Tempo Ruim escrita por helenabenett, Lyra Parry


Capítulo 1
Uma boa perdedora


Notas iniciais do capítulo

Bem, eu nunca escrevi uma fic antes. Queria agradecer minha amiga "D" por me apoiar e ajudar a escrever. Espero que gostem.



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Sábado, 15:30, em frente à padoca

— Então, está tudo acabado? – Disse Magali com lágrimas nos olhos.

— Eu nunca quis te magoar, Maga. – disse Quim. Mas essas coisas simplesmente acontecem. Eu acho que o nosso relacionamento estava desgastado demais. E eu não consegui resistir a tentação de uma mulher diferente, bonita e interessante gostando de mim. Sim, outras moças já deram em cima de mim outras vezes, mas eu sabia no fundo que era por sua causa. Estavam competindo com você, e não interessadas em mim. Quando Sarah apareceu, eu não podia imaginar que as coisas iam acabar como acabaram. O garoto não se aguentou, e desabou no choro.

— Calma, Quim. – respondeu Maga, sorrindo levemente para o futuro ex-namorado. – É compreensível que se sinta assim. Mas você não me respondeu.

— Sim, Maga, está tudo acabado. Mesmo que você me perdoasse, não seria mais a mesma coisa. Talvez eu não fique com Sarah, mas você não merece um traidor. Eu sei e você sabe.

A garota abraçou o rapaz. Ela estava arrasada. O lado “Mônica” dela queria arrancar os cabelos dele e falar para o mundo que ele era um traidor. Mas ela não era Mônica, ela era a doce e tranquila Magali. E eram as Magalis do mundo que sofriam esse tipo de coisa. Caladas, fortes, mas sensíveis.

— Eu preciso ir, Quim – a garota se afastou dele rapidamente. Não era dada a cenas, não gostava de dramas. O que está feito está feito, pensou ela. Quando chegou ao seu quarto, deitou na cama por alguns instantes. Depois abriu as janelas o máximo que pode, desceu na cozinha, pegou uma taça de vinho – coisa que fazia apenas em ocasiões excepcionais – e perguntou a si mesma: "E agora, Magali?"

 

Mais tarde, casa da Magali.

Mônica estava feliz demais em seu relacionamento. DC tinha seus problemas, é verdade, mas no geral ele era ótimo para ela. Amoroso, bonito, inteligente e completamente excêntrico. O que para Mô estava ótimo. Apesar de concentrada como estava em seu relacionamento e nos aspectos gerais de sua vida, bastou dar uma única olhada para a taça de vinho ao lado da cama de Magali e o rosto pálido de sua amiga para saber que havia algo tremendamente errado.

— Maga, o que houve? Conta agora! – disse Mônica, com o seu jeito tipicamente autoritário, largando a bolsa em cima da cama da amiga.

— Nada demais, só terminei meu namoro de quase 10 anos com o Quim. – ela sorriu, ostentando um ar despreocupado.

— Por que, Maga? Eu estou... por que diabos você sorriu, mulher? – disse Mônica, assustada.

— Vou tecontar de maneira simples. Observe isso que vou lhe mostrar. – Magali colocou dois dedos atrás da cabeça, formando um chifre e fez “moooo”. Obviamente, nossa amiga não parou em um copo. É claro que ela não queria que ninguém soubesse o que havia acontecido. Se estivesse sóbria, não contaria nem mesmo para Mônica, sua melhor amiga.  Afinal, isso só mancharia seu nome e o de Quim, e ela ainda tinha grande afeto por ele. Apesar de sabermos que o chifre é sempre um belo balde de agua fria em qualquer relacionamento.

— Eu vou matar ele! – vociferou Mônica.

— Mô! – Disse Maga caindo na cama – Dorme aqui e amanhã conversamos sobre isso. Agora desliga as luzes e vamos dormir.

— Mas são apenas sete horas, Maga, e eu nem falei com os meus pais.

— Maga colocou o dedo na boca de Mônica e fez apenas um som “shiii”. Roncou metade da noite, talvez por causa do vinho, talvez por que sempre roncasse. Mônica não sabia. Mas que ela estava fervilhando de raiva, isso ela estava. Com raiva de Quim por trair sua amiga e com raiva da Magali por ter se embriagado por causa de um idiota como o Joaquim.

Magali acordou com Mônica lhe jogando água gelada na cara. Sua cabeça doía muito e seus olhos estavam embaçados. Ela nunca havia sentido isso, mas sabia muito bem o que era: uma baita de uma ressaca. Ouviu um zumbido que imaginava sendo Mônica dizendo que ia mata-la ou que ia matar um padeiro. Ou será que ela dizia que ia trazer café? O importante é que ela havia ido tomar banho. E Magali voltou para o mundo dos sonhos. 20 minutos depois estava encharcada e Mônica lhe dava uma grande bronca sobre os efeitos nocivos do álcool. Ela não estava com humor pra isso, mas se levantou e olhou bem nos olhos de Mônica.

— O dia em que for traída como eu fui, você me dá esse sermão. Até lá, me deixa curtir minha ressaca. Por que logo tenho que ir à distribuidora comprar um vinho novo pra minha mãe não suspeitar. E dar graças a Deus por hoje ser sábado. – disse Maga amargamente.

— Desculpa, Maga – Mônica suspirou, por fim. – Ver você assim que deixou possessa, até esqueci o motivo. Você precisa me contar tudo.

— Depois que você trouxer o meu café, eu lhe conto. Disse Maga com um sorriso malicioso.

— Depois de tomar quatro xícaras de café e nem tocar na comida, Maga contou vagamente a história da traição para Mônica, que ficava mais nervosa a cada segundo.

— Como ele pôde?! Vou matar aquele desgraçado!

— Você não vai fazer nada – falou Magali – e não vai contar isso pra ninguém.  Não quero que mais ninguém olhe pra mim com essa pena que está olhando. Não conversei com o Joaquim ainda, mas ele concordará que contaremos que o termino foi apenas uma questão de desgaste ou algo similar. Ninguém precisa saber das minhas coisas. Entendeu?

Mônica ficou impressionada; sua amiga nunca havia sido tão categórica  e sombria. Podia ser o efeito da ressaca, mas algo parecia ter sido quebrado em Magali. Algo que não permitia que ela agisse do mesmo modo.

Magali conversou com Quim de maneira fria e precisa. E ele concordou. Ela já havia tratado de contar para Denise, o que era contar pra todo mundo. E as garotas logo estariam em seu pé. Então tinha que se preparar para agir de maneira casual. Quando olhou para o seu celular, havia mais de cem mensagens.

“Amiga, agora vamos farrear... PARTY!!” Denise.

“Pode contar comigo, Magalinda!” Marina

“Se quiser conversar, eu sei o que está passando muito bem...” Aninha

“Eita, Maga, se tu quiser tomar um sorvete eu pago” Cebola.

Mas a que mais lhe doeu foi, talvez, a mais simples.

“Se cuida, Maga” Cascão.

Isso sem contar as muitas investidas de muitos rapazes. Lendo essas, Maga ficou possessa. Jogou seu celular na parede e disse pra si mesma: “Nessa eu não caio mais”.

Naquela noite não conseguiu dormir. Não podia beber nada, não queria se viciar. Mas a vontade de beber só um golinho de vinho era imensa. Álcool lhe dava sono, coisa que ela saberia que não teria naturalmente tão cedo. Para evitar outra bebedeira, Maga decidiu que o melhor era se cansar. Pulou a janela do quarto e foi fazer uma pequena caminhada. Talvez fosse o tempo, o vento, a escuridão. Mas ela se sentiu livre, como nunca se sentiu na vida. Ela não tinha compromissos. Não havia ninguém para lhe pedir explicação quando ela saísse. Não havia ninguém para ela dar satisfações . Não havia motivos para se preocupar com suas mínimas atitudes e falas. Não havia nenhum homem sensível e carente no meio de seu caminho. Não havia ninguém. E foi nesse momento que ela sentiu sono. Voltou para a cama e teve a melhor noite de sono de sua vida.

 

Segunda-feira, 6:50, casa do Cascão.

— Vamos embora, Cas! Ou vamos chegar atrasados! Disse Cascuda.

— Mas, oxi, cê sabe que eu sou enrolado e não me importo de chegar atrasado. Por isso que nunca vamos juntos, lembra, linda? Disse um cascão ainda enrolado na toalha.

— Vai se arrumar, porquinho. Eu notei que banhou em três minutos. Agora vai.

Cascuda sabia disso, óbvio, mas agora com o Quim fora do caminho e uma Magali bonita, inteligente, sensível e SOLTEIRA morando a apenas duas quadras do Cascão, ela não queria arriscar. Gostava muito da amiga, mas algo lhe dizia que poderia facilmente perder o Cascão para ela. Eles se amavam. Um amor de amigos, mas profundo e assustador demais para que a namorada do porquinho se descuidasse.


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Notas finais do capítulo

22/02/2016
Capítulo revisado. Continuem avisando se encontrarem erros de sintaxe, ortografia e outros.
PS: vamos parar de postar de madrugada, porque sempre estamos com sono nesse horário, por isso os textos saem assim, sem cuidado com a formatação. Vamos retribuir o carinho que nos dão com um trabalho de qualidade.



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