(Música do Capítulo)

Edward sempre considerou o clima do reino ameno, mas, naquela noite quando chegou ao castelo que viveu por toda sua vida, notou que o ambiente ali era frio. Frio de uma maneira, que todos os seus órgãos pareciam que iriam parar de funcionar a qualquer momento. No fim, ele sabia que essa sensação, não tinha nada a ver com a atmosfera, eram seus sentimentos abalados pelo término da história mais real e perfeita que ele poderia ter tido.

     O carro parou, e ele forçou seu corpo, a descer do carro, sendo seguido por Emmett. Os dois foram recepcionados por Carlisle e Esmee. O rei se limitou a apertar a mão de seu filho, enquanto a rainha o encheu de carinho, alegando estar com muita saudade. Edward por sua vez, tentava forçar uma expressão, que não denunciava que ele estava com o coração partido.

         Após cumprimentar o rei e a rainha, Emmett deu um jeito de fugir dali, pois ainda não sabia bem como lidar com Edward depois de tudo.

         Carlisle seguiu para a sala de trono, enquanto Esmee acompanhou Edward pelos corredores do castelo, rumo ao quarto do príncipe.

—Tem algo que preciso de contar. — a rainha contou, no meio do caminho, Edward permitiu que ela prosseguisse com um olhar. —Rosalie está aqui...Ela achou que seria uma boa ideia, ter recepcionar após essa viagem...Já que falta tão pouco tempo para o casamento. — o Cullen engoliu a seco.

—Ficarei bastante feliz, em vê-la. — diz por alto, notando que era o máximo que poderia fazer.

—O que aconteceu com você? — sua mãe questiona, segurando seu ombro, fazendo com que ele pare de andar.

—Nada. Só estou cansado da viagem...Foi uma experiência um tanto intensa. Estou bem, mamãe. De verdade. — finge mais um pouco, aliviado por perceber que falta pouco para chegarem ao seu quarto.

—Espero que não esteja mentindo para mim. Sabe, que sempre pode me dizer como se sente, querido. — fala carinhosa, acariciando o rosto dele.

—Senti sua falta. —ele repete, algo que já tinha falado quando chegou. Seria bom poder compartilhar seus sentimentos com ela, mas, o príncipe sabia que aquilo faria a culpa remoê-la, Esmee culparia a si própria por não poder livrar o filho do peso de um reino.

—Eu também, meu menino. — disse dando um de seus melhores sorrisos maternais.  

       Naquele momento Edward entendeu em partes, porque o comportamento de Bella era daquele jeito. Ela não tinha aquilo. Alguém como Esmee para lhe dizer que tudo ficará bem no fim do dia, alguém que você tem certeza que te amará para sempre. Era verdade, que pela posição de futuro rei, ele perderia bastante coisas, mas, só como Edward Cullen, ele já era um baita sortudo, por ter Esmee, e até por ter Carlisle, que mesmo não sendo o melhor dos pais, sempre esteve ali por ele.

[...]

    Após um verdadeiro banquete, em comemoração a sua volta, o príncipe deu um jeito de fugir de todas aquelas pessoas que o cumprimentavam e foi para o lugar que sempre foi seu refúgio ali.

      A biblioteca continuava do mesmo jeito, e ele riu de si mesmo, já que por um momento, chegou a pensar que ela estaria diferente, assim como ele próprio estava.

      Mas, no fim, tinha algo diferente. Uma presença. Em um dos sofás confortáveis, próximo as vidraças que iluminavam as estantes de livros, estava sentada Rosalie. Sua futura esposa. A princesa se encontrava com um livro antigo em mãos, só que não parecia estar lendo ele, pois olhava para um ponto qualquer pela janela.

       Seus fios loiros, estavam presos para trás, de modo perfeito, deixando cachos longos caírem como cascatas por suas costas, dando um ar inocente a ela, junto com o vestido discreto rosa bebê que usava. As diferenças entre ela e Isabella eram evidentes; Rosalie parecia frágil, calma e uma menina, já Bella, era firme, atrevida e uma mulher. Uma mulher maravilhosa.

      Balançou a cabeça, para afastar Bella de seus pensamentos, e seguiu até onde Rose estava, sentando-se no sofá de frente para ela. Quando notou sua presença, a princesa ergueu seus poderosos olhos azuis e sorriu.

     Os dois haviam se visto mais cedo, no jantar, mas, o encontro não durou muito, pois do nada, Rose sumiu.

—Deixe-me adivinhar...Se sentiu sufocado, com todas aquelas pessoas fingindo que estão felizes com a sua volta? Quando na verdade, nem ao menos ligam para isso. — disse, deixando o livro de lado.

—Você é boa em adivinhações. — o príncipe deu um meio sorriso, e ela cruzou as pernas, concentrando seu olhar nele.

—Como foi a viagem? — fez a pergunta previsível.

—Diferente do que eu imaginei. — disse e suspirou.

        Rosalie notou que havia um significado oculto por trás daquelas palavras, e suspirou também.

—Eu não vi Emmett no jantar... — ela diz brincando com seus dedos, e isso chama a atenção de Edward. — Quer dizer...Só comentei, porque estão sempre juntos. — fala, visivelmente sem graça.

        Edward a avalia, algo que aprendeu com Bella, e arqueia uma sobrancelha.

—Você sabe que ele é apaixonado para você. — constata e Rose ofega. — Você também é apaixonada por ele, não é? — pergunta calmamente, só para confirmar.

            Rose sabe, que só o que tem que fazer é dizer a verdade.  Tudo bem que soava errado, contar ao homem que futuramente seria seu marido, que amava outro, só que olhando por todas as prismas, Edward se encontrava em uma situação semelhante, só não admitiria.

—Você sempre pareceu tão indiferente ao nosso casamento, e eu me sentia como um objeto de troca dos meus pais...Então, Emmett se aproximou, nos jantares que o rei Carlisle costumava organizar, para nós nos acostumarmos um com outro...Emmett me enxergava, de verdade...Via o que eu sou além de ser essa princesa, via o que ninguém se dava trabalho de ver, o que você nunca se deu trabalho de ver. É claro que eu me apaixonei, como poderia não faze-lo? Mas, só aconteceu um beijo, e eu disse que não deveria acontecer novamente. — admite a breve história.

—Você sempre pareceu tão animada com esse casamento sem amor. — Edward lembrava-se dos comentários, sobre o vestido, as joias e todas essas coisas.

—Somos da realeza, Edward, desde pequenos somos treinados para mentir sobre nossos sentimentos. Se estamos tristes, sorrimos, se estamos com raiva, sorrimos, e se notamos que nenhuma escolha de nossa vida é realmente nossa, continuamos sorrindo. — fala sincera e Edward suspira.

—Você aceita isso bem melhor do que eu, acho que sou a mulherzinha da relação. — zomba, mas, ela não ri. Então, rapidamente ele fica sério. — Se te dói tanto assim fazer isso, por que não luta contra? — Edward considerava, que um dos dois deveria ter coragem, e ir atrás de seu grande amor.

—Porque me casar com você e virar a rainha de Gardênia é meu destino. Tem sido, desde que nasci, ou até antes. E se está escrito, que deve ser assim, quem sou eu para quebrar a ordem natural das coisas? — Rosalie indaga.

—Conheci uma pessoa que costumava dizer que, somos nós quem fazemos nosso próprio destino. — deu um sorriso triste, ao lembrar-se de Bella, pelo que parecia ser a milésima vez.

—Essa pessoa claramente não pertencia a realeza. Aqui, não temos a honra de decidir o que nos fará felizes, temos que pensar pelo reino. Sempre pelo reino. — após essas palavras duras, Rose se levantou.

—Ele não vai perder você. — o príncipe afirmou e Rose franziu as sobrancelhas. —Emmett, ele não vai perder você. Conheço ele, ele vai dar um jeito de fazer com que o trato de união dos reinos seja desfeito, ou então vai achar uma brecha nele, para que você não se case. — era a mais pura verdade.

—É bom que ele se apresse então, tenho um vestido de noiva sob medida, e um sorriso falso ensaiado para usar na cerimônia de casamento. — dito isso, ela o deixou sozinho.

      Sozinho. Era assim que Edward se sentia no momento. Ele suspeitava que aquele sentimento sempre estaria ali. Não fazia mais diferença alguma ser rei, ou não, decepcionar seu reino, ou não. No fim, ele só queria ela.

[...]

       Londres.

          La estava lá, sentada no parapeito que levou Edward, quando tiveram seu primeiro passeio juntos. Os braços encolhidos em um dos enormes moletons que ela costumava usar, e o olhar direcionado ao mar de pessoas, que passavam por ali.

      Lembrou-se de apontar para um casal, na vez de Edward e lhe dizer sobre como não acreditava no amor. Bom, agora ela estava sofrendo por ele.

          Dali ela podia ver a galeria que Edward lhe presenteou, mas, não sentia nada feliz em relação a isso. Ela amava a arte que fazia, era verdade, só que ela descobriu que ela amava Edward bem mais do que qualquer coisa que já amou antes.

         Ouviu passos atrás de si, mas, não deu ao trabalho de se virá.

—É claro que estaria aqui. Você adora se martirizar, olhando para essa galeria. — foi a voz doce de Alice, que disse aquilo. —Eu li o que estava escrito no artigo da biblioteca, e também sei que você se demitiu. — ela revela.

      Bella está tão machucada, que a única reação que tem a isso, é girar os calcanhares.

—Ele me deixou. — anuncia com a voz fraca. — Eu fui uma idiota, para varias, só que eu achei que ele não me deixaria. Ele não podia me deixar. Estou cansada das pessoas me deixarem. — Alice lhe puxou para um abraço, e assim a neve caiu em uma quantidade absurda do céu.

—Precisamos ir, se não ficaremos doentes, Bella. — ela diz, lhe olhando com preocupação.

—Vá você, está grávida, não pode ficar doente. — falou, se separando dela.

—Não vou te deixar aqui, e você sabe disso. — a baixinha afirmou, a ponto de chorar. Os hormônios de grávida eram os responsáveis por isso

— Você precisa ir. —  Bella disse chorando.

—Não, eu não vou. Assim, como você não vai desistir do Edward.  — decretou.

—Não. Ele me deixou facilmente, não vou correr atrás dele, por mais que eu o ame, não posso ser a pessoa que ele quer que eu seja. — negou.

—Você o ama de um jeito que não conseguirá amar mais ninguém, em sua existência, e ainda sim, continua deixando o seu orgulho, dominar suas escolhas. Se não for atrás dele, se arrependerá pelo resto da sua vida. — Alice diz irritada.

—Se eu ficar com ele, irei perder tudo que construí, tudo que acredito. — Bella fala de volta.

—Você não construiu nada. — Bella arregalou os olhos com essas palavras. — Se você fizer toda a sua vida girar em torno dessa porcaria de “Não comprometimento” só porque seus pais te deixaram, irá ficar sozinha no fim.