- Senhorita Blair, acho que tem algo na sua secretária eletrônica - Ouvi a Jasmine, minha faxineira gritando.

- Eu sei. – É claro que sabia. Quem não iria ver aquela enorme luz vermelha que piscava insistentemente. Não estava com vontade de atender. Mas algo me dizia para ver, então...

Blair, eu preciso falar com você o mais rápido possível, algo terrível aconteceu. Me liga. E se... (pausa) se você não percebeu é o Nate. (Pausa) Me liga.

B. precisamos falar com você é muito importante! (Pausa) Aconteceu alguma coisa e acho que você iria querer saber. É a Penelope e a Nely. Ligue de volta o mais rápido possível.

Waldorf, não tenho muito tempo. Serena sofreu um acidente e estamos tendo um problema com sua enorme e dura cabeça oca. É o Chuck, mas tenho certeza que sabe disso.

Serena. Merda. Peguei o telefone e não consegui pensar em ligar para o Nate, ou para qualquer uma das Mean Girls.

- Bass, fale logo o que aconteceu com a S. – Ele só funcionava dessa maneira.

- Bom dia para você também Waldorf. Serena sofreu... um acidente. Acho que podemos chamar de acidente por enquanto, parece que seu querido Owen atacou ela de alguma maneira, ela não quer contar para ninguém e se recusa a ir para algum hospital. – Owen. Que porcaria... ele ia me jogar qualquer coisa relacionada a ele na cara pelo resto da vida.

- Lily já sabe? – Foi o que consegui pedir.

- Hm... não. Serena pediu calma e está aqui comigo. - Eu sabia que aquele idiota sorria.

- Que porra Bass, então por que diabo ainda não passou para ela? – Quer dizer, eu estava falando com ele enquanto minha amiga tinha sofrido um ‘acidente’ relacionado a Owen Wells. Eu deveria estar falando com ela

- Não acho que ela possa falar agora. Se você vier aqui... – o tom dele me assustou. Ele nunca falava baixo. O tom dele me apavorou, mas eu não podia perder a calma.

- Palace? – Eu sabia que sim.

- Onde mais, Disney World?  - Ele começou a rir novamente. Desliguei o telefone e desci rapidamente as escadas depois de uma saia de babados preta, uma blusa xadrez Catherine Malandrino preta e vermelha, um sapato vermelho que tinha comprado há algumas semanas atrás e uma bolsa-carteira preta da Gucci.

- Para onde? – O taxista pediu enquanto tentava me situar novamente ao planeta Terra.

- Palace hotel, por favor. – A viagem foi rápida e por sorte o taxista parecia ter tanta presa quanto eu. Logo que paramos na frente do Palace tentei lembrar a quanto tempo não entrava naquele hotel. Chuck morava com a Lily agora, mas acho que se a Serena não queria que a mãe dela soubesse de nada, sua casa não era o lugar mais apropriado.

- Onde ela está Bass, eu quero... – Ela estava abatida, deitada na cama. Tinha algumas escoriações no braço e sua perna também tinha alguns arranhões. Não diria que ela estava em um estado deplorável, parecia que tinha sido...

- Atropelada. – Eu imaginava, mas fingi não entender.

- O que? – O quarto estava bem arrumado. Passei rapidamente os olhos pelo pequeno bar que ficava no canto do quarto e não fiquei surpresa ao ver todas as garrafas de bebidas vazias.

- Owen atropelou ela. – Ele falava com uma normalidade espantosa. Era como se ele esperasse por isso.

- Ela não quer ir para o hospital? – Eu sentei do lado da Serena. Ela estava dormindo, o que era bom.

- Esse é o problema que estamos tendo. Ela se recusa tanto em ir ao hospital quanto a ir até a policia registrar a queixa. Acho que você pode saber algo sobre isso... – Eu não sabia. Mas acho que poderia descobrir.

- Estamos? Quem mais está aqui? – Tentei arrumar Serena de uma forma mais agradável. Ela parecia cansada, mesmo dormindo.

- Nate foi até a casa da S. Buscar roupas limpas. O Humphrey foi até a farmácia buscar remédios e eu... bem, eu fiquei de babá. – ele falou enquanto ia até o bar. – Está muito cedo para vinho, então eu tenho algum whisky, vodka e uma mistura para Bloody Mary, o que prefere?

- Na verdade, está muito cedo para qualquer coisa, vou querer um suco de laranja. – não queria me embebedar aquela hora da manhã.

- Boa escolha, dois Bloody Marys saindo. – Eu sabia que era perca de tempo discutir com ele. A porta abriu rapidamente. Nate estava com uma mala.

- Não sei o que ela vai querer usar, então trouxe tudo que encontrei menos os vestidos de festa. – Ótimo. – Blair... eu tentei te avisar e...

- Está tudo bem, Nate. – Chuck serviu os Bloody Marys um pouco de whisky para o Nate. Enquanto isso, acordei Serena e ajudei ela a tomar banho e se vestir. Coloquei nela um vestido azul claro leve, que não encostava nos machucados. Foi um processo silencioso. Dan chegou com alguns remédio e curativos, algumas pomadas e um tubo que parecia de pó secante.

- Serena agora você vai nos contar o que aconteceu. – Eu afirmei enquanto passava um algodão com água oxigenada (pelo menos era isso que estava escrito no tubo) no braço dela.

- Não tem muito que explicar B., o Owen... só parou do meu lado na rua e pediu de você... eu disse que não sabia onde você estava, então ele mudou a direção e... me atingiu enquanto voltava... é isso. – Eu sabia que ela estava escondendo alguma coisa. Chuck estava no celular, enquanto Nate tirava as roupas da mala e colocava, ou melhor, tentava colocar, elas em cabides. Dan apenas observava a cena toda. Ele não falou absolutamente nada desde que chegou.

- Se você não for na policia, vou eu. O prazo de um dia se esgotou e ele ainda não foi embora. – Aquilo não era só uma ameaça. Eu avisei, ele não foi, agora a policia que cuide dele.

- B., vamos com calma, eu não quero dar queixa nenhuma! – Que porra! Por que ele insistia em não dar queixa?

- Mas eu quero. Ele é um estelionatário. Deu um golpe na Bridget e tentou dar um golpe em mim, e sabe-se em quantas mais ele aplicou a porra do golpe.

- Blair, acho que você não se meteu apenas com um ladrãozinho. Ele é bem mais do que isso. Acabei de falar com o meu detetive. – Sim, eu sempre soube que ele tinha um detetive na discagem rápida – Ele te conhecia bem, conhecia bem a todos nós. O pai dele casou recentemente. A mulher é mãe de algum homem que já nos deu bastante trabalho. Lhe dou uma bala se você adivinhar.

- Carten Baizen. – Suspirei. Por que esse infeliz tinha que estar metido em 90% dos problemas de Manhattan? Chuck assentiu. Carten e Chuck não eram o que poderíamos chamar de melhores amigos. Fico feliz de armas não serem permitidas por aqui.

- Bom, eu vou levar a Serena para minha casa, já chamei o doutor Pitter e ele se prontificou em atender a Serena. – Cara de brava da Serena – Em sigilo absoluto – cara de alivio da Serena. Talvez fosse o envolvimento do Carten nessa história que deixasse a S. receosa.  Algo que envolvia ela, Carten e a policia e que nunca conseguimos descobrir o que era.

- Eu vou com você. – Pela primeira vez o Dan se manifestou.

- O ser humano também fala. – Tinha que ser o Chuck.

- Eu e o Chuck vamos tentar tramar algo aqui. Afinal, temos um grande esquema. Daqui a pouco teremos até a bruxa do Upper East Side por aqui. – Todos riram. Serena saiu apoiada por Dan e Nate. Ela o atual, e o ex. Eu ri.

- Então senhorita, alguma idéia? – Profissional. O Chuck não fez nenhuma insinuação nem algo do tipo.

Chuck Bass

- Achou loucura? – Blair me pediu enquanto tomava um pequeno gole de Bloody Mary que eu havia preparado. Ela ficava tão inconscientemente sexy sentada com as pernas flexionadas daquela maneira...

- É uma total e absoluta loucura. – E com certeza era. – Mas pode dar certo. – E podia. Mas estávamos lidando com bandidos, bandidos perigosos . É claro que Carten tinha que estar no meio dessa história, mas eu quero saber por que a Blair, por que ela. Que porra. Aquela merda-que-fica-agitando-no-meu-estômago começou de novo.

- Então, vamos armar o fogo. – Ela disse enquanto pegava o celular. O tempo de silêncio me permitiu pensar um pouco. Não fazia sentido. Não fazia sentido Owen escolher a Blair, já que ele teve algo com a Serena antes dela e mais complicado. Não fazia sentido Bridget Young me telefonar, por coincidência, na mesma semana que Owen apareceu. Não fazia sentido O. não ter tentado se explicar, mentir apenas ficar parado e ver sua série de golpes ser exposta. Não fazia sentido ele ter atropelado Serena, por absolutamente nada. Não tinha sentido, pelo menos, não se ele fosse só um golpista. Talvez tivesse mais coisas nessa história. Mas não conseguia pensar. Não via nenhuma peça do quebra-cabeças faltando. Ou talvez as peças fossem fals...

- Nada, ninguém atende. – Ela falou enquanto bufava.

- O que te fez imaginar que o golpista atenderia a vitima? – Era tão bom irritar ela. Me fazia... bem.

- Não tente Bass. Eu não sou vitima. Vitimas são aquelas pessoas que ficam duas semanas chorando porque foram enganadas, dizendo que não querem mais viver e comendo chocolate em cima de uma cama. – Concordava na maioria das partes, mas achei melhor aproveitar o momento.

- É claro que não... – falei me aproximando do ouvido dela – Existem coisas muito melhores em cima de uma cama. – Sussurrei no ouvido dele e senti ela tremer. – E você ainda me deve a aula de Francês... – Me aproximei para beijá-la mas ela colocou a mão entre nós.

 - Vamos deixar uma coisa bem clara Chuck. Eu só estou aqui apenas para ajudar a S., e apenas isso. – Ela se aproximou perigosamente de mim e finalmente consegui tocar seus lábios. Não eram doces. Era amargos, como um veneno. O meu veneno. Ela não resistiu em nenhum momento. Comecei a abrir o zíper da sua blusa quando o celular tocou.

- Merda de celular. – Murmurei baixo.

- Blair me escute bem, me escute Blair, pode me ouvir? Que seja, alguém levou a Serena Blair, seqüestraram Serena, está me escutando? – reconheci a voz do Nate, e ouvi os gritos desesperados dele na linha

- Onde vocês estão? – Ela anotou o endereço e me puxou para fora do quarto, eu estava começando a encaixar as peças. As peças certas.