Magia na Floresta escrita por Vlk Moura


Capítulo 11
Capítulo 11




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/675922/chapter/11

Carla já tinha embarcado no ônibus, eu fiquei observando os alunos partirem para encontrar com suas famílias ou sei lá o que faziam quando partiam. Minha amiga iria ter uma reunião de família, algo sobre o aniversário de algum parente, ela estava reclamando de ter de ouvir a vó falando o que ela teria de fazer para ter um futuro de sucesso como ela teve como jornalista e como a mãe dela tem como Auror e assim por diante. Minha melhor amiga sempre odiou conversas sobre o futuro, ela gosta de dizer que se fosse para ser algo certo chamariamos de presente e não futuro, então sempre deixou que o que tivesse de vir viesse sem ser previsto, na escola é assim e com a vida aparentemente também será e eu acho isso muito legal nela. O que é bem diferente de mim.

Eu não consigo dar dois passos sem que eu os tenha planejado no passado. Minha avó gosta de falar que eu terei um alto cargo em algum Departamento da Magia, diz que serei reconhecida, serei como minha mãe coma  diferença de que ela espera que eu case com um bruxo, ela diz que a maior decepção da vida dela e do meu avô foi o casamento da minha mãe com meu pai. Meu avô gosta de dizer que eu serei doutora em alguma coisa, ele costuma falar em direito e medicina, mas eu só consigo pensar em Herbologia e no máximo Criaturas Mágicas, eu quero mesmo ser uma pesquisadora assim como o professor Neville ou uma Naturalista como a Luna Lovegood. Não consigo pensar em algo além dessas opções e meu pai me apoia muito nessas escolhas, mas sempre diz: "Ficarei feliz com o que te deixar feliz, mesmo que eu não faça ideia do que sejam essas coisas". Minha mãe gosta de concluir com: "Você ainda é muito nova para ter certeza". E eu amo dizer: "É isso o que quero para mim, não importa". E minha avó briga comigo, depois se distraí com meu avô trouxa pregando algumas peças nele o que faz minha mãe perder a paciência e separar os dois e esquecemos a discussão sobre o futuro. Esse é o resultado de uma família mestiça. 

Nyack e eu apenas nos despedimos com um breve aceno que duvido que outras pessoas tenham visto. Fico aliviada dele estar indo ficar com a família dele em que só o avô é bruxo. Evitar o contato ou tentar explicar o que está acontecendo é bem mais simples. 

O Castelo estava bem vazio era até estranho conseguir ouvir meus passos apressados e saber que eram apenas meus mesmo e não uma mistura de pés de alunos atrasados ou ansiosos. Peru dormia em meu cabelo como de costume e isso não mudaria por causa de um feriado, mas agora sermos só eu e ele era de alguma forma relaxante. 

— Agnes! - olhei para quem me chamou. Harry - Você sabe se tem algum lugar interessante para apresentar ao meu filho?

— Ahm... - tentei pensar - Tem um restaurante na floresta, eu só fui lá uma vez, mas lembro que era muito bom, a Diretora quem me indicou, ela deve saber como chegar.

— Obrigado. 

Fui até a biblioteca, Rony e Hermione estudavam alguns livros sobre maldições, eles me cumprimentaram rapidamente, fui para o setor de Criaturas Magicas, peguei dois livros e comecei a Lê-los, eu estava no meio do feriado, verdade, mas ainda assim estava meio perdida com a matéria de Trato de Criaturas Magicas e precisava correr atrás. Fiquei feliz em saber que não era a única, outros alunos que não foram para casa estavam ali estudando e dois dormindo. Peru deitou na frente do meu livro e ficou olhando as figuras como se conseguisse entendê-las, vez e outra ele me observava atento e depois dormia.

Depois do almoço resolvi levá-lo para a árvore perto da estufa, era  a região mais próxima da floresta, de acordo com o professor Filipe ali era o melhor lugar para as plantas porque tinha o ar úmido da floresta, o sol sem sombra de torres, os insetos se aventuravam por ali e podiam ajudar na reprodução das plantas. Assim que nos aproximamos da área o Dedo-Duro voou até um galho bem alto e começou a pegar os pequenos e desavisados seres rastejantes que passavam por ali. O observei por algum tempo e depois observei a floresta, era bem densa ali, algo pareceu se mexer no meio da escuridão, mas eu não tinha certeza do que tinha visto, olhei Peru, ele sequer se mexeu, deve ser coisa da minha cabeça. Sentei na grama e esperei por muito tempo até ver se minha bolinha d epenas azuis resolvia descer da árvore, mas me enganei, ele estava gostando, devia ser bom ter contato com a natureza as vezes, vou trazê-lo mais vezes aqui, vai fazer bem para ele.

Já que ele se distraiu com os insetos resolvi ir ver as plantas, entrei na estufa. Estava um pouco mais quente do que lá fora, mas estava bem refrigerado e logo as plantas seriam irrigadas por magia, eu gostava de ver acontecer, mas nunca estive no momento em meio as plantas. Observei algumas mudas, o professor Neville tomou muito cuidado com elas, o professor Filipe ficaria feliz de ver aquele novo setor climatizado para jovens plantinhas. Algumas já estavam bem grandes e logo trocariam de vaso, era bom ver que as plantas estavam bem.

As vozes! Elas me atingiram com tudo como um golpe de marreta, eu fiquei tonta, logo a dor do toque de alguém, aquilo era terrivel, eu cerrei os dentes par anão gritar, podia conter o grito, porém era impossível conter as lágrimas, escorriam desesperadas enquanto meu corpo se encolhia em si mesmo, não aguentei, acabei gritando, ouvi o som de algo tentando entrar na estufa, olhei na direção da entrada, eu não conseguia ver o que era.

Eu não entendia de onde tinha vindo essa onda, no mínimo era Nyack, mas quem tocava nele de tal forma a não ligar para sua dor? Será que ele tinha sido enfeitiçado e alguém o estava torturando? Eu não conseguia pensar com clareza. Ouvi as portas da estufa abrirem abruptamente. Um par de olhos verdes surgiu a minha frente, e uma versão mirim dos mesmos olhos.

— Agnes! - Harry! - Calma, tudo vai ficar bem, não se preocupe! - ele ia me tocar e se afastou, o percebi ficar nervoso.

Aos poucos tudo foi passando, eu estava caída ao chão, meu corpo estava dolorido.

— Obrigada! - falei me sentando, ele e o menino estavam sentados ao meu lado, a criança perguntara sobre o que estava acontecendo e Harry explicou com calma como se fosse tão simples quanto dois mais dois ser quatro.

— Está melhor?

— Estou sim - limpei as lágrimas - Quem é ele?

— Esse é Alvo - ele bagunçou o cabelo do menino - Meu filho.

— Alvo, de Alvo Dumbledore?

— Isso mesmo - sorri par ao menino.

— Prazer, sou Agnes. Eu apertaria a sua mão agora, mas não seria muito legal fazer isso.

— Não se preocupe, eu entendo - ele sorriu - É um prazer te conhecer, Agnes e espero que meu pai possa te ajudar - olhei Harry que sorria admirando o filho, eu também espero que ele ou Rony ou Hermione possam me ajudar.

— Bom, agora que você ficou bem - Harry se levantou - Eu vou continuar par ao restaurante, a Diretora disse que fica meio longe.

— Boa sorte no caminho - ele agradeceu e se afastou. Peru estava sobre uma das mesas - Foi você quem o chamou, não foi? Obrigada - fiz carinho no pássaro - Agora vamos voltar, preciso me deitar um pouco.

Quando cheguei no quarto tinha um avião de papel sobre minha cama.

"Desculpa pelo ocorrido, mas eu não pude evitar, espero que esteja bem" era do Nyack com toda a certeza.

"O que aconteceu?" escrevi torcendo para que ele recebesse.

"Meu irmão nasceu e você já pode imaginar que ele também é bruxo"

Eu não o respondi, apenas fiquei fitando o teto do quarto e tentando fazer um calculo rápido de qual a probabilidade de pais trouxas, ambos trouxas, terem dois filhos bruxos ainda mais considerando que apenas um deles tem sangue bruxo, pelas minhas contas é uma chance muito baixa de ocorrer, mas vejo que a família de Nyack foi sorteada, o avô deve estar orgulhoso.

Aos poucos fui caindo no sono, Peru dormiu ao meu lado depois de caçar mais alguns insetos pelo quarto. A janela ficou aberta deixando uma brisa muito leve entrar e me permitir usar um leve cobertor sobre mim, eu gosto quando posso dormir sentindo um leve frescos, parece que o sono é mais relaxante.

Acordei na hora do jantar. O salão estava bem vazio, alguns professores também tinham ido para casa e outros ficado. Na mesa da Jaguatirica era possível identificar os Weasley com seus cabelos vermelhos bem vivos, Harry e o filho com os olhos brilhantes e Hermione que ria junto deles. Na mesa da minha casa tinha mais dois estudantes que comiam em silêncio. Nas outras mesas não se tinha mais do que cinco somando as duas. Na mesa dos professores, Neville e a Diretora comiam enquanto discutiam algo junto de outros quatro professores. 

Eu me servi em silêncio e comi da mesma forma.

Senti algo me atingir, não era como as vozes, não como um golpe de marreta, era como um sopro aconchegante, atingiu minha bochecha primeiro e depois percorreu meu corpo, eu parei de comer e olhei em volta, apenas eu sentia aquilo e isso me assustou. Peru estremeceu no alto da minha cabeça, ele também sentiu. Olhei em volta mais uma vez e me levantei.

'Sangue-ruim...' soou em minha mente 'Você é nossa agora e não há nada que possa fazer'. De onde vinha isso?

Uma caipora passou por mim, ela estava saltitante e então parou, ficou me encarando, ela percebeu, a caipora e o Peru perceberam, por que ninguém mais percebe? O ser estranho que tomava conta do castelo se aproximou de mim e como que enfeitiçada me aproximei dela, sua vermelhidão me seduzia, eu já podia sentir o calor do corpo da caipora chegar em minha mão.

— Fora! - eu e o serzinho vermelho olhamos a Diretora, ela estava na porta do salão, observava o ser - Vai, logo!

A caipora se afastou, eu fiquei observando o local onde ela ficara anteriormente e depois olhei a Diretora, ela me observava.

— Vem, vou te levar para dar uma volta.

Era estranho andar ao lado da Diretora.

— Eu não sabia - comecei, ela me olhou - que a senhora era filha de trouxas.

— Minha mãe era trouxa, meu pai era um índio bruxo, era o curandeiro da tribo. Nunca estudou, apenas usava o dom. Nyack disse que nunca imaginaria que a Diretora era uma sangue-ruim, acho que ninguém nunca pensa.

Confirmei.

— O que aconteceu agora - ela não entendeu - Entre mim e a caipora.

— Ela percebeu que você estava mal, ela ia usar um feitiço em você- não sabia que caiporas podiam usar feitiços - mas na sua condição seria o mesmo que te apresentar a morte em pessoa.

— Já sabem o que está acontecendo? - ela negou.

— Suspeitamos. Hermione e eu levantamos a hipótese de vocês sugarem as energias dos Puro-Sangue, mas não temos certeza.

— Eu... ouvi uma voz, não foi como a confusão dolorosa de antes, pelo contrário foi algo relaxante, mas medonho.

— O que dizia?

— Que eu era deles e não podia fazer nada.

— Deles? Deles quem? - dei de ombros - Será que Nyack ouviu isso também?

— Não sei, mas podemos descobrir.

A levei até meu quarto na casa, peguei o pedaço de papel e escrevi para ele, não demorou muito e tivemos uma resposta "Ouvi, era alguém poderoso, poderoso demais, nunca senti algo assim"

Olhei a Diretora, ela estava curiosa, pegou a pena e o papel da minha mão.

"Você conhecia o dono da voz?"

"Não, nem faço ideia de quem seja"

"Nyack, volte agora para a escola"

"Por que fala isso?"

"É a Diretora e exijo o seu retorno, acho que vocês podem estar em perigo"

Terminei de ler e olhei para a Diretora, ela me olhou e sorriu, era um sorriso poderoso.

— Se importa de dormir acompanhada? - neguei - Ótimo, temo pela sua segurança caso fique sozinha.

— Tudo bem, eu até vou achar melhor mesmo. 

Ela se levantou, e sumiu pela porta da casa. Fui para meu quarto e observei o que Nyack tinha mandado, eu não consigo entender o que está acontecendo com a gente, adoraria saber o que estava acontecendo e como  fazer parar, não aguento mais não poder brincar com minha melhor amiga ou até esbarrar em alguém pelos corredores. 

Pude ouvir o macaquinho da porta brigando com alguém, até que a porta se abriu a Diretora estava acompanhada do professor Neville, eu estava deitada toda largada no sofá, me endireitei rapidamente o que fez os dois rirem.

— Ele vai te acompanhar durante essa noite, já conversamos e colocamos limites - a Diretora falou - Vocês dois já estão sendo falados demais para me fazerem suspeitar da veracidade dos boatos, então acho bom os dois se controlarem e serem bem profissionais.

— Eu entendi - falei envergonhada - Mas não se preocupe, eu não posso tocar no professor sem que isso quase me mate - dei de ombros.

— É a melhor maldição que uma mãe poderia desejar para os filhos - ela riu - Boa-noite para os dois e boa-sorte.

Ela se retirou, o professor ficou parado observando a sala da casa, eu o levei até o quarto. Nos arrumamos para dormir, Neville ficava bem quieto, estava escuro eu não tinha certeza se ele estava acordado ou não, mas mesmo se estivesse eu não teria certeza do que conversar com ele.

— Não precisa se preocupar - ele falou - Não vou fazer nada.

— E por que faria? - eu ri e me arrumei na coberta - Boa-noite, professor.

— Boa-noite... Ag... - pude ouvi-lo se mexer me dando as costas, fechei meus olhos e logo dormi.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Magia na Floresta" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.