Everything Has Changed escrita por Keilla de Amigo


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

I'M BACK MY DARLINGS!!!

Estou aqui depois de muito tempo com uma nova Fanfic.

É bem diferente do que costumo a escrever então peço que peguem leve na crítica.

Aproveitando pra dizer que ONCE UPON A TIME: THE NEW CINDERELA NÃO SERÁ ABANDONADA! Pra quem esta acompanhando saibam que eu só estou com um certo bloqueio, pra variar. Pra quem não leu o Link esta ali embaixo. Se não quiser ler beleza. Dei uma conferida lá não esta me agradando muito. Vai demorar mais um pouquinho pra ser atualizada porque quero escrever algo de qualidade.

Também vou acrescentar que se você não quer ler é só fechar a página ou coisa do tipo. Eu sou super aberta a sugestões ( as que vocês sugeriram em OUT já estão anotadas ) e críticas. Críticas construtivas e não ofensivas. Uma garota me enviou uma MP bem pesada dizendo coisas horríveis e não quero passar por aquilo novamente.

*-* Aproveitem a leitura!!! *-*



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"All I knew this morning when I woke
Is I know something now"

Jack

 

Os raios de luz cobriram seu rosto no momento em que se remexeu na cama.

Tinha a leve impressão de ter fechado o blackout juntamente com a cortina antes de cair na cama.

Riu com a lembrança.

A noite anterior não passava de borrões em sua mente. Tudo que se lembrava era de ter saído da SSAB juntamente com Donna e de ter encontrado com alguns de seus amigos mais próximos no Tormenta.

Conferiu o relógio digital em cima do criado mudo ao lado da cama. Os números em verde florescente no visor marcavam 06:59. Suspirou aliviado. Ainda lhe restavam maravilhosos 21 minutos antes de iniciar mais um dia.

Isso é claro até ouvir um grito de Donna vindo de fora do quarto. A sala. Ele tinha certeza.

— Eu lhe avisei, Jackson! Disse que ele estava com algum plano em mente.

Abriu os olhos novamente e se sentou na cama.

Quando Donna começava com suas crises escandalosas logo pela manhã era sinal de que alguém lá em cima estava o alertando. Ela faria questão de reclamar sobre aquilo até chegarem a empresa e passaria o resto do dia esperando uma brecha para comentar sobre o ocorrido em todas as suas conversas. Sejam estas breves ou não.

A porta do quarto abriu com um baque tão forte que foi capaz de fazer com que um seus porta-retratos favoritos despencasse até o chão espalhando cacos de vidro para todos os lados.

— Uma vez é acidente, duas é coincidência e uma terceira até posso aguentar se levarmos em consideração que eles fazem esse tipo de coisa de vez em quando, mas vinte e sete vezes! Francamente, como você ainda tem a coragem de dizer que ele é parte da família.

Jack passou a mão em seus cabelos. As vezes ele se esquecia que não tinham mais um comprimento considerável. Os fios castanhos que iam até a altura dos ombros eram algo da preferência dele desde os 9 anos, mas somente no Colégial, o tão adorado pelos filmes e séries teen High School, é que se tornaram sua marca registrada. As vezes tinha um leve arrependimento de ter alterado com tanta rapizes e facilidade por puro capricho de sua namorada na época. Primeiro a franja e agora o volume na lateral ( ou como Donna passará a chamar há um tempo: o novo corte do Justin Bieber ).

— Brewer, você ao menos sabe do que estou falando ou ainda processando a ideia de que não consegue mais fazer um pequeno rabo de cavalo?!

Com o passar do tempo foi aprendendo os "macetes" para lidar com Donna e a maioria das mulheres. Raramente falhava.

Fez um leve aceno com a cabeça indicando um sinal de desculpas e que ela poderia prosseguir agora que tinha sua atenção.

— Eu sei que ele já estava aqui antes mesmo de nos encontrarmos de novo, mas ele tem cisma comigo!

Suspirou mais uma vez.

— Donna, ele é um cachorro. - disse aquilo como se fosse a maior explicação do mundo resumida em uma pequena frase - Ele não tem cisma com você. Não arquiteta planos malignos contra você. Ele é um cachorro.

— Eu nunca disse que ele arquitetava planos contra mim! - ela rebateu.

— Suas roupas, bolsas, sapatos, maquiagens e todas essas pulseiras e joias também se aplicam ao que acabei de falar.

Donna ergueu uma de suas sobrancelhas ruivas.

— É mesmo? - perguntou com aquele tom de voz tão bem conhecido por ele. Não haveriam argumentos que seriam capazes de mudar seus pensamentos, mesmo que ele estivesse certo - Então diga isso para os meus Caroline Passion. O seu campeão deixou um belo rastro bem em cima deles! Você tem noção do que isso significa? Caroline os desenhou exclusivamente pra mim!

— Você e Grace não combinaram de ir ver os vestidos para o noivado hoje? Compre outros.

Ela caminhou até a parede do quarto onde se encontrava o closet.

— Sabe muito bem que eu e sua prima não nos damos muito bem desde os tempos do Colégio. Lindsay e eu iremos ver os vestidos. - corrigiu - E não se lembra?! É óbvio que não! Só existem dois pares deles. Um esta com Caroline e o outro esta na sala com as fezes do seu cachorro em cima! Eram meus favoritos!

O moreno revirou os olhos.

Bufou.

Donna havia dito a mesma coisa nas outras vezes. Houndoon* havia destruido bem mais que sapatos. Na semana passada os dois passaram o fim de semana em Madri visitando os pais de Donna. Houdoon havia ficado sozinho durante 3 dias. Já era acostumado a passar dias sem a companhia do dono desde os 7 meses. Sempre fora comportado, mas por volta de 2 anos ( mais ou menos quando ele e Donna estabeleceram uma relação séria ) passara a ter seus momentos de rebeldia. Ao voltarem de viagem o cardigan rosa de sua namorada estava aos farrapos na boca de seu doberman, duas de suas bolsas favoritas que sequer haviam saído do closet ( foi o que deduziu ao ver as etiquetas, ou o que sobrou delas, penduradas nas alças ) estavam boiando do vaso sanitário e havia os restos do um dia fora um sutiã dourado de rendas em cima do sofá.

— Eu sei que ele esta aqui desde que você assumiu SSAB ao lado daquelazinha e não importo nenhum pouco de saber que ele nunca destruiu sequer uma peça de roupas da Heather quando vocês ainda estavam juntos. - Donna começou - E olha que como sua atual eu deveria ficar brava com qualquer coisa que fosse relacionada a sua ex.

— Aquelazinha tem nome, Donna. Já parou pra pensar que talvez se você e Grace parassem de ficar se alfinetando haveria a possibilidade de uma relação saudável entre as duas. E só pra esclarecer Heather nunca passou se quer uma noite aqui durante o tempo que ficamos juntos. O máximo que Houdoon conseguiria dela seriam os documentos que ela vivia esquecendo em cima do balcão da cozinha.

A ruiva saiu do closet. Não mais usava a regata branca e os curto short preto. Blazer cinza, camisa azul e calça social preta.

— O café esta pronto, não demore.

[...]

— A propósito, Jerry ligou avisando que sua prima vai estar voltando na próxima semana.

Jack estreitou os olhos.

— Você quis dizer o Eddie? - perguntou enquanto pegava mais uma panqueca no prato.

— Eddie, Jerry, eu sei lá. - ela respondeu com pouco caso - Uma hora ela esta com um e outra hora com outro. Tem uma filha de um, mas nem pirralha sabe quem realmente é o pai. Depois eu é que sou a garota problema.

A situação realmente era um tanto complicada. Não do jeito que Donna descrevia. Sua prima não era nenhuma mulher da vida.

Grace Brewer era sua prima. Ela, seu primo Kai, eram os do meio. Jadin, sua irmã, era a mais velha e ele o caçula. Grace engravidará quando o moreno tinha apenas 13 anos, o que fez com que a jovem de 15 anos abandonasse tudo para se dedicar somente a seu filho ou filha. Um tempo depois com do nascimento da pequena Kayla Brewer Grace conseguiu aos poucos voltar para o Colégio com a ajuda dos pais. Graças ao atraso de Grace e as péssimas notas de Jerry ( que permaneceu estudando mesmo com a chegada da filha por insistência da namorada ) ambos ficaram na mesma série que Jack. Até que no início do seu último ano do Colegial os dois terminaram o namoro de 5 anos e faltando poucas semanas para o grande baile dos formandos Grace e Eddie começaram a namorar. Jerry havia iniciado um relacionamento não oficial, ou como o mesmo dizia "ficavam", com Mika ( que Grace jurava de pés juntos ter sido o motivo para que o casal iniciasse a muitas brigas ) e um tempo depois começaram a namorar.

Hoje Kayla tinha 12 anos e pais divorciados. Grace e Eddie haviam se casado assim como Jerry e Mika. A pequena crescera considerando os dois chamando os de pai e apesar das queixas da mãe tratava Mika como uma tia.

—... Só que eu estava lavando a louça e acabei molhando. Até teria deixado em algum lugar pra que você lesse depois, mas perda foi tot...Jack! Será que da pra você parar de ficar viajando e prestar atenção no que eu falo? Francamente, o dia mal começou e eu já tenho que ficar te chamando atenção! Como se já não bastasse os meus saltos.

Aproveitando todas as brechas possíveis para jogar na cara, ele pensou.

— Eu estava dizendo que antes da ligação de um dos pais da sua afilhada recebi um Fax dos seus pais.

Tomou um gole do suco de laranja e segurou para não cuspir na cara da ruiva sentada a sua frente. As panquecas até que estavam boas levando em consideração que quando começaram a namorar elas tinham gosto de biscoitos caseiros com mofo. Se tinha algo que Donna não levava jeito algum era cozinhando.

— E o que dizia? - Jack perguntou abrindo a geladeira procurando algo que pudesse ser consumido sem causar uma intoxicação alimentar.

Parabéns pelo noivado. Esperamos que Jackson seja o homem que o críamos para ser e desista de passar o resto da vida com você, sua Vadia imunda.

Foram 5 minutos de silêncio até que um dos dois decidisse quebrar o gelo.

— Jerry também disse que alguém marcou uma reunião com você no seu primeiro horário. Algum membro do Conselho Tutelar da Inglaterra. - ela deu seu primeiro gole no suco e laranja e fez uma careta parecida com a que os bebês fazem quando sentem o gosto do limão pela primeira vez - Credo! Por que não disse que essa coisa estava horrível?

Jack pôs a jarra com vitamina de morango em cima da mesa. Para a sorte de ambos Jane, a empregada, havia preparado antes de ir embora ontem.

— Ele por acaso não mencionou o que queriam?

— Não, mas disse que era importante e é do Canada, não Inglaterra. - ela se corrigiu - Tem alguma noção do que possa ser?

Ele passou a mão pelos cabelos. Era mania estranha que ele, sua irmã e seus primos tinham. Quase sempre que ficavam indecisos, nervosos ou eufóricos faziam aquilo. Era quase que automático.

— Não faço ideia, mas acho melhor irmos logo.

Ela deu um leve sorriso.

— O.K., eu só preciso colocar as sandálias. - a ruiva lhe deu um selinho nos lábios e foi em direção ao quarto - As chaves estão na mesinha ao lado da porta.

Jack realmente não sabia sobre o que poderia ser. De início ao ouvir "Conselho Tutelar" pensou que poderia ser algo relacionado a Kayla. Donna não soubera dizer quem havia feito a ligação ou sabia, mas havia feito pouco caso. Provavelmente ele e Grace estariam entrando mais uma vez com algum processo relacionado a sua afilhada. Os dois até que mantinham uma boa relação pelo bem de Kayla e por fazerem parte do mesmo grupo de amigos, mas se fossem deixados juntos eram capazes de usar o objeto mais próximo como arma para acabar de vez com o outro.

A questão era que já fazia algum tempo que Jerry prometera leva-la em uma viagem para algum lugar ( que ele não sabia pra onde ), mas graças a Grace ele não podia leva-la para fora do País. Claro que se fossem apenas os dois seria aceitável. Jerry era o tipo de cara que não levava jeito algum na parte de cuidar. Foram 3 semanas pra que ele conseguisse por as fraldas de Kayla do lado certo, em um dia que Mika ficou ausente em casa ele havia usado uma gravata para usar como prendedor de cabelos na filha e a mandará para o colégio daquele jeito. Isso tudo sem contar que Jerry comia qualquer coisa que pudesse ser ingerida e as vezes se esquecia que o mesmo não valia para Kayla. Só que havia Mika. Ela não tinha filhos, mas sabia exatamente como cuidar de uma criança.

Jack sabia que era questão de ciúmes. Sua prima odiava passar muito tempo longe da filha. Ainda lembrava das crises de choro que ela tinha quando retornou ao Colégio. E de certa forma ela não aprovava a proximidade de Kayla com Mika. Ela nunca havia dito, mas tinha medo que sua filha escolhesse ficar com o pai e sua esposa.

Foi tirado de seus pensamentos com um grito de Donna.

— Jack, ele fez de novo!

 

 

                       ***

 

 

Kim

 

— Não, mãe. Eu não estou me sentindo solitária e não preciso que você ou Rick venham me fazer companhia. - a loira repetiu mais uma vez.

Desde de que se mudará para o pequeno apartamento há 3 anos tinha a mesma conversa pelo telefone com a mãe. De início ela e o irmão Rick pensaram que ela se sentia só. Chuck Crawford havia falecido assim que seus filhos receberam as cartas que diziam se foram aceitos ou não na Faculdade. Foram tempos difíceis para os Crawfords. Os irmão chegaram a cogitar a ideia de passar o ano seguinte ao lado da mãe, mas por insistência da mesma não o fizeram. Também haviam pensado em abrir mão dos dormitórios da Faculdade, mas a possibilidade logo foi descartada. Kim iria para NYU em Nova York e Rick para Harvard em Cambridge.

No fim a única solução que encontraram fora na verdade simples. Os dois se revezavam nos fins de semana para visita-la. Os dois se formaram, mas o plano inicial de voltar a Seaford foi por água abaixo. Kim recebeu uma proposta para lecionar História na Academia St. Angnes em Los Angeles.

— Kimberly, quando você tiver filhos espero que um dia eles digam que não precisam de você.

Ela ouviu a voz de seu irmão dizendo um "Mãe, é errado rogar pragas sob a vida dos seus filhos".

— Richard, faça-me o favor de ir cuidar da sua vida. - sua mãe resmungou - Não estou rogando praga alguma. Não é tão assim quando você prova do próprio veneno, não é mesmo?

Kim respirou fundo.

Não era nada fácil tentar convencer sua mãe que ela já era uma mulher e sabia cuidar bem da própria vida.

— Sabe que não foi isso que eu quis dizer.

— Meu amor, eu só me preocupo com você e com o seu irmão. - Seu tom de voz havia mudado de indignação para um mais suave. Isso não era bom. Ela só o usava quando estava prestes a dizer algo constrangedor e sempre quando mais alguém estava por perto ( o que só piorava ainda mais a situação ). - E é exatamente por isso que eu faço questão de saber todos os dias como vocês estão. Sei que você não esta se sentindo sozinha. Afinal imagino que deva ser difícil tendo alguém tão atencioso ao seu lado. Por falar nisso, como Brody esta? Faz tempo que não o vejo ou falo com ele. - ela começara a falar com Rick - Sabe o que isso significa, Richard? Ela esta fazendo isso pelo mesmo motivo que você quando me apresentou a Slone. 2 anos de namoro e eu fui a última a saber.

Kim ouviu duas batidas em sua porta.

Ela acrescentou em sua nota mental dar os devidos agradecimentos ao namorado. Brody tinha um Timing perfeito.

— Mamãe, eu preciso desligar agora. Tchau, amo vocês, fiquem com Deus e por favor não esqueça de alimentar o gato de novo. - encerrou a ligação antes mesmo que alguém pudesse falar algo.

Kim a amava. Muito. Ela e Rick eram a única família que tinha. Após a morte de Chuck os três haviam se tornado ainda mais próximo, apesar é claro de terem tido certa dificuldade em permanecerem sempre juntos graças a distância. Porém as vezes sua mãe passava dos limites.

A loira sabia o quão fora difícil pra ela quando seus filhos saíram de casa.

A diferença de idade entre ela e Rick era de 2 anos, mas graças ao seu intelecto superior ( mesmo que com pouca idade ) Kim havia se adiantado no Colégio. Enquanto Rick se formara com 18 anos ( que era a idade correta se não houvessem atrasos ou adiantamentos ) Kim fora a Oradora de sua turma com 16. Ou seja, os dois saíram juntos. Anne ficará sozinha.

Seus pensamentos foram interrompidos a ouvir mais 3 batidas na porta e logo em seguida a voz de Brody.

— Kim! Esta tudo bem?
Kim guardou o celular no bolso traseiro de sua calça e foi até a porta abrindo-a.

— Me desculpe, eu estava no telefone falando com a...

— Sua mãe. - ele completou a abraçando - Eu sei. Ela faz isso desde de sempre.
Aquele abraço lhe fazia tão bem. As vezes se pegava se perguntando se conseguiria ficar durante muito afastada dele após 5 anos.

— É. Desde sempre. - ela concordou lhe dando um beijo.

— Como você esta? - seu namorado perguntou.

— Bem e você?

— Melhor agora

[...]

Brody estacionou o carro em frente a uma das melhores cafeterias espalhadas por Los Angeles. 

Lembrava das vezes que suas amigas da Faculdade diziam o quão clichê eram as cenas de encontros no Starbucks descritas nos livros, mas nenhuma delas eram capazes de negar que a Rede de Cafeteria era expert no que fazia.

Brody abriu a porta do carona, onde Kim estava.

— Antes que você diga algo do tipo - ele afinou a voz em uma falha tentativa de imita-la - Brody! Você já olhou a hora? ou Céus, eu não falo assim. 

Ela ergueu uma sobrancelha. 

— Eu não ia dizer isso.

— Sim, você ia. - ele disse com convicção - E ei, pare de me interromper! Estou tentando explicar algo super importante e que eu me lembre não houve se quer uma vez em que fiz com você parasse um de seus monólogos sobre alguma Guerra que ocorreu há tantos anos atrás.

Kim se levantou do banco e bateu a porta do carro de seu namorado.

— Vou ignorar essa última parte.

Brody deu uma leve risada para depois depositar um beijo no topo de sua cabeça.

— Vá na frente. Eu só vou trancar o carro e atender uma ligação.

Ela assentiu e logo adentrou as portas da cafeteria. 

Cumprimentou uma das balconistas e fizera os pedidos enquanto ia em direção a uma das mesas que se encontravam ao fundo do aconchegante estabelecimento.

A loira endireitou a saia lápis preto, que subira um pouco quando havia se sentando na cadeira e pôs a pequena bolsa de mão no colo.

Ouviu um leve tilintar vindo do pequeno sino que se encontrava na parte superior da porta indicando que alguém havia acabado de chegar.

Mesmo estando de costas para a entrada/saída ela sabia que esse alguém não era ninguém mais, ninguém menos que seu namorado. Fato que fora comprovado segundos depois quando este ocupara a cadeira a sua frente.

— Esse ser deplorável e que aparente desconhecer quaisquer toda e qualquer forma de bons modos quando quer que você chama de melhor amiga acaba de me ligar dizendo, palavras dela, não minhas, pra que você atendesse seu telefone de merda porque ela poderia estar com uma ferida de merda em um acidente de carro de merda e a sua pessoa de merda não saberia.

— Ela tem um vocabular bem avançado. - disse - Por acaso mencionou o que ela tanto precisava falar comigo?

Agora foi a vez de Brody erguer a sobrancelha. 

— Grace é rancorosa demais. Não confiaria em mim nem pra por uma azeitona em um palito.

Kim assentiu. 

Dos seus antigos amigos do Colégio Grace fora a única que continuara a insistir em permanecer com um pé atrás quando se tratava de Brody. Tudo bem que a própria Kim levara um certo tempo para ter uma miníma confiança no rapaz, mas ela tinha seus motivos. 

Claro que Brody cometera um erro, mesmo que tenha se arrependido e ficado ao lado dela depois, mas isso acontecerá há 10 anos. 

A garçonete entregou seus pedidos.

— Não posso demorar muito. - a loira começou dando um gole em seu café expresso - Troquei um dos meu horários com uma das professoras de Literatura ontem e agora terei que dar aula no primeiro período.

Brody comeu metade do seu Donut em apenas uma mordida.

— Sei disso. - ele disse com a boca cheia, não de um jeito nojento, mas como uma criança pequena e fofa - Estava tentando falar sobre isso quando você resolveu dar uma de Grace e me atrapalhar. A convivência faz essas coisas.

— Chocolate clássico, Donuts e Cookies com gotas chocolate. - ela listou - Desse jeito vai acabar morrendo cedo com alguma doença causada por tanta besteira do sangue.

— Você quem fez o pedido e são Donuts com cobertura de doce de leite, Kim. - Brody explicou - Como eu estava dizendo... Nós temos uns 40 minutos. Isso é claro se você quiser ser estraga prazeres e for sozinha.

Kim pôs sua xícara em cima da pequena mesa redonda ao lado do prato onde Croissant.

— Como? - perguntou abismada

— Eu atrasei seu despertador e seu celular ontem. - ele disse dando de ombros - Você costuma não assistir o noticiário ou ouvir como esta o transito nas manhãs de segunda. Me agradeça depois. 

 

 

                             ***

 

 

Jack

 

 

— Vamos Alexander, o que precisa me contar de tão urgente para precisar marcar o meu primeiro horário de ultima hora?

Jack e Donna haviam chegado a SSAB há 20 minutos.

Donna havia parado com as reclamações assim que entraram no carro. Os dois não disseram nada durante todo o percurso até a empresa.

Alexander Smith havia chegado antes deles. Jack sabia que ele tinha marcado seu horário, mas confessava que ficará um tanto surpreso quando Donna subirá para sua sala e após meia hora voltará com uma expressão totalmente diferente. Poderia ser só impressão, mas ele tinha certeza que um traço de desespero estava estampado em seu lindo rosto.

— Eu... - Donna tinha um olhar de suplica. Foram poucas as vezes que ele a vira daquela forma - posso contar a ele? Acho que seria menos impactante.
Jack começou a se preocupar.

Donna era exagerada e bem dramática. O tipo de mulher que conseguiria falar de pontas duplas como se fosse uma epidemia de doenças extintas pelo mundo. Porém naquele momento em sua sala na Social Service Advocates Brewer ele soube que era algo de extrema gravidade.

Jack nunca conseguiu identificar sua namorada muito bem. Claro, ele conhecia suas maninas. Céus! Que tipo de homem ele seria se já houvesse reparado. Ele namoraram durante um bom tempo no colegial. Naquela época ele só tinha certeza de uma coisa relacionada a ruiva. Ela era vingativa. Já havia se arrependido ( mesmo que não o suficiente ) por algumas coisas que fizeram, mas eles eram adolescentes. Não tinham noção do quanto suas ações poderiam ferir alguém. Agora as coisas haviam mudado. Estavam juntos e morando sob mesmo teto há 2 anos. Sabia muito sobre ela, mas também sabia que uma parte dela ainda era um grande mistério. Fora justamente isso que o fizera se sentir atraído pela mulher.

Mas ao ver aquela expressão em seu rosto teve certeza. Sua vida daria uma grande virada em proporções inimagináveis.

Alexander o olhou exitante, como se estivesse querendo uma confirmação de sua parte.

Jack assentiu.

— Claro. - ele disse se levantando e indo em direção a porta, mas antes que pudesse sair completou - Só temos até as 11:00 para que tudo seja resolvido ainda hoje.

A sala permaneceu em silêncio por 1 minuto. Este que pareceu durar mais tempo.

— Jack, o que tenho pra dizer não é algo fácil. - Ela havia começado agora que estavam sozinhos - Não pretendo ficar enrolando porque sei que você esta impaciente e provavelmente nem percebeu, mas bagunçou o cabelo mais vezes que o normal.

Donna se levantou de sua cadeira e sentou-se em sua frente, em cima de sua mesa, ficando assim alguns bons centímetro mais alta que ele.
Ela segurou suas mãos.

— Lembra que por volta de três semanas atrás Jadin te ligou informando que ela estaria indo para Whistler*.

Whistler. Como não lembrar? Sua família viajará para a bela cidade durante muitos anos quando ele sua irmã ainda moravam juntos. Antes mesmo que Jason e ela houvessem se conhecido.

— Claro. - ele confirmou - Foi a última vez que nos falamos. Ela me disse que estariam indo aquele mesmo Chalé que fomos há meses atrás com Jerry e Mika.

Ela engoliu um seco.

— Eles chegaram lá a cerca de uma semana. - sua namorada continuou - Há 3 dias eles estavam indo até o vilarejo para comprarem algumas coisas. Lembra que a região dos Chalés ficam afastadas do Vilarejo, certo? São uns bons 40 minutos na estrada das montanhas até o centro comercial.

— Donna, por favor. Vá direto ao ponto.
Jack sabia que ela estava se esforçando e que se preocupava com ele, mas milhares de pensamentos passavam em sua cabeça. Ele precisava urgentemente de respostas.

— Dias de neve são parte do Cotidiano de Whistler, mas há 3 dias houve uma forte nevasca. Ninguém previu que poderia acontecer. As nevascas costumam a acontecer em certas épocas do ano. Eles nem haviam chegado ao Vilarejo quando foram atingidos pela tempestade.

A notícia o atingiu em cheio.

Sua única irmão, juntamente com o marido e a sobrinha que já não via há anos, haviam sofrido algum tipo de acidente.

Whistler era uma cidade no Canada. Justamente o país de Origem de Alexander. Fazia sentido. Mas Alexander trabalhava com o Conselho Tutelar. O que isso teria haver com o acontecido?

Também havia é claro uma outra questão. O chalé se localizava nas montanhas. O caminho até o Vilarejo era distante. A neve na pista não ajudava em nada. Era necessário ter cautela. Seria... Não. Não podereia. Um avalanche? Teria sentido.

Logo tratou de tirar aquele pensamento da cabeça. Pensamentos ruins atraem coisas ruins.

— Eles tiveram algum problema com o carro no caminho então fizeram uma parada. Não na estrada. Seria arriscado. Só que quando retornaram o percurso já havia começado. E... Deus! Jack, eu não sei como dizer.

Ele apertou as mãos de Donna com um pouco de força.

— Só diga. - sua voz saiu tremula.

Não era o que ele queria. Odiava deixar que sinais de fraqueza transparecessem, mas por Deus! Era Jadin! Sua única irmã! A garota 5 anos mais velha que ele. Que o pegará no colo quando este ainda não passava de um recém-nascido.

Ele crescerá reclamando daquele nome. Jackson. Se fosse um sobrenome estaria tudo bem, mas como nome. As crianças no jardim sempre caçoavam dele. Por que Jack? Tantos nomes no mundo e tinham que escolher justamente esse! Até o dia em que soube que Jadin escolherá aquele nome. Após isso o pequeno já não mais ligava quando as crianças começavam a cantar Jack and Jill*.

— Jack, a pista estava com muita neve acumulada nos cantos e um tanto escorregadia. Houve um momento em que não era possível ver mais nada. Jason não conseguia ver nada do lado de fora do carro e quando viu...

— Quando viu o que, Donna?! Vamos logo! Vá direto ao ponto! Esta me assustando.

A essa altura ele já havia perdido a paciência e não conseguia mais pensar direito.

— Um caminhão de carga estava vindo na direção contrária. Ainda não sabem o porque, mas seguindo montanha acima só haviam os chalés. Não tinha mais pista. Jack... Quando Jason viu o caminhão... Ele... Não houve tempo.

Não. Não. Não.

Aquilo não poderia estar acontecendo. Acidente com caminhão, Conselho Tutelar?! O que isso tudo tinha haver com o ocorrido?
Donna estava apertou sua mão com mais força.

— Eu sinto muito. - Fora tudo que ela dissera.

— Sente muito pelo que?!

Ele sabia. Ah, como sabia. Fora um de seus primeiros pensamentos quando sua namorada começará a contar tudo. Porém era difícil acreditar e aceitar a tão dolorosa verdade. Precisava ouvir aquilo. Precisava que alguém lhe dissesse.

— Quando a equipe de socorro chegou... - Donna exitou por breves 5 segundos - Jadin e Jason já estavam sem vida. O carro foi parar em baixo do caminhão.

Então era isso.

Ele havia perdido sua irmã.

3 dias, Donna dissera. 3 dias. Há 3 dias ele estava no Tormenta enchendo a cara junto com seus amigos enquanto sua irmã estava a caminho de uma morte iminente.

— E por que motivo Alexander esta aqui? - precisará de tempo para falar aquilo. Sabia que Donna não esperava que ele dissesse aquilo, mas eram várias coisas passando em sua mente. Ele não estava raciocinando direito. - O que o Conselho Tutelar do Canadá quer comigo?

— Jack, seus pais estão muito distantes, seu avô não esta entre nós há anos, Kai pegou perpétua e Grace tem uma filha e uma carreira. Você foi a última opção e a melhor. Uma relação estável, boas condições financeiras. É o lar adequado.

Donna respirou fundo e disse a última coisa que ele se lembrava antes dos dois passarem no minimo 2 horas sozinhos dentro da sala até a conversa com Alexander Wallace.

— Sua sobrinha, Jackie, ela esta bem. Sobreviveu e tudo esta programado para que ela venha pra cá em uma semana.

 

"know something now I didn't before
And all I've seen since eighteen hours ago"


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Notas finais do capítulo

Então gostaram? Favoritem e recomendem! Sejam educados e deem um oi para a autora. Houdoon*➸ Houdoon é um Pokemon. É a forma evoluída do Houndour. Whistler* ➸ Whistler é uma cidade estância do Canadá. Está localizada ao sul dos Pacific Ranges das Montanhas Costeiras, na Colúmbia Britânica, cerca de 125 km ao norte de Vancouver. Jack and Jill * ➸ Uma canção de ninar que é velha pakas. A história é basicamente de dois irmãos, Jack e Jill, que foram buscar água no monte. Jack caiu e rolou monte abaixo e logo em seguida o mesmo aconteceu com sua irmã Jill. Pronto! P.S's: ➸ Sim eu pus o nome de um Pokemon em um cachorro de verdade. Ele é um Dobermann e me lembra o Houdoon.➸ Essa coisa de Chalés nas montanhas e vilarejo foram tiradas da minha cabeça. Vou avisando que é um lugar bem colorido, bobo e confuso. É tipo uma overdose de Flor de Lótus. Não tentem entender. Caso um dia você vá ao Canadá e pense "Acho que vou pra Whistler pra refazer o caminho dos Brewer-Young" não me responsabilizo por nada. ➸ Eu nunca disse que a música era legal, mas imagino que muitos garotos tenham sofrido um baita Bullying por causa dessa música.