Desajustadas escrita por KitKatie


Capítulo 42
Misto-quente


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal! Como estão?
Espero que gostem da leitura!



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—Ganhei! –Thalia jogou suas cartas sobre a mesa e levantou, fazendo uma dancinha desengonçada.

—Você roubou! –Luke a acusou com uma falsa cara de bravo.

—Ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão! –Ela replicou-lhe, dando a língua e continuando sua dança da vitória.

Luke balançou a cabeça em negativa e escondeu suas cartas, de um naipe maior que os de Thalia, no monte. Ele teria ganhado aquela rodada mas nenhum vitória sua valeria ver a cara de alegre dela por finalmente ter ganhado.

Estavam na casa da menina e passaram a tarde pulando de jogos em jogos – desde os de videogame até as cartas e dominó. Luke era um prodígio, tinha a malicia de jogador e por isso ganhava todas com tranquilidade, mas, hora ou outra, deixava a garota ganhar, só para vê-la feliz.

Aquelas momentos se tornaram diários. Durante toda a semana que seguiu ao beijo trocado no pátio, Luke e Thalia saiam. Haviam ido ao cinema, ao parque, ao shopping, a uma biblioteca (onde foram expulsos meia hora depois por desordem) e até uma praia próxima olhar o pôr-do-sol. Conversavam, riam, trocaram caricias e beijos, obvio.

Não haviam nomeado aquele relacionamento ainda. Luke queria oficializar as coisas mas sentia que Thalia não estava na mesma frequência que ele. A menina ainda era arrisca em abrir-se e ia devagar, ela ainda estava acostumando-se com essa ideia de contatos físicos e amor. Daria ela um tempo e então a pediria em namoro.

Luke era bom em ler pessoas e, se tratando de Thalia, era uma pessoa paciente. Esperaria o tempo que fosse para dar aquele passo a mais. Já havia decidido que Thalia era a mulher ideal para sua vida e não a deixaria escapar tão cedo.

—O que quer fazer agora? –Thalia o olhou, ainda sorrindo.

—Comer. –Luke resmungou, massageando a própria barriga.

—Considere-se um homem de sorte, Castellan. –Thalia arqueou as sobrancelhas, numa expressão altiva. –Você esta prestes a comer o melhor misto-quente de sua vida.

—Me sinto honrado. –Luke revenrenciou a menina, com a mão no coração.

Aos risos foram até a cozinha e enquanto preparam o sanduiche falaram sobre amenidades. Estavam somente os dois em casa, Zeus e Hera estavam numa reunião de negócios e, com sorte, voltariam somente a noite. O que era um alivio para Thalia, ela ainda não havia contado ao pai sobre o relacionamento com Luke.

Seu pai não era do tipo protetor mas sabia que ele seria exigente com relação ao futuro genro. “Aceito apenas a nata social” disse-lhe uma vez. Não achava que ele teria problema em aceitar Luke, afinal, ele era herdeiro majoritário de Hermes, um parceiro de seu pai, mas temia que Zeus torna-se o namoro dos dois algo comercial.

Thalia queria manter aquilo apenas entre eles, algo só dela e de Luke. Sem responsabilidades sociais e empresariais. Sabia que o loiro era o genro que seu pai pedirá aos deuses mas não o introduziria oficialmente tão cedo. Seu pai tinha o costume de estragar tudo que botava os olhos na vida de Thalia.

Namoro. Aquela palavra ecoou na sua mente. Para ela, já estavam namorando. Mas pelo que conhecia de Luke, ele era o tipo que esperaria. Tirou o misto quente da sanduicheira e deu ao menino e enquanto ele dava a primeira mordida, questionou-o:

—Quer namorar comigo, Luke?

—O que? –O pobre garoto tentou balbuciar entre uma tossida e outra, a pergunta o pegará tão de surpresa que havia engasgado com o sanduiche.

—Credo, babaca, quer me deixar viúva antes da hora. –Thalia deu-lhe tapinhas nas costas.

—Você acabou de me pedir em namoro? –Luke a encarou, atônito.

—Sim. –Ela deu de ombros. –Se eu tivesse que esperar por você a gente nunca ia sair do zero a zero.

—Assim você me ofende, eu estava tentando ser respeitoso com seu tempo e seu espaço pessoal. –Luke argumentou.

—Fofo. –Ela deu-lhe um beijinho. –Mas não se preocupe, resolvi minhas questões internas, tenho total convicção de que é com você que quero dividir meus dias, juntar as escovas, essas coisas, sabe?

—Ok, agora isso parece um pedido de casamento.

—Se continuar desse jeito serei eu mesma a ajoelhar com um anel para te propor. –Ela riu. –Mas isso acontecer, te faço entrar com o vestido branco.

—Vai me carregar no colo direto para a lua de mel? –Luke fez um biquinho.

—É uma ideia tentadora. –Ela sorriu, maliciosa.

—Então eu aceito! –Luke a abraçou.

—Casar comigo? –Ela estreitou o olhar.

—Não, ainda. –Luke riu. –Aceito namorar com você.

—Ah. Legal. –Thalia riu, tentou disfarçar que estava constrangida.

—É a primeira vez que me pedem em namoro. –Luke riu.

—É a primeira vez que eu peço alguém em namoro também. –Ela riu junto.

—Ah, temos tanto em comum, com certeza somos almas gêmeas. –Luke acariciou os cabelos dela. –Agora posso salvar seu contato como “namorada”.

—Você é lerdo, hein?! O seu já esta salvo como “namorado” há muito tempo. –Thalia o olhou, com uma falsa expressão arrogante. –Está dormindo no ponto, hein, senhor Castellan? Você era mais ágil antes?

—O amor me deixa bobo. –Ele fez drama. –Sério que salvou me contato assim?

—Nhe, salvei como “castellan” mas vou mudar para “meu amorzinho chuchu tchuchuco”. –Thalia revirou os olhos.

—Achei fofo. –Luke riu e os dois voltaram a intenção para comer seus sanduiches, ambos sorridentes.

Terminaram o lanche e foram até a sala, colocando um filme qualquer de terror na tv. Os dois tinha algo em comum: riam muito em filmes assim. Passavam o tempo criticando as escolhas dos personagens principais e torcendo para o vilão. Qualquer terror virava comédia sob os comentários de Luke e as risadas acidas de Thalia.

Porém, não apreciaram muito da obra cinematográfica, logo batidas na porta da frente interromperam o passatempo.

—Está esperando alguém, namorada? –Luke a questionou.

—Não estou não, namorado. –Thalia estranhou e foi até a porta, abrindo-a e dando de cara com Katie e .... Travis?

—Olá, Thalia. –A hippie sorriu para a amiga.

—Eai, maninho. –Travis, com toda a liberdade e sem constrangimentos, passou por Thalia e jogou-se no sofá ao lado de Luke. –Curtindo a tarde com sua gata, hein, safadinho.

—O que você ‘tá fazendo aqui? –Luke revirou os olhos para o irmão.

—Vim só acompanhar a florzinha mas esse sofá parecia tão aconchegante que precisei testar ele. Bonzão mesmo. –Travis aconchegou-se rindo da careta do irmão e colocou os pés sobre a mesa do centro.

—Tenha modos, Stoll. –Katie o repreendeu e automaticamente o garoto tirou os pés do lugar, sentando-se ereto.

—Nossa, eu vivi para ver essa cena. –Luke fez uma cara de admirado. –Bem vinda a família, majestade. –Ele fez uma reverencia a menina.

—O que? –Katie sentiu o rosto enrubescer.

—Qualquer uma que dê ordens no Travis desse jeito já torna-se oficialmente minha cunhada. –Luke deu tapinhas no ombro do irmão. –Finalmente achou alguém para te domar, estou emocionado. –Fingiu limpar lagrimas de seus olhos. Os dois logo começaram a discutir sobre quem era mais sucessível a ordens masculinas, com Travis acusando Luke de “ser pau mandado da Punk” e Luke o dizendo que “você quer tanto conquistar a jardineira que vai ate plantar uma horta lá em casa”.

—Se eles caírem no soco, aposto 10 pratas no Luke. –Thalia, que já havia fechado a porta e convidado a amiga a entrar, disse, analisando a briga dos meninos. –Seja bem vinda a minha humilde residência.

—Uau. –Katie assobiou e olhou em volta, a mansão era majestosa e com uma decoração minuciosa, clássica e chique.

—Tudo aqui foi projetado por uma renomada arquiteta, Atena alguma coisa sei lá. –Thalia imitou Hera, a madrasta adorava mostrar a casa para as vistas ressaltando o quanto tudo ali era caro e projetado por profissionais. –Esse quadro aqui horroroso, por exemplo, foi pintado por Apolo e, ah, sei lá, não ligo. –Deu uma risada e jogou-se no outro sofá, longe dos meninos e convidou a amiga a sentar-se também.

—Bom, sua casa é linda. –Katia sorriu simpática.

—E o que te trazes aqui? Não que seja indesejada, só fiquei surpresa pela vinda repentina.

—Ah, sinto muito por vir sem avisar. –Katie abaixou o olhar e viu Thalia fazer um sinal, como se não ligasse. –Na verdade eu precisava falar com Hera.

—O que quer com aquela vaca? –Thalia elevou o tom ao questionar, a simples menção ao nome da madrasta fazia seu sangue ferver. Sua fala, atraiu a atenção dos meninos, que pararam de discutir e olharam para as garotas.

Katie fechou os olhos, pensando em como diria. Agora a ideia de ir falar com a mulher já não parecia mais tão boa. A garota queria entender aquela situação, seu pai tinha uma acusação grave e ela sequer sabia o que estava envolvido nisso.

Sentia certa vergonha em falar desse assunto na frente da amiga, não queria que ela visse a macula em sua familia. Mas logo Katie mandou esse pensamento embora, sabia que a amiga nunca a julgaria e Punk também tinha uma familia complicada, estavam no mesmo barco. Amizade também era compartilhar os fardos, não somente amizades, sabia que Thalia a ajudaria no que fosse possível.

Deu uma olhada em Travis e Luke, era estranho dizer isso na frente deles mas não os mandaria sair. Luke era o namorado da amiga e ele parecia ser uma boa pessoa e Travis era... Travis. Apesar de não conhece-lo bem, ele era um garoto adorável e parecia respeitoso, assim ela esperava.

—Bom, Hera, ela... Ela... –Katie gaguejava e tentava escolher as melhores palavras.

—Ela fez algo com você? –Thalia disse, segurando a mão da hippie, com uma raiva contida. Se Hera fizesse qualquer coisa com as pessoas que ela amasse, Thalia a faria pagar.

—Eu só não sei como dizer isso em voz alta. –Katie sentiu os olhos marejarem. Os três na sala ficaram em alerta, coisa boa não vinha.

—Jardineira? –Travis franziu o cenho e sentiu vontade de abraçar a menina.

—Hera tem um processo contra meu pai. –Disse, sua voz não passava de um sussurro. –E ele sumiu. Ele esta sendo procurado e será levado ao júri e eu terei que depor. Preciso falar com ela para entender melhor o caso, não sei nada sobre isso.

—Por isso estava na delegacia então... –Travis sussurrou. Sabia que ela tinha mentido mais cedo quando disse que fora entregar flores para a delegada, mas não quis encher o saco dela com perguntas.

—Hera processando alguém? Essa é nova. –Thalia fechou a expressão mais ainda. –Com certeza é algo sério, ela não arriscaria manchar a própria imagem num processo. A menos que tenha certeza que ganhará.

—Sobre o que é a acusação? –Luke questionou. Não queria ser intrusivo mas sabia que, judicialmente, para alguém ser intimado assim não era algo leve.

—Ela está acusando ele de... –As palavras pesaram em sua garganta. –Tentativa de estupro.

O clima na sala pesou. As três bocas além de Katie abriram-se em choque. Cada um perdido em próprios sentimentos. A menina apertou os dedos e suspirou baixinho.

—O que? –Travis levantou-se e sentou-se ao lado da menina, puxando a mão dela para entrelaçar com a sua. –Seu pai fez o que? Onde ele está? Ele já fez algo com você? Você esta bem? Da para bater nele? Eu quero bater nele...

—Travis, deixa a menina respirar. –Luke repreendeu o irmão que metralhava as palavras.

—Eu não consigo acreditar numa coisa dessas. –Thalia estava em choque.

—Eu também não. –Katie respondeu baixinho.

Thalia tentou pensar em algo para falar mas seu raciocínio foi cortado pelo toque estridente de seu celular. O puxou do bolso e viu o nome “Silena” piscando no visor.

—Alô, Si. –Tentou manter a voz normal mas ainda estava em choque pela ultima informação dada por Katie.

—Thalia? –Uma voz grossa, que com certeza não era a da amiga, soou pela linha.

—Quem esta falando? –Franziu o cenho.

—Meu nome é Charles. –Ele tinha a voz urgente.

—Ah, oi, Charles. O que aconteceu? –Perguntou desconfiada ao notar o tom de voz dele.

—Eu preciso que venham ao hospital central. –Nessa hora Thalia já havia levantada atônita. –A Silena esta internada, precisa de você e das meninas.

—Eu estou com a Katie, já estou indo, fale com a Annabeth. –Desligou o telefone e virou-se para a amiga. –A Silena está no hospital, vamos lá.

Katie já estava de pé, qualquer outra preocupação foi substituída pela angustia de ter a amiga no hospital. Não sabiam os detalhes e uma mente preocupada sempre projeta o pior cenário possível.

—Eu levo vocês. –Luke pegou a chave de seu carro e foi até a porta. Abraçou Thalia pelos ombros, que já tremia. –Calma, ela esta no hospital sendo bem tratada, não se torture antes da hora.

—Eu vou junto. –Travis deu de ombro e entrelaçou seus dedos com os de Katie, a puxando. –Meu irmão cuida da Punk e eu cuido de você, tá? Se preocupe só com sua amiga a partir de agora.

Os quatro saíram apressados. Thalia e Katie com o coração na mão, preocupadas, pedindo aos deuses baixinho que a amiga estivesse bem. “seja forte, Silena” era o novo mantra delas.


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Notas finais do capítulo

O proximo capitulo terá as quatros reunidas!
E ai gostaram do começo do namoro?
Se preparem pro que virá!