Primaveras escrita por Melli


Capítulo 3
Capítulo 3




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Estou muito feliz! Já posso andar como todo mundo, e mais: Já sei falar muita coisa, mas não o bastante pra ser que nem gente adulta. Mamãe disse que estou ficando uma mocinha, que cresci bastante e que estou muito sapeca. Meus cabelinhos continuam bem lisos e amarelados, já meus olhinhos,que todos ficavam na curiosidade para saber de que cor era, agora já dava para ver claramente: eram roxinhos.

O sol brilhava lindão lá no céu, era de tarde. Papai estava de mãos dadas comigo, e juntos andávamos pela fazenda onde morávamos. Ele e eu íamos felizes cantando, mesmo eu não sabendo para que lugar ele estava me levando. Chegamos lá no tal lugar, e realmente, tudo me encantou! E com um sorriso no rosto, ele falava comigo:

— Veja Melli! Está é a cachoeira, lar dos peixes e de outros animais.

— Água, água! –disse quando saí correndo em direção a cachoeira.

— Ei, volte aqui! Não é pra pular.

Quando estava bem perto da cachoeira, meu pai me puxou, e me deu uma bronquinha. Puxa, mas eu só queria ver os peixinhos nadando lá...  Ali ao lado, era cheio de árvores e em uma delas, papai achou uma coisa, que ele achou que poderia prender a minha atenção, e assim, poderia me ensinar sobre as coisas que era possível encontrar em volta de casa. Assim, sendo,papai voltou a falar das coisas que tinham ali:

— Olhe isto aqui que curioso, filha. – apontou para um ninho.

— pipiu!

— Isso mesmo, essa é a casa do piu piu.

— pipiu!

— Muito bem, então agora, vejamos...

Meu pai me pegou pela mão e me levou dali.  Andamos bastante, até que chegamos em um lugar onde parecia um tapete verde bem grandão, onde alguns bichinhos andavam nele. Papai logo me disse que os bichinhos se chamavam formigas e que elas ficavam bem bravas se a gente colocasse o dedo nelas.  De repente, papai sentou no tapetão, me colocou em seu colo e depois disso, pegou minha mãozinha e deslizou sobre o negócio verde. Ele era engraçado. Era geladinho, mas parecia ter alguns pelinhos que davam cocegas nas minhas mãos.

— Esta é a grama.

— Hihihi

Tudo parecia estar ficando escuro quando papai me levava para casa. O sol se escondeu atras das montanhas... Acho que chegou a hora dele nanar e agora quem estava no céu, era a lua suas filhinhas estrelas. Sim, papai me ensinou que a lua morava la em cima junto com as estrelas. Quando estávamos na porta de casa, ele ainda me mostrava as estrelas e eu estava ficando muito feliz em vê-las brilharem no céu. Eu amava coisas brilhantes!  Papai parecia feliz em mostrar tudo aquilo pra mim e quando estávamos chegando em casa, vi mamãe parada na porta. Ela parecia estar preocupada...

— Max, você deveria estar com ela ha uma hora atrás!

— Ah, desculpe... Só estávamos passeando. Quer que dou banho nela?

— Pode, mas acho que a água da bacia já está fria... Vai ter de esquentar de novo.

— Tudo bem, eu esquento.

Depois de um banho gostoso que papai me deu, eu estava agora nos braços de mamãe, a qual segurava uma enorme mamadeira de leite morno em minha boca, e tentava me segurar enquanto eu puxava seus cabelos.

— Mamá! Hihihi...

— Chega de "mamá", mocinha... Hora de dormir.

Continuei a puxar os cabelos dela. Era engraçado ver o cabelo dela na minha mão, e o jeito que ela ficava quando eu fazia isso.

— DORME AGORA!

Buááááá! Olha eu levando bronca de novo.

— Ai meu santo, pra que fiz isso... Desculpa a mamãe, filha...

Com voz suave, mamãe cantava uma musica ao mesmo tempo que me carregava nos braços e lentamente. Ela estava estranha... Parecia estar chorando. Acho que as coisas não estavam muito bem por ali, mas estava tão gostoso o leite e a musiquinha, que eu acabei pegando no sono.

1 hora depois...

— Mas... Meus pais disseram que podemos ficar aqui...

— Não importa! Vai viver com seus pais para sempre, Elizabeth? – Max saiu e bateu a porta do quarto.

Do meu quartinho, escutei tudo. Estava assustada e chorava muito alto.  Quando eu já me cansava de chorar, mamãe apareceu com os olhos cheios de lágrimas. Logo, ela me acalentou, e quando eu estava quase dormindo, ela me colocou no berço e saiu do quarto suspirando e chorando muito. O que eu não sabia, era que precisávamos de uma casa para morar, já que estávamos na fazenda dos nossos avós. Por mais que a casa fosse grande, papai queria ser independente de vovô e vovó e não tinha intenção de incomoda-los. Tinha em mente, o plano de comprar uma casa, mas de que jeito? Pobre papai... Não tinha nem um emprego. 

No outro dia, eu estava perto do cercado dos porcos, olhando para algumas florezinhas que tinha ali, quando vi mamãe lavando roupas no rio que ficava perto de onde eu estava. Papai cortava capim, com certeza era para dar de comer aos cavalos, parecia estar preocupado com alguma coisa, mas de repente, ele parou e deixou cair o facão que estava em suas mãos. Olhou para mamãe e andou até ela e eu... Bem, não sabia de nada que estava acontecendo, por isso, sentei no chão e comecei a arrancar algumas flores que estavam na minha frente. Eram coloridas, cheirosas e muito bonitas. Eu arrancava algumas pétalas delas, quando algo me chamou a atenção:

— Elizabeth... – papai dizia um pouco acanhado.

— Não quero conversa com você... – ela continuava a lavar roupas.

— Por favor, só queria me desculpar...Não vai adiantar a gente ficar brigando.

— Aham... Sei que é isso que você quer.

— Olha, amanhã mesmo vou sair em busca de emprego.

— Você está mentindo...

— Pare de ser cabeça dura! Olha, sei que ontem eu fui rude com você, mas... Temos que ficar juntos nessa ao invés de brigar... Só assim conseguiremos acabar com as dificuldades. Agora não é mais nós dois, temos a Melli também...

— Você tem razão...

— Então, estou desculpado?

— Sim... – abraçou Max, com lágrimas nos olhos.

— Me preocupo com ela...

— É verdade... Coitadinha, tão inocente... Fica feliz com qualquer coisa, mas espere... Onde ela está?

— AI MEU DEUS! –Max saiu correndo.

Eu estava ali, prestes a colocar uma flor na boca, quando papai apareceu correndo. Nossa, ele corre muito rápido mesmo!

— Tire isso da boca já, Melli!

Eu brincava, subia em lugares, fazia bagunça para comer, chorava muito... Não tinha noção nenhuma do que estava acontecendo, mal sabia das coisas que se passavam com meus pais. Será que papai vai conseguir um emprego e assim poderemos comprar uma casa? Como será que meus pais irão lidar comigo? Estou crescendo, e a cada ano, necessito de coisas novas... Espero que isso um dia possa se resolver.


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