1988, 10 anos antes dos eventos em Raccoon City.

Quando o primeiro raio de sol atravessou o vidro da janela do quarto da garota, ela levantou-se. Olhou para o relógio e constatou: já passava das oito e meia. Ela estava atrasadíssima para a reunião com seu novo cliente.

- Espero que ele não seja neurótico, como o último. – Disse para si mesma.

Tomou banho e se trocou rapidamente. Não iria tomar café. Estar na presença daqueles homens lhe dava nojo. Todos sem escrúpulos, fedorentos e desprezíveis. Mas o cliente de hoje era diferente. Empresário, diretor de uma importante empresa farmacêutica. Pelo menos ele cheirava bem.

- Mas isso não o torna uma pessoa melhor. – Repetiu a frase para a mulher que via em frente ao espelho.

Chegou com meia hora de atraso. A recepcionista lhe recebeu com gentileza e disse que o famoso diretor da NeoDay a esperava em sua sala. A mulher agradeceu a informação e seguiu até a sala do Sr. Nero Babel. Era ele o tal homem cheiroso e sem escrúpulos.

- Então você é a famosa espiã Alyson? – Perguntou ele, oferecendo-lhe a cadeira para se sentar.

- Prefiro que me chame de Annabeth. – A garota disse friamente. Não gostava que seus clientes a chamassem por seu verdadeiro nome.

O homem pareceu entender. Disse:

- Bem, vamos direto ao assunto. Como sabe, a Umbrella Corporation é nossa grande concorrente. Preciso que você se infiltre na empresa e descubra algumas informações.

- Que tipo de informações? – Perguntou curiosa.

- Bom, suas referências são realmente muito boas, mas mesmo assim não posso lhe dar muitas informações. Apenas trate de descobrir quais são os mais recentes experimentos realizados no subsolo da empresa. Algo relacionado com a cura do Tyrant-Vírus. Tivemos relatos de que eles estão testando o antivírus em fetos. Preciso que cheque esse boato.

A mulher concordou com a cabeça. Aquilo era suficiente.

- E o pagamento?

O homem pensou um pouco. Pegou o telefone e através dele chamou a recepcionista, dizendo:

- Traga a maleta.

Em pouco tempo a secretária batia na porta. Entrou, deixou a tal maleta na mesa e saiu.

- Aqui está metade. – Disse o homem, abrindo a maleta. – Cinqüenta mil reais, como combinado. O resto do dinheiro você só irá ver quando o trabalho estiver terminado.

Ela já esperava aquilo. Era sempre assim. Metade agora, a outra metade só depois do trabalho concluído. Despediu-se do homem, esquivando-se de seu beijo e saiu. Ao passar pela recepcionista se despediu desta também. No caminho para casa ficou pensando trivialidades.

Ao chegar em casa arrumou suas malas. Ela teria de ir a Raccoon City e se infiltrar entre os moradores. Essa era a parte mais difícil do plano. Novamente teria que usar o pseudônimo de Annabeth...

- Mas eu não sou Annabeth. Sou Alyson.

Ela se orgulhava do nome que seu pai havia lhe dado. Ele havia sido um grande homem. Ela não conseguia não se culpar pela morte dele...

- Vou fazer você se orgulhar de mim, pai.

Retirou suas roupas e foi tomar banho. Queria retirar de seu corpo o repugnante cheiro do perfume daquele desprezível homem. Talvez para esquecê-lo. Talvez para esquecer a vida que levava.