But I knew him escrita por Lady Anadare


Capítulo 1
Escolhas


Notas iniciais do capítulo

O que você faz quando não encontra uma fanfic no estilo que quer ler? Você mesmo escreve a fanfic. Tentei mostrar o que se passava na mente do Bucky, fiz o meu melhor para isso. Aproveitem a leitura ♥



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Durante os primeiros anos tentara lugar. Repetira seu nome incontáveis vezes e, quando ele parou de fazer sentido, apenas palavras e fatos aleatórios. Guerra, fogos de artifício, olhos azuis. James Buchanan Barnes, Bucky Barnes. Mas então a lavagem cerebral recomeçava e era difícil agarrar-se a qualquer coisa, ao ponto de tudo se resumir a olhos azuis e aquela dor infernal.

Deveria estar morto, queria estar morto, os cientistas não deixavam. A certeza de ter que lutar contra o que quer que estivessem fazendo consigo continuava, mas o motivo perdeu-se em meios aos seu gritos. Os primeiros anos foram os piores. No fim, foi mais fácil desistir, deixar os cientistas fazerem o que quisessem, deixar a dor e os questionamentos acabarem.

Alguém lhe dava ordens, ele as cumpria. A máscara era também uma focinheira que evitava perguntas desnecessárias, mantinha-o calado, anônimo, em uma coleira. Seus pensamentos não eram seus e toda vez que reconhecia algo a dor voltava. Não demorou para passar a associar as lembranças ao sofrimento. “Reinicie”, aprendeu ainda mais rapidamente o que aquela palavra significava, o que vinha depois dela. Depois que a tortura terminava, voltava para o gelo na maior parte das vezes, apenas para acordar em um lugar diferente, com rostos diferentes. Nada nunca era conhecido.

Não era a primeira vez que reencontrava alguém em suas missões, apesar de ser algo difícil, as pessoas costumavam ficar... Mortas depois de seu primeiro encontro. Também era difícil dois alvos tomarem tanto tempo seu, mas não teriam o mandado se fosse fácil. Entretanto, aquela fora a primeira vez que alguém lhe chamava por um nome. Afinal, era uma arma a serviço da HIDRA, não tinha e não precisava de um. Uma arma criada e treinada por eles, que o aceitavam mesmo quando precisava de reparos, então por que hesitava? A sensação sempre associada a dor voltou e ele puxou o gatilho, mas foi atingido antes e a bala não acertou seu alvo, felizmente ou não.

“O homem na ponte. Quem era ele? Eu o conhecia.”

As palavras de seu superior chegavam aos seus ouvidos, mas não faziam muito sentido. Sua compreensão do mundo era parecida com a de uma criança, enquanto o outro falava de liberdade, ele tentava associar a palavra as suas missões anteriores. O homem e o nome dito e outras coisas que não sabia de onde vinham ou se era suas se misturavam em uma confusão, mas sabia que havia algo de importante sobre elas, e aquilo o assustava. Deus, como aquilo o assustava. A quem pertenciam aquelas memórias? Definitivamente não eram d’O Ativo.

“Reinicie.”

Seus músculos se contraíram e sua respiração ficou pesada, sabia o que estava por vir. Mas ainda havia algo importante, que deveria saber, mas não conseguia, não conseguia. Parecia mais importante que o maldito fato de estar prestes a ser reiniciado, prestes a passar pela dor de novo.

Enquanto era imobilizado e se ele se preparava, decidiu se agarrar ao nome e ao sentimento que ele trazia. Mesmo que não significasse nada, mesmo que não fosse ninguém, iria agarrar-se a ele. Sua primeira escolha em setenta anos.

Uma escolha de merda.

Não adiantou em nada. Ainda havia algo lá no fundo, algo que sempre estivera lá, assistindo a tudo, rastejando, buscando uma brecha qualquer por trás das ordens frias, friamente executadas, que lhe deixasse sair. Caindo, olhos azuis, o que diabos havia de tão importante em fogos de artifício e o que eram fogos de artifício? Talvez só servisse para ser uma arma, já que sua primeira escolha em décadas se baseava em um nome estúpido. “Bucky?”. Eles estavam certos, não fora criado para tomar decisões. Seguir ordens. Bucky. De quem eram aqueles pensamentos? Estava com defeito. Deveria reportar? Não, não queria passar por aquilo, de novo não.

Finalizar a missão, o homem agora era seu alvo principal. “Por favor, não me obrigue a fazer isso”, tudo bem, seria mais fácil matá-lo se ele resolvesse não lutar. Então por que aquilo sentia tão errado? Mas o filho da puta lutou. Ele lutou e agora tudo estava caindo e seu braço doía tanto e estava preso e tudo doía, tudo, tudo.

Preso sob as ferragens, assemelhava-se mais a um animal. O homem estava descendo para matá-lo e não tinha nada que pudesse fazer, não havia extração para si, deveria cumprir sua missão e voltar para a base, havia falhado, seria descartado quando — e se — voltasse, era a ordem natural das coisas.

Não entendia porque estava sendo ajudado, mas libertou-se o mais rápido que pôde. Estava cansado e tudo doía tanto.

“Você me conhece.”

Não conhecia. Fora terrível da última vez que dissera conhecer, juraria por qualquer coisa que não conhecia. Não havia sido feito para questionar, tinha que sobreviver, então aprendia rápido. O homem não estava lutando, inferno, as coisas estavam mesmo loucos, já que o alvo não lutar tornava a missão mais difícil.

A nave estava caindo, o homem estava caindo e ele também estava — não caindo, pulando. O fato era que o conhecia, mesmo que não se lembrasse dele, o rosto e a voz eram familiares, o azul parecia importante. Estava confuso e assustado, pular atrás do outro era a única coisa que fazia sentido em sua mente, como se já tivesse feito aquilo várias vezes antes. Era mais fácil cumprir ordens, não ter que tentar montar um quebra-cabeça com tantas peças faltando, com uma imagem final que não sabia se queria descobrir.

Seus dedos alcançaram o alcançaram e o uniforme também lhe pareceu familiar. Não se concentrou no detalhe, mesmo com o braço mecânico, estava ferido e arrastar ambos para fora d’água demandava um grande esforço. Realmente considerou por alguns segundos sentar-se ao lado do outro e esperar — pelo o que iria acontecer depois, por qualquer coisa, que se danasse tudo. Mas um instinto ainda mais urgente gritava que não, ainda não, enquanto algo parecia chegar a superfície, o que era assustador, e também vergonhoso.

Lentamente, mas determinado, começou a afastar-se. A segunda escolha que podia se lembrar. Alguém lhe dera um nome, tratara-o como um ser humano.

Bucky.

Segunda escolha, talvez desse certo daquela vez.


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Notas finais do capítulo

Tentei um estilo diferente do que estou acostumada, então um feedback seria legal, o que acharam?



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