A Escuridão Escarlate escrita por Tris Z


Capítulo 10
Capitulo 9


Notas iniciais do capítulo

E ai meus amores? Como vocês estão? Estou trazendo outro capitulo inteiro Beward s2 :3
Espero que vocês gostem!
Tris Z.



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O que eu estava fazendo? Porque diabos eu estava ali? Onde havia me metido?

Por um breve momento, pensei seriamente em virar e ir embora, mas não podia deixá-lo. Não agora.

Lá estava eu, sentada no meio da floresta, ao lado de um vampiro do qual eu não sabia praticamente nada ao respeito.

Mas eu não podia negar, ficar ao seu lado, com a leve brisa que levantava alguns fios do meu cabelo, e o som da sua respiração era extremamente gratificante.

Assim, como a sua mão repousada sobre minha, aquela mesma sensação me tomou. Sua presença acalentava meu ser. Era como estar finalmente em casa.

Estávamos sentados lado a lado sobre a relva esverdeada, envolta por árvores frondosas e o céu nublado pelas nuvens que indicavam a chuva iminente.

Edward estava calado há tempos. E eu não me incomodei em deixar que o silêncio permanecesse. Podia sentir seu cheiro único, algo doce e cativante.

Até agora, meu olhar estava sobre as finas cerdas de grama que surgiam por entre a terra fofa, todavia, arrisquei um olhar de esguelha para a sua forma esguia.

Ele me pegou olhando e sorriu.

— Você parece preocupada.

— Não — eu disse, minha voz falhou — Surpresa, na verdade... O que causou tudo isso?

— Eu já te disse... Me cansei de tentar ficar longe de você.

Ele ainda estava sorrindo, mas seus olhos estavam sérios.

— Desistindo? — Repeti confusa

— Sim, desistindo de tentar ser bonzinho. Eu vou fazer o que quiser agora, e deixar o que tiver de acontecer.

Seu sorriso sumiu enquanto ele explicava, sua voz adquiriu um tom duro.

— Você me perdeu de novo.

O sorriso arrebatador reapareceu.

— Eu sempre falo demais quando estou com você,esse é um dos problemas.

Gargalhei.

— Não fique preocupado. Faço a mesma coisa.

Seu sorriso voltou.

— Estou contando com isso.

Enrolei uma mecha de cabelo entre os dedos em um típico sinal de nervosismo.

— Então, em um inglês simples, nós somos amigos agora?

— Amigos... — ele meditou em duvida.

— Ou não — murmurei.

Ele sorriu.

— Bem, nós podemos tentar, eu suponho. Mas eu te aviso que eu não sou um bom amigo para você. — Por trás do sorriso, o aviso era verdadeiro.

— Você diz muito isso — Falei — Mas acredite, sou muito mais perigosa que você.

Sua gargalhada me contagiou.

— Oh... Eu acredito. Mas ainda sim, não sou uma boa companhia. Se for esperta, vai me evitar,

— Eu acho que você também já deixou clara a sua opinião sobre meu intelecto. — Meus olhos reviraram. — Ainda assim, você deveria me evitar, não o contrário.

Ele sorriu, ignorando meu ultimo comentário.

— Então, enquanto eu estou sendo... Nada esperto, nós vamos tentar ser amigos? — eu lutei para entender a confusa mudança.

— Isso parece correto.

Ele suspirou aliviado.

— Ainda bem. Achei que você já teria fugido nessas horas.

Levantei uma sobrancelha. Ele apenas balançou a cabeça e encarou o nada.

Suspirei internamente e enrolei meus dedos na grama, puxando-as.

Não éramos tão diferentes. Ainda, vampiros. Edward era mais fraco que eu, disso não tinha duvidas. E santo Drácula, podia não conhecê-lo há muito tempo, mas eu tinha a plena certeza de que ele não era uma ameaça. Então porque eu estava relutante?

— O que esta pensando? — ele questionou.

Sem olhar para ele, falei a primeira coisa que veio na minha cabeça.

— Como sua raça de vampiros surgiu?

Ele piscou confuso.

— Não sabemos ao certo. Porque não podemos simplesmente ter evoluído, assim como os humanos? Porque a mesma pessoa que criou o tubarão e o peixe-anjo, ou a balei assassina e o bebe foca não pode ter criado nós, vampiros e humanos? Pelo menos, é a teoria de Carlisle.

O encarei estupefata.

— É uma boa teoria, se você desconsiderar o fato que não somos seres normais. Não deveríamos existir.

Ele me olhou.

— O que você quer dizer? Sabe a origem dos vampiros?

Suspirei pesadamente.

— Só sei a origem de minha “raça”. A família original, os Mikaelson, era constituída por sete filhos. Depois que um dos filhos morreu, a família decidiu ir para outro lugar. Eles se instalaram aqui, mas encontraram uma grande tribo de lobisomens. Logo, morar perto dele se tornou perigoso. A gota d’água foi quando o filho mais novo foi morto por um dos animais metamorfos. Os pais ficaram desesperados, não queriam que seus filhos morressem. Então a mãe, que também era a bruxa original, fez um feitiço. Ela deu sangue misturado para eles beberem no jantar, e logo mataram cada um. Em poucas horas, ele acordaram. Mais fortes; mais rápidos... Quase eram indestrutíveis. Logo, tiveram que pagar o preço pela imortalidade. Sua sede por sangue era incontrolável. Não demorou muito apara que eles fizessem mais e mais vampiros. Aí, que eu entro na historia.

Sua expressão era quase cômica. Espanto, surpresa e curiosidade se misturavam em sua face.

— Tenho uma teoria sobre vocês. — continuei — Niklaus,é um hibrido,mas seu lado lobisomem foi aprisionado a muito tempo. Creio que ele tenha,assim como seus irmãos,tentado criar outros vampiros, quando ambas as suas partes estivessem soltas. Assim, se resultou em vocês.

Após alguns segundos de silencio, Edward finalmente anunciou seriamente:

— Isso é incrível.

Franzi o cenho.

— Eu diria: aterrorizante, mórbido, bizarro e muitas outras coisas. Mas sem duvida eu não chamaria isso de “incrível”.

Ainda com uma expressão esbaforida, ele sussurrou:

— Carlisle vai adorar essa teoria.

Teoria — Bufei.

Ele sorriu.

— Obrigado por compartilhar essa historia comigo.

Sorri um pouco abobalhada.

— Bom... Eu não falei tudo. É claro que a nova espécie que Niklaus criou não era tão letal — provoquei — Muito fracos, e muito, muito lentos.

Ele abriu um sorriso zombeteiro.

— Lentos? Poderia ganhar de você em qualquer corrida.

Levantei-me em um pulo.

— É o que veremos. — gritei, já disparando por ente as árvores.

Não precisei me virar para ver se ele me seguia. Eu podia ouvir seus passos. Sua respiração desnecessária. Podia sentir que se aproximava.

Acelerei o passo, tendo o cuidado de ficar longe o bastante de seus passos longos.

Não pude me distrair com os arredores.  Estava concentrada demais em me manter longe das mãos de um vampiro de cabelos cor de bronze.

No entanto, diminui meus passos quando senti a primeira gota da chuva cair em meu nariz.

Aquele foi meu erro.

Acelerei outra vez, com a falsa esperança de que conseguiria me afastar.

Senti suas mãos segurarem minha cintura e me puxar para trás em direção ao seu tórax.

Eu dei uma leve risada e virei para olhá-lo.

A chuva caia tempestuosamente, encharcando meus cabelos e roupas. Com dificuldades, encarei seu rosto divertido.

Ele aproximou seu rosto do meu, com um sorriso encantador sapecando em seus lábios.

— Pensei que eu fosse muito, muito lento.

Eu sorri, passando a mão na linha de seu queixo.

— E você é.

Ele gargalhou, e colocou uma mexa de meu cabelo atrás da orelha.

Nossos narizes estavam próximos, e por milímetros não se tocavam. Sua respiração ricocheteava em meu rosto, e — por alguns minutos — me perdi em seus olhos dourados cor de mel.

Eu podia ver tanta coisa ali. Tantas coisas bonitas. Esperança. Ternura. Compreensão. E por um momento, um pequeno momento, eu jurei que pude vislumbrar algo parecido com amor neles.

Meu estomago se contorceu, avisando-me sobre a presença de milhares de borboletas.  E naquele exato momento eu pude compreender: Eu estava completamente apaixonada por Edward Cullen.

Não. Isso não poderia acontecer. Essas coisas não aconteciam comigo. Talvez com outras pessoas, mas não comigo. E eu sabia que se deixasse que esses sentimentos se procedessem, um coração se partiria no final.

Pigarreei, e me afastei.

Ele me olhou confuso. Desviei o olhar, sabendo de que, se eu fitasse seus belos olhos cor de topázio, me jogaria em seus braços sem hesitar.

— Acho melhor irmos.

Visivelmente abalado, ele apenas assentiu e deu meia volta em direção a escola.

*******************

A chuva caía com intensidade, sem se preocupar com as pessoas que deixava encharcadas. Nos declives das ruas de asfalto, pequenas poças de água se formavam por todos os arredores.

Aquilo era nostálgico. Eu podia ver dois pequenos garotos pulando de poça em poça, sem se preocupar com a lama que grudava nas solas de suas botas. Os respingos de chuva manchavam suas camisas desalinhadas, e seus cabelos se prendiam a testa.

Eles disputavam e divertiam-se, com uma harmonia que hoje, se tornará quase impossível. Suas risadas reverberavam a quilômetros de distância. Esse som melódico enchia o casarão e dava-lhe vida.

Eu podia sentir a alegria emanando das duas crianças, que até poucos meses não passavam de primos distantes, mas agora, sentada na varanda da casa da família Salvatore, enquanto minhas mãos apertavam o tecido liso de meu vestido em nervosismo e com meu tio — que para mim se tornará um pai — sentado ao meu lado, eu pude perceber que Damon e Stefan haviam se tornado meus irmãos.

Embora fosse apenas dois anos mais velha que o caçula, minha infância havia a muito tempo se extinguido. Passara por coisas que uma criança jamais deveria passar, e hoje, eu sentia que estava finalmente em casa. Meu pai e minha mãe podiam não estar aqui, mesmo assim, ao invés de sentir a saudade em cada partícula de meu corpo, eu me sentia livre. Minha pele agradecia estar pela primeira vez em anos, sem sequer uma escoriação.

E sentada ali, vendo duas formas debaixo da garoa, enquanto o braço de meu pai adotivo circundava meus ombros em um semi-abraço, percebi que havia finalmente encontrado minha família.

Foi sua voz aveludada que me tirou dos devaneios nostálgicos que insistiam em perseguir minha mente.

Encarei seu belo rosto em profunda confusão, o que resultou em uma risada zombeteira de sua parte.

— Vai para aula de Educação Física?

Fiz uma careta. Seu sorriso aumentou.

— Já vi que não.

Suspirei, reprimindo um espirro.

— Você não deveria ficar na chuva.

Abri um sorriso franco.

— Sou um ser imortal. Não pego resfriado. — provoquei, embora pudesse ver um vinco de preocupação em sua testa.

Seus lábios formaram um fraco sorriso. Depois, ele tocou meu braço, me puxando.

— Venha. Vou te dar uma carona.

Pisquei confusa.

— Mas eu tenho carro.

— Mas eu vou te dar uma carona. Você não está bem apara dirigir. — explicou.

Bufei.

— Eu estou completamente bem.

O vinco em sua testa aumentou, e pude perceber um vislumbre de desespero em seus belos olhos de pirata.

Então, eu compreendi. Edward queria uma desculpa para ficar mais tempo comigo.

Essa constatação quase me fez explodir de alegria. Quase.

Pousei minha mão em seu ombro e o encarei, contendo-me para não perder a cabeça.

— Eu adoraria aceitar sua oferta. Mas meus irmãos são muito complicados. Encheram minha cabeça por dias. E sinceramente, acho que já tenho problemas demais para lidar.

— Claro — seu rosto era compreensivo, seus olhos estavam tristes.

Não gostei de ver a dor em seus olhos.

— Mas se você quiser me acompanhar... — tentei concertar.

Ele sorriu e balançou a cabeça.

— Tenho que esperar meus irmãos.

Anui, e por um estúpido impulso, o abracei desajeitadamente. Ele passou seus braços pelas minhas costas e me apertou contra seu corpo.

Desencostei-me levemente.

— Até amanhã.

Ele encostou seus lábios em minha têmpora por alguns segundos.

— Até.

Ficamos abraçados por um tempo, até eu finalmente me desvencilhar de seus longos braços.

Caminhei até minha picape, resistindo à enorme vontade de voltar e me aconchegar em seus braços.

Com as janelas fechadas, liguei o aquecedor. Torci meu cabelo molhado, manchando assim, o couro gasto.

Dei ré, perambulei pelo estacionamento. Quando olhei peço retrovisor, pude ver o sorriso terno que estampava sua face.


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Notas finais do capítulo

Eai o que estão achando?
Kisses ;)