Welcome to Silent Hill escrita por Kuroi Namida


Capítulo 7
Capítulo 7 - Nas profundezas do Inferno




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O som extridente das portas se abrindo silenciou os gritos do trio que se encontrava no interior do elevador enquanto o mesmo despencava rumo ao poço do prédio. Lá embaixo era ainda mais escuro e quente, sendo que eles estavam bem abaixo do nível da cidade onde as minas de carvão ainda queimavam. Alice estava com ambos os braços grudados nas paredes de aço do elevador, com Jonathan ao seu lado segurando-se em uma barra lateral presa no centro da parede traseira do mesmo, enquanto a coreana Nicky se mantinha encolhida no canto, dois passos afastada. O elevador roncou de maneira assustadora abrindo passagem para o pequeno grupo, que acabava de se recompor pela queda brusca.
— Estamos vivos? - disse a coreana Dominic, mantendo uma expressão assustada e comica.
— Bom, isso não parece o paraíso pra mim, então... - concluiu Jonathan ao sentir o calor que vinha do lugar. - Espero que sim.
Alice precisou de dois ou três passos para estar do lado de fora do elevador, de onde ela pode ter uma visão mais ampla do andar aonde tinham caído. A loira ignorou o curto diálogo entre os amigos e seguiu em frente segurando a mesma lanterna que tinha tirado poucos minutos antes da cintura de Jonathan. Voltando de sua distração, ele seguiu a garota rumo ao porão escuro e mal cheiroso do hospital. Mais uma vez Dominic foi a última a sair do elevador, ainda um pouco receosa em fazê-lo. As paredes eram bastante afastadas e estavam cobertas por canos longos e grossos que se extendiam por todo o perímetro a frente. Fumaça branca escapava por entre os mesmos canos, fazendo um chiado que ecoava por todo o pequeno labirinto de corredores a frente. Alice se antecipou atravessando apressada pelo corredor assim que seus olhos localizaram o primeiro número indicado no mapa memorizado por ela assim que chegaram ao hospital. Os dois seguintes a seguiram com a mesma pressa, e só pararam quando Alice travou diante de um corredor longo cercado por portas de ferro com barras e cadeados grandes.
— O que foi? - perguntou Jonathan respirando pesadamente assim que parou atrás da loira.
— Estão ouvindo? - perguntou ela sem desviar o olhar do final do corredor.
— Não. Não to ouvindo nada... - respondeu Jonathan.
A garota se manteve imóvel e com os braços esticados em direção ao chão. Este era feito de ferro e lembrava as grades nas entradas de instituições de psiquiatria, ou manicômios em seu nome mais vulgar. Alice seguiu em frente sem pressa dessa vez, um passo de cada vez enquanto um sussurro suave ecoava em sua cabeça, parecendo vir do interior da sua mente. Jonathan se virou por um instante para verificar a localição de Dominic atrás dele, depois voltou a fitar Alice enquanto ela avançava por entre as salas trancadas.
— Que lugar é esse? - Dominic agora mais próxima de Jonathan, fez a pergunta.
— Acho que era aqui que eles deixavam os pacientes mais loucos. - Jonathan pensou rápido ao ver as portas de aço trancadas fortemente com cadeados e barras pesadas de ferro. - Gente muito ruím devia ser mantida trancada aqui em baixo. - disse dando alguns passos.
— Ruím como? - ela hesitou.
— Eu não sei. Psicopatas, pacientes com esquizofrenia... Este tipo de maluco.
— Como você sabe disso? - Dominic não acompanhava os passos do rapaz, apenas o observava enquanto ele vasculhava o interior de uma "jaula" através da pequena janela.
— Meu tio foi internado em um lugar assim. - confessou diante da porta de ferro.
Jonathan estava distraído com os olhos focados na escuridão do interior daquela sala, quase não viu que Alice já tinha se afastado demais do pequeno grupo. Ela agora estava parada bem no centro entre duas portas, enquanto um sussurro a atraía para uma delas fazendo-a se aproximar bem devagar movida pela curiosidade. Enquanto olhava para dentro através das barras presas na pequena janela que ficavam na altura do seu rosto, mãos a agarraram pelos cabelos e a puxaram para perto fazendo com que seu rosto colidisse contra o ferro. Um grito de pavor e medo ecoou por todo o corredor, fazendo com que Jonathan corresse em sua direção para ajudá-la a se desvencilhar dos braços que agora tentavam sufocá-la através da pequena abertura. O rapaz usou sua força para soltar Alice que gritava e se debatia contra a porta, sentindo o pescoço ser esmagado pelos braços de alguém totalmente descontrolado que a segurava pelo lado de dentro da cela. Depois de alguns segundos aterrorizantes, com a ajuda de Jonathan, finalmente Alice conseguiu se livrar das garras do sujeito que a mantia presa. Do outro lado outro homem surgiu com os braços balançando dentro de outra cela, e seguido dele, outro e mais outro até que o corredor estivesse coberto por mãos e braços esticados e o silêncio fosse totalmente quebrado por gemidos de horror, como um pedido de socorro abafado. Jonathan e Alice se jogaram no chão para escapar das garras dos internos, enquanto Doninic ainda estava segura no início do corredor. Alice engatinhou em direção a amiga, sendo influenciada por Jonathan, mas antes de se aproximar mais do que quatro passos da garota coreana, Alice foi parada. Do outro lado, bem atrás de Dominic estava o cabeça de piramide e em sua mão havia uma faca de aproximadamente um metro de comprimento. Dominic chamava por Alice sem perceber que não estava segura como acreditava. No centro do corredor, Alice se dedicou a gritar pela amiga tentando avisá-la do perigo, mas isso só fez com que Dominic se virasse para encarar seu assassino, que a esfaqueou atravessando a lâmina macabra em sua barriga a cortando no meio, deixando seu corpo dividido em duas partes e ambas jogadas no chão. Desesperada com a terrível cena, Alice começou a chorar apoiando os cotovelos em cima das grades do chão enquanto via o corpo da amiga dilacerado do outro lado do corredor.
— Alice! - Jonathan tentava puxar a garota pelos tornozelos para que ela voltasse.
— NÃO... - respondia a mesma enfiando os dedos entre as grades se mantendo imóvel ali. - Dominic...
A figura assassina agora se aproximava devagar, enquanto erguia a lâmina banhada em sangue pronta para baixá-la novamente.
— Ela tá morta Alice, a gente tem que sair daqui... - Jonathan a segurava pela cintura agora usando sua força para arrastá-la junto dele para o lado oposto.
A faca baixou arrancando os braços extendidos através das portas, e por muito pouco ela não atingiu Alice, que foi arrancada do lugar pela força de Jonathan. Ele se levantou mantendo a coluna curvada enquanto corria carregando Alice junto de si em direção ao outro corredor. Lá ele viu uma abertura em uma das celas e convenceu a garota a entrar lá.
— Vou estar logo atrás de você. Vai... - ele pediu enquanto a obrigava a se sentar e então a empurrava gentilmente para dentro.
Alice caiu com a falta de força nos joelhos, e permaneceu ajoelhada no chão úmido até que Jonathan também atravessasse pelo buraco e a tirasse do piso. O rapaz chocou-se com as costas contra a parede ao se levantar trazendo consigo Alice. A garota se agarrou a ele com toda força em suas mãos, quase rasgando a camisa de Jonathan. O barulho de ferro sendo arrastado pelo chão fez com que ela extremessesse nos braços do rapaz que a apertou contra si, cobrindo sua boca para que o som não atraísse o cabeça de piramide que se arrastava pelo corredor passando logo a cima de onde eles estavam. Atravéz das grades, em meio a escuridão, Jonathan pode vê-lo passar direto por eles e então sumir. Percebeu que aonde estavam nenhuma sirene seria ouvida, eles apenas poderiam contar com seus olhos e sua intuição para encontrar Shay e tentar escapar.
— Shiu... Tá tudo bem. - ele murmurava enquanto tocava os cabelos longos de Alice e tirava sua mão da boca dela.
— Ela tá morta... - Alice amoleceu novamente enquanto chorava desesperada pela dor de ver sua melhor amiga sendo assassinada sem que ela pudesse fazer nada para impedir. - Meu Deus, ela tá morta... e eu não fiz nada... nada.
— Não, não... Hey, não pensa nisso. - ele ergueu o rosto da garota segurando seu queixo. - Vai ficar tudo bem... vai ficar tudo, bem. - novamente o rosto dela estava afundado contra o peito de Jonathan.
Se ele realmente acreditava nas palavras de conforto que saiam de sua boca, não se sabe, mas era algo que Jonathan precisava dizer. Nada poderia tranquilizar a garota, que havia acabado de assistir sua amiga sendo cortada ao meio por uma criatura monstruosa que ambos não sabiam de onde havia surgido ou por quem tinha sido criada. Porém, permanecer em silêncio não era o bastante na consciência do rapaz.
...
Um tempo demasiado longo se passou naquele buraco em que os dois se encontravam. Jonathan agora estava sentado com Alice parcialmente deitada sobre seu peito com as pernas dobradas, enquanto as suas estavam esticadas de uma maneira mais confortável no chão. Os olhos de Jonathan já haviam se acostumado com a escuridão depois dele ter apagado a luz da lanterna. Ele via os traços caracteristicos da sala onde estavam com mais clareza do que desejava. Era escuro, úmido e tinha um odor ruím de suor e sangue, misturado a fezes de insetos como ratazanas ou outra coisa mais nojenta. Seu estômago já estava se acostumando com o mau cheiro, mas ele sabia que não estariam seguros ali para sempre.
— Alice... - ele sacudiu levemente a garota que não respondia, nem sequer se movia. - Alice? - Jonathan afastou o rosto da garota e a olhou nos olhos, que para sua surpresa estavam bem abertos e estáticos. - Você tá me ouvindo?
Ela piscou os olhos rapidamente por duas ou três vezes, mas enquanto seus lábios se mantinham afastados, nenhum som passava por eles. Jonathan sabia que ela estava acordada, mas não entendia porque ela não respondia, talvez o choque tivesse feito com que seus sentidos se perdessem. Nenhuma pessoa normal conseguiria passar por todo aquele inferno e se manter controlada por muito tempo. Para ele talvez fosse diferente, o rapaz já tinha visto coisas bem estranhas longe daquele lugar, nada que se comparasse a toda aquela loucura, mas o bastante para tornar sua mente mais toleravel a esse tipo de coisa. Ele não se deu por vencido e insistiu na sua intenção de trazer Alice de volta dos seus pesadelos. Jonathan segurou firme o rosto da garota entre ambas as mãos e a obrigou a olhar em seus olhos.
— Alice, me escuta: a gente tem que sair daqui agora. Você precisa encontrar o seu irmão. Se pode me ouvir, se entende o que eu digo...
— Ela tá morta. - ela sussurrou. - E o Simon...
— Eu sei, mas você tá viva. E o seu irmão, também.
— Shay...
— É o Shay... Agora, você tem que se levantar, eu não posso carregar você... - dizia ele pensando em sua perna machucada que ainda doía ao tocar no chão. - Eu prometo, que não vou deixar nada machucar você. Mas você tem que ser forte, eu não posso fazer isso sozinho. Pode fazer isso...hã?
Alice levou um tempo para conciliar o que o rapaz dizia ao que insistia em nublar sua mente. O rosto de sua amiga Dominic ainda estava em sua cabeça, e todo aquele sangue ainda estava marcado em suas roupas. Pra onde quer que eles fossem, não poderiam fugir daquilo, então finalmente Alice ouviu a voz de seu irmão bem longe em uma lembrança e moveu o rosto concordando com Jonathan.
— Tá? - ele insistiu.
— Tá. - ela confirmou.


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