Wolf's Eyes escrita por Marih Yoshida, Tia Ally Valdez


Capítulo 4
IV - Agradecimento


Notas iniciais do capítulo

Hello friends! :3
Olha... Vou contar uma coisa pra vocês; Esse capítulo QUASE não saiu! A Marih tava com um lindo bloqueio pra escrever. Aí eu me ofereci para escrever o cap e a gente foi combinando uns detalhes aqui e ali. Então saiu essa belezura: inteiramente escrita pela Tia Ally aqui mas com várias ideias da Tia Marih! :3
Sem mais enrolações: esperamos que gostem!
Enjoy it! ;)
~Tia Ally

Oien! Me desculpem pela demora! Eu ando tão enrolada com tudo! Ainda bem que a Ally é esse amor lindo de pessoa e escreveu ele! Enfim, espero que gostem!
~Marih



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— Concentre-se, Thalia! – Hestia não estava brava, mas sua voz já deixara claro para Thalia que estava frustrada. Segundo ela, tentar ver as emoções de quem está ligado a um custode não deveria ser uma tarefa tão difícil quanto parecia.

— Eu estou tentando! – Justificou-se. – Mas é mais difícil do que parece.

A mais velha suspirou, parecendo derrotada. Thalia baixou o olhar, triste e, ao mesmo tempo, frustrada por não conseguir realizar um exercício tão simples.

— Eu sei que está preocupada, Thalia. Mas deixe, por um instante, os Lobos Negros de lado. Eles não vão te encontrar tão cedo. E, se você quiser proteger Nico, vai ter que saber ter acesso às suas emoções, ou ele não estará seguro a não ser que você esteja por perto. – Hestia se aproximou, vendo a preocupação estampada nos olhos de Thalia. – Mas, se os Lobos Negros estivessem aqui agora, eles poderiam muito bem estar torturando Nico e você não saberia.

Thalia arregalou os olhos ao imaginar o que Hestia dissera. E isso foi um incentivo para que se concentrasse o máximo possível.

Talvez ela tenha se concentrado até demais. Porque o que sentiu não foi uma emoção.

Foi uma lembrança. Uma lembrança de Nico.

Ele estava em outro colégio. Percebi isso ao ver a estrutura diferente. Os armários em outro lugar. Os corredores um pouco menores.

Nico deveria ter uns doze anos. Ele estava diferente. Parecia mais magro. E mais baixo. Não parecia o Nico de agora. Andava com os ombros encolhidos, segurando livros (de química, pelo que reconheci) com força contra o corpo. Andava a passos largos, como se estivesse tentando evitar algo ou alguém.

Essa dúvida foi solucionada quando alguém bloqueou o caminho de Nico. O estranho era, certamente, mais alto que ele. E não era um. Eram dois. Um garoto e uma garota. Os dois pareciam ter a mesma idade que Nico, apesar de serem mais altos. Os olhares eram cruéis. A menina tinha cabelos castanhos, presos para trás por uma bandana, e olhos castanhos. Usava roupas de couro, como uma espécie de delinquente. O garoto era loiro, com olhos azul-piscina, e tinha uma cicatriz no rosto. Do lado esquerdo.

— Olha só quem apareceu... – A menina começou, derrubando, com um gesto, os livros das mãos de Nico. – Vai fazer o que, seu doente? Vomitar em mim? – Ela completou o insulto com um gesto, levando dois dedos à boca, como se estivesse induzindo o vômito.

Nico respirou fundo, tentando passar, mas o outro garoto barrou seu caminho também. Estava rindo.

— Sua mamãe mandou o que para você vomitar hoje? – O garoto se aproximou de Nico, arrancando sua mochila das costas. Nico parecia tão fraco que nem tentou se defender. O garoto abriu sua mochila com ignorância, rompendo o zíper, e tirou de lá um pequeno lanche embrulhado. Depois o jogou na direção de Nico. – Come aí, magricela.

— Espere, Luke... – A menina se aproximou. – Ele não pode comer, senão vomita tudo!

O menino, agora identificado como Luke, riu alto. Nico se encolheu mais e tentou passar por eles, mas a menina o empurrou de volta. Minha vontade no momento era de me transformar e destroçar os dois.

— Verdade, Clarisse. – Luke acrescentou. – Que bom que me lembrou. Eu não iria querer ficar fedendo a vômito!

Nico respirou fundo outra vez, parecia estar a ponto de chorar.

— Awn... Tadinho... Vai se cortar de novo, suicida? – Clarisse chegou perto de Nico, que recuou até que batesse em Luke, que se aproximou dele pelo outro lado. Arregalei os olhos. Se cortar? Suicida?

Com um gesto grosseiro, Clarisse segurou os pulsos de Nico, puxando as mangas do moletom que usava e mostrando dois curativos. Um em cada pulso. Certamente, haviam cortes ali. Nico tentou recolher os pulsos, mas Clarisse os segurou com mais força, apertando os curativos e fazendo com que Nico gemesse baixo de dor.

— Ainda doem, branquelo? – Luke zombou.

— Me deixem em paz... – Nico praticamente suplicou. E essa súplica foi o suficiente para que eu notasse que ele já vinha sendo atormentado por Luke e Clarisse há um tempo. – Por favor, me deixem em paz...

Clarisse riu alto.

— Coitadinho do problemático... Vai pro banheiro do colégio para se cortar?

— Vai lá comer e vomitar, doente mental! – Luke o empurrou. Clarisse saiu do caminho na mesma hora e Nico se desequilibrou, caindo no chão. – Não se esqueça de se matar para evitar que alguém tenha que chegar perto de você e seu cheiro de vômito!

Nico soluçou baixo, se levantando, e correu até o banheiro.

Eu quis ver mais, mas a imagem começou a ficar desfocada. Senti meu rosto molhado. Nem notei que estava chorando. Aos poucos, tudo se escureceu.

— Thalia? – Jason chamou a irmã, que estava saindo de seu transe. – O que houve? Estava chorando...

Thalia levantou-se e secou as lágrimas. Hestia a encarava com certa curiosidade. A mesma que Jason.

— Nico... – Ela começou, segurando um soluço ao lembrar. – Nico tinha bulimia?

Jason empalideceu. Talvez fosse um dos poucos que soubesse o que se passou com Nico.

— Ele... – Começou. – Sim, ele tinha.

— E sofria bullying? – A mais nova perguntou em seguida. Jason suspirou. Depois assentiu. – Luke e Clarisse.

— Eles perturbavam Nico todos os dias. Primeiro porque ele era magro. Depois que descobriram a bulimia, as ofensas pioraram. E Nico tentou se matar. Pelo que ele me disse, foi no banheiro do colégio. Depois disso, os pais resolveram...

— Contratar um psicólogo. Dr. Apolo. E ele foi quase um segundo pai para ele. Foi graças a ele que Nico conseguiu curar a doença... – Thalia continuou, surpresa ao ver que falava como se a lembrança fosse sua. – Como eu sabia disso?

Hestia sorriu, orgulhosa, como se Thalia houvesse realizado um grande exercício.

— Suas memórias estão ligadas, Thalia... – Ela se aproximou da morena. – Você deu um grande passo. Acessar memórias é algo difícil. E você não só acessou, como também sentiu o que ele sentia.

Thalia sorriu levemente, mas baixou o rosto ao se lembrar de Nico sofrendo da maneira que sofreu. Hestia abaixou-se e secou a lágrima que a mais jovem deixou escapar.

Eu sinto muito que tenha sido uma lembrança tão triste... – Ela disse, recebendo um olhar confuso de Jason.

— Eu também sinto... – Thalia suspirou. Depois estranhou ao ver o sorriso gentil de Hestia. – O que houve?

A mais velha se aproximou.

— Thalia, você entendeu o que eu disse?

— Claro que entendi! Você disse que sente muito que tenha sido uma lembrança triste. – Thalia virou a cabeça para um lado, confusa. – Por quê?

— Ela falou em italiano. – Jason disse. – E você entendeu perfeitamente.

Thalia arregalou os olhos.

— Como eu entendi?!

— Nico fala italiano, Thalia. – Jason disse. Depois encarou Hestia. – A conexão dos dois é tão forte assim?

Hestia sorriu e assentiu. Depois olhou pela janela, fitando o céu escuro.

— Acho que vocês devem voltar. – Ela disse. – Amanhã nós continuamos, Thalia. Foi muito bem hoje.

Thalia sorriu, transformando-se em lobo e seguindo Jason, já transformado.

~^~

Nico foi surpreendido quando Thalia chegou rapidamente até ele no meio do corredor da escola. Depois o levou para um canto mais reservado.

— Thalia, o que... – Como se fosse possível, o garoto empalideceu quando Thalia arregaçou as mangas de sua jaqueta, olhando para as duas cicatrizes. Uma em cada pulso. – C-como você...

— Eu precisava ver com meus próprios olhos... – Thalia murmurou, tocando as cicatrizes. Nico puxou os pulsos. – Desculpe se é muito pessoal...

Ele negou devagar.

— Eu já superei. – Comentou. – Eu tive alguns problemas aos doze anos... – Nico suspirou baixo, sentindo dor ao se lembrar do que passava. – Jason te contou?

Thalia ficou em silêncio por um momento, pensando se deveria dizer sim. Mas, por fim, optou por assentir.

— Sim. Ele me contou. – Ela respondeu por fim. Nico suspirou baixo. – Eu sei que ele não deveria ter contado. Mas eu insisti em saber por que você veio estudar aqui. Não brigue com ele...

— Não estou bravo com ele... – Nico a interrompeu. – Nem com você. Hora ou outra eu acabaria te contando.

Thalia sorriu levemente. Depois puxou as mangas de Nico de volta, cobrindo as cicatrizes.

— Eu não vou contar para ninguém. – Ela sorriu levemente. – Eu prometo.

Nico devolveu seu sorriso e caminhou com ela até a primeira aula: literatura.

— Conseguiu começar o trabalho do professor de química?

Thalia o encarou enquanto entravam na sala.

— Trazer um exemplo de cada função orgânica? – Perguntou. Nico assentiu. – Não. Ainda confundo muito álcool e cetona. Principalmente na nomenclatura.

Nico sorriu levemente.

— Se quiser, eu ajudo você. – Ele disse. – O professor de química é louco. Só ele mesmo para passar trabalho no primeiro dia de aula.

Thalia riu baixo.

— Podemos ficar um tempo a mais na escola... – Sugeriu. Nico assentiu.

— Na biblioteca. Não leva mais que uma hora para fazer isso.

Thalia assentiu com um sorriso e voltou sua atenção para o professor que entrava na sala. Nico sorriu levemente e fez o mesmo. Não pôde evitar se lembrar do lobo que o salvou quando olhou nos olhos dela. Geralmente, ele se esquecia dessas coisas. Mas, desde que viu o animal, vinha tendo sonhos estranhos. E, em todos, o lobo aparecia. Às vezes observando de longe. Às vezes perto dele. Parecia tentar lhe dizer algo. E o mais estranho era que ele se sentia seguro perto daquele lobo em seus sonhos.

Por fim, suspirou. Tomara uma decisão. E o faria assim que anoitecesse.

~^~

— Com licença... – Nico entrou, meio envergonhado, no açougue. – Eu queria comprar um quilo de carne.

O homem atrás do balcão o olhou.

— Qual carne? – Perguntou. Nico olhou para os imensos pedaços de carne na vitrine. Já havia comprado carnes no açougue, mas nunca para uma ocasião tão estranha.

— Quero a melhor que tiver. – Respondeu, vendo o homem caminhar até um grande pedaço de carne, exposto num local um pouco mais alto. Ele pegou o pedaço de carne e o colocou num saco, pesando-o e lacrando o mesmo. Nico tirou a carteira do bolso e pagou o valor necessário.

— Ocasião especial? – O homem perguntou, lhe estendendo o pacote.

Nico sorriu levemente.

— De certa forma... É.

O homem sorriu levemente. Nico devolveu o sorriso e saiu do local, caminhando pelas ruas da cidade. A lua cheia brilhava nos céus. Se não fosse a iluminação da cidade, Nico tinha certeza de que a luz da lua seria suficiente para iluminar o local.

Ele caminhou a passos largos até a floresta não muito longe de onde estava. De repente, começou a se sentir ridículo. O que estava fazendo ali, afinal?

Por fim, tomou coragem e caminhou até um ponto da floresta distante da trilha.

~^~

Thalia sacudiu os pelos claros quando parou de correr. Estava frustrada. Havia corrido por quilômetros atrás de um cervo, que acabou por despistá-la. Acabou por dar meia volta e correr de volta para casa.

Ela já estava pronta para voltar a correr, quando sentiu, novamente, o cheiro adocicado e cítrico de Nico. Não pôde evitar estranhar e se perguntou por que motivo o moreno estaria ali.

— Eu não sei muito bem se você está ouvindo... – Ouviu-o dizer. – Mas eu queria agradecer... Por ter meio que me salvado daquele cachorro naquele dia.

Ela tentou conectar suas emoções e sentiu vontade de rir ao sentir o quão ridículo o garoto estava se sentindo ali. Cogitou virar-se e sair antes que fosse notada.

Mas, de repente, Thalia sentiu um forte e maravilhoso cheiro de carne fresca. Sua fome era imensa e falou mais alto.

Por fim, se aproximou, lentamente, do local. Nico estava agasalhado com uma jaqueta e um cachecol, o que, certamente, não era suficiente para protegê-lo do frio. Um pacote de carne estava aberto em um ponto da floresta. Thalia, por um momento, o achou idiota por ter arriscado sair da trilha da maneira que saiu. Lobos seriam seu menor problema se Nico se perdesse na floresta.

Ela sentiu o cheiro de Nico uma última vez e se aproximou.

Nico já estava cogitando ir embora daquele lugar e fingir que nada havia acontecido ali. Ele virou-se para sair e arregalou aos olhos ao olhar em volta e reparar em como as árvores eram parecidas. Estava distraído demais para prestar atenção no caminho que fizera. Ele tateou o bolso e pegou seu celular.

Sem sinal...

Nico estremeceu. O celular estava sem sinal. Pela fraca iluminação do local (apenas a lua cheia), estava afastado da cidade.

E ele estava perdido. Começou a se sentir estúpido. Teve a maravilhosa (só que não) ideia de comprar carne para um lobo que nem sabia se o ouviu. Temeu que um urso ou algo pior farejasse a carne e o atacasse e virou as costas, pronto para rodar a floresta sem rumo algum quando um som o surpreendeu.

Galhos se partindo.

Nico estremeceu novamente, engolindo em seco. Depois virou-se, sem sair do lugar e sem fazer movimentos bruscos.

E arregalou os olhos ao ver o que viu.

Era um lobo. Um lobo que ele reconheceria em qualquer lugar do mundo. A pelagem clara, quase branca... Os olhos azuis e brilhantes na escuridão da noite.

Era o mesmo lobo que ele via em seus sonhos.

Era o mesmo lobo que o salvou.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Gostaram? Não foi fofo? E a lembrança do Nico? Só eu fiquei com os olhos molhados aqui? Detesto fazer personagens sofrerem, gente! ~mentira. Vocês sabem que eu adoro~
Bem, fico por aqui! Vejo vocês nos reviews! :3
Bjoks! *3*
~Tia Ally

Digam o que acharam nos reviews!
Kisses! :3
~Marih



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