E os únicos passageiros no metrô naquela hora da noite eram dois homens. Um, loiro e de olhos dourados, olhava fixamente para o lado oposto ao que o outro, um jovem rapaz de cabelos cor de rosa, parecia dormir tranquilamente no ombro do maior, segurando a mão dele.

O loiro olhou para o rosto do menor. Ele continuava com a aparência ingênua do dia em que haviam se conhecido, pensou apertando ainda mais a mão suja de sangue dele, como se tivesse medo que ao soltá-la ele sumiria, qual uma miragem.

Yuki carregou Shuichi no colo até a praia. Sentou-se na areia, e acomodou o menor em seu ombro novamente, admirando o mar.

-está bem assim, não é?-perguntou para Shuichi, embora soubesse que ele não podia ouvi-lo. O garoto parecia tranqüilo, como se estivesse tendo um sonho bom.

E, quando Shuichi acordasse, ele veria que este sonho era realidade, prometeu Yuki a si mesmo, pegando Shuichi no colo e indo em direção ao mar. Ele abriria os olhos e viria que Yuki estava ao seu lado. Acordaria nos braços de Yuki, em um lugar mais bonito e iluminado, onde ele poderia rir novamente. Yuki entrou cada vez mais na água, imaginando o quão alegre Shuichi ficaria ao ver que eles tinham acordado juntos, nos braços um do outro.

A lua brilhava no céu, como se observasse Yuki entrar no mar com Shuichi nos braços, até ficarem totalmente cobertos pela água.

“Se as pessoas me perguntarem por que o amei, ‘ele era ele, e eu era eu’. Não penso que valha dizer mais que a resposta”, Montaigne.