Dias antes;

    A boate estava lotada e muito barulhenta naquela noite, Karen olhou bastante irritada para seu parceiro. Ela já não suportava o comportamento ultrajante do Alex.

Ele estava pensativo e distraído, claramente queria estar em outro lugar. Talvez com a Rose. — Pensou ela sentindo-se humilhada, se levantando pediu licença e rumou em direção do banheiro.

Ela empurrava a multidão a sua frente, deixando um rastro de rostos perplexos e estupefatos com a falta de cortesia.

Ao entrar no banheiro se dirigiu para a pia onde molhou o rosto com água fria, levantando o rosto encarou seu reflexo no espelho. Sua vontade era quebrar o objeto para não ver o que ali era refletido.

Uma figura patética, humilhada e insegura.

Se acalmando ela voltou a si e percebeu que era observada. Uma garota altamente embriagada tentando se equilibrar nos saltos quase caiu de cara no chão se ele não tivesse a amparado.

Ele teria deixado se a garota não tivesse se jogado em sua direção.

— Oh, desculpa... Acho que estou meio bêbada.

— Meio é eufemismo não acha. — respondeu Karen irritada.

— você parece tá pior do que eu. E olha que estou em uma enrascada. — disse a garota bêbada cambaleando novamente. — eu acabei de descobri que estou grávida! Acredita... Meus pais me expulsaram de casa. E agora não sei como contar para o meu namorado.

Karen tirou os braços da garota que estavam enroscados nos seus ombros que pareciam tentáculos grudentos.  — Nossa sua história é comovente, mas tenho que ir. 

— Mas sabe o que é a pior parte? — disse a garota com voz pastosa impedindo a Karen de sair. — É que o filho nem é dele! — continuou a garota caindo na gargalhada e chorando em seguida. — Eu não tenho dinheiro, nem pra onde ir.

Karen tinha um olhar pensativo. Quem visse a cena de longe pensaria que seria um olhar de solidariedade, mas sua mente estava trabalhando ferozmente. 

~~~~~*~~~~~~

Rose perdeu as contas de quantas vezes afirmou para suas amigas que estava bem, ela se encontrava agora sentada com uma xícara de chá nas mãos, rodeada por vários edredons e um par de olhos preocupados.

— Você está realmente bem?

— Claro. Eu... Vou ficar bem, realmente.

Lou a olhou duvidando, mas não queria fazê-la pensar mais sobre o assunto e mudou de assunto.

Naquela hora, Gaby entrou no quarto balançando as chaves do carro da mãe e com aquele olhar familiar. "let's go bicthes" — Tenho a solução dos seus problemas miga. — disse ela chacoalhando as chaves em direção da Rose.

— ah, você vai me dá o carro da sua mãe? Isso eu não esperava...

— sua bobinha. Minha mãe pediu, quer dizer me coagiu a ir à casa de praia pegar uns documentos importantes, que ela, é claro esqueceu lá. Porque amanha ela vai para Sidney a trabalho e claro meu pai não ia deixar essa oportunidade passar e vai junto. Ai eu pensei, porque não aproveitamos esse fim de semana ensolarado e vamos para lá?

A ideia de um final de semana inteiro sem nada para fazer, a não ser deitar-se em uma espreguiçadeira e restaurar seu animo, era mais que tentadora. Nada de pensamentos, nada de lamento, apenas ficar sob o sol, de olhos fechados... Sim, ela adoraria!

— O que vocês acham? Rose? Lou?  — Perguntou Gaby. — deixo vocês lá, trago os papeis para a mamãe e a casa é toda nossa!

— Estou dentro. Só preciso passar em casa e pegar umas roupas. — concordou Rose se levantando animada.

— Eu não posso, tenho planos com minha mãe hoje, aliais tenho que correr — falou Louise, levantando-se para pegar sua mochila. — Mais amanha cedo encontro vocês lá.

— Perfeito! Eu deixo você em casa Lou. — gritou Gaby enfiando biquíni, toalha e cosméticos dentro de uma mochila.

~~~~~~~~*~~~~~~~~

Já era tarde quando finalmente Alex chegou a sua casa. Ele jogou as chaves em cima da mesinha, notou que a casa estava silenciosa, viu que as chaves do carro não estavam no lugar que sua mãe sempre deixava, deduziu que ela estaria fazendo compras no supermercado.

Ele foi até a cozinha e tomou uma aspirina, sua cabeça parecia que ia explodir. Decidiu subir e tomar uma ducha. Passou pelo quarto da irmã onde Karen estava ficando e bateu hesitante. Não era uma boa hora, ele o sabia, mas queria checar se ela estava bem.

Ele bateu duas vezes e esperou, mas não obteve resultado. Decidiu entrar, o quarto estava como havia deixado. Vazio, as malas ainda estavam ali, a bagunça também. Mais nada da Karen. Ele se aproximou do banheiro e viu que a porta estava entreaberta, e que a Karen falava ao telefone. Ele deu a meia volta, pois temia assusta-la e queria lhe da privacidade. Mais ele parou quando a ouviu mencionar Rose na conversa.

Ela falava exaltada, e ele não pode resistir à curiosidade.

— Aham, eu não sei ate quando vou aguentar aquela vaca rodeando o Alex.  Sim, claro. Lembra que eu falei que ela fica se fingindo de santa e não deixa o Alex um minuto. E tem aquela voz irritante, aquele tom. Best friends uma ova. Sim, claro. Aham. Ai amiga juro já fiz tudo que podia, eu não sei quanto mais tenho que fazer, já. Ninguém acredita na boa moça que ela quer passar, sim, claro. Eles acreditaram nas minhas mentiras, o Alex acreditou. Sim, acho que agora ele vai ser só meu.

Claro, claro. Eu sei amiga, se não fosse por você.  Mas amiga, não sei o que fazer agora, quando finalmente consegui afastar Rose do Alex, aquela garota voltou a me ameaçar. Sim, ela acabou de me ligar, teve a cara de pau de me pedir mais dinheiro. Aquela outra vadia, já disse que não tenho mais dinheiro, ai ela falou que vai contar toda a verdade pro Alex. Sim, sim. Um exame falso de gravidez não valer isso tudo. Argh, sim, sim. Vou ver o que faço pra mate-la calada, pelo menos ate convencer o Alex a deixar essa cidadezinha patética. Ok. Te ligo depois, beijos miga.

Karen jogou o celular na pia e lavou o rosto manchado de lágrimas, e secou o rosto com a toalha, ela cogitou passar uma base, mas mudou de ideia. Tinha que passar a imagem de sofredora. Agora era crucial. Ela abriu a porta do banheiro e gritou de susto, Alex estava a sua frente, olhava perplexo para ela, em estado de choque. 

— Alex baby, você me assustou. — faz tempo que você voltou? — perguntou ela dando um passo a frente. Alex se afastou.

— Eu ouvi o suficiente. — disse ele sem deixar de olha-la.

— Eu posso explicar, não é o que você está pensando...

— Foi culpa minha. — Disse Alex, inspirando fundo, o olhar fitando aquele rosto bonito, enxergando apenas o superficial. Escutando apenas o barulho da porta da frente sendo aberta e os passos e a voz da Lily.

— Vamos conversar, por favor, só me deixa...

— Explicar? Ele a Interrompeu, vendo-a baixar a cabeça, engolindo em seco, o rosto uma careta de angústia.

— Não faça isso baby — disse ela baixinho, pousando a mão sobre a dele.

Tirando o braço, ele a afastou gentilmente.  

Ele era um babaca, não deveria ter arrastado ela a tudo isso. Isso não a deixava ilesa das mentiras e falsidades. Ele estava enganando a si mesmo naquele tempo todo, achando que poderia tirar Rose da sua vida se tivesse uma Karen no lugar.

— Me desculpe Karen, eu nunca vou ama-la e isso que você sente não é amor. Eu não posso mais. — disse ele se afastando dela, ele precisava de ar.  o sentimento que ele já tinha por aquele filho que não existia o estava deixando louco. Ele desceu as escadas correndo, sua família correu para interceptá-lo quando ouviu os gritos da Karen.

— Alex! Por favor, não me abandona.  — gritou ela, se agarrando a ele. — Você não pode fazer isso!

— O que está acontecendo aqui? — Gritou a mãe do Alex o impedindo de sair pela porta. — Não foi assim que te eduquei Alex, ela está grávida!

Ele se voltou e encarou a sua família, por um breve instante, ele teve vontade de poupá-los daquela dor, mas era melhor esclarecer tudo de uma vez.  — Não existe bebê mamãe, era tudo mentira — falou ele se soltando bruscamente e passando pela porta.

Lá fora ele parou por um instante, aturdido. Olhando em volta decidiu caminhar, um tempo depois notou que andava sem rumo.

Sua cabeça voltou a latejar, a decepção com a Karen, a magoa, a rejeição da Rose fazia sua garganta arder, ele tentava não chorar com muito afinco.

“O que aconteceu ontem foi um erro Alex, quer dizer, gigantesco! E. Eu não quero que isso afete a nossa amizade. Nós dois estávamos reagindo sei lá, confundindo as coisas, o que foi bom em parte, porque finalmente percebi que eu estava com ciúmes de você com a Karen. Pensar em perder sua amizade é demasiado pra mim. Você acha que podemos fingir que nunca aconteceu?”

Aquelas palavras ainda tinham o poder de perfurando-lhe o coração.

   Seus dedos se cerraram, os músculos se retesaram, quando se lembrou da conversa da Karen no telefone. Ele lembrava-se nitidamente de duvidar da Rose, ele simplesmente acreditou tão fácil nas mentiras da Karen. Ele se sentia tão idiota. Ele não parava de pensar em todas aquelas vezes quando ouviu a buzina de um carro e parou atônito.

— Você estar querendo morrer ou algo do tipo? — Perguntou Gaby se pendurando na porta do carro.