Júlia escrita por FreddieMcCurdy


Capítulo 1
Júlia




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Júlia

grávida aos dezesseis.

Vadia,

puta.

Sua saudade

tinha um por quem.

Ingênua, se enganou.

Pensou:

“E mesmo quando eu entregar

todas as minhas vontades

debaixo de ti

na sua cama,

nua,

à vontade,

para livrar-nos então

de todo o caos do dia-a-dia,

veja, meu bem:

ainda assim,

serei minha".

Alguma coisa,

naquele mês,

aconteceu.

Abafada pelo desejo malcriado

do homem que jura

um dia

tê-la amado,

Júlia convencia-se:

"Há braços?

Quero abraços”.

Junho chegou

com dívidas a pagar.

Remetente?

A inconsequência.

"Menina fácil, Indecente!".

A pobrezinha

enegreceu.

Desfez os planos,

aumentou os panos.

Enlouqueceu aos poucos,

acompanhada das lágrimas

nunca choradas,

já secas

pesando os olhos.

"Deixa, deixa eu gritar!".

Mas a comunidade,

educada

por uma cartilha

de bons modos,

erguia as mãos,

calava aos montes

sua imensidão.

"Quero ser poesia,

viver poesia!

Traz um chá de canela,

que amanhã é dia.".

Assim não o fez,

cercada pela sina

da ignorância.

Nunca sentira

o gosto

da liberdade,

da verdadeira

vida.

A barriga cresceu:

se fez bruta,

querendo ser líquida.

Júlia,

querem te ver no chão!

Nesse mundo

onde seu corpo

E sua vontade

não tem

nenhuma relação.

Pois então,

continuou.

Seus sonhos?

Os atrofiou.

Seguiu a vida

carregando o peso

de uma falsa

autoria.

Levando no corpo

marcas

de uma juventude

perdida.

Ah,

que bom seria

se naquela tarde congelante

abandonada,

sozinha

alguma alma piedosa,

no meio da rua,

a abraçasse

e dissesse:

“moça,

a culpa

não é sua.

Escondendo-se atrás

de uma pilha

de louça suja,

cercada

pelos âmbitos

de quem somente

julga,

Júlia

queria

virar história

em forma

de prosa.

A vida,

entretanto,

carregou-se de melancolia.

Tomou o posto

de transfigurar-se

em versos,

poesia.

Da boca

de seu (ex) amado,

a mulata

não quer

nem os cigarros.

Mas Júlia

não tem que querer!

Tem

que obedecer.

Júlia

é só menina.

Em um mundo que oprime,

arranca,

condena,

e passa por cima

da flor

que dá

a vida.


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