The Wanheda escrita por Scodders


Capítulo 5
Capítulo 5 - May We Meet Again (Completo)


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal. Tudo bem? Espero que sim e que estejam gostando da minha história (Vi muitas críticas positivas). Existem alguns comentários que quero fazer antes:

1. Nesse e no próximo capítulo irei evitar escrever em trigedasleng pois sei que muitos ficarão perdidos. Me referirei como "lingua nativa" para facilitar mais as coisas.

2. Esta é a parte que antecede o primeiro capítulo da história (reencontro Clexa) e seguido por ele mesmo, você pode ignorar se quiser.

3. Não sou muito boa na parte descritiva de local, roupas, personagens, etc. e como comentarei muito sobre a vestimenta da Clarke, quero que saibam que ela foi inspirada na imagem abaixo (retirada do trailer).

4. Qualquer erro, dúvida ou crítica, sendo ela boa ou ruim, me deixem saber. Obrigada



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Quando Clarke acordou pela manhã se sentia tonta devido ao vinho da noite anterior. Observou Nia, que dormia completamente imersa em seus sonhos com um rosto tão pacífico. Não sabia muito bem o que dizer quando a outra acordasse ou a reação que ela teria. A conexão delas foi especial, precisava admitir mas não fazia ideia se aqueles sentimentos foram devido ao vinho ou a incrível habilidade dos dedos da mulher que tanto a entorpeciam - mais do que a bebida. Suspirou, Nia era certamente mais experiente que ela nesse assunto. Chegou a conclusão de que nada adiantaria aquele debate interior pois haviam coisas muito mais importante para lidar no momento. Se levantou da cama e tocou seu próprio corpo nu. Havia esperado tanto por aquele dia e faria dele épico, espantando todas suas vulnerabilidades. Decidiu tomar um longo banho no riacho naquela manhã e dessa vez, não tingiu os cabelos. Naquele dia, não queria ser reconhecida como Wanheda ou ser apenas a amante de Nia. Queria se sentir como ela mesma, Clarke do povo dos céus, que foi enganada pela verdadeira comandante da morte. E quando olhasse nos olhos de Lexa antes de enfiar seu punhal, queria que a outra soubesse todos os motivos em apenas um olhar,  sentisse toda a sua dor e que não houvesse dúvidas de quem ela era, queria que a vingança fosse completa.
Voltou para a tenda e observou que Nia ainda dormia. Estranhou pois a mulher sempre acordava bem cedo mas entendeu que deveria estar muito cansada da noite anterior. Ela mesma sabia que dormiria mais se sua dor de cabeça e ansiedade não a impedissem. Abriu uma das malas da mais velha e observou atentamente todas suas roupas, até que escolheu uma. Há tempos observava a forma que guerreiros terrestres se vestiam quando se deparavam com a guerra e decidiu imitar. Trançou os cabelos até onde pôde e passou lama nos olhos.

— Uau! - Surgiu a voz de Nia e Clarke logo se virou. A mulher tinha um sorriso bobo nos lábios e Clarke quase se sentiu culpada. Talvez aquela noite tinha sido mais importante para a outra do que pra si mesma. - Vejo que fez o trabalho completo.

— Estou me preparando para a caminha da morte, afinal, eu à comando. Certo? - Riu de sua própria piada e admirou-se por finalmente conseguir tirar alguma graça do apelido tão cruel que lhe deram. Voltou a trançar os cabelos nas partes que não havida conseguido antes e Nia se levantou.

— Deixe que eu a ajudo com isso. Sei que parecemos ser completamente independentes e fortes com nossas roupas de batalhas mas a verdade é que, ninguém consegue preparar o próprio cabelo sozinho. - As duas riram. Uma risada confortável e a mulher se sentou atrás dela, arrumando seus cabelos. Clarke fitava o vazio, muitas coisas percorriam sua mente. - Sei que está preocupada mas não deve ficar. Toda guerra é desconfortável. - Clarke riu sem humor.

— Desconfortável. Essa é uma palavra interessante de se aplicar aqui. - Nia segurou em seu ombro e depositou um beijo ali. Clarke estremeceu ao toque inesperado.

— Quando olhar nos olhos de seu inimigo, não hesite. Se fizer isso, irá desistir. Ambas sabemos que não é uma assassina à sangue frio, Clarke. A sobrevivência te forçou a tomar todas aquelas decisões...

— Lexa me forçou a tomar todas essas decisões. Desde o anel de fogo, até Mount Weather. - Declarou Clarke com a voz exasperada. Nia suspirou, percebeu que tocava em uma ferida muito profunda e talvez fosse melhor se calar. A última coisa que ela precisava nesse momento era um motivo para Clarke desistir de sua missão. Mas se importava com ela e sabia bem que de certa forma, a estava usando. Matar Lexa nunca acabaria com seu sofrimento. A menina precisava perdoar a si mesma.

— Sim, eu sei. Espero que sua morte lhe traga a paz que tanto deseja. - E de fato, desejava isso. Por mais que não acreditasse em suas próprias palavras. Clarke se levantou abruptamente, com o humor revirado e o rosto franzido.

— Ande, precisa se aprontar e preparar seus guerreiros. Em poucas horas, precisamos nos posicionar e me infiltrar entre os soldados de Lexa. Não há tempo a perder! - Disse decidida.

— Ainda é cedo, Clarke. Não precisa se preocupar com tudo isso agora.

— Sim, eu preciso. O que mais me resta a pensar? - Jogou as mãos para o alto e a mulher se sentiu inferior.

— Talvez sobre ontem à noite. - Clarke abriu a boca e ficou com a face assim, estagnada por algum tempo. Nia não disfarçava impaciência e dor no olhar, ansiosa pela resposta mas queria dar o espaço que a menina precisava.

— Eu não posso pensar nisso agora, Nia. Não há espaço para tal assunto em minha mente no momento, sinto muito. O que nos resta é nos preparar para a noite mais importante de nossas vidas. Deveria estar mais preocupada que eu. Afinal, se eu me desconcentrar posso arruinar todo o plano e você jamais será uma heda. Reúna seus soldados e líderes, vamos pôr logo um fim nisso. - E saiu da tenda apressadamente após cuspir todas as palavras de uma só vez, deixando uma Nia incrédula sentada por minutos tentando administrar tudo que acabara de ouvir.

[...]

Clarke passou o resto da tarde pelos cantos, a fim de ser passada despercebida enquanto ouvia os discursos de Nia. A forma que colocava suas palavras gerava confiança e pôde ver que seus soldados realmente acreditavam que ela merecia mais aquele lugar do que Lexa. Ninguém sabia, porém, o real plano. Tudo que explicou foi para aguardarem seu sinal antes do ataque. Na verdade, esperaria a arma de fogo de artificio que Clarke iria soltar ao longe, assim que matasse Lexa antes de dar partida. A menina só se permitiu estremecer no momento em que Nia gritou "Avante!" em sua língua nativa e todos os grounders gritaram em harmonia. Era agora, finalmente chegou o momento.

[...]

Assim que os grupos se dispersaram de pouco a pouco, Nia foi se encontrar com Clarke no riacho em que se conheceram para repassar o plano. A menina ouvia atentamente e não estava disposta a fazer qualquer mudança.

— Ainda acho melhor você disparar o fogo à mais de 300 metros dali. - Nia argumentava. Não queria que correr o risco de Clarke ser capturada, reconhecida ou pior: morta.

— Não! Não podemos correr nenhum risco. Se a encontrarem morta antes da hora não dará tempo de dizer que foi você quem a matou e toda a luta será em vão. Não existe sangue jorrado o suficiente que te faça ser comandante além do sangue de Lexa e não vou arriscar isso. - De certa forma, Clarke se preocupava consigo mesma. Não tinha ideia do quanto queria uma nova identidade entre o povo das árvores, até aquele momento. Precisa ser parte daquilo. E Nia como comandante era sua entrada.

— Tudo bem. Está na hora. - Mantiveram-se em silêncio por um longo minuto no qual nenhuma das duas quis se manifestar. Precisavam daquele momento. O olhar de Nia era cheio de sentimentos e promessas. Até que por fim uniu sua testa à de Clarke, fechou os olhos e declarou: - Volte para mim. Por favor, só volte com vida. - Clarke respirou fundo e assentiu. Nia selou o fim da conversa com um breve beijo e saiu sem dizer mais nada. A menina chegou a acreditar que durante todas aquelas semanas juntas, a mulher realmente se apaixonou por ela. Virou-se em rumo ao seu destino.

[...]

Ao se deparar com o acampamento, percebeu que não seria tão fácil entrar como achou. Lexa havia colocado mais e mais soldados em torno do local. Confiante, colocou uma das máscaras que Nia lhe dera noites atrás, alegando que passaria despercebida e um manto com pele de ovelha. Esperou o momento que sol iria desaparecer completamente do céu e naquele fim de tarde se pôs a caminhar. Tentou parecer o mais rústica que pôde, determinada a concluir com êxito sua tarefa até que foi abordada por alguém.

— Em que marcação está? - Disparou um grounder em sua língua nativa e Clarke estremeceu. Decidiu responder com o máximo de palavras que havia aprendido.

— Só quis ir ao banheiro privadamente. - E tentou voltar a andar mas foi impedida pelo mesmo, que a puxou pela manta. Ele observava o fundo de seus olhos, que estavam expostos pois sua máscara cobria apenas nariz e boca. Ficaram nesta posição por um tempo até que Clarke percebeu que não poderia desperdiçar mais nenhum minuto e enfiou uma faca no pescoço dele. O pegou tão desprevenido que o homem não teve tempo de se defender. Sua mão tremia quando ele finalmente caiu no chão. Se ajoelhou à sua frente e recitou as palavras:

— Yu gonplei ste odon. - Olhou para o céu e percebeu que a cada momento se separava mais de sua hora e levantou, sem mais delongas. Deixou o corpo do homem ali mesmo e foi o mais depressa que pôde. Posicionada atrás uma moita, arremessou uma pedra ao longe para distrair o guarda que se encontrava na entrada que escolheu  para invadir o acampamento anteriormente - bem próxima de Lexa - e ele caiu na isca. Assim que se retirou para descobrir da onde havia vindo o som, entrou no local. Se escondeu atrás de umas pedras esperando o momento que os turnos seriam trocados. Assim que Indra se retira-se, sabia que teria cerca de 30 segundos para entrar na tenda e aproveitou bem a oportunidade quando o momento chegou. Caminhou tranquila até a entrada, a fim de passar por despercebida, até que finalmente entrou na tenda de Lexa. O local estava meio escuro, a comandante provavelmente já se aprontava para dormir, e se livrou da manta, seguida pela máscara.

Lexa foi surpreendida por uma sombra na entrada da barraca e virou-se abruptamente em sua direção. Puxou sua adaga e apontou à figura em sua frente. Surpreendeu-se ao se deparar com uma silueta feminina. Ficou paralisada enquanto a outra se aproximava lentamente. Clarke estava quase irreconhecivel. Suas tranças loiras, roupa e tinta escura nos olhos a faziam parecer uma grounder. Assim que se posicionou à sua frente, Lexa não sabia o que fazer. Perguntas percorriam sua mente e a ignorância da presença loira à deixa nervosa.

— C-C-Clarke... - Gaguejou. Seu corpo todo tremia. Ficou tanto tempo afastada de Clarke que era quase como se ela não existisse. Não pensou que iria revê-la. - O que faz aqui?

— Disse que gostaria de se reencontrar comigo quando me abandonou. Cá estou eu, Lexa. - Suas palavras pareciam vazias e seus olhos indecifráveis. Por mais que tentasse, Lexa não conseguia enxergar a Clarke que outrora conheceu. Quanto mais a olhava, mais distante a sentia. Em poucos minutos, concluiu que seu antigo eu estava morta. - Sentiu minha falta?

— O que faz aqui, Clarke? - Repetiu a pergunta, dessa vez de forma firme. Lexa aos poucos se recuperava do choque que era este reencontro para ela. - Como chegou até aqui?

— Caminhando. - Disse, seca.

— Sabe muito bem que minha guarda nunca a deixaria entrar sem ser anunciada. Então repito, como chegou aqui? Sem jogos, Clarke. - A comandante estava impaciente.

— Avaliei por dias como funcionava a troca de turnos da sua escolta e recordei a época em que trabalhamos juntas. Existe sempre um ponto cego nesse momento. Bem, eu o encontrei. Não culpe seus soldados por serem menos inteligentes do que eu. Afinal, eles tem uma guerra para se preocupar. Creio que isso ocupe suas mentes. - Clarke deu um passo a frente e Lexa endureceu a postura ainda com sua adaga em mãos e ouviu uma risadinha da outra. - Calma Lex, não estou aqui pra matá-la. Só gostaria de conversar.

— O que você sabe desta guerra, Clarke? Nada disso faz sentido. Não ouço falar de você faz meses, exceto a busca incessante por sua cabeça que os "Mountain Man" tanto querem. Pensei que estivesse morta.

— Será que poderia abaixar isso? Ficaria mais confortável em responder suas perguntas sem ter uma faca apontada para mim. - Lexa hesitou. Não recordava se havia piscado alguma vez desde o início da conversa. Seu peito arfava. A presença de Clarke cada vez a deixava mais confusa. Por fim, deu um suspiro forte e abaixou sua adaga.

Em uma fração de segundos, Clarke tinha outra posicionada em seu pescoço. Sentiu que o ar não estava mais em seus pulmões. Esperava uma resposta, uma ameaça, qualquer coisa vinda da loira à sua frente, mas tudo o que acontecia era uma hesitação em seu olhar que percorria entre sua boca e adaga. Naquele momento, Lexa percebeu que Clarke ainda existia. Rapidamente à desarmou e prendeu a própria adaga de Clarke em seu pescoço, de costas à ela e sussurrou em seu ouvido:

— Clarke, só irei perguntar mais uma vez. O que. Veio. Fazer. Aqui? - Disse entredentes e soltou Clarke logo em seguida. A loira se virou para ela, incrédula por ter sido solta. Seu coração acelerado.

— Eu... - Não conseguia encontrar as palavras certas. Olhava para todos os lados em vão. - Eu... Eu não sei. - Seguiu-se um silêncio. Os olhos azuis de Clarke finalmente encontraram os verdes de Lexa. Desta vez, não eram vazios mas sim, cheios de dor. Parecia desolada. - Eu planejei isso tantas vezes. O caminho até aqui, o que aconteceria... E agora tudo parece tão sem sentido. - Seu olhar era sincero. Lexa avaliava a situação cautelosamente em silêncio. Após ter sido enganada anteriormente, não sabia até onde o teatro de Clarke chegava.

— Bem, pra mim parece que você estava convicta de que iria me matar. Mesmo dizendo que não.

— Eu queria que você sentisse o que eu senti quando me traiu. O que é ter sua confiança quebrada após depositar tudo que você é em alguém. - A mistura de ódio e dor em seu olhar cortavam o coração de Lexa enquanto a voz embargada de Clarke se alterava ferozmente. Ela bem sabia que não se arrependia do que fez em favor de seu povo mas trair Clarke não foi nada fácil para ela. - As coisas que me obrigou a fazer Lexa... Perdi a fé em mim mesma. Não sei nem ao menos quem eu sou. Tantas mortes em vão porque você não cumpriu sua palavra. Carrego comigo todos os dias tudo que você me fez passar. Como pôde fazer isso comigo? - Se jogou em direção à Lexa e começou a bater em seu peito. Mais e mais a cada palavra. - Eu nunca deveria ter assumido a liderança. Eu nunca... - As lágrimas finalmente rolaram e ela cedeu à batalha. Segurava firme na blusa de Lexa com a cabeça baixa.

— Então seu povo estaria morto. Seus amigos. Todas essas decisões foram em pró deles, assim como as minhas. Pois é isso que os líderes fazem, Clarke. Colocamos os nossos acima de qualquer outros. Até mesmo... Nossos sentimentos. - Pronunciou as últimas palavras incerta do que viria a seguir. Clarke levantou o olhar para Lexa. A mesma estava esperando um ataque e tudo que não queria era lutar com ela. Esperava que um dia ela compreendesse sua decisão e a perdoasse. Mas não estava preparada para o que viria à seguir. Clarke à beijou repentinamente. Após o choque momentâneo, Lexa retribuiu. O beijo era feroz, carnal e agridoce. Mal se respirava. De repente, Clarke começou a chorar compulsivamente entre os beijos. Quando seus lábios se separaram, ela não conseguia olhar para Lexa. Começou a desabotoar a blusa da commander, que a observava com interesse e culpa. Então, segurou ambas as mãos de Clarke, a impedindo de continuar. A menina nem movimentou a cabeça.

— Não é disso que você precisa agora. - Clarke lutava contra as lágrimas e seu corpo tremia. - Clarke, olhe para mim... - Então ela levantou a cabeça. O olhar perdido em seus olhos, como o de uma criança abandonada sem expectativas na vida. - Agora por favor, me diga. O que faz aqui?

— Eu vim te matar. Era só isso que precisava fazer... Era minha única parte no plano. Tudo que eu queria e não consegui. - Lexa ergueu a sobrancelha confusa.

— Plano? De que plano está falando? - A loira se calou. Olhando fixamente em seus olhos, com um pedido de desculpas oculto dentro deles. E foi então que Lexa compreendeu porque Clarke sabia da guerra.

Foi ela quem a criou.


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Notas finais do capítulo

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