O Preço da Perfeição escrita por Isabella


Capítulo 4
O Preço da Amizade


Notas iniciais do capítulo

Oi Oi gente ♥
Estou muito feliz por estar aqui novamente. Sei que demorei, mas aproveitei e fiz um capítulo, que na minha opinião, ficou ótimo! Vou introduzir diversos personagens importantes pro desenrolar da fic.
Alguns avisos:
— Certas palavras foram escritas erradas propositalmente, pra que vocês identifiquem o sotaque do interior ou meio 'da roça'.
— Qualquer erro me mandar
— Capa por Lisbeth do Perfect Designs

Boa Leitura!



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"As memórias não são apenas sobre o passado, elas determinam o nosso futuro".

Natasha se levantou em um segundo. Acordou de um pesadelo cheio de lembranças. Já era a segunda semana seguida que isso acontecia. Passou as costas da mão esquerda na testa, limpando o suor. 

— Respira, inspira — sussurrou para si mesma. Eram cinco e quinze da madrugada.

A ruiva se levantou tirando a roupa do seu corpo. Primeiro a regata cinza, depois a calça de moletom branca. Nova Iorque estava começando a ficar gelada. Deixou a banheira encher enquanto abria sua caixa de remédios e engoliu uma pílula. Jogou as roupas no cesto de roupas sujas e entrou na banheira.

Encostada na borda, sorriu ao lembrar o quão era bom tomar banho junto com Jimmy. Por que estava pensando nele mesmo? Depois de tudo, ela ainda o amava. Embora sentisse repulsa dele. 

Precisava conversar com alguém. Levantou-se da banheira e se enrolou numa toalha. Pegou seu celular. Cinco e vinte e cinco. Procurou o nome Cora Denvers na agenda. Poderia estar cedo demais, mas provavelmente Cora já era acostumada com isso. Afinal, ela era psicóloga de artistas e no seu cartão estava escrito vinte e quatro horas.

— Alô? — a voz da mulher não parecia cansada ou sonolenta.

Natasha sentou no sofá e ligou o abajur de mesa.

— Oi Cora, aqui é Natasha, bem, se possível, eu gostaria de marcar um horário, aliás, me desculpe ligar tão cedo — ela procurou falar devagar.

Escutou um barulho do outro lado da linha e um “Jô, volte para a cama”.

— Sem problemas, sou vinte e quatro horas e acabei de atender um cliente. Nat, eu estou com a agenda um pouco cheia, o que acha de fazermos ás seis? Estou livre esse horário — Cora falava com a voz firme.

— Então nos vemos em trinta minutos? — a ruiva foi até a cozinha e abriu a geladeira, pegando o vidro de suco.

— Sim, e venha em minha casa, o escritório só abre ás oito. Tem meu endereço?

Natasha despejou o suco em um copo de vidro que pegou no armário.

— Tenho, até daqui a pouco — desligou.

Bebeu o suco e subiu para seu quarto novamente. Colocou uma roupa de academia, de lá ela já ia para seu treino matinal. Pegou uma bolsa grande e colocou suas luvas de treino, toalha e alguns pertences. Trancou o apartamento e saiu.

[...]

A casa de Cora era uma típica casa americana. Tocou a campainha da casa azul. A mulher negra atendeu a porta.

— Seja bem-vinda — Cora deu passagem á Natasha

A sala era em um tom de branco gelo. A decoração embora fosse moderna, tinha um toque vintage. Seguiu Cora até uma porta dupla de madeira. Ali havia um escritório.

— Não se incomoda de trazer clientes para casa? — a ruiva observava a doutora fechar a porta e sentar em sua poltrona.

— Não, mas trago apenas os que confio, falo pelo fato de que quero privacidade para minha família, ainda mais por causa de Josie, nossa filha— Cora apontou para o divã, onde Natasha se sentara.

A morena estava com um caderninho em mãos, se esticou para pegar um controle e uma caneta.

— Quer me dizer o motivo da sua visita? — Cora nunca chamava aquilo de consulta, ela gostava de ser amiga do paciente.

Natasha suspirou. Essa era a parte difícil. Com o controle, a doutora fechou as cortinas e ligou um som baixinho, quase inaudível.

— Já tem umas duas semanas que eu venho tendo sonhos, ou lembranças — ela mexia na barra da blusa — São sobre a Bobbi, já te falei dela?

— Já me disse que era sua melhor amiga — ela anotava tudo

Natasha fechou os olhos e começou a contar.

“Bobbi e eu nos conhecemos em um site na internet, uma rede social, que eu acho que nem existe mais. Kmils, eu acho. Na época, eu tinha uns treze anos. Eu morava na Rússia com meus pais, já ela morava em San Diego. Eu amava postar fotos de tudo e comentar na dos outros, nem existia essas coisas de ‘curtir’ ou ‘compartilhar’. E foi assim que nos conhecemos, foi difícil no começo, mas eu fazia aulas de inglês e passamos a virar melhores amigas, virtualmente falando. Quando fizemos quinze anos, ela pediu aos pais que a levasse para conhecer a grande Nova Iorque e eu também fiz esse pedido aos meus pais e assim foi o nosso primeiro encontro. Ficamos uns dois anos sem nos comunicar regularmente, mas quando meus pais morreram no acidente aéreo, eu tinha dezoito anos, me mudei para Nova Iorque, onde comecei a fazer faculdade. Bárbara se mudou e dividíamos o apartamento. Nós éramos inseparáveis. Só que isso mudou no dia que eu conheci Jimmy. Na verdade, continuamos inseparáveis, mas ela nunca apoiou o meu namoro com ele. Parecia que ela sabia de algo, só que nunca me contava. Ela trabalhava como Perita Criminal, ela é bioquímica e Jimmy foi transferido para a delegacia onde ela trabalhava. Eu e ela chegamos a brigar muitas vezes por causa de Jim, eu não aceitava que ela não nos apoiasse, se eu tivesse a ouvido.”

— Isso influenciou na amizade de vocês até que ponto? — Cora pausou o relato da ruiva

— Até o quando eu e Jim fazíamos três anos de casados, eu me lembro direitinho.

“Naquele dia eu subi as escadas do prédio como um flash. Bati na porta dela umas cinco vezes seguidas.

Calma aí, apressadinha ela abriu a porta.

Eu me joguei nos braços dela e comecei a rir e chorar de felicidade ao mesmo tempo.

Você vai ser titia, Bobbi

Eu sei que ela não ficou contente com aquilo, afinal o filho também era de Jim e ela ainda não gostava dele. Mas ela se esforçou em ficar feliz por mim, afinal, ela era minha única família. Então quando eu fazia quatro meses de gestação, eu e Bobbi fomos passear no Shopping. Um lindo sábado de manhã. Na volta, eu estava tão alegre por comprar um conjuntinho pro meu bebê, que liguei uma música. Bobbi cantava comigo e por um segundo ela desviou os olhos da estrada, um carro bateu de frente conosco e o carro capotou três vezes. O cara acho que se chamava Lance, Lance Hunter, ele nos ajudou e tirou a Bobbi do carro, ela estava desacordada. Ele me tirou depois, mas foi inevitável, eu perdi o bebê e foi nesse dia, que eu descobri o porquê de Bobbi odiar tanto meu ex-marido.

Fiquei arrasada com a perda do meu bebê, mas Jimmy, quando soube da história toda, ao invés de me apoiar, ele culpou Bobbi por isso. Ele foi furioso até o quarto dela e eu, com medo do que acontecesse, tirei os cabos que levavam soro no meu sangue e corri atrás dele. Hunter estava no quarto dela, ele queria pagar todo custo.

Sua desgraçada Jimmy abriu a porta do quarto Você matou o meu filho!

Bobbi tinha o braço quebrado. Ela arregalou os olhos, Hunter se levantou pedindo que ele se acalmasse. Eu não podia fazer nada, apenas chorava e o chamava para irmos embora. Ele continuou culpando Bobbi, até que ela se encheu de ira e falou o que estava escondido.

Você não merecia ser pai dessa criança, Jimmy, por anos eu tentei esquecer o que você fez comigo, mas você simplesmente fingia que não estava acontecendo nada e ainda teve a ousadia de se casar com minha melhor amiga. Você me usou e depois me mandou abortar aquela criança, me obrigou, você é o culpado aqui Jimmy

Foi a gota d’agua para mim. Ao invés de apoiar ela, eu a acusei, de mentira e foi ali que nossa amizade acabou, hoje eu sei que deveria ter ouvido ela, mas eu tenho medo e ir atrás dela e de ela me odiar mais do que odeia”

Cora estava atenta a cada detalhe, anotava tudo com cuidado.

— Nosso tempo acabou, mas quero que você pense na sua antiga amizade com ela, O que fez você ser amiga dela? E por quê a amizade de vocês era tão pura? Talvez isso ajude no que fazer — Natasha concordou. Tinha muito o que pensar — E também quero que escreva sobre isso, sobre o que sente, quem sabe um diário? Mas desejo que parta de você.

A ruiva concordou. Precisava colocar tudo pra fora.

[...]

Por que estava ali mesmo? Virgínia se fazia essa pergunta toda hora. Á sua frente estava Anthony Stark, com seu terno Armani e um sorrisinho no canto da boca.

— Bem, eu não sei você, mas eu sou uma pessoa muito ocupada e se você não tem nenhum motivo para vir á minha empresa e solicitar a minha presença, vou pedir que se retire — tentava ser o mais educada possível.

Tony apoia os cotovelos na mesa.

— Sabe que eu adoro seu jeito de decorar a sala? Os livros organizados por ordem alfabética, cor e assunto. Os quadros perfeitamente alinhados na parede e todos retratam um misto de... sentimentos — ele se levantou e andou pela sala, com um lápis em mãos – que pegara da mesa da ruiva — Ah! Não podia esquecer das maravilhosas Plumérias que você tanto ama. Toda semana manda um buquê delas chega do Brasil especialmente para colocar naquele vaso chinês. Aliás, — ele se aproximou da mesa, chegando perto dela — essas fui eu que mandei, pedi a moça da recepção pra não contar.

Pepper estreitou os olhos e tentou se manter calma. Mandaria Jemma jogar aquelas malditas flores no lixo. Aliás, como ele sabia?

— Não acredito que implantou câmeras escondidas por aqui, Stark — murmurou entredentes.

Tony observava Virgínia com a sobrancelha levantava, adorava irritá-la. O vestido com o pano imitando o jeans caia perfeitamente em seu corpo, o sobretudo estava apoiado na poltrona da moça. Realmente, Anthony Stark era detalhista.

— Droga, Pepper! — pela primeira vez ele falava algo sério — Até parece que nunca fomos amigos, que eu não sabia seus gostos de cor e você me conhecia por inteiro. Nós erámos melhores amigos, Potts, e eu não sei como isso mudou.

Ela se assustou com as palavras dele, mas não parou para pensar nisso, veria esse assunto em sua banheira, acompanhada de uma garrafa de Whisky e um maço de cigarro. Levantou-se devagar e andou lentamente até a porta.

— Nós erámos amigos até você mudar — Virgínia abriu a porta — Se for só isso.. — deixou a frase no ar, mas sua mão indicava a saída.

— Certo — ele levantou as mãos em sinal de rendição — Preciso de um favor seu, nervosinha.

Pepper fechou a porta novamente e revirou os olhos. Os lábios se curvando em um sorriso sarcástico.

— Você? Precisando de um favou meu? — andou de volta até a mesa e se sentou na beiradinha — O mundo dá voltas, mas estou de ouvidos abertos.

— Sei que vai convidar muitos pra sua festa, posso saber se convidou uma pessoa? — o moreno tentava ser simpático pra conseguir o que queria.

Ela se curvou e pegou o tablet em cima da mesa. Esperando ele falar o nome.

— Natasha Romanoff

Pepper tinha falado vez ou outra com ela, mas o nome dela estava sim na lista. Era uma escritora renomada e merecia ir aquela festa.

— Está planejando fazer a pobre coitada de sua vítima, Anthony? — chamá-lo assim era só pra pirraçar.

— Na verdade, estou dando uma de cupido, por isso quero que inclua mais um na sua listinha. Um grande amigo. Steve Rogers — ele fitava pelo canto do olho as pernas á mostra da ruiva.

Virgínia fingiu não perceber enquanto colocava o nome do rapaz.

— E o que ganho com isso? Hã?

Tony saiu abotoando o terno, antes de fechar a porta, ele se virou para a mulher e disse:

— Espere e verá, nervosinha — com apenas uma piscadela ele saiu dali.

Ela não sabia por que ajudara, talvez por saber que o preço de uma amizade não é barato e não queria desperdiçar um momento em paz com Anthony Stark.

[...]

O frio não era problema para a garota ir dirigindo de carro até Metropolis, um bairro da grande Big Apple. Depois de uns vinte minutos, ela estacionou do outro lado da rua. Saiu do carro fechando seu casaco, o tempo mudara rapidamente. A pequena livraria com o nome de Smallville tinha um aspecto antigo e aconchegante – apesar de minúscula. A morena entrou rapidamente no local, fazendo o sininho da porta tocar.

— Clark! — Wanda foi tirando o casaco, apesar de frio, ali dentro tinha aquecedor — Por que não me contou que agora tem duas colunas no Planeta Diário?

Ela percebe que a lojinha está vazia. Virou-se ao escutar passos vindos da escada. Lá estava Clark Kent, o melhor amigo de Wanda Maximoff. Vestindo uma blusa fina de mangas compridas azul e os óculos ajeitados no rosto.

— Oi pra você também — o rapaz abriu os braços para a moça.

Wanda lhe deu um grande abraço enquanto dizia parabéns.

— Queria fazer uma surpresa, mas parece que você descobriu — Kent andou para detrás do balcão, colocando uma caixa de livros em cima.

Wanda foi até o cantinho escondido do lado do sofá e pegou seu all star azul, ali era o único lugar onde o usava. Deixou seus saltos de lado.

— Onde está a senhora Kent? — a Maximoff observava o amigo colocando preço nos livros.

— Já disse pra me chamar apenas de Martha — a senhora apareceu atrás de Wanda.

A morena ficou corada por causa do susto. Deu um beijo na bochecha da mulher.

— Clark, vou ir para o sítio, você vai amanhã? — Martha carregava duas bolsas médias.

O moreno olhou no relógio.

— Talvez eu ainda vá hoje mais tarde, mãe — ele voltou atenção para os livros.

— Mas e a livraria? — ela vestia o casaco.

Wanda se juntou ao amigo para ajudar.

— Mãe, sabe que aqui quase não dá resultado, isso era só um passatempo pro papai — Clark ajeitou os óculos.

Martha concordou. Havia perdido seu marido há quase dez anos, mas ainda não se acostumara. A livraria era a paixão dele, mas agora era o trabalho de Clark no Planeta Diário que os sustentava.

— Tchau querido, aparece mais, Wanda — e com essas palavras a senhora se foi.

Wanda havia ficado amiga de Clark por meio dela. A morena visitava um hospital no qual Martha estava internada. Acabou virando grande amiga da mesma, que a convidou para ir jantar em sua casa, onde conheceu Clark.

— Têm uma matéria que já está pronta pra semana que vem. Que acha de dar uma olhada, futura jornalista? — ele sorriu para ela — Tá lá no meu quarto.

Ela apenas assentiu e subiu escada acima. Os Kent moravam em um sítio, mas depois que Jonathan, o patriarca da família faleceu, Clark se mudou para a cidade, morando no pequeno apartamento em cima da livraria do seu pai.

As escadas davam em uma porta. A pequena sala mobiliada com um sofá e uma poltrona. A estante guardava fotos e alguns livros. Desviou da cozinha e entrou na primeira porta á esquerda. O quarto de Clark continuava o mesmo. A cama de casal no centro, as paredes pintadas em um azul claro. Várias prateleiras, seu armário e no canto uma mesa com um computador e papéis perfeitamente organizados.

Wanda pôde ouvir o barulho do sininho da loja, mas não se importou. Pegou a folha em cima da mesa e deu uma lida. Estava perfeito, aliás, tudo que Clark Kent fazia parecia ser perfeito. Logo junto á folha, havia uma foto. Uma mulher muito bonita, olhos claros e cabelos acobreados. Ficou com a foto em mãos. Enquanto descia as escadas, olhava para a foto.

— Li o texto, muito bom. Agora, quem.. — parou de falar assim que viu quem estava na loja.

James. Usava um casaco e luvas. Jeans e uma bota. O cabelo com algumas mechas para trás da orelha. Sorriu para ele, porém, não deixou de notar que ele estava acompanhado. A mulher loira ao seu lado. Usava roupas coloridas e sorria animadamente.

— Oi Wanda — ele a cumprimentou gentilmente.

A moça, que antes parecia estar interessada em um livro, acenou para a morena.

— Parece que se conhecem. Prazer, eu sou Juniper, mas me chame de Juni — ela tinha a voz delicada. Wanda sentiu inveja por um momento.

A Maximoff terminou de descer os degraus e colocou um sorriso largo no rosto.

— Sou Wanda — foi breve.

Não sabia por que, mas seu coração estava acelerado e o rosto provavelmente estava vermelho. Como se estivesse apaixonada. Que besteira! Estava namorando.

— Bucky é um velho cliente de papai — a voz de Clark foi ouvida.

O celular de Juni tocou e ela se afastou pra atender. Pela primeira vez na vida, Wanda não sabia o que falar. Ficou fitando James com um sorriso ínfimo na boca. Clark percebia tudo calado.

— Então você conheceu o grande Jonathan Kent? — ela foi pra detrás do balcão junto á Clark.

— Era um incrível homem, eu o admirava muito — o Barnes estendeu o dinheiro para o amigo de Wanda.

Ela etiquetou o livro e entregou á James, que gentilmente o pegou. Juni voltou parecendo um pouco irritada, mas não demonstrou.

— Bom, temos que ir, vou ter que passar no escritório — ela pareceu contrariada.

Wanda assentiu observando os dois darem as mãos e saírem dali educadamente. Por um instante sentiu uma pontada de inveja, de eles terem um ótimo relacionamento, dela ser uma graça em pessoa e não ter que vomitar tudo que comia, dele ser tão lindo.

— O que foi isso, dona Wanda? — Kent estava sentado em cima do balcão, de braços cruzados.

A Maximoff saiu dos seus pensamentos e balançou a cabeça. Andou até sua bolsa e pegou o celular. Uma mensagem de voz.

Oi baby, cadê você? Estou te esperando na sua casa tem dez minutos! Sabe que odeio esperar — a voz de Thomas estava meio irônica.

Clark saiu de cima do balcão revirando os olhos. Se tinha alguém que ele odiava, esse era Thomas Potter. O rapaz era um mesquinho que só pensava em dinheiro. Kent tinha medo de ele aproveitar de Wanda.

— Acho melhor você ir — falou mexendo em alguns livros.

Isso sempre acontecia quando o assunto era o namoro de Wanda.

— Clark..

— Você sabe minha posição á esse namoro, Wanda, eu só não quero discutir — ele apoiou as mãos na bancada e suspirou.

A morena colocou seu casaco e pegou sua bolsa. Andou até o amigo e o abraçou.

— Sabia que eu te amo, né? — disse ainda abraçada á ele — E não pense que nossa conversa sobre a garota tenha terminado.

Ele sorriu a vendo ir andando até a porta e antes dela sair disse:

— O nome dela é Lois Lane e eu também te amo

[...]

Natasha tinha dificuldade em carregar todas aquelas sacolas cheias de compras. O sol fraco estava se pondo. O celular apitou, indicando que estava na hora do remédio, mas nem o pode alcançar, as mãos estavam ocupadas. Sua cabeça estava na conversa com Cora.

— Você não foi ao café hoje — escutou uma voz atrás de si e por estar distraída, derrubou a sacola de laranjas no chão com o susto — Droga! Desculpe-me, Natasha.

Era Steve Rogers ali, fora do avental e com uma jaqueta apertada. Deus, ele era uma perdição. Natasha abaixou o ajudando a pegar as laranjas.

— Tudo bem, eu estava distraída — ela sorriu.

Rogers pegou algumas sacolas das mãos dela. Caminharam silenciosamente.

— Eu tive que ir ao Planeta Diário — a ruiva explicou o motivo de não ter ido ao café — Eu costumo escrever uma coluna para eles toda semana, tive um reunião hoje — ela não sabia o motivo de estar falando isso para ele.

O loiro pôde sentir o perfume dela, um leve toque de amêndoas misturado com avelã, algo tão.. Delicado.

— E como está o livro? Quero ser o primeiro á lê-lo — ele piscou para ela.

Natasha gargalhou gostosamente.

— Certo, senhor Rogers — viraram a esquina.

Aquela rua estava muito cheia, algum tipo de espetáculo de rua. Ah, não, Natasha odiava lugares cheios. Fora que nem tinha tomado seu remédio. Fechou os olhos por um segundo.

—...espero que esse também seja — escutou a voz de Steve longe.

Sua garganta se fechou e o ar lhe faltou. Natasha segurou fortemente o braço do loiro, que parou de andar e jogou a sacola no chão, percebendo a palidez da moça.

— Natasha? Você está bem?

Foi às últimas palavras que ouviu antes de o pânico lhe envolver totalmente e ela apagar.

[...]

Wanda pegou o papel no fundo da mochila. Lá estava o projeto de Úrsula. Era algo sobre ajudar pessoas. Ela precisava arranjar uma entrevista com três pessoas com ‘problemas’ e ajudar a resolver esses problemas. Argh! Como ela odiava aquela professora.

Fuçou na bolsa e um envelope caiu. Aquele mesmo envelope que estava no seu armário. O abriu. Leu o bilhete.

“Abra os olhos

      -Alguém”.

Não tinha entendido. Mas ali dentro do envelope também tinha uma foto e ela perdeu o folego ao vê-la.

Era Thomas beijando outra mulher que usava roupas coloridas que ela conhecia bem. Wanda sentiu algo subindo pelo seu sangue. Raiva? Não. Ódio? Não. Sentiu medo. Medo de que voltasse a ser aquela garota ridícula, que nunca conseguiria alcançar seus sonhos. A morena dobrou o papel e o colocou no fundo da gaveta do seu criado. Pegou o papel do trabalho que tinha que fazer.

“O preço da perfeição

Entreviste três pessoas que passam ou passaram por problemas psicológicos e tente achar uma solução para esses problemas.

Tipos de problemas:

— Dependência química ou alcoólica;

— Anorexia;

— Bulimia;

— Automutilação;

— Bipolaridade;

— Esquizofrenia;

— Síndrome do Pânico;

— Depressão;”

Wanda revirou os olhos quando leu aquilo tudo. Como iria encontrar pessoas assim? Bem, ela era uma delas, talvez não fosse tão difícil quanto parecia. Seu celular apitou. Uma mensagem de Pietro. Apertou em ler com certa ansiedade.

“Oi mana, estou com saudades. Ligue o Skype, estou na fazenda do vô”

Ela não esperou um segundo e ligou o notebook que estava em cima duma mesinha. Digitou sua senha do Skype rapidinho e logo uma chamada de vídeo, vindo da sua prima Jane.

Do outro lado da tela estava sua tia Sif, sua prima Jane, sua vó Leonor, seu avô Carl, Pietro e Loki, que trabalhava junto com seus avós na fazenda.

— Ai meu Deus! — ela sorriu emocionada — Que saudades de vocês, até do Loki, sua peste — fazia tempos que não os via. Sua mãe não conversava com eles, os tratava como desconhecidos, talvez por eles serem ‘caipiras’, como diz Teodora.

— Brigado pelo elogio, tolinha — Loki tinha um humor ácido, mas era agradável quando queria.

— Ocê tá me apertando, istrupício — Sif empurrou Loki de leve.

Sif e Loki eram como gato e rato, viviam trocando farpadas e brigando, mas no fundo se gostavam, mesmo não admitindo. Sif era a tiazona que saia passando o rodo nos homens, já era o seu terceiro divórcio.

— Ocêis doís ai! — vô Carl reclamou — vão termina de dá comida pros porco, anda, anda.

Wanda estava emocionada de rever sua família doida e maluca, mas que ela adorava, assim como gargalhava com o sotaque deles, achava muito fofo.

— Mana, eu morro de rir com esses dois — Pietro estava com o cabelo platinado. — Como andam as coisas por aí?

A garota percebeu o tom de desgosto na pergunta do irmão. Pietro não escondia o quanto odiava seus pais e Teodora.

— Matt sente tanto a sua falta, Pi, é só ele passar pela porta do seu quarto que ele fica triste ou chora — disse pesarosa.

Vó Leonor adquiriu uma expressão de desapontamento. Ainda amava a filha, mas as atitudes dela e do marido eram terríveis.

— Também estou com saudade dele, e... — o garoto foi interrompido por um barulho seguido de uma gritaria, que reconheceu ser de Tia Sif.

— Nossinhora! Isso ainda vai dar em casamento, océis vai vê — Vó Leonor disse — Carl, ocê e o Pietro hão de ir lá vê.

— Tchau, mana! — Pietro acenou para ela.

Vô Carl chegou bem pertinho da câmera e gritou um “Cum Deus, minha fía”.

— Vô, num precisa chega tão perto e grita, uai! — Jane o repreendeu.

Os dois saíram do campo de visão dela, mas ainda pôde escutar vô Carl resmungar algo sobre “essas mudernidade”.

— Se cuida Wandinha, eu há de saber que océis teim o que conversa, então, beijos, minha netinha — vô Leonor era péssima em despedidas, por isso só mandou um beijo.

A porta foi fechada com cuidado.

— O que tem pra me contar, dona Jane? — a garota apoiou o rosto no braço.

— Ô prima, uma lanchonete abriu aqui, dizem que é uma filial daí. O nome do dono é Thor — os olhos de Foster iam brilhando com a história — ele deu uma festa de inauguração, prima e eu o cunhêci.

Wanda já podia imaginar o restante da história: Thor deve ter rido do sotaque de interior dela.

— Ele é tão lindo e me achou tão fofa, foi o que ele disse, Wanda, mas aí — seu rosto se tornou triste — a tia Sif.. ela..

— Ah, não — Wanda estava decepcionada pela própria amiga.

Sempre assim, tia Sif sempre se aproximava e ganhava o cara mais uma vez.

— Ela é mais bonita do que eu, prima? — os olhos de Jane estavam marejados.

— Não, Jane, você é maravilhosa e dessa vez você vai conquista-lo e não a tia Sif — ela passou um tom confiante.

Wanda faria qualquer coisa por um amigo, não importando o preço que isso custaria.

[...]

A noite caia suavemente pra Pepper, depois de algumas doses de vinho, ela agora iria para o uísque. No seu escritório, ela estava aconchegada em um moletom grande. O frio lá fora não incomodava lá dentro, o aquecedor era potente.

Saiu da poltrona confortável e andou meio que cambaleando até a estante. Alguns livros, porta retratos e revistas. E lá, no cantinho, a caixa. Não era muito grande, era de madeira e tinha uns desenhos nela, desenhos se nexo. Colocou a caixa em cima da mesa, ao lado da garrafa se uísque. Abriu a caixa. Fotos cartas e um cordão prateado com um pingente de coração partido ao meio. Pegou uma foto e o cordão e se jogou na poltrona novamente.

Na mão esquerda estava o cordão e a foto, na outra mão, o copo de uísque. Sentiu seus olhos marejarem ao ficar contemplando a foto. Foi tirada há uns doze anos ou mais. Ela com o rosto coberto de farinha de bolo sendo carregada nos braços por Tony, que estava todo sujo também.

O colar se dividia em dois, formando a palavra Best Friends, a outra metade havia ficado com ele. Uma promessa, que agora foi quebrada, a promessa de que iriam se amigos pra sempre.

Dedilhou de leve a palavra Friends e se permitiu chorar. Ela estava pagando o preço por ter sido perfeita demais e só ela sabia o quanto era caro o preço de uma amizade.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
E esse plano do Stark? Hum, sei não. Quem amou o Superman ai? ♥ ♥
Quero comentários ♥ Amo vcs