Still Broken escrita por Just Shadows


Capítulo 1
Brinquedo torto


Notas iniciais do capítulo

Bom como eu mencionei nas notas obrigatórias, acabei por colocar minha vida na estória, passei minhas experiencias e meu presente momento para a Lucy, no inicio não era para as coisas saírem desta maneira, dizem que os artistas ficam mais criativos quando deprimidos, pois tentei constatar se era verdade, ao mais uma vez me desapontar na vida, porém acabei escrevendo o que de fato penso, tendo como imagem a personagem do anime porem os sentimentos de uma pessoa real.
Não sei se gostaram, não sei se vão ao menos ler, porém queria dividir isto com vocês, invadi o espaço e conta do meu primo para isso ;)



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Nada parecia lhe agradar, eu sempre fazia suas vontades, ou me empenhava ao máximo em fazer as coisas direito, esperando no mínimo um sorriso de lado que seja de sua parte, porem parecia que isto era pedir demais de alguém como você, quantas e quantas vezes não o ouvi me comparar com alguma outra pessoa, e o quão estas são perfeitas, e para piorar eu mesma comecei a me equiparar com elas, será que se eu usar as mesmas roupas, ou o corte de cabelo, ficara no mínimo um pouco mais aceitável para estar ao seu lado? a resposta provavelmente seria negativa, o correto não estava nas outras pessoas no final das contas, o errado é que estava em mim, quantas e quantas vezes não pensei em apenas acabar com tudo isso, este mundo onde eu apenas represento um estorvo e ponto de referencia para a vergonha de quem eu menos queria provocar.

Saio pelas ruas olhando para os lados, preocupada com o que as pessoas supostamente estão pensando sobre minha pessoa, será que elas também eram capazes de ver o incrível erro que eu era? A causa perdida em que eu me tornei? Eu esperava que não, mesmo sabendo que minha aparência em nada me denunciava, ao menos era o que eu acreditava.

Não conseguia somente encarar o futuro ou você e dizer que eu não fazia aquilo por mal.

"Mas ela era uma ótima menina quando jovem, todos me falavam isso, eu tinha orgulho de encher a boca para me gabar de como ela era aplicada, de como era o sonho de qualquer pai”.

Claro, nem mesmo meus pais conseguem ver alguma qualidade em mim, e este desprezo e a constatação por parte deles, de que eu sou um erro, chega a doer tanto quanto ouvir você falar isto, enquanto me olha com aqueles olhos desapontados e cansados de pela milésima vez repetir o mesmo discurso.

Apenas me deixe então, um erro não merece atenção e muito menos misericórdia de quem quer que seja, me jogue de uma vez aos leões.

Um suspiro cansado sai por meus lábios, ao me encaminhar para uma das ruas que daria acesso a universidade que eu frequento, não por livre e espontânea vontade, mas para pelo menos por um misero segundo ser reconhecida por ser aquela com um mestrado e que esta em sua segunda formação superior, porem parece que nem isto lhes agrada, talvez pensem que o erro que sou esta apenas sugando suas economias, quem sabe?

Pode parecer que estou me fazendo de vítima, porem apenas esperava algum tipo de conforto e de reconhecimento, você mesmo disse que eu era bonita e esperta (ao menos aparentava) e que de cara chamei sua atenção, porem parece que você foi apenas um cliente afobado que se encantou com a embalagem, desfrutou de alguma coisa que pareceu atrativo no interior, para logo notar que os defeitos daquele produto eram maiores que as qualidades.

Na saída da universidade deixei um pequeno sorriso me escapar pelos lábios ao contemplar um de meus trabalhos cuidadosamente guardado em minha bolsa. Porque de me animar tanto por um amontoado de papel? Pois ele foi o responsável pelo elogio do mês que fora direcionado a minha pessoa, porem este sorriso logo morrera ao constatar que provavelmente aquela alegria e orgulho seriam passageiros, que você iria se animar, me dar os parabéns para logo fechar a cara e perguntar se eu já havia ido ao mercado e comprado seu maldito cigarro.

Eu não tenho seus vícios, mesmo assim consigo ser um erro maior que você? Não sabia como isto era possível.

"Mas será possível? Você não faz nada certo, me da vergonha olhar para sua cara, olhar para as outras pessoas e ter que com um sorriso tentar levantar sua moral, e dizer que você esta bem e que é ótima, porque não pode ser como a...”.

E eu apenas ficava inerte enquanto fingia estar entretida com alguma coisa que estivesse passando na televisão ou nas palavras confusas que estavam em um dos inúmeros livros de estudo que eu possuía, porem eu tudo escutava, cansei de tentar argumentar com coisas como: - "você não a conhece direito, é fácil apontar os erros visto que estou com você em mais da metade do dia, e não apenas lhe vejo de forma passageira na rua e lhe dou um sorriso forçado enquanto pergunto se esta tudo bem, mesmo que no fundo eu não queira saber". O motivo de eu ter me cansado de argumentar, era o fato de que sempre você me olhava de forma altiva enquanto falava "não me importo com a falsidade delas, o importante é que elas são alguém na vida, diferente de você"

No final minha defesa era meu pior acusador, pois depois desta sua resposta eu apenas conseguia pensar que de fato eu era um lixo e que o caminho que tomava não importava desde que alcançasse o objetivo, a perfeição, mesmo que esta não tenha sido estabelecida por minha pessoa, ou por alguém que conheço, cansava de me perguntar se tinha de fato que ser igual a elas, seguir o exemplo de me embebedar aos 14, engravidar as 17, mas no final casar e fingir que as contas não chegam todo mês, enquanto a criança suga minhas energias e tenho que ainda satisfazer as vontades do homem que "escolhi" para estar junto, era o certo a se fazer.

Aquilo era e esta sendo difícil, eu achava que com você as coisas poderiam ser diferentes, que acordaria todas as manhãs e que você me receberia com um sorriso enquanto despenteava meu cabelo e falava que eu estava bonita, mesmo que eu soubesse que estava um desastre em pessoas, porem você era um dos piores carrascos que o mundo podia ter me sentenciado a ter, aquele que não me mata, mas que esfola-me a pele enquanto assiste eu sangrar para puro entretenimento dos demais.

Resolvi por chegar em casa e não mostrar-lhe a excelente nota, por não mostrar a gravação da apresentação que fora finalizada com o saudar incansável das palmas dos professores e alunos que nem da minha sala eram. Apenas segui para nosso quarto, guardando as coisas de forma milimétrica, pois da ultima vez que arrumei nosso quarto você me elogiou, para logo depois dizer que eu poderia ao menos virar faxineira em algum motel barato, claro infle meu escasso orgulho para logo estoura-lo sem dó com um tiro de doze.

Segui para a cozinha onde tentei preparar algo, não tinha dons para isto, porem ao menos tentava, o que por muito era visto como algo ruim, visto que nunca acertava no ponto da carne ou do arroz, e tinha que ouvir mais uma vez você me equiparar a outra pessoa, muitas vezes tinha ganas de mandar-lhe a merda e ir logo ter com a outra pessoa, de ir comer na casa dela, de ir passar todos os dias de sua vida com ela, porem sempre que preparava-me para dizer isto me lembrava que pior do que o carrasco ao lado era estar sozinha com minha própria mente. Passei os dedos de forma lenta por meu pulso sentindo a elevação que era a pele cicatrizada daquele local.

Deixei as coisas prontas sobre a mesa e segui para a sala, onde pela vigésima vez coloquei o mesmo filme e ali permaneci, não comeria, um habito que adquiri para pelo menos poder permanecer magra e agradável aos olhos dos outros, ao menos a embalagem tinha que ser boa, visto que o produto em si estava estragado, ao menos era isso que indicavam os demais.

Encarei o rosto sorridente de uma das atrizes e o rapaz sexy que estava a beijar as faces da moça bonita, eu me imaginava nesta cena, com aquele rapaz, com aquela roupa naquele cenário vitoriano, chegava mesmo a me pegar durante o dia imaginando que estava naquele cenário, e que aquele rapaz bonito me conhecia e que até mesmo era algo meu, passava alguns minutos do meu dia vendo as fotos do mesmo que tinha salvo em meu celular, sei que isto pode ser estranho, porem vi no imaginário a salvação para minha realidade decadente.

"Não vai comer nada?". Foi o que perguntou enquanto passava para o outro sofá e contorcia a face ao notar que mais uma vez eu via o mesmo filme.

"Já comi na universidade". Mesmo que isto fosse uma mentira, pois não tinha dinheiro para comprar algo para comer naquele local, onde até a água era um absurdo, isto nos leva à meu outro vicio, eu comprava de forma supérflua, aquilo me animava, pois as vendedoras e vendedores sempre me recebiam com um sorriso e eram incrivelmente cordiais comigo, pareciam mesmo me apreciar, enquanto falavam com um enorme sorriso sobre o novo produto, tal como se me apresentasse um amigo novo, e eu com orgulho concordava com tudo que eles diziam, mesmo que no fundo não entendesse nada e acabasse por comprar, eu estava praticamente zerada todo mês, se não me admiravam por aquilo que eu era ao menos podiam me admirar por aquilo que eu tinha, podem me julgar, já estou acostumada.

A aluna nota dez, a perfeita, a amiga, a boa samaritana, que parece que adquiriu uma doença mental e se tornou seu oposto e aquilo que a muito repudiava, focada no imaginário, viciada na maldita internet, viciada naquele rapaz de outra nacionalidade que nem ao menos sabe de sua existência.

"Vou sair, quer vir?". Tirava minimamente os olhos do celular para direciona-lo para a figura arrumada parada a minha frente.

"Não, prefiro ficar". E recebia o olhar de desapontamento, mascarado de raiva, muitas vezes não queria sair para evitar qualquer tipo de constrangimento , para evitar que na volta você começasse com meu crucificamento que de nenhuma maneira eu conseguiria me defender, e também tinha o fato de que sozinha eu ficava um pouco em paz para me concentrar no meu mundo, podia fazer o que eu queria, ou não fazer nada, sem ser julgada, porem no meu intimo ansiava para que você voltasse e não me abandonasse.

Esta podia ser uma história romântica, alegre, falsa como todas  e terminar com o felizes para sempre, porém não é isto que acontece na minha vida e creio que na de ninguém, a não ser das pessoas que você vulgarmente me compara e fala que eu deveria me espelhar para ser alguém na vida. Meu romance, vivo com alguém que não sabe que eu existo, minha felicidade tiro de filmes com roteiros clichês e mal escritos, meu orgulho tiro dos meros segundos em que alguém elogia minha aparência.

Ainda tenho ganas de apenas por um fim nisso, de ir verificar se o céu ou o inferno existem, porem temo que ainda assim encontrem motivos para me julgar e para me culpar e claro, me compararem com alguém que eles acreditavam ser melhor que eu.

Não sei se poderei negar a vontade que reluz como o brilho daquela lamina, espero que consiga dizer não, e voltar para talvez concluir esta história de maneira feliz, mesmo que eu tema que esta seja a ultima coisa que eu escreva.


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Notas finais do capítulo

Bom, não revisei, acabei de escrever isto, então espero que não tenha desapontado por ser deveras afobada, não escreverei mais coisas assim, continuarei a apenas colaborar com as ideias para as estórias de meu primo. Mata ne!



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