A vila de Konoha vivia em uma aparente paz nos últimos anos. Logo após a guerra foi preciso que ainda lutassem contra alguns imbecis que se aproveitaram da guerra para atacar os mais fracos, mas isso foi logo resolvido.

Agora ela tinha Naruto como Hokage e eu voltei para um dos esconderijos de Orochimaru, que não sei como o deixaram vivo para que continuasse com suas experiências malucas. Juugo e Suigetsu também estavam neste esconderijo comigo, era o principal esconderijo de Orochimaru e nós éramos suas melhores experiências.

Mexendo nas minhas coisas em uma gaveta, acabei encontrando algo tão íntimo que nem os verdadeiros donos sabiam que eu o tinha. Na verdade, encontrei uma coisa que me fez pegar outra. Um era o pedaço do cordão umbilical que ligava Sakura à Sarada que eu o guardei para caso um dia eles precisassem de algum tratamento, aquele cordão seria útil para que eu pudesse fazer as análises daqui mesmo, sem precisar ir até Konoha ou uma delas vir até aqui; e também uma foto da atual família Uchiha no dia seguinte ao nascimento da menina.

Eles não sabiam que eu tinha aquelas coisas, muito menos a foto, não tinham sequer visto quando eu peguei a câmera e a tirei de tão entretidos que estavam um com o outro.

Isso fez eu me lembrar de como chegamos até ali...

Aquela era uma missão perigosa e independente, por mais que fosse apenas uma missão de verificação, nunca se sabe o que pode se encontrar. A equipe foi formada comigo, Sasuke e Juugo. Suigetsu tinha partido em uma jornada para saber mais sobre os espadachins da névoa, ele gostaria de treinar com os novos espadachins.

Sasuke nos chamou para averiguarmos os vestígios que Kaguya havia deixado, para saber se ainda existia alguma chama de guerra prestes a se acender. Não queríamos que uma guerra estourasse nem tão cedo.

Ao descobrir o que tinham feito, voltamos imediatamente para a vila e Sasuke participou de uma reunião com alguns Kages e o conselho da vila para informar o que nós havíamos encontrado.

Um exército de Zetsus havia sido formado para ser usado na guerra, mas nós deveríamos averiguar se ele ainda poderia ser utilizado e o quão perigoso ele era.

Sasuke chamou a mim e Juugo novamente para ir com ele, Naruto deveria continuar cuidando da Vila e Sakura estava aos sete meses de gravidez, não podia sair em uma missão desse tipo com a barriga daquele tamanho e com oscilações de chakra por causa das alterações hormonais.

Seria uma longa e cansativa missão.

Partimos dois dias depois em viagem, atentos a tudo. Exceto a uma coisa. Coisa essa que eu só senti um dia depois que nós havíamos saído quando Sasuke pediu que eu analisasse a área para ver se não havia nada.

Foi quando eu a senti e não pude fazer mais nada.

Deixei que ela continuasse a nos seguir, não arriscaria mandá-la de volta para Konoha agora sozinha, e continuei monitorando as áreas durante um dia para saber se ela estava bem e se não havia inimigos perto de nós e dela. Com isso, eu acabei gastando mais chakra e ficando mais lerda, que fez com que diminuíssemos o passo, isso a deixaria mais perto de nós.

No dia seguinte a noite, eu senti uma presença estranha ao longe, nós havíamos acabado de montar nosso acampamento para passar a noite. Logo tratei de avisar a Sasuke.

— Sinto algo.

— Onde?

— 60 km ao norte.

— Não deveríamos nos preocupar. – Mas eu sabia que havia um motivo: uma grávida que carregava uma criança dele estava nos seguindo e poderia estar em perigo agora.

— Tenho algo a dizer. – Ele esperou que eu continuasse. – Sakura está nos seguindo. – Ele imediatamente se levantou.

— Quando descobriu?

— Quando pediu que eu fizesse a vistoria na área pela primeira vez.

Ele não fez mais perguntas, apenas se concentrou o suficiente para sentir onde ela estava e foi atrás dela.

Ele não se atreveu a indagar-me dos motivos de tê-la deixado nos seguir, provavelmente ele sabia dos motivos dela ter ido atrás de nós. Enquando ele estava em busca dela, Juugo veio até mim e se sentou ao meu lado.

— Por que você fez isso?

— Várias coisas podem ser respondidas a partir dessa pergunta, Juugo.

— Por que você deixou que ela nos seguisse? – Ele reformulou.

— Bem. Eu meio que imagino o que ela deve estar sentindo agora. – Fiz uma pausa e Juugo continuou me olhando, esperando que eu continuasse. – Sasuke e ela tiveram o maior trabalho para chegar onde chegaram agora e Sasuke saiu em uma missão de tempo indeterminado logo quando ela está com sete meses de gravidez. É certeza de que ele perderia o nascimento da filha, da menina que tiveram tanto trabalho para segurá-la na barriga.

— Lembro que Sakura quase a perdeu por duas vezes.

— É difícil manter um filho de um Uchiha na barriga. Ela não pertence a um clã super poderoso, tudo que ela conseguiu foi unicamente mérito dela.

— E foi com este mesmo mérito que ela conseguiu manter a gravidez.

— O controle e a reserva de chakara dela são impecáveis. Era certeza de que ela conseguiria, por mais que tivesse dificuldades.

Ficamos um tempo em silêncio enquanto eu olhava as chamas da pequena fogueira.

— Eu pensei que você fosse apaixonada por Sasuke.

— Você viu como ele age com ela. Não tinha como insistir nisso com ela por perto. Podem pensar que eu sou uma idiota apaixonada, mas até eu sei a hora de parar.

— Fico feliz que tenha superado.

— Eu também. Sabe Juugo, era difícil demais para mim. Você sabe que eu sou sensível às alterações de chakara e batimentos. Era torturante ouvir o coração dele ficar mais acelerado quando a via ou chakra dele se alterar quando o nome dela era mencionado.

— Não sabia que sentia tudo isso.

— Eu sentia. Finalmente consegui me livrar disso.

— Estou orgulhoso de você.

— Obrigada!

Uns dez minutos depois, pudemos ver os dois chegando. Sasuke sério como sempre e Sakura visivelmente irritada, possivelmente por ter sido descoberta por nós.

Era certeza de que eles haviam discutido.

Sakura ao chegar, apenas pegou algo para comer que provavelmente ela já havia preparado antes de Sasuke chegar e se enfiou em seu saco de dormir. Sasuke sentou-se ao seu lado.

Naquela noite, lembro-me de ter acordado ao ouvir os dois conversando.

— Você sabe que não deveria ter vindo. – Era Sasuke falando.

— Se não quer ver o nascimento de sua filha, deixe-me ir embora. Irei agora mesmo no meio da noite e estando à três dias de distância de Konoha.

— Tsk... irritante!

— Também amo você!

E foi assim que Sakura Uchiha se juntou a nós.

Confesso que não foi ruim viajar com outra mulher. Eu sempre viajei com homens e acontecia de ficar desconfortável em alguns momentos, até pra falar sobre alguns assuntos. Sakura entendia isso também, ela sempre tinha sido a única mulher de sua equipe e também a única ninja médica.

Acabou que nos tornamos amigas.

Ela me perguntava sobre a minha vida e o quanto eu tinha aprendido sobre o corpo humano e o controle de chakara, ela parecia ser um esponja ambulante de conhecimento, nunca se esqueceu de nada que eu havia lhe dito.

Era bom conversar sobre outras coisas que não fossem as missões, ela tornou o nosso ar mais leve, não estava nem aí pra que estávamos em uma missão perigosa.

— Sasuke não deixará nada acontecer comigo. Nem preciso me preocupar. – Ela sempre falava isso ao sorrir.

O que recebia de resposta era um resmungo mal humorado dele. Era até engraçado.

A missão pode ter atrasado, nós andamos mais devagar por causa dela, mas não nos lembramos de nada disso dois meses depois, tudo tinha valido a pena.

Não sabíamos se tinha sido por causa do estresse de um ataque recente ou por estar em tempo dela nascer mesmo, só sei que em um momento Sakura nos disse que a bolsa havia estourado. Rapidamente lembrei-me de um esconderijo subterrâneo de Orochimaru que havia perto dali e os guiei para lá rapidamente, Sasuke a carregava nos bracos para que evitasse o máximo esforço.

O lugar estava visivelmente abandonado. Encontrei um armário que tinha lençóis e toalhas. Juugo rapidamente chegou com água que Sasuke aqueceu com seu katon e partiu em busca demais enquanto Sasuke passava os lençóis encontrados na água quente.

Quando limpou uma mesa, colocou Sakura lá sobre o saco de dormir dela para que não ficasse diretamente na mesa.

Encontrei alguns utensílios utilizados em experiências que eu poderia utilizar e os levei para lá.

Juugo chegou com mais água, pois talvez precisasse.

Coloquei algumas mochilas apoiando as costas dela para que ficasse em uma melhor posição.

— Acha que já dá pra empurrar? – Perguntei a ela.

— Você sabe fazer toque?

— Sei. Quer que eu faça?

— Só para confirmar. Não quero gastar chakra em vão. – Ela já estava ofegante e Sasuke a olhava sem entender.

Quando eu o fiz Sakura se segurou para não gritar, o útero estava sensível demais.

— Está na hora. – Falei.

— Eu senti. – Ela falou com os dentes trincados, mas relevei.

— Sabe o que fazer.

A partir desse momento, Sakura pôs-se a fazer força para que o bebê saísse. Ela evitou segurar a mão de Sasuke para que ela não quebrasse seus dedos. Ele ficou ao seu lado e colocou um braço a apoiando melhor.

Sakura fraquejou algumas vezes e quase desmaiou duas, mas conseguiu.

Quando a menina nasceu, chorou baixo. Rapidamente cortei o cordão e a limpei. Sakura fez com que sua própria placenta fosse expelida pelo corpo, diminuindo meu trabalho de retirá-la.

Levei a menina enrolada em um lençol de Sasuke, pois os outros estavam molhados, e a entreguei a Sakura.

E os dois me disseram: Obrigado!

Foi naquele momento que tirei aquela foto e também peguei um pedaço do cordão.

Assim que o resguardo de Sakura acabou, voltamos para Konoha e ficamos por lá. Sasuke passou as informações que havíamos coletado para os kages e ele ficou em Konoha com a família.

Juugo e eu fomos embora para trabalhar com Orochimaru novamente.

Agora eu olho no fundo da gaveta e vejo uma foto que talvez eu a esconda bem mais que essas coisas.

Um cara de cabelos brancos e dentes de tubarão está nela com aquele sorriso idiota.

Talvez fosse a hora de dar uma chance a um novo amor ou a um amor antigo esquecido, depende do seu ponto de vista.