Blair e Chuck eram como duas navalhas, que perfuravam um ao outro continuamente e se preparando para a destruição mútua. Se machucavam constantemente, e em um piscar de olhos, tudo que parecia ser eterno se desabava. Waldorf só queria tirá-lo de sua cabeça, e Bass queria parar de a desejar tanto.

Quando Blair apagava as velas que iluminavam o cômodo após o término de sua festa, Chuck entrou sorrateiramente lá. Em seu olhar apagado, vagava uma escuridão. As palavras na ponta de sua língua pareciam não sair. No momento em que ela notou a sua presença, seus lábios mal se curvaram em um sorriso.

— O que você ainda está fazendo aqui, Chuck? Eu te botei pra fora há horas atrás. — perguntou a morena, com o olhar fitado no dele. Ela tinha de admitir que aqueles olhos negros como um blecaute era o suficiente para fazê-la perder o chão.

— Eu queria avisar a você que o tratado acabou. — respondeu Charles, com uma voz fria.

— Por mim tudo bem. — replicou ela, no mesmo nível. — Fingir essa civilidade era exaustivo.

— Ser amigável não está no nosso sangue. Eu percebi que não somos amigos; amigos tem que gostar um do outro. — disse ele, olhando-a severamente. Em suas palavras, não havia um pingo de mentira. Mas em seus sentimentos, infinitas doses de confusão. — E depois do que aconteceu essa noite, eu nunca poderia gostar de você.

O semblante dele indicava desdém, mas como ele poderia desdenhar da mulher mais forte que ele já conheceu? Como ele poderia pretender que nada havia acontecido; como ele poderia pretender que os dois juntos não provocavam faíscas?

— Eu nunca poderia gostar de você também. Na verdade, eu odeio você.

E a Waldorf, ao pronunciar essas palavras, deu um passo á frente.

— Eu não poderia odiar alguém mais.

A distância dos dois se encurtava cada vez mais, assim como seus fôlegos. Seriam essas ofensas a maneira sorrateira de dizer aquelas três palavras e sete letras mais difíceis de pronunciar?

— Cada ponto nervoso que eu tenho está carregado de ódio.

— Há um poço ardente de ódio queimando em mim, prestes à explodir.

— Então está combinado? — questionou Blair. Chuck assentiu positivamente e rasgou o contrato que declarava paz entre os dois em milhares de pedaços, e metaforicamente, o coração da morena também.

Os lábios dela estavam entreabertos, como se alguma palavra quisesse sair, mas nada era feito. Quando finalmente perceberam que não era preciso falar nada, Chuck tomou Waldorf em seus braços e beijou os seus lábios como nunca havia feito. Com tanta urgência, necessidade; saudade. Aquilo era mais do que uma simples afeição, era magnetização. Seus corpos se uniam de uma maneira surreal e pareciam não se desgrudar nunca mais.

 O contato dos lábios de Bass com a pele de Waldorf pareciam ter uma reação eletrizante e as mãos dele a dominaram como se ele conhecesse cada centímetro do corpo dela.

Os beijos calorosos de Chuck que alcançavam o pescoço de Blair eram semelhantes à sensação quente de ter mel derramado sobre o corpo. Pareciam estar fora de órbita, em um mundo paralelo que pertencia somente à eles. Um bom tempo havia passado, mas Bass nunca se esqueceu do sabor dos lábios dela e vice-versa.

Quando tudo o que restou foram corpos abraçados e suados entre lençóis, tudo o que ele pôde pensar era que Chuck Bass nunca seria capaz de odiar Blair Waldorf.

Tudo o que ele odiava era o fato dele amá-la mais do que era capaz de suportar.