Os lábios de Kageyama encostaram contra superfície macia e morna.

Hinata não desviara.

O que era tão inesperado e fantástico que Kageyama quase perdeu contato com a realidade, mas ficou ancorado pela pressão dos lábios de Hinata contra os seus. Eles emanavam calor, uma temperatura mais alta que a dos de Kageyama, o que era esperado quando pertenciam a um ser que produzia luz. Kageyama focou nas sensações, que nunca poderia imaginar com tamanho detalhe, para se convencer de que aquilo estava realmente acontecendo: estava beijando Hinata. Fora de um sonho. De verdade.

Tentativamente, encaixou seus lábios nos de Hinata como peças de um quebra-cabeça; a boca do outro entreabriu em resposta, em uma aceitação silenciosa que deixou Kageyama estático.

E então não sabia mais o que fazer, perdido em seu nervosismo e sua inexperiência. Afastou-se, a cabeça girando e as pernas fracas como se fossem ceder, mas os lábios queimando onde a boca de Hinata o tocara.

O mesmo Hinata que continuou com os olhos fechados e que parecia ter passado maquiagem exagerada nas bochechas. O coração de Kageyama se apertou com a visão. Eu beijei isso, pensou, com orgulho e incredulidade. Hinata, quando abriu os olhos, tinha a expressão de alguém cuja cabeça também rodopiava.

—Bem – falou ele, a voz desafinada. – esse foi um primeiro beijo decepcionante.

—Se foi o primeiro, como você pode saber?! – retrucou Kageyama, ofendido. Podia não ter sido muita coisa quando comparado aos beijos intensos de filmes e animes, seu único parâmetro, mas não achava que isso significava que tivesse sido ruim. -Hinata idiota!

Hinata deu de ombros, sem se intimidar.

—Eu só sei. – a voz dele continuava vagamente alterada, efeito do ‘beijo decepcionante’, mas Kageyama estava indignado demais para notar. – Mas acho que dá pra entender.

Caindo no padrão de interação que seguiam desde que haviam se conhecido em lados opostos da rede, Kageyama interpretou a declaração como um desafio.

—Natura-! É! Porque foi o primeiro! Mas se eu praticar vai ficar bom! – declarou, irritado. Não sabia que palavra deixaria sua fé em sua capacidade de aprendizado mais clara.

Hinata acenou com a cabeça, como quem compreendia.

—Tipo vôlei. – ofereceu, a voz recuperada. Kageyama concordou, assentindo também para maior ênfase.

—Isso! Tipo vôlei!

—Como quando praticamos algum ataque novo juntos.

—É! Isso mesmo!

—Até que fique bom.

—Exatamente!

—Kageyama. – chamou Hinata, sério.

Kageyama focou no rosto do atacante, atacado de súbito pelo medo do que Hinata podia dizer. Foi recebido por olhos castanhos engolfados em chamas familiares, as mesmas que apareciam durante jogos e que ferviam Hinata por dentro.

—Faça de novo.

A imagem marcou-se a fogo na mente de Kageyama: Hinata, seu parceiro, seu rival, seu amigo, a pessoa de quem gostava, com o rosto e as orelhas coradas, os lábios entreabertos e os olhos brilhando em expectativa. Esperando para ser beijado por ele.

Não podia ser real. A realidade era boa, mas só na imaginação aconteceria algo tão incrível.

Com lentidão, Kageyama se aproximou, olhos nos de Hinata dessa vez. O castanho das íris queimava laranja como o cabelo bagunçado e atraía como um magneto. Nenhum dos dois piscou enquanto tocavam suas bocas, absorvidos; Kageyama pressionou por alguns curtos segundos.

De novo, exigiram as chamas. Kageyama atendeu, segurando o rosto de Hinata entre as mãos, maravilhando-se com a pele quente e sólida e macia que estava autorizado a tocar. Hinata passou os braços por trás do seu pescoço para mantê-lo perto quando tentou recuar, o que causou uma sensação esvoaçante na sua barriga. De novo prendeu o lábio inferior de Hinata entre os seus, e, motivado, ousou sugar de leve. Hinata respondeu correndo os dedos pelo cabelo que crescia na nuca de Kageyama e sugando de volta no lábio superior entre os seus. Kageyama ignorou a inquietação estomacal que teria tomado como sinal de enjôo em qualquer outra situação.

Foi um beijo delicado e devagar, ainda sem jeito, ainda bem longe dos padrões de filmes, mas não decepcionante. Nem um pouco decepcionante.

Não se afastaram o suficiente para seus narizes pararem de se roçar. Respirar o mesmo ar quente era desconfortável, mas não era ruim.

—Ei – murmurou Hinata, aconchegando a bochecha à mão que ainda a cobria e deixando suas pálpebras caírem como um pequeno animal recebendo carinho. – eu acho que gosto de você também.

O coração de Kageyama pulou uma batida. Suas mãos caíram para os ombros de Hinata e escondeu seu rosto na clavícula do confuso atacante. Fofo. Fofo. Fofo.

—Kageyama?

Kageyama não respondeu, nem quando suas costas se inclinaram quando a altura de Hinata começou a diminuir e ele interrompeu a cadeia de ‘fofos’ para tentar entender porque o ruivo decidira agachar. Mas o movimento acabou tão rápido quanto começara, e Kageyama percebeu que aquilo fora Hinata colocando os pés no chão.

Hinata ficara nas pontas dos pés para alcançar seu rosto e beijá-lo com mais facilidade.

Fofofofofofofofofofofofofo-

—Você é adorável. – resmungou antes de sequer processar que abrira a boca.

Ambos congelaram no mesmo instante que a frase se propagou. Kageyama tentou decidir se era mais válido bater sua própria cabeça idiota ou a de Hinata contra a parede. Provavelmente a de Hinata, já que se usasse força o suficiente havia a chance de que o outro desenvolvesse amnésia e esquecesse o que ouvira. Valia a tentativa.

—EU NÃO SOU ADORÁVEL! – exclamou Hinata, empurrando Kageyama para longe e protegendo-se, sem saber, de um golpe na cabeça. – Eu sou másculo! E legal! E...

—Uma coisa não cancela a outra, Hinata idiota! – retrucou Kageyama, vermelho de frustração pela chance perdida, de vergonha pelo que dissera e de irritação por Hinata não perceber o sentimento genuíno por trás da frase. – Você pode até ser legal, mas isso não anula o fato de que você é ridiculamente fofo e que sua adorabilidade me deixa com raiva! – declarou, em um fôlego só.

Por algum motivo, Kageyama continuava falando coisas que jurara nunca admitir. Três de quatro, só o que faltava confessar eram os sonhos, o que não podia acontecer de forma alguma. Para prevenir, nunca mais olharia para Hinata, prometeu para si mesmo. Só dentro da quadra, porque era necessário para ganhar. Fixou o olhar no chão, mortificado, os lábios formando seu bico clássico por um gatilho inconsciente.

—Você acha que eu sou legal? – perguntou Hinata, vibrante, balançando no lugar como quem só ouvira a parte que lhe interessava do discurso e descartara o resto.

Mesmo que tivesse sido um tanto embaraçosa e dita sem querer, Kageyama devia ter ficado irritado por Hinata não ter prestado atenção em sua importante declaração. Mas, em um triste desenvolvimento para Kageyama Tobio, que ainda não sabia disso, ele estava perdidamente apaixonado por Hinata Shouyou. Assim, tentou se irritar, mas não conseguiu. Não quando a animação de Hinata por um meio elogio era tão grande.

Suspirou. Não podia ser tão fraco a sorrisos e pulos e raios de sol, ou Hinata notaria e ia usar a capacidade de desarmá-lo para ganhar suas competições.

—Hinata idiota. – falou, como uma acusação. Hinata cruzou os braços de brincadeira, sorriso bobo no rosto.

—É assim que você fala com a pessoa que gosta, Kageyama? Se você não tivesse se declarado mais cedo, eu nunca ia adivinhar...

Hinata falava demais. Kageyama precisava pará-lo o quanto antes.

—Você é idiota e adorável e eu gosto de você. – repetiu, colocando seus lábios contra os de Hinata para que ele não conseguisse vocalizar seu protesto ao adjetivo. E o impulso de reclamar logo morreu em favor do som molhado de bocas abrindo e fechando de encontro uma a outra.

E esse foi o único ruído a preencher a sala do clube de vôlei até Kageyama, movido por instinto ou acidente, morder o lábio de Hinata de leve, o que resultou em um som abafado. Um barulho que foi direto para a virilha de Kageyama e que evocou a lembrança dos sonhos que haviam povoado suas noites por semanas. Seus dedos se curvaram em garras nas costas da camisa do Hinata sólido e morno enquanto o Hinata fervente e etéreo que reunia as características mais fofas e sensuais do mundo com naturalidade impossível voltava a infestar sua mente.

Outra coisa que Kageyama ainda não sabia, mas viria a descobrir, era que esse Hinata não era tão fantasioso assim.

O time de Karasuno inteiro e todos os que já haviam cruzado seu caminho sabiam que Hinata Shouyou era adorável; mas só Kageyama Tobio veria a verdadeira extensão de sua fofura, em toda sua glória de gemidos, músculos e suor. Só Kageyama Tobio teria o privilégio de observar Hinata se desfazer embaixo dele, chamando seu nome como se fosse a palavra mais preciosa do mundo. Só Kageyama Tobio poderia se afundar no calor de Shouyou e ser abraçado em retorno, só ele podia enrolar os dedos em cachos tão macios quanto pareciam ser. Apreciar aquele corpo forte e trabalhado mas ainda macio e terno tensionando como um arco, tingido de vermelho por uma mistura enlouquecedora de prazer, esforço físico e às vezes um toque de timidez que nunca falhava em fazer Tobio espalhar beijos na pele à sua frente. Ouvir a respiração custosa que era tão excitante quanto o toque que serpentava para baixo das suas calças.

Mesmo quando sorria perversamente, mesmo quando seu cabelo estava encharcado de suor, mesmo quando sentava em Kageyama com a expressão deliciada, mesmo quando apertava a bunda de Kageyama em público para fazê-lo perder compostura e corar, mesmo quando se esfregava contra ele para chamar sua atenção, mesmo quando andava pelo quarto só com a camiseta que roubara de Kageyama que mal cobria um quarto de suas coxas. Mesmo quando parecia ser o adolescente mais idiota e tarado e provocante e sensual do mundo, Hinata Shouyou continuava sendo o mais fofo também.

Porque, afinal de contas, Hinata já era adorável antes de Kageyama se apaixonar por ele. E só ficara mais depois.

Hinata era adorável. Kageyama o amava. Fazia sentido.

A parte mágica era que, mesmo com os sorrisos assustadores, a falta de habilidade social e a total e completa ausência de qualquer tipo de adorabilidade, Hinata o amava de volta.


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Notas finais do capítulo

eu juro que começou sendo fluff inocente mas!!! coisas aconteceram!!! agora dependo de favoritações e reviews para salvar minha alma da condenação, participe dessa campanha