See You Again escrita por Miss Vanderwaal


Capítulo 6
Topo do pódio


Notas iniciais do capítulo

CHEGAY COM O ÚLTIMO CAPÍTULO DESTA BODEGA, FINALMENTE!

Vocês me perdoam por ter demorado uma ridícula infinidade pra postar? É que o meu pc estragou há uns meses e eu tive que reescrever tudo de novo, daí mudei o final (deixei menos dramático), foi uma ladainha só :P

Mas está aí! Espero que gostem :3



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O domingo também amanheceu ensolarado. Os raios de sol faziam cócegas nas pálpebras ainda fechadas de Emily, porém ela relutava quanto a abrir os olhos. Afinal, ela estava tendo um sonho maravilhoso com Hanna. Nele, as duas compartilhavam uma bandeja de café da manhã na cama. Era tudo extremamente real também, pois Emily era capaz de sentir a maciez da pele do rosto de Hanna sob seus lábios, bem como o cheiro inebriante da loira, que permanecia impregnado em si.

   Ela finalmente despertou ao começar a remexer-se naquela cama vazia. Hanna tivera razão na noite anterior; a sensação era de fato desoladora. Porém Emily forçou-se a levantar e a ignorar minimamente a saudade que já apertava-lhe o peito. Desceu, devagar, ainda vestindo seu pijama, e caminhou em direção à cozinha. O alívio em encontrar Hanna sentada ao balcão, com uma caneca de café entre as mãos, foi enorme.

— Bom dia, meu amor – Emily murmurou sem hesitar e com um afeto tremendo, que nem ela mesma era capaz de compreender. Envolveu os ombros de Hanna com um dos braços em um carinho e beijou-lhe a testa. A loira claramente havia acabado de sair de um banho; estava já vestida e seus cabelos estavam sutilmente molhados.

— Bom dia – Hanna levantou o olhar e sorriu, envolvendo Emily pela cintura e aquecendo a morena no mesmo instante. – Eu nem tentei te acordar. Teria sido um pecado. Você parecia estar tendo um sonho tão gostoso.

   Emily recordou-se muito brevemente da missa de Wayne, que aconteceria dali a pouco, mas em seguida empurrou a lembrança do compromisso para longe, voltando a concentrar-se unicamente em Hanna.

— Eu estava – ela admitiu, em um tom morno, fazendo questão de entregar-se.

   Hanna corou visivelmente e seu sorriso alargou-se um pouco mais. Vendo isso, Emily simplesmente não pôde conter a imensa vontade de beijá-la. Segurou ternamente um lado do rosto de Hanna e selou os lábios dela com os seus por um momento.

   A loira correspondeu ao gesto, porém não na mesma intensidade. Não olhou Emily nos olhos assim que se separaram, e a morena imaginou que fosse por conta de Jordan, então decidiu não continuar.

— E a mini Marin, onde está? – Emily indagou, sentando-se ao lado de Hanna e notando a quietude da casa.

— Com a sua mãe. As duas estão plantando as roseiras enquanto Pam a explica que “igreja não é lugar de criança”.

   Emily assentiu, sorrindo involuntariamente. Jordan não iria à missa; Hanna levaria a pequena ao playground in doors que havia no shopping King James e a buscaria assim que o evento terminasse.

— Mas algo me diz que convencê-la não está sendo fácil – Hanna emendou em meio a um suspiro, fitando os olhos da morena finalmente. – Ela está a cada minuto mais apegada a você e a ideia de ter que ficar longe de você por uma hora inteira não a deixou nada feliz.

   Emily deixou-se derreter completamente por tal informação.

— Bem, e eu estou mais apegada a ela do que nunca também – confessou, alcançando ternamente a mão direita de Hanna. – Eu a amo como se... não sei. Só sei não estou preparada para o fim desse fim de semana. Não quero ter que me afastar de vocês de novo.

   Assim que concluiu, Emily teve a certeza de que soava como alguém que estava se declarando, e, mais uma vez, ela não se envergonhou, tampouco tentou segurar tais palavras, que escapavam de seus lábios tão naturalmente.

   Hanna suspirou outra vez, um tanto mais nervosamente. Fazia um carinho nas costas da mão de Emily como se quisesse pedir desculpas à morena pelo que diria a seguir.

— Em – começou ela, suavemente –, eu me odiaria se fizesse você me entender mal a respeito da noite passada.

   Emily sentiu seu corpo tensionar de repente.

— Como assim?

   Hanna fechou os olhos e, por um momento, seu rosto esboçou a dor que pronunciar as seguintes palavras a causaria.

— Só Deus sabe o quão carente eu estive nos últimos meses. E ontem essa carência atingiu o ponto máximo. Digo, te sentir ao meu lado foi nostálgico. Foi forte. Eu não consegui me controlar e ainda assim eu não me arrependo de nada.

   Hanna concluiu com os olhos úmidos e, por um segundo, Emily não enxergou o verdadeiro problema naquilo tudo.

— Você disse que me amava – a morena sussurrou, quase que para si, finalmente sentindo-se envergonhada. Aliás, pior do que isso. Patética.

— E você acha acha que eu menti? – Hanna levantou um pouco o tom de voz, em meio a um riso irônico – Sinceramente, Emily, você acha que o fato de você ter feito eu me sentir amada, como há muito tempo eu não me sentia, não significou nada pra mim?

   Emily não respondeu.

— Sim, eu te amo – Hanna emendou, com a voz já carregada pelo choro. – Te amo demais. Mas eu estou confusa. E definitivamente não quero que a minha carência seja a base de uma possível futura relação entre nós.

   Ao ouvir aquela última afirmação, Emily quis sorrir. Seu coração começou a bater com entusiasmo novamente.

— Eu ainda não entendi – ela encontrou o olhar de Hanna outra vez, cautelosamente – Você está me rejeitando ou não?

   Hanna pôs-se de pé e acariciou um lado do rosto da morena. O calor do toque da loira fez Emily entrar em um rápido transe.

— Pelo amor de Deus, Emily, eu jamais te rejeitaria – Hanna assegurou em tom tom macio, colocando uma mecha do cabelo de Emily para trás da orelha. – Estou te pedindo um tempo, meu bem. Só isso.

   Hanna concluiu com um leve sorriso nos lábios, o que, por um lado, fez Emily se sentir fraca, incapaz de esperar o mínimo tempo que fosse para tê-la nos braços para sempre; por outro lado, Emily sabia que daria o espaço-tempo inteiro a Hanna se ela um dia pedisse. Então, a morena simplesmente sorriu junto com ela, concordando.

— Faltam vinte para as nove – Hanna informou, desviando o olhar de Emily por um segundo – Vou levar Jordan ao King James e depois encontro com vocês na igreja, tudo bem?

   Hanna ainda não fazia menção de ir embora; era como se estivesse realmente esperando pela permissão de Emily.

— Posso te abraçar antes? – mais uma vez, as palavras escapavam dos lábios de Emily com uma facilidade tremenda.

   Hanna sorriu mais abertamente, como se estivesse dizendo que jamais negaria um pedido como aquele.

   Estando ainda sentada, Emily fez com que Hanna se encaixasse entre suas pernas e então a envolveu com uma delicada urgência, desmanchando-se por completo entre aqueles braços. Ela nunca se sentia tão viva como quando estava colada à loira – que, agora sim, correspondia ao gesto com a exata intensidade.

— Eu sou perdidamente apaixonada por você desde o ensino médio – Emily admitiu, serena, ainda em meio àquele longo abraço.

   Hanna desenganchou-se lentamente de Emily. Seus lábios beijaram a bochecha da morena, chegando perigosamente perto dos lábios dela. Emily sentiu o lado esquerdo de sua face formigar.

— Eu estaria mentindo se dissesse que nunca percebi – Hanna murmurou, acompanhada de mais um leve sorriso, e se afastou, caminhando em direção à filha que ainda estava do lado de fora.

   Emily não permitiu-se chorar durante seu banho, ainda que o som da água morna caindo fosse propício para aquilo. Na verdade, ela não permitiu-se pensar em mais nada enquanto se aprontava.

   O caminho até a pequena e ainda única igreja de Rosewood foi percorrido por Pam e Emily sem grandes conversas, ainda que o fato de as duas terem caminhado vagarosamente até lá de braços dados também tivesse sido propício para aquilo.

   Apenas quando Emily viu-se rodeada de pessoas – principalmente de homens na faixa dos cinquenta anos (veteranos do Exército e ex-colegas de seu pai) – foi que ela deu-se permissão de sentir-se fraca novamente. Tais pessoas esboçavam sorrisos gentis ao cumprimentarem Emily e sua mãe, e os toques amigáveis delas em seus ombros estavam fazendo o coração da garota gradualmente apertar.

   A igreja estava lotada, porém metade de um dos compridos bancos da frente fora reservada para Emily e Pam. A mais nova não pôde deixar de pensar em Hanna ao observar o espaço vazio ao seu lado esquerdo. Já passava alguns poucos minutos das nove e, por um breve momento, Emily questionou-se a respeito de se Hanna viria realmente.

   Um padre dava início à cerimônia, agradecendo a todos pela presença, quando Hanna sentou-se ao lado de Emily – obviamente estando já sozinha –, tão silenciosamente que a morena nem ao menos percebera de imediato. Hanna tomou a mão esquerda de Emily e entrelaçou seus dedos nos dela, e só então Emily olhou-a, um tanto surpresa.

   Hanna sorria como se dissesse “estou aqui”, simplesmente. Era como se a conversa um tanto constrangedora que as duas haviam tido mais cedo não fosse nada além de uma insignificante lembrança. Emily sorriu também, enquanto uma sensação enorme de gratidão se apoderava dela. Deitou a cabeça no ombro de Hanna e permaneceu ali, calada, por cerca de uma hora, aspirando a tranquilidade que emanava de sua melhor amiga.

   Assim como acontecera no velório, Emily sentiu um pouco de ciúme quando aquelas pessoas, que eram tão não-familiares para ela, começaram a listar razões pelas quais admiravam Wayne profundamente diante de um microfone; porém, assim como acontecera no velório também, Emily pegou-se, por diversas vezes, de olho em uma foto de Wayne – sorridente, em seu uniforme de coronel –, que havia sido posta ao lado do altar, e reprimindo tal sentimento de possessividade. Afinal, Wayne fora dono de uma lealdade e de um carisma tão grandes que era um verdadeiro ato de egoísmo da parte de Emily tentar ficar com a memória dele só para si.

   Algumas lágrimas desceram sorrateiramente pelo rosto de Emily durante aquela hora, porém as carícias sutis de Hanna em tais momentos faziam a vontade de chorar ser absurdamente menor para a morena.

   Pam também se emocionara menos do que há um ano, no velório, o que, de certa forma, foi um alívio para Emily, pois quase não havia nada tão doloroso para ela do que ver sua própria mãe ceder às lágrimas.

   Enquanto as três desciam as escadas da igreja, ao fim da cerimônia, Hanna informou que iria buscar a filha no parquinho do shopping King James e pediu pela companhia das mulheres que estavam junto de si. Pam concordou prontamente, sorrindo. Emily, porém, teve que controlar-se para não fazer o mesmo.

— Vão vocês duas – disse ela, delicadamente, mesmo não querendo de jeito nenhum soltar a mão de Hanna, que ainda estava entrelaçada à sua. – Eu tenho que cuidar de uma coisinha agora, mas chego em casa antes de vocês, prometo.

   Pam e Hanna entreolharam-se, mas concordaram em deixar Emily sozinha. A morena suspirou em alívio. Esse era o lado bom de crescer. Na maioria das vezes, um “não vou demorar” era  suficiente para que as pessoas não questionassem além da conta.

   Na verdade, ela não tinha que cuidar de “coisinha” alguma. Seu desejo era fazer algo que devia ter feito há precisamente um ano; ajoelhar-se à lápide do pai e pedir por algum conselho. Ou mesmo algum consolo.

   Felizmente, o cemitério ficava a apenas um quarteirão da igreja.

   O sol da manhã fazia com que o ambiente calmo fosse quase aconchegante.

   Emily fechou os olhos por um segundo assim que sentiu a grama sob seus joelhos. Em seguida, tocou a lápide, quase como em um carinho. Gravado no mármore, lia-se Nada faz de um soldado tão bravo quanto amar incondicionalmente sua família. Ela havia escrito tal frase enquanto pensava no dia em que contara a Wayne sobre ser lésbica. O abraço de seu pai após tal confissão fora a mais pura demonstração de amor incondicional que Emily já experimentara.

— Eu não sei por que demorei tanto tempo pra vir até aqui – ela começou, em um murmúrio. – Quer dizer, é claro que eu sei. Você sempre foi o meu maior exemplo de força, e... ultimamente eu não ando sendo forte como você me ensinou a ser.

   Emily fez uma longa pausa, sentido as lágrimas sob suas pálpebras.

— No fim das contas, não ser o seu orgulho é o meu maior medo, papai.

   Por um breve momento, ao dizer aquela última palavra, Emily, estando com a cabeça e o olhar baixos, sentiu Wayne abraçando-a pelos ombros. Tal sensação foi o suficiente para fazê-la querer continuar.

— Eu estou apaixonada, sabe? – ela sorriu minimamente – É claro que sabe. Você sempre soube, não é? Desde os tempos em que a gente adentrava as noites tagarelando ao telefone, Hanna e eu. Você me mandava desligar, duas, três vezes, mas sempre sorrindo, o que descredibilizava feio a sua autoridade.

   Emily, agora, quase ria, olhando para os próprios dedos.

— Você conheceu a menininha dela. Jordan. Deus, ela está tão linda, papai! Tão crescida, tão esperta! E, me chame de maluca, mas eu sinto que ela entende. É sexto sentido de criança.

   Ela pausou outra vez e sua memória voltou à noite passada. Ela lembrou-se de Jordan dizendo que estava feliz por Emily estar cuidando de Hanna naquela madrugada tempestuosa. Sim, com a mais absoluta certeza aquela garotinha compreendia o amor que Emily nutria por Hanna.

— Eu a amo como se ela tivesse saído de mim – a morena murmurou, sabendo que isso era o que ela quisera ter dito à Hanna mais cedo naquela manhã. – Amo as duas. Nunca me senti tão no lugar certo como me sinto quando estou rodeada por elas. Freud enlouqueceria ainda mais se tentasse explicar isso – ela riu brevemente para si outra vez. – Mas, se não der certo, eu não vou fugir como tenho feito há tempo tempo. Não vou mais me acovardar, papai. Eu prometo. Só que, pra isso, eu preciso que você me ajude a ser forte.

   Emily deslizou sua palma direita pelo mármore liso mais uma vez, lembrando-se de que, por um segundo, enquanto esperava por Hanna naquela igreja, ela havia cogitado fazer as malas depois da cerimônia e pegar o primeiro voo de volta San Diego, sem dar elaboradas satisfações à ninguém. Felizmente, tal pensamento abandonara sua mente em um estalar de dedos, talvez divino. Que tipo de monstro ela seria se fizesse algo assim?

   Respirando fundo, Emily fechou os olhos novamente, sentindo nada além de nojo de si mesma por ter levado em consideração uma possibilidade tão desumana, mesmo que por um breve momento.

— Eu sabia que a “coisinha” da qual você precisava cuidar tinha tudo a ver com esse lugar – uma voz conhecida soou por trás de Emily, que abriu os olhos em um sobressalto. Hanna.

— Eu sinto muito pelo seu pai, Emmy – Jordan ajoelhou-se ao lado esquerdo de Emily, que ainda estava um tanto confusa. – A mamãe não me mandou dizer isso. Eu sinto de verdade.

   Um sorriso largo e emocionado cruzou o rosto de Emily e ela puxou sua afilhada para perto de si, beijando-lhe os cabelos trançados.

— Eu sei, meu amor. Muito obrigada. Mas como é que vocês sabiam que eu estaria aqui?

— Jamais subestime o meu sexto sentido, querida – Hanna vangloriou-se, ainda em pé. – Nós voltamos pra sua casa e você não estava lá, como tinha prometido que estaria. De repente me deu esse insight e nós viemos pra cá. Pam disse que ficaria por lá caso você resolvesse aparecer.

   Emily assentiu, ainda um tanto impressionada consigo mesmo, afinal, ela devia ter caído num sono leve enquanto se concentrava em Wayne.

— E pelo que eu também fiquei sabendo – Hanna emendou, agachando-se ao lado da filha –, desta vez por meio de fontes, você ainda não comeu nada. O que acha de sorvete no lugar do café da manhã?

   Antes que Emily pudesse processar tal sugestão, Jordan já agarrava seu pulso esquerdo com as duas mãozinhas.

— Por favor? – pediu a menina, alongando a segunda vogal naquela última palavra, como de costume.

   Emily riu.

— Me parece uma ideia maravilhosa.

   Emily e Hanna acomodaram-se em uma das mesinhas dentro da pequena sorveteria enquanto Jordan corria para o buffet de sorvetes.

— Ela vai te dar um grande prejuízo – Emily apontou em um tom leve, enquanto observava a loirinha ter um pouco de dificuldade ao manusear a colher de sorvete.

   Hanna deu uma leve risada.

— Tudo bem. Hoje pode.

   Emily virou-se para Hanna.

— Hmm, alguém aqui está de muito bom humor.

— Estou sim – Hanna confirmou. – Agora que eu te achei.

   Emily franziu as sobrancelhas com tal rebatida. Algo no tom de Hanna dizia que ela não havia tido cem por cento de certeza de onde Emily estaria desde o início.

— Ué, mas e o seu sexto sentido? – a morena provocou.

— Ele entrou em ação depois – Hanna agora falava seriamente. – Primeiro, eu entrei em pânico.

   Emily sentiu o sangue travar em suas veias por um momento.

— Como assim?

   Hanna suspirou, tremulamente.

— Eu não soube o que pensar assim que nós três pisamos naquela casa vazia agora há pouco – ela começou, e o nervosismo tomava conta de seu corpo visivelmente. – Nós chamamos por você e nada. Diga que eu sou maluca, mas por um segundo que pareceu longo demais eu pensei que você tinha ido embora. Eu fui checar pra ter certeza de que as suas roupas continuavam no seu armário, eis o meu nível de maluquice.

   Hanna concluiu com os olhos úmidos. Emily também lacrimejava, ainda odiando-se fervorosamente.

— Meu amor, eu jamais faria algo assim – ela beijou as costas de uma das mãos de Hanna, enquanto seus dedos se entrelaçavam.

— Que bom – Hanna sorriu timidamente, não fazendo a mais imperceptível menção de soltar a mão da morena. – Mas esse medo que eu senti foi muito importante de qualquer jeito, sabe? Foi a confirmação que eu precisava pra perceber que eu não posso mais viver sem você, Em. Não mais.

   Emily não foi capaz de esboçar qualquer reação. Apenas continuou encarando a loira com os lábios minimamente separados na mais pura incredulidade.

— Eu contei a Jordan que nós dormimos juntas ontem à noite, no caminho pro cemitério – Hanna prosseguiu, em um tom mais sóbrio. – Contei a ela que te amo, assim como amei o Caleb.

— E ela? – Emily questionou em um fio de voz, enquanto seu coração saltitava.

   Hanna sorriu abertamente por fim e uma lágrima escorreu por um lado de seu rosto.

— Ela me disse que foi a melhor notícia que eu já dei pra ela. Em outras palavras, ela entendeu. Como qualquer criança que foi criada com nada além de amor entenderia.

   Emily cobriu a boca com uma das mãos para evitar que os soluços de alívio e felicidade viessem à tona. Ela inclinou-se para deixar um beijo breve e molhado de lágrimas nos lábios de Hanna.

— Vem com a gente pra Nova York – a loira sussurrou, enquanto deslizava os dedos de uma mão por um lado do rosto úmido de Emily, que ainda sentia-se zonza devido à chuva de informações do último minuto.

— Como é?

   Hanna respirou fundo, começando a falar mais pausadamente.

— Vamos ficar em Rosewood por um tempo. Para respirar. Nós todas precisamos disso. Depois, você pode vir morar com a gente em Nova York. A minha chefe conhece um treinador de natação na Universidade de Columbia que é especialista em cuidar de atletas experientes. Eu posso convencê-la a falar bem de você pro cara. Você vai poder voltar a nadar e a competir. E estará a apenas uma hora e meia de distância de carro da sua mãe.

— Shh – Emily sussurrou contra os lábios de Hanna, não podendo evitar achar graça do quanto a loira já havia planejado. – Tudo isso é maravilhoso, meu amor, mas a gente pode pensar no futuro mais tarde. Agora eu só quero isso aqui.

   Emily aprofundou o beijo, sentindo uma paz sem igual dominá-la. Assim que as duas se afastaram, seus olhares recaíram ao mesmo tempo sobre Jordan. A garotinha colocava uma banana split com vários tipos diferentes de cobertura sobre a mesa. Em seu rosto havia um sorriso extremamente maduro para sua idade.

— Esse beijo significa “sim”? – ela apontou um indicador para Hanna e Emily.

   A morena trocou um olhar rápido e travesso com Hanna.

— “Sim” pra quê?

— “Sim” pra você vir morar em Nova York com a gente – Jordan deu um passo na direção de Emily. – “Sim” pra eu ter duas mães a partir de agora.

   Emily encontrou o olhar de Hanna outra vez assim que o peso da expressão “duas mães” a atingiu. A loira apenas sorria, orgulhosa, como se também não houvesse mandado Jordan dizer nada daquilo.

— Sim, meu amor – Emily virou-se para Jordan novamente, colocando-a em seu colo e contornando seu rosto com beijinhos. Ela ainda estava tendo que lutar contra os soluços de alívio e felicidade, mas ela sabia que mais cedo ou mais tarde acabaria soltando-os. – Sim, sim, sim! E eu prometo que vou tentar ser a segunda melhor mãe do mundo.  

   Jordan balançou a cabeça no intuito de corrigir Emily.

— Não existe mais segundo lugar – ela olhou para ambas, Hanna e Emily. – Vocês duas dividem o topo do pódio agora.


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