Desajustadas escrita por KitKatie


Capítulo 33
Expectativas


Notas iniciais do capítulo

Realmente voltei hahaha
Aproveitei a quarentena para engatar a escrita e posso afirmar que essa história tomou trilhos.
Espero que gostem, boa leitura!



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Silena apertava seu celular entre os dedos, pensativa. Ponderava suas opções. Não conseguia dormir. O coração palpitava. Mordeu os lábios e pegou um creme em cima de seu penteadeira, passando ele pelo seu rosto.

Ela queria falar com Charlie, mandar uma mensagem a ele e convida-lo a acompanha-la para escola. Silena queria ficar mais temo com ele mas sabia que o garoto trabalha muito então não conseguiram conciliar os horários.

Silena queria, e muito, ter um tempo com ele, conversar, caminharem juntos e terem um momento a sós. Conversar com Charlie acalmava seu coração e deixava-a mais leve. Mas ela sentia-se insegura, achava o garoto praticamente intocável. Ele era lindo, caloroso, gentil, esforçado, honesto, protetor...

Suspirou. Seu coração disparava só com a possibilidade de falar com ele. Queria gritar, nunca teve problemas com paixonites. Sabia que muitos garotos desejavam estar com si. Mas era inevitável, durante toda vida Silena escondeu-se atrás de sua beleza, conquistava pelo olhar, e isso não funcionava com Charlie, ele via através dela, quando estava com ele, Silena era mais do que um rosto bonito, era uma alma bonita. E essa sensação, de ter alguém admirando seu coração, fazia a menina sentir-se a mais sublime criatura de todas.

Já não tinha mais para onde fugir, seu coração dançava em um único ritmo. O do amor. Olhou a bailarina em cima de sua penteadeira e sorriu, queria ser a namorada dele. Riu de seus próprios pensamentos. Não tinha coragem nem de mandar uma mensagem para ele.

Respirou profundamente e olhou o próprio reflexo no espelho. Teria coragem de deixar que ele a olhasse? Charlie aceitaria plenamente a si? Ela tinha tanto medo dele não achar seu corpo bonito...

Não queria deixar alguém entrar em sua vida antes que fosse plenamente capaz de dar a ele amor. E para amar alguém ela precisava primeiro amar a si. Flashes do casamento de seus pais brilharam na sua cabeça. Ela queria ser amada.

Num ímpeto de coragem pegou seu celular e digitou rápido “Olá, Charlie, como está? Seu ferimento está bem?” e enviou para o contato antes que perdesse a coragem. Respirou fundo, não tinha mais volta.

Tomou um gole da agua que deixava próxima a cama e levantou, caminhando pelo quarto. E sentiu o corpo todo vibrar ao ouvir o celular apitando. Correu, tropeçando nos próprios pés e pegou o aparelho.

“Olá, Si! Estou bem sim, troquei o curativo e acho que logo tirarei os pontos. E você? Como está? Sua amiga recebeu alta?”

Um grito escapou de sua garganta. SI. Ele havia a chamado de “Si”, sentia o coração pulsar rapidamente. Apressou-se em responder-lhe e antes que nota-se já estavam numa conversa, falaram do dia, de acontecimentos, chegou até ao ponto de pedir seus hobbys – artes manuais. Já sentia os olhos pesarem de sono, mas antes precisava pedir. Queria convida-lo para passar mais tempo com ela.

“Charlie, quer ir comigo amanhã até a escola?”. Jogou-se na cama e esperou pela resposta.

“Eu adoraria, passo na sua casa as 7:00”.

Silena dormiu em paz.

Não muito longe dali, Thalia rolava pela cama, pensativa. O dia havia sido incrível. Há quanto tempo não se divertia assim? Os momentos antes daquela tarde foram de puro horror, o desespero de não saber de Katie mas os momentos seguintes compensaram.

Thalia passou de um extremo ao outro, totalmente solitária para totalmente acompanhada. Sempre fora do tipo que afastará amigos, preferia estar sozinha, ou ao menos se convencia disso; fugiu de criar laços, de certa forma, tinha medo de apegar-se, seu coração lembrava-a da dor de perder seu irmão, Jason. Ele foi a primeira pessoa que deixou aproximar-se, ainda lembrava daquele loirinho correndo em sua direção, dando um beijo em seu rosto e olhando-a carinhosa.

Sua pré-adolescência foi preenchida por ele e o dia que ele foi levado para Roma, num internato, por Zeus, seu mundo ruiu. Naquele momento percebeu que a amar machucava.

Balançou a cabeça, não queria pensar nisso naquele momento. Não queria abrir espaço para maus pensamentos, aquilo era um gatilho para si. Foi a cozinha, preparou um sanduiche e voltou ao seu quarto, colocou uma música e sentou frente à janela, observando a rua pouco movimentada, daquele bairro rico e frustrante.

Sua mente gostava de tortura-la então logo voltou a pensar em Jason, sentia muita falta dele, gostaria de ligar mas tinha medo de incomoda-lo. A última vez que se falaram, cerca de duas semanas atrás, ele lhe contará que estava em época de provas e preparações para entrar numa faculdade ótima, ele faria administração, como Zeus sempre quis. Jason sempre foi o filho perfeito.

Conseguiu vaga num internato renomado em Roma, namorava uma linda menina chamada Piper, tinha notas altas e um futuro promissor. Tudo que Thalia não tinha.

Não que fosse má aluna ou qualquer coisa do tipo, mas simplesmente não gostava de corresponder às expectativas irreais de seu pai. Era sua vida, seu destino, quem deveria traça-lo seria ela. Pensava em fazer faculdade de música, talvez um dia dar aula a crianças...

Seus pensamentos continuavam levando-a a lugares que não gostaria, logo pensou em Luke. Ele lembrava Jason. Ambos loiros, curiosos e com o poder de entrar no coração de Thalia.

Gostava daquele loiro metido e atrevido. Ele sempre parecia estar disposto a arranjar uma guerra por ela e isso era tudo que Thalia queria, alguém disposto a lutar por ela. Mas ainda assim tinha medo.

Não queria gostar dele, tudo que ela gostava era tirado de si. Como poderia entregar-se a isso sabendo que ele poderia abandona-la? Sua mãe a largou, seu irmão foi embora e ela não conseguia evitar pensar que, mais cedo ou mais tarde, Luke também o faria.

Mas, ao mesmo tempo, não tinha fundamentos para pensar aquilo. Luke era seu amigo e ele, até então, nunca havia dado motivo para Thalia duvidar de sua lealdade.

Suspiro e deitou na cama, não queira pensar nessas coisas. Guardaria no fundo do peito esse sentimento e por enquanto desfrutaria da amizade de Luke.

Sentiu o celular vibrar no bolso e viu no visor o nome “Luke” piscando. Arregalou os olhos, aquele maldito lia pensamentos? Os deuses e suas coincidências estupidas....

Ponderou. Deveria atender? Pensar que um dia Luke a deixaria fez um sentimento ruim crescer no seu estomago. Sentiu raiva do garoto e, mesmo que todo seu lado racional berrasse com ela por estar agindo de maneira estupida, seu lado emocional, inseguro e machucado, berrou mais alto e ela ignorou a chamada de Luke.

“Me desculpe...” Sussurrou, para ele, de algum jeito. Não queria que suas paranoias a dominassem mas era inevitável.

Enterrou a cabeça no próprio travesseiro, abafando um grito, odiava ter sentimentos assim dentro de si. Podia quebrar algo e só não o fez pois sentiu seu telefone vibrar novamente. O nome dele aparecia de novo.

Apenas encarou o visor até que ele se apagasse. Suspirou. E tomou mais um susto ao ver a tela piscando pela terceira vez.

Colocou qualquer sentimento dominante dentro de si de lado e atendeu, Luke não ligaria assim se não fosse uma emergência, ele precisava de sua ajuda, e ela não o ignoraria por causa de inseguranças ingênuas.

—Alô? –Sua voz soou excitante.

—Punk! –A voz de Luke era aliviada e Thalia sabia que ele sorria. –Me deixou preocupado...

—Desculpe eu estava... –Thalia suspirou. –Fazendo um lanche na cozinha. O que aconteceu?

—Você já está em casa? –Luke estava deitado em sua cama, olhando o teto, mordia os lábios e tinha em mente um sorriso lindo, o de Thalia.

—Estou, Katie ganhou alta hoje pela tarde. –Respondeu. –Aconteceu algo para me ligar?

—Eu queria ouvir sua voz. –Luke respondeu de prontidão e completou apressadamente. –Estava preocupado, sabe, muito tempo no hospital e ...

Sua fala foi cortada por uma risadinha de Thalia, seu coração batia rápido, Luke havia sentido falta de sua voz, o quão melosamente fofo aquilo era?

—Meu irmão estava preocupado com ela também. –Luke completou, buscando cortar o silencio.

—Travis? –Thalia lembrava dele, ele havia ido, junto de Silena, procurar por Katie.

—É. –Ele soltou uma risadinha.

—O que ele tem com a Katie? –Thalia assumia uma posição defensiva. Katie era um doce e talvez inocente demais mas a punk não era boba, conhecia tipinhos como o de Travis Stoll, meio irmão do loiro, o tipo descolado, popular, brincalhão e galinha.

—Acredite, Thalia, se Travis fosse uma ameaça a uma de suas amigas eu mesmo o daria uma surra. –Luke suspirou. –Eu sei de toda a fama que ele tem, mas no fundo ele é só garoto que quer se apaixonar. Encontrar uma garota legal, boa namorada e viver tranquilo.

—E essa garota seria a Katie?

—Ela passou uma ótima impressão para ele. –Luke riu, lembrava da noite que Travis a conhecerá, ele passou o dia seguinte inteiro pelos cantos, suspirando e dizendo que havia conhecido a menina mais linda do mundo.

—Foi ele que mandou flores para ela? –Thalia perguntou, pensativa. Lavandas e girassóis haviam sido entregues no hospital. Luke havia dito a Travis que Katie estava no hospital.

—Sim, mas por favor não conte a ela. Acredite ou não, Travis esta tímido com relação a ela, é a primeira vez que o vejo assim. Ele corou quando me disse que mandaria flores para ela. –Luke riu mas adquiriu um tom de voz serio ao completar. –O amor realmente muda as pessoas.

—Você parece saber muito sobre o amor... –Thalia cometou distraidamente.

—Eu estou amando. –Luke disse, a voz pesada.

Thalia não soube o que responder. Um silêncio preencheu a chamada e, depois de alguns segundo constrangedores, Luke despediu-se e a ligação foi encerrada.

Thalia revirou-se na cama. Frustrada. Seria ela a menina que Luke estava amando?

Balançou a cabeça e afastou esses pensamentos. Não. Não queria criar expectativas e frustrar-se, não queria, não podia, não iria. Iria ignorar aquilo, A chance dela ser o objeto do afeto do loiro era mínima.

Fechou os olhos, iria dormir. Mas, lá dentro, não pode evitar de completar a sentença: “Eu também estou amando, Luke.”


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Notas finais do capítulo

Obrigada a quem leu, fiquei feliz em rever leitores queridos!
Continuem acompanhando!
Obrigada por tudo, amo vocês!



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