We made a fire, went down in flames

We sailed an ocean, and drowned in the waves

Desliguei o celular e guardei no bolso de novo. Harry Styles entrou dirigindo um de seus carros caros. Apenas ele, sem nenhum segurança no carro. Assim que ele chegou John, o segurança da casa, pegou a mala dele e levou para dentro. Harry estava com uma cara péssima, estava visivelmente exausto.

—Oi Amanda. – Ele esboçou um sorriso.

—Fez boa viagem senhor? – Andamos lado a lado até entrarmos na casa.

—Na medida do possível. – Ele estava muito desanimado, não tinha nem reclamado por tê-lo chamado de senhor.

—O senhor deve descansar agora, quer que eu deixe alguma refeição preparada? – Parei ao pé da escada enquanto ele subia devagar.

—Obrigado, mas não precisa. – a voz dele soou baixa e distante.

Era estranho vê-lo assim. Não me deixava tão nervosa quanto ficava antes, conseguia até raciocinar perto dele, mas dava dó. Queria fazer algo para agradá-lo, mas como não sabia o que fazer peguei a grande mala e arrastei até a lavanderia, onde voltei a ligar meu celular.

Boo: Vou deixá-la trabalhar então.

Amy: Vou só lavar umas roupas e depois voltar a assistir filmes.

Boo: Tenho um compromisso agora, nos falamos depois.

As roupas de Harry tinham o cheiro do perfume dele, inebriante. Parecia uma daquelas maníacas cheirando roupas alheias, mas era difícil de evitar.

—Amanda? – Harry entrou falando baixo no meu quarto, onde eu estava deitada assistindo Harry Potter pela milésima vez. Meu estômago se agitou ao ouvir sua voz.

—Me desculpe senhor Styles. – Levantei e me aproximei dele, a respiração descompassada. – O senhor precisa de algo?

—Não Amanda. Só estou caminhando pelo terreno. – Ele sorriu e se sentou na beirada da minha cama.

Meu corpo congelou. Ele estava ali, dentro do meu quarto. Tudo bem que fazia parte da propriedade dele, mas no momento era meu cantinho pessoal. Olhei ao redor e agradeci que estava tudo organizado. Apenas alguns porta-retratos, pelúcias e livros por cima dos móveis. Agradeci também que eu estava com meu uniforme completo. Mesmo assim era estranho tê-lo ali.

—E Amanda, não me chame de senhor. – Ele sorria maroto.

—Desculpe Se-Styles. – Me corrigi

—Harry, Amanda, Harry. Por mensagens você estava me chamando de Hazza. – ele soou magoado e fez beicinho.

—Prometo que vou tentar. – Esbocei um sorriso. Meu joelho falhou quando meus olhos encontraram os seus.

—Eu estou te atrapalhando? – Ele olhou o notebook aberto na cama

—Não senhor. – Me afastei um pouco na tentativa de parecer menos nervosa na frente dele.

—Amanda... – Ele me encarava

—Desculpa. – Falei rápido

—O que está fazendo?

—Estava só assistindo filmes.

—Qual?

—Ha-Harry Potter. – Não conseguia nem falar Harry de Harry Potter na frente dele. “QUAL É O SEU PROBLEMA AMANDA?”

—Já assistiu muitas vezes?

—Milhares.

—Você é Potterhead? – Ele me olhava curioso com seus grandes olhos verdes

—Dá pra dizer que sim, tenho 3 tatuagens. Pomo de Ouro, Edwiges e as relíquias. – Eu estava esfregando as mãos nervosamente.

—Tatuagens?! – Ele estava surpreso. – É estranho te imaginar com tatuagens. – Eu ri. – Você tem quantas?

—Hm... – Parei para contar. – Acho que são nove.

—Por isso trabalha com o corpo todo coberto. – Ele piscou pra mim

—Exatamente. – Esbocei um sorriso

—As minhas são bem visíveis. – Ele abriu os braços, estava de regata. – Quais são as suas?

—Eu tenho uma catrina numa panturrilha e uma árvore na outra. No braço esquerdo tenho o gato da Alice cobrindo boa parte do antebraço, Try Harder perto do pulso. No braço direito tenho Be Kind com um coração no pulso e as três de Harry Potter. – Então eu ri.

—O quê foi? – Ele me olhava confuso. – Falta uma.

—Sim. Uma grande borboleta colorida nas costas. – Ele riu também.

—Sabia que você era minha fã, mas não tanto.

—Eu tenho a minha a mais tempo, portanto foi você que me copiou. – Mostrei a língua.

—Somos gêmeos de tatuagem! – Ele gritou e me agarrou. Outro abraço de urso sem que eu pudesse mexer os braços, nem respirar.

—Harry! Ar! – Falei entre risadas

—Yes! Consegui outro Harry! – Ele estava radiante. Minha pulsação estava irregular e com certeza meu rosto todo vermelho de vergonha. -Você foi aos pontos turísticos de Harry Potter? - Ele me pegou desprevenida.

—Sim. – Eu sorri, apesar de não saber que reação ele teria. Não sabia se poderia ter saído da casa.

—Ainda bem! Pensei que tivesse ficado trancada aqui.

—Não senhor. Fiz alguns passeios, se o senhor permitir continuarei a conhecer Londres quando voltar a viajar.

—Pode ir agora Amanda. – Ele sorria tristemente, ele mal podia sair da casa sem causar confusão de fãs.

 -Não, fui contratada para manter a casa limpa todos os dias, os armários cheios de mantimentos e o senhor bem alimentado. Enquanto estiver em Londres eu ficarei por perto.

Num susto ele me abraçou de novo. Dessa vez pude aproveitar melhor, senti o perfume dele, o calor do corpo no corpo, o arrepio ao sentir a respiração dele junto à minha. Os joelhos fraquejaram novamente e rezei para que ele me segurasse por mais alguns segundos. Como se ele tivesse lido minha mente, me manteve no abraço por mais tempo do que o esperado. Após alguns segundos em silêncio, meu corpo todo amoleceu. Então ele apertou mais o abraço me sufocando.

 -Que fofinha! – Ele fez uma voz de criança. – Estou muito bem alimentado Amy, muito obrigada mesmo. – Ele continuava a voz engraçada e me amassando.

Eu gargalhei e fiquei sem ar.

—Harry, por favor, me solta! Não respiro! – Pedi entre risadas, mas ele não soltou. – Hazza! 

Ele bruscamente me soltou e se afastou.

—Yes Amanda! – Ele jogou as mãos pro alto comemorando. – Estamos evoluindo.

Ele sorriu e saiu do quarto. Eu amoleci e me joguei na cama. O que tinha sido aquele abraço tranquilo e silencioso? Minha respiração estava irregular.

Amy: Boo, meu chefe me abraçou, estou sem ar.

Boo: Não pode se apaixonar pelo seu chefe!

Amy: Vai ser uma tarefa difícil...

Boo: Eca!

Amy: O quê?

Boo: Ele não é velho?

Amy: Não!

Boo: Achei que fosse... Rico e sempre viajando, se for jovem é famoso. Você trabalha pra alguma celebridade?

Amy: Não vou contar nada.

Boo: É pior ainda. Se apaixonar por chefe é mancada, se for celebridade 10x pior.

Passei horas sozinha na casinha. Harry não queria que eu cozinhasse nada, queria descansar e eu respeitei. Boo estava viajando para outro país e ficaria algumas horas off-line. Teria que enfrentar minha insônia sozinha.

Potter: Amanda, você está acordada?

Amy: Sim. Também está com dificuldades pra dormir?

Potter: Sim. :( Você pode vir aqui fazer pipoca e assistir um filme comigo?

Amy: Sim senhor.

O coração veio na boca e voltou. Harry me surpreendia a todo momento. Jamais imaginaria essa intimidade. Eu já estava de pijama e não queria usar uniforme, apenas coloquei um moletom, touca e uma calça jeans e corri para a casa. Estouramos pipoca e sentamos na sala de estar para assistir um filme de comédia. Harry num sofá e eu no outro. Eu não conseguia rir do filme, mas eu ria da risada dele. Incrível como até a risada do cara era sonora e gostosa de ouvir.

Na metade do segundo filme Harry adormeceu. Eu fui até o quarto dele e trouxe uma manta para cobri-lo. Ele roncava, deveria estar exausto. Mas a expressão no rosto dele era calma. Permaneci na sala apenas para terminar de assistir o filme, porém adormeci.

Acordei no dia seguinte deitada numa cama mais macia do que a minha, com cobertores que não eram os meus.