Na noite de terça-feira Santana estava deitada em sua cama escutando música em seu iPod quando sentiu seu celular vibrando. Era uma mensagem de Brittany.

Boa noite Santana, como está? Se não for incomodo, podemos marcar de nos encontrar algum dia dessa semana para me ajudar com a matéria de anatomia? Tem uma parte que não consigo entender e não quero ir mal na prova. Espero não estar atrapalhando. Bjo – B

Santana abriu um sorriso assim que leu a mensagem. Teria a chance de passar um tempo com Brittany essa semana e conhecendo a matéria, facilmente gastariam bastante tempo, independente do que fosse. Tratou logo de responde-la.

Boa noite Brittany. Estou bem e você? Já disse que não é nenhum incomodo e terei o maior prazer em te ajudar. Qual a matéria, para já ir me preparando? E qual o melhor dia para você? Tenho horários livres na quinta de manhã e todos os dias à noite. Bjo – S

Após enviar a mensagem não demorou muito tempo para receber a resposta.

Estou melhor agora ;) Você é incrível, muito obrigada. Estamos na parte de anatomia cardiovascular. E por mim pode ser amanhã à noite, se estiver tudo bem por você. Bjo – B

Santana ficou cinco minutos relendo a mensagem antes de fazer qualquer outra coisa. ‘Estou melhor agora’ com certeza significa alguma coisa, e muito boa, pensou ela sem conseguir evitar o sorriso. Preenchida por uma coragem repentina, resolveu arriscar na próxima mensagem.

Isso é ótimo de se ler ;) Não agradeça ainda, mas já digo que essa matéria é minha especialidade haha. Te vejo amanhã então. Boa noite e sonhe com os anjinhos. Bjo – S

Santana enviou a mensagem e fechou os olhos, soltando um longo suspiro. Ela com certeza iria sonhar com um anjo.

No dia seguinte, nos horários entre as aulas, Santana ficou relendo sobre a matéria que estudaria com Brittany. Não precisava fazer aquilo, pois aquela matéria era a sua favorita e não mentira quando disse que era sua especialidade, mas se não estudasse ficaria pensando em Brittany e o tempo demoraria mais a passar. Tinha combinado de encontrá-la na biblioteca às 19 horas e assim que sua última aula acabou caminhou um pouco com Quinn, para matar o tempo que ainda restava.

— Está preparada para ficar sozinha com ela? – perguntou Quinn, dando uma pequena risada.

— Você não cansa de ser chata não garota? – disse Santana dando um leve tapa em Quinn. – E desde quando a biblioteca dessa universidade fica vazia? Você está precisando ir lá mais vezes. – retrucou a morena, provocando Quinn.

— Não e não sou nerd como você. – respondeu Quinn, dando um passo para o lado para não levar outro tapa.

— O que você ainda está fazendo aqui? Vai embora logo. – disse Santana, empurrando Quinn pra longe.

— Te dando o enorme prazer da minha companhia. – respondeu Quinn. – Mas já está na hora do seu encontro e vou te deixar ir ver sua amada. Te vejo mais tarde e quero saber de todos os detalhes. – continuou, já se afastando em direção ao dormitório.

— Não é um encontro. – gritou Santana. Quinn apenas virou e soprou um beijo em sua direção. Santana revirou os olhos e continuou seu caminho em direção à biblioteca. Como eu acabei com essa pessoa louca como melhor amiga?, pensou ela, rindo sozinha.

Santana chegou à biblioteca alguns minutos depois, guardou sua mochila em um dos armários disponíveis, deixando de fora apenas os livros que iria usar e sentou-se em uma mesa que possibilitaria Brittany de vê-la assim que chegasse. Começou a folhear um dos atlas que tinha levado e não percebeu quando Brittany parou ao seu lado e ficou a observando. Apenas quando Brittany deu uma falsa tossida que Santana percebeu sua presença.

— Brittany, oi. – disse, corando. – Me desculpe, me distraí com o livro. Faz muito tempo que chegou? – continuou, indicando para Brittany se sentar.

— Oi Santana. Não tem problema, achei fofo você toda concentrada. – respondeu Brittany, com um sorriso tímido. – Cheguei agora mesmo. – continuou, se sentando ao lado de Santana.

Se fosse possível Santana ficar mais vermelha do que já estava ela ficou. Respirou fundo e decidiu começar a estudar com Brittany sem passar mais nenhuma vergonha.

— Eu trouxe o livro que mais gosto para essa matéria e alguns atlas para a gente olhar e nomear as estruturas depois. – disse Santana mostrando os livros para Brittany. – Mas para começarmos, por que não me fala o que não está entendendo? – perguntou ela, olhando para Brittany.

— Eu sou péssima com nomes. Não consigo decorar nada. – disse Brittany, um pouco frustrada. – Eu estudo, mas logo depois não consigo me lembrar de quase nada. – continuou, fazendo um biquinho.

Santana perdeu-se naquela cena por alguns segundos, mas tratou logo de se concentrar. Havia prometido para si mesma não passar mais nenhuma vergonha aquela noite.

— Calma Brittany, vou fazer o possível para te ajudar ok? – disse Santana, dando um sorriso tranquilo para a loira ao seu lado. – Eu também não sou muito boa com nomes, mas com o tempo descobri algumas “mágicas” para conseguir lidar com eles e vou te mostra-las hoje.

— Ok então, vamos à mágica. – disse Brittany dando um grande sorriso.

Duas horas depois as duas terminavam de nomear as últimas estruturas no atlas. Algumas partes demandaram um tempo maior, mas a maioria Brittany tirou de letra depois das dicas de Santana.

— Agora posso agradecer e dizer novamente que você é incrível. – disse Brittany animada, depois de conseguir lembrar o nome de todas as estruturas. Santana corou novamente, uma coisa que Brittany achava adorável. – Como você consegue ser tão boa nisso? – perguntou, realmente curiosa.

— Você está exagerando Brittany. – disse Santana com um sorriso tímido. – Eu não sou tão boa assim. O coração me encanta com seus mistérios e isso me faz querer conhece-lo melhor. – respondeu Santana, com sinceridade.

— Como assim? – perguntou Brittany. Ela era curiosa, e gostaria de saber mais e mais sobre Santana.

— Não sei explicar muito bem. – disse Santana, parando para pensar em como responder. – Além de ser um dos mais importantes funcionalmente, ele possui todo um significado psicoemocional. Mesmo sabendo que o cérebro é o responsável pelas nossas emoções, todos nós já sentimos como se o coração fosse sair pela boca de emoção ou um coração partido. Eu acho fantástico tudo isso. – terminou ela.

Brittany a encarava com um olhar admirado. Aqueles olhos azuis brilhavam para ela de um jeito diferente, um jeito que Santana esperava ver a maior quantidade de vezes possível.

— Vamos embora. – disse Santana, tentando evitar ficar corada novamente. – Eu te acompanho até seu dormitório, se estiver tudo bem por você. – continuou, pegando seu material.

— Vai ser um prazer. – respondeu Brittany com um sorriso.

As duas foram conversando durante o caminho. Santana descobriu que Brittany adorava chocolates e que ela e sua colega de quarto, uma menina chamada Rachel, eram bem próximas, talvez como ela e Quinn, só que sem as provocações. Ao chegarem na porta do dormitório de Brittany, que não era muito longe do de Santana, elas pararam e ficaram um tempo em silêncio, como se nenhuma das duas quisesse que aquele momento acabasse.

— Obrigada por tudo novamente Santana. Não terei como te agradecer pelo que fez por mim. – disse Brittany quebrando o silêncio.

— Disponha Brittany. Foi um prazer passar a noite ao seu lado. – respondeu Santana, dando um sorriso tímido.

— Digo o mesmo. – completou Brittany, retribuindo o sorriso. – Acho que preciso entrar, já está tarde. Te vejo por aí. – disse, e deu um beijo na bochecha de Santana, que fechou os olhos com o contato.

— Te vejo por aí. – respondeu Santana com um sorriso bobo, vendo Brittany se virar e entrar no dormitório. Naquele momento ela sabia mais que qualquer um como era sentir que o coração iria explodir de alegria.