PDV Isaac

Seus olhos pareciam ainda mais intensos que o normal, sua doce respiração roçava no meu rosto, seus lábios rosados eram ainda mais convidativos da pequena distancia que me encontrava agora.

Todos os músculos do meu corpo estavam paralisados, a medida que a minha guerra interna se desenrolava.

A parte racional que dizia que seria um erro beija-la e correr o risco de perder sua confiança, contra a parte irracional que desejava quase que incondicionalmente faze-lo.

Tentei me concentrar na parte racional, tentar retomar o controle da situação. Havia sido um erro me aproximar tanto dela desse jeito. Eu TINHA que me controlar.

E então ela entreabriu a boca e suspirou, soltando seu aroma ainda mais concentrado contra mim, fazendo com que o meu lado racional desaparecesse completamente.

Naquele momento eu sabia que não sairia de lá sem provar de seus lábios pelo menos uma vez, nem que isso me custasse a relação que eu estava construindo com Eloise, eu resolveria isso depois.

Inclinei-me para frente a fim de eliminar qualquer distancia que ainda houvesse entre nós e selei meus lábios com os dela.

Uma onda de eletricidade passou por todo o meu corpo, ao mesmo tempo em que eu quase perdia completamente meus sentidos e só conseguia me concentrar em tentar ficar de pé. Realmente, ela exercia muita influencia sobre mim.

Senti seus dedos se entrelaçarem no meu cabelo e ela estava retribuindo o meu beijo. Entrelacei meus braços na sua cintura e a trouxe contra meu corpo enquanto continuava a deliciar-me com o doce mel dos seus lábios.

Eu passava minhas mãos sobre suas costas seguindo a linha de sua coluna, suas mãos desceram de meu pescoço para meu peito, e foi nesse momento que Eloise me empurrou para trás para que eu me separasse dela.

A fitei espantado e ela me olhava com um olhar de raiva e confusão. Ela não deveria estar mais espantada do que eu.

Eloise soltou um grunhido e depois correu até o banheiro e se trancou lá batendo a porta com força.

Eu não sabia o que pensar, realmente havia acredito que ela me amava, afinal ela havia me beijado também. E por que ela pareceu tão confusa?

Suspirei e passei uma das mãos pelos cabelos. Pelo menos Eloise não sairia do quarto. Sai do quarto e sentei-me do lado de fora do quarto. No corredor mesmo, alguns da guarda que por lá passavam me olhavam confusos, mas eu ignorava, e eles viam no meu olhar que não deviam fazer perguntas.

O corredor era pouco iluminado, a não ser por algumas janelas pequenas perto do teto.

Respirei fundo tentado clarear as idéias. Por Deus, o que eu havia feito? Agora tudo estava perdido com certeza. Tudo por causa de um beijo. Eu era definitivamente o maior desafortunado e infeliz idiota da face da Terra.

Nesse momento um raio de luz prateada entrou por uma das pequenas janelas e bateu em minha mão. Nem havia percebido que já era noite. A lua me lembrava muito Eloise, e agora me lembrava também que provavelmente ela estava furiosa comigo, e que poderia ser para sempre.

Só que, talvez ela me amasse sim. Ela havia me correspondido mesmo que por pouco tempo. Então talvez ainda houvesse esperança, afinal.

Sorri para mim mesmo enquanto fitava aquele pequeno raio de lua. Eu não desistira tão fácil, ainda não.

PDV Eloise

Fitava a mim mesma no espelho.

Eu estava péssima.

Confusa.

Ele havia me beijado num movimento tão inesperado, claro que ele estava perto de mim, mas eu não imaginava que ele fosse me beijar. E mesmo assim quando senti seus lábios nos meus... Senti-me como uma adolescente vivendo o primeiro amor, meu coração poderia estar numa freqüência altíssima e eu poderia estar suando por todos os poros das palmas das minhas mãos.

Isaac conseguia me deixar mais humana que meu poder.

E eu gostava disso, de estar perto dele.

As lagrimas desceram dos olhos da imagem da jovem que estava refletida no espelho.

“Ué, você não acreditou mesmo que ele gostasse de você não é mesmo?.”

Jane havia dito.

“Eloise, ele segue ordens”.

Raiva e dor.

São palavras fortes, fortes demais, mas eu diria que são as exatas.

“Você logo irá perceber”.

E agora eu acreditava nela.

Jane disse que eu perceberia, e eu percebi, hoje, quando Isaac me beijou. Ela sabia então.

Bati a mão na pia e ela amassou, consertei num movimento.

“Isaac tem que fazer com que você se apaixone por ele.”

E eu não ia deixar isso acontecer.

Não iria.