Always escrita por Mikaeru Senpai


Capítulo 1
Capítulo 1 - Break me Up


Notas iniciais do capítulo

"Me quebre.". Em inglês, "break up" é término se tratando de relacionamentos, então quando você "break up" com alguém está terminando. O título é um jogo de palavras, falo mais nas notas finais.



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O som do soluçar finalmente cessara, então apenas um choramingar baixo podia ser ouvido. O garoto estava parado ao lado da porta com seus olhos vermelhos, rosto molhado e braços cruzados. Ela estava sentada na cama quase do mesmo jeito, mas suas mãos cobriam o rosto úmido e expressão de derrota. Era o fim.

Lembrava-se claramente de como ficaram juntos. Ele era gentil, atencioso e amável, terminou com a namorada para ficar com ela. Tudo era maravilhoso, ele a amava, zelava por ela e por suas atitudes, estava sempre ao lado dela, fosse em almoços de família ou em noites com as amigas. Ela era a única a ir acompanhada, ou ele apenas não gostaria que ela fosse.

Era tudo muito bonito, ele ligava sempre, se preocupava em saber onde ela estava, com quem ou que horas voltava. Queria vê-la, então aparecia de surpresa quando ela ia ao shopping com a família ou passeava com colegas. Não conseguia ver onde as coisas deram errado, mas seu braço ainda doía onde ele apertara para jogá-la sobre a cama. 

O silêncio agora censurava seus lábios e poupava seus ouvidos, limitando os ruídos ao suspirar descompassado dela. Ele jurou que mudaria e melhoraria, mas a hematoma da queda sofrida semana passada ainda não havia sumido e uma nova surgiria em seu braço. Ele pediu desculpas, disse que não teve intenção. Era sempre assim. 

— Eu gostaria... - Ela murmurou afastando lentamente as mãos do rosto - Que você fosse embora. 

— Yume... - Moveu-se em direção à ela, mas a garota sustentou sua decisão.

— Vá embora. Acabou, certo? Acabou.

— Não acabou, não pode ter acabado. Eu te amo e você me-

— Eu... Eu não te amo. 

Ele ficou em silêncio. Yume apertou as mãos e sentiu uma nova leva de lágrimas turvar sua visão. Inspirou tensa, e abaixou a cabeça. Esperava que ele entendesse e a deixasse em paz. Mas não foi o caso. Ouviu um baque forte quando ele bateu a porta. Estavam sozinhos na casa dela, mesmo que ela tivesse uma colega com quem dividia o lugar. Yume recuou e piscou como quem tenta entender o que acontece. As lágrimas, antes presas nos olhos, rolaram por suas bochechas.

— Você é uma vadia manipuladora. - A mirou com seus olhos castanhos e a franja da mesma cor caindo diante do olhar cheio de ódio. Ela conhecia aquele olhar. - Você é uma puta mentirosa, aposto que só quer me trair.

— O-o que? Não! - Yume levantou e recuou quando ele começou a andar em sua direção - Eu só quero ficar sozinha, me deixa em paz!

— Não, você é minha namorada, Yume. Você não vai sair por ai se aventurando com qualquer um, sua vagabunda barata. 

Yume começou a tremer. Nunca o vira tão insano, parecia que qualquer tipo de lucidez havia escapado dele. Ela apoiou as costas na parede e olhou em volta buscando desesperadamente por uma saída. Estava no segundo andar, a janela não era uma opção, e se tentasse correr para porta atrás dele apanharia. Estava com medo, uma quantidade de medo tão grande que esqueceu de respirar. 

— Vem aqui!

Os dedos dele se misturaram aos fios negros e lisos da menina e apertaram dolorosamente. Ela tentou afastar a mão dele, mas em resposta recebeu um pesado tapa no rosto. Sua visão ficou branca e suas pernas cederam, mas ele não a soltou. Sustentava o peso dela pelos cabelos apenas, a dor era insuportável. Ele a arremessou na cama com violência e ela acabou batendo a cabeça da cabeceira. 

O gosto do sangue começou a incomodar, sentia escorrer pelo canto da boca. Estava zonza, estava com dor. Por que precisava passar por isso? Tudo girava em um redemoinho de dor e arrependimento. Talvez devesse ter ficado quieta. Outro tapa. A dor se espalhou novamente, ela não enxergava ou sabia de onde viera, só sabia que queria que parasse. 

Ele pesou sobre ela na cama segurando com força seus ombros. Não podia acreditar, se recusava a acreditar no rumo que tomava. O garoto rasgou seu vestido até que ela sentisse as próprias pernas expostas. Não, ela não queria isso, ela não gostava disso. Suas mãos agiram por conta própria para empurrá-lo, mas ele segurou seu pulso direito e o torceu com força até que um estalo fosse ouvido. A dor percorreu seu braço até o ombro e ela gritou.

Não deveria ter gritado. Dessa vez a mão dele estava fechada quando atingiu seu rosto.

Tudo parecia longe, ela decidiu abrir os olhos para que alguma coisa naquele cenário fizesse sentido, mas não fez. Ele continuava tirando suas roupas de forma doentia. O som da fivela do cinto dele batendo ao ser aberta a fez esquecer a dor, tinha apenas medo. Queria ajuda, mas sabia que não receberia nenhuma. Sua amiga estava no cinema, voltaria em pelo menos duas horas. Pediu para que ela demorasse por querer terminar com seu então namorado. Devia ter pedido para ela ficar.

O via ali, sorrindo de forma doente. Como chegaram a isso? Suspirou enojada. Tinha tanto sangue na boca, não queria engolir, se cuspisse ele talvez batesse ainda mais. Fechou os olhos e decidiu tentar fingir que nada estava acontecendo. Achou que foi estranhamente bem nisso, pois naquele momento o peso dele sumiu e os toques invasivos cessaram. Talvez estivesse ficando louca, deveria ser isso. 

— Yume! - A voz feminina fez com que ela abrisse os olhos novamente. A dor só havia aumentado e seu rosto estava molhado para o lado em que pendia. - Yuu, você está acordada, isso é ótimo. Eu já chamei a polícia, vai ficar tudo bem. Vem aqui. 

Ela tinha cheiro de flores e morangos. Sempre gostara deste perfume, podia passar o dia perto da amiga e não enjoava de seu cheiro. Um braço delicado passou por trás de seus ombros e a ergueu com carinho aninhando-a junto ao peito. Continuava desnorteada, mas sentiu claramente as gotas mornas tocarem sua pele. Ela estava chorando. 

— Mei... - O gosto de sangue em sua boca continuava, era horrível. - O que... Você não devia...

— Como não devia? - Disse enquanto ajeitava os travesseiros para poder apoiar Yume seguramente sentada - Eu nunca te deixaria sozinha com esse doente mental, eu só percebi que tinha algo errado quando você gritou, eu devia ter vindo antes, me perdoa Yuu. Mas tá tudo bem. 

Não sabia o que havia acontecido. Agora sentada sua visão aos poucos voltava ao normal. A menina diante dela estava horrível, o rosto molhado, os olhos castanhos escuros avermelhados, o cabelo crespo cor de caramelo bagunçado e as roupas tortas. Yume ergueu a mão direita para arrumar o cabelo dela como gostava de fazer, mas uma onde intensa de dor veio daquele pulso. 

Gemeu desconfortável e olhou em volta, deparando-se com o garoto jogado no chão imóvel. Horrorizada ela olhou para Mei, mas antecipando o que diria a amiga explicou.

— Eu bati nele com o rolo de macarrão. É, soa ridículo, mas foi tudo em que consegui pensar ao te ouvir gritar. Eu bati com bastante força, mas ele está vivo. A polícia deve estar chegando, pedi pra trazerem uma ambulância também. 

— Você ficou... Se você não estivesse aqui eu... 

Mei não permitiu que aqueles pensamentos continuassem e a puxou para perto num abraço confortável. Estava tudo bem, sentia-se segura, podia até mesmo ouvir as sirenes ao longe, podia descansar um pouco agora. E desmaiou. 


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Notas finais do capítulo

Bom... É isso.

Break Me Up foi sobre ele tê-la machucado, por isso o jogo de palavras. Ainda não descrevi a aparência de ninguém muito bem pelas condições da Yume, era o POV dela e ela não reparou muito em ninguém, ela está machucada. Se gostarem, por favor, deixem um review. Ou mesmo se apenas lerem. É isso ai.



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