Caitlin se encontrava ansiosa para o momento que Barry cumprisse o que prometeu e surgisse naqueles corredores a toda velocidade. Ela tentava a todo custo tentar não deixar sua ansiedade transparecer. O que não era uma tarefa simples, contando o fato de que não conseguia ficar parada no mesmo lugar por muito tempo. Ela estava prestes a ter uma importantíssima conversa com Barry e iria expor seu coração para ele. Fato esse que a deixava um pouco assustada. Ela nunca foi muito boa nisso. Abrir seu coração e deixar os outros verem seu lado mais vulnerável.

Era fim de tarde quando o tão conhecido vento bagunçou seu cabelo e denunciou a presença do velocista antes mesmo que a doutora se virasse.

— Oi —Cumprimentou-o com um sorriso

—Oi — Ele devolveu da mesma maneira — Você queria conversar?

— Mas não aqui. Vem comigo! — Ela lhe estendeu a mão.

— Pra onde?

— Não vou dizer. Sei que é bem capaz de você me pegar no colo e me levar até lá. E isso não vai acontecer, eu vou dirigindo, então só confie em mim. — E ele o fez.

...

Ela o levou ao planetário de Central City, que estava ligeiramente vazio por causa do dia e horário que foram. Com exceção de alguns jovens aqui e ali, eles estavam praticamente sozinhos naquele local. Caitlin escolheu o planetário entre tantos os lugares, por que era um local especial para ela, e segundo sua opinião, prefeito para conversa que ambos precisavam ter.

“É lindo” Foi a primeira coisa que pensou ao entrar ali. A sala escura e as projeções de constelações acima deles fazia dali, um lugar de tirar o folego. E o fez pensar por qual motivo nunca tinha vindo ali antes

Ele entendeu a simbologia dela tê-lo trazido aquele lugar em especifico. As estrelas...Eles. Sem contar o fato que era bastante reservado, ninguém os interromperia ali.

 Assim que se sentaram nos lugares mais afastados possíveis das poucas pessoas presentes, a doutora respirou fundo, tomando coragem, e começou a falar.

— Quando eu era uma criança, era fissurada em estrelas. Eu memorizava os nomes das constelações, suas histórias. Toda a noite eu costumava olhar pela janela para observa-las, isso me acalmava. E de vez enquanto meu pai me trazia em lugares como esses. Era um dos meus lugares favoritos. Isso era culpa sua sabia? Ou do destino, se preferir. Desde que descobri o que a nossa marca era, simplesmente amei estrelas. Costumava fantasiar com o momento que iria te conhecer, como você se parecia. Na minha vida inteira você sempre esteve presente, era uma parte de mim. Eu sentia você e sabia que não estava sozinha. Queria te conhecer mais que tudo. Amar e ser amada de volta. Eu queria a felicidade de estar junto com minha outra metade... E então eu cresci. A realização de que existia uma única pessoa certa pra mim no mundo inteiro me assustou. Você poderia estar em qualquer lugar; do outro lado do planeta até. E nada me garantia que um dia te encontraria. Então eu foquei na minha carreira; a única coisa que podia controlar em minha vida. E então Ronnie apareceu. Ele era legal, charmoso, gentil e...E eu me apaixonei por ele. Ele estava bem na minha frente e era mais que apenas uma sensação no fundo do meu coração, ele era real. Muitas pessoas nunca encontraram sua alma gêmea e foram felizes ao lado de outra pessoa. E foi isso que ele me ofereceu. Eu fui feliz e o amei. Quando ele me pediu para ser sua esposa, não hesitei antes de aceitar, mesmo que isso significasse esquecer você. Nós iriamos construir nossas vidas juntos. Quando o acelerador explodiu e ele morreu, eu achei que iria sufocar na minha dor. Minha carreira tinha ido para o ralo, meu noivo estava morto, e eu sentia como se nada tivesse restado pra mim. Então quando Dr. Wells disse que um paciente afetado pelo acelerador precisava dos nossos cuidados, vi isso quase como um bote salva vidas. Algo para ocupar minha cabeça e me fazer esquecer. Então você chegou e era... Você. Uma semana depois de ter perdido Ronnie eu me deparo com a minha alma gêmea e você estava e coma; morrendo ao que parecia... E era meu paciente. Não sabia como lidar com isso, então decidi olhar pra você apenas como isso: Um paciente. Decidi ignorar quem você era e me manter o mais emocionalmente afastada possível, mas mais vezes do que gostaria de admitir, me pequei olhando pra você, querendo que acordasse para poder te conhecer; para ouvir sua voz. E quando você finalmente acordou meus sentimentos viraram uma loucura. Você foi melhor que cada fantasia que eu jamais pudesse ter feito. Tentei negar, tentei fugir, mas a verdade é que no momento que olhou pra mim pela primeira vez, você teve o meu coração. Conforme o tempo foi passando, isso ficou cada vez mais claro e eu me peguei querendo coisas que não queria há muito tempo. E eu me senti culpada por isso. Estava indo me casar com Ronnie, prometendo ama-lo pelo resto da minha vida e que a marca que carrego comigo não tinha mais importância e nunca mais teria. E isso foi uma mentira.

— Oh...Cait — Ele não sabia ao certo como reagir a isso, então simplesmente a puxou para um abraço. Nunca antes tinha pensado sobre o lado dela. O quão loucas as coisas foram para a doutora.

— Fico pensando se Ronnie não tivesse morrido naquela explosão. Eu teria me casado com ele e ai eu iria te conhecer e te amaria como nunca achei capaz alguém amar. Eu escolheria você Barry. Por mais que tivesse dito que iria ama-lo e escolhe-lo acima de você, eu não iria. Sempre seria você. E acho que isso faz de mim uma pessoa horrível. E que onde quer que Ronnie esteja agora, ele deve me odiar. Eu meio que mereço isso.

 Barry a abraça mais forte enquanto a escuta soluçar em seus braços. Ele não sabe direito quais as palavras certas a serem ditas. Isso nunca foi o seu forte, porém o que mais queria agora era poder tirar toda essa dor dentro de seu coração.

—Ele não te odeia Cait... Tenho certeza que não. Você não fez nada de errado. Querer ser feliz não é um pecado. E você o amou... Ele sabia disso. Não fique se martirizando com esses “e se”. Isso não aconteceu.

— Isso não me faz sentir melhor. — Admitiu anda contra seu peito.

— Eu sei que Ronnie foi muito importante na sua vida. Sei que o amou, e que talvez uma parte sua sempre vá ama-lo. Talvez uma parte minha também. O que foi? — perguntou quando ela o encarou. —Ele te fez feliz enquanto eu não estava presente. E se eu nunca de conhecesse, não consigo pensar em uma pessoa melhor para cuidar de você.

 Quando o silencio se manteve entre eles, ele continuou.

 — Eu estava pronto pra seguir em frente também, só não tive a oportunidade certa. Nunca pensei que isso fosse acontecer... Nós fossemos acontecer. As probabilidades de você encontrar sua alma gêmea não são la as melhores. Como você disse: A outra pessoa pode estar do outro lado do mundo, e eu nunca fui alguém de muita sorte. Mais um pouco e eu poderia estar como você. Dividido entre machucar alguém, e seguir meu coração. Mas a diferença agora é que você não esta machucando ninguém Cait, ninguém com exceção de si mesma.

— Eu sinto muito. — Ela pediu

— Por quê?

— Nunca quis te machucar por esconder a verdade. Eu só não me senti pronta pra te amar, pra admitir isso. Agora vejo que talvez você entenderia isso. Sinto muito pelo jeito que você descobriu ter sido o pior.

— Esta tudo bem... Agora esta. Eu conheço seu coração, Caitlin. Estou la, sentindo-o com você. E sentimentos não são sempre as coisas mais simples de decifrar, não sem um contexto. Não sou capaz de ler sua mente, nunca serei. Preciso que me conte então, que me diga o porquê. Não estou bravo, não agora que sei de tudo, mas ainda preciso que continue me dizendo o que quer. Irei entender... Fazer meu melhor. Só preciso que diga.

— Eu quero estar com você Barry. Eu quero ser feliz. Talvez seja egoísmo, talvez seja errado, mais é isso que eu quero.

 Com isso ela selou seus lábios em um beijo que, diferentemente de seus outros não era exigente e cheio de desejo, era doce e delicado, como uma promessa.

— Nós podemos levar isso lento se você quiser. Eu te esperei pela minha vida inteira, posso te esperar um pouquinho mais.

— Eu não acho que haja um devagar nisso, Barry. Se o amor for como cair, então eu já pulei á muito tempo, só preciso que esteja lá para me segurar antes que atinja o chão.

— Que tipo de herói eu seria se eu não? — E a beijou novamente, e de novo, e de novo.

— Mas talvez... — Ela interrompeu sua sessão de beijos, pois ainda existia algo que gostaria de dizer. — Talvez puséssemos manter isso entre nós por um tempo. Quero dizer: Nós meio que trabalhamos juntos, e para sua família eu sou apenas sua médica, existem meio que regras sobre se envolver com um paciente. Apenas por um pouco de tempo, gostaria que fossemos só você e eu.

— Se é isso que quer. Eu te disse Caitlin, nós podemos levar isso no seu ritmo. E agora eu tenho uma namorada secreta, quão quente é isso?

— É isso que sou? Sua namorada?

 O rosto de velocista se tornou vermelho, e ele agradeceu mentalmente a baixa iluminação. Se bem que sabia que ela podia senti-lo ficar tenso. E se essa foi uma denominação usada cedo demais? Ele disse ao seu ritmo, talvez isso fosse rápido demais pra ela.

— Quero dizer... Eu não...Talvez... Não sei. Você quer ser?

 Uma risada leve escapou dos lábios da doutora quebrando a tensão do momento.

— Apenas me beije logo — E esse foi um pedido que ele estava mais do que feliz em obedecer.