Oi, eu sou Hazel Ivery Jones, mas eu não uso meu nome do meio desde que Melissa me abandonou com aquele bêbado, eu tenho 19 anos e vou começar o último ano, sim eu repeti duas vezes, por isso ainda não terminei o colegial, segundo a psicóloga que cuida do meu caso, eu tenho distúrbios de personalidade, devido o trauma de ser abandonada e é por isso que sou rebelde, acho que não posso discordar dela, mas eu não ligo, as únicas pessoas que conseguem me controlar são minha amigas, Mary, Sarah, Camilla, Elise e Louisa, desde que conheci elas, nunca mais cometi crimes, até agora... Bom ao menos é o que estão me acusando, vou explicar melhor.

"Vou me atrasar" Mandei uma mensagem para Luisa pois meu pai havia chegado em casa sendo carregado desacordado, por dois amigos seus que disseram que ele se meteu em uma briga em um bar, justo na hora que estava indo para casa da Louisa e fui obrigada a cuidar dele antes de sair. Pedi para eles o levarem para o banheiro e de lá eu me virava, tirei sua roupa e liguei a ducha, molhando todo seu corpo e limpando o sangue seco no canto da boca e um corte acima da sobrancelha, assim que ele estava completamente limpo, cobri-o com uma toalha e o arrastei até o quarto com dificuldade. Vesti-o apenas com uma cueca boxe e uma blusa e coloquei ele sobre a cama, limpei seu corte e coloquei um curativo sobre o mesmo, quando enfim meu trabalho estava pronto, peguei um copo de água e dois comprimidos para dor de cabeça e os deixei sobre a mesinha ao lado de sua cama e fui andando para casa de Luisa, onde provavelmente todas as meninas já deviam estar esperando sem paciência.

Toquei a campainha da sua casa que rapidamente foi aberta por uma Louisa não muito feliz
- Onde raios você estava? - Ela perguntou quase gritando
- É que... - Eu não tive tempo de responder, pois fui impedida pelo som já conhecido da sirene de um carro policial parada em frente a sua casa
- Hazel, o que você aprontou?
- Juro que nada - Observei dois policiais se aproximarem rapidamente, não tive nenhuma reação, não estava entendendo nada e quando dei por mim já estava sendo algemada e sendo levada no carro

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Estava presa a três dias e ninguém havia me explicado o que estava acontecendo, tudo que faziam era me perguntar onde estava na terça-feira e quando dizia que estava em casa cuidando do meu pai eles fechavam mais a cara e mandavam dizer a verdade me deixando mais confuso, eu estava cansada e não conseguia dormir direito e aos poucos as olheiras iam ficando mais profundas

Quando chegou sábado um guarda veio e me algemou, perguntei para onde estava indo porém ele apenas me ignorou, parece que agora tinha virado moda me ignorar.

- Ora, Ora senhorita Jones quanto tempo! - Mas que merda estava acontecendo, por que raios eu estou em um julgamento?
- Olá senhora Hill, é verdade, esperava que esse tempo fosse mais longo mas parece que a senhora sentiu saudades da minha pessoa e resolveu que eu devia lhe fazer uma visita, mas sinceramente será que alguém poderia me explicar o porque disso tudo?
Ela me olhou meio furiosa como se a razão fosse obvia, ela respirou fundo, provavelmente imaginando ser apenas uma de minhas brincadeiras e me explicou
- Bem a senhorita está sendo acusada de ter invadido uma loja de conveniências, roubado varias coisas, além de depredação de propriedade privada - Ela me deu um sorriso cínico e eu fiz uma careta como se para comprovar que estava mais do que confusa
Como assim? Faz tanto tempo que não fazia algo parecido que duvida ainda saber como fazer uma coisa dessas e agora simplesmente do nada alguém aparecia dizendo que eu havia feito justamente isso.
- Meritíssima, eu não sei quem fez tal acusação, porém acredito que isso foi um tremendo engano, pois como já afirmei anteriormente, eu estava em casa cuidando do meu pai que estava bêbado, desacordado e com um corte acima da sobrancelha
- É mesmo? Então como explica o fato de seu pai ter dito que ele não foi para casa naquele dia e sim ter dormido na casa de um amigo
Eu não acredito que aquele idiota havia mentido na maior cara de pau! Meu estado passou de confusão para raiva, muita raiva, mas evitei expor meus pensamentos, optando por ficar em silêncio, falar alguma coisa com certeza só pioraria minha situação.
O julgamento seguiu por mais uma hora, com algumas pessoas testemunhado contra mim, que aparentemente estavam na cena do crime, depois que a última pessoa testemunhou, a juíza perguntou se eu teria algo para dizer em minha defesa, mas já havia dito tudo, não tendo mais nenhum argumento, eu apenas neguei com a cabeça. Mais algum tempo se passou e a juíza disse que já havia decidido a sentença.
- Senhorita Hazel Ivery Jones, após analisar o seu caso, chegamos a decisão, você tem foi considerada culpada. Você tem duas opções, passar um ano cumprindo pena na reabilitação ou... - Ela fez uma longa pausa antes de continuar, acredito que para aumentar o suspense - Se mudar para a California com a senhora Elena Drew e cumprir 3 meses de serviços comunitários
Elena Drew? Eu me lembrava vagamente desse nome, ela era uma amiga da Melissa e acredito que 1 anos antes dela cair no mundo, ela havia feito-nos uma visita. Agora aparentemente ela tinha a minha guarda, eu não queria me mudar para a California, mas com certeza era bem melhor do que passar 1 ano presa e o pior de tudo é que dessa vez eu não tinha feito nada.
Minha advogada Lily, mãe da Louisa, ainda tentou reverter o caso, porém sem sucesso, ou eu me mudava ou iria presa, eu não tinha saída, acabei concordando com o acordo. Depois que fui liberada, Elena apareceu e veio conversar comigo
- Olá Hazel, ainda se lembra de mim?
- Oi, sim eu me lembro
- Que bom - Ela abriu um grande sorriso parecendo contente com o fato de mesmo depois de mais de 10 anos ainda me lembrava dela
- Quando vou ter que me mudar? - Ela podia estar contente com o fato, mas eu não estava nem um pouco e não me preocupei em soar meio rude, mesmo que não fosse a intenção
- Eu estava pensando em viajar hoje, porém Lily conversou comigo e me pediu mais dois dias para você se despedir de suas amigas e quem sabe conversar com o Thomas - Eu fiz uma careta com a menção dele, eu ainda estava com raiva do que ele tinha feito e não estava nem um pouco afim de olhar para aquela cara de bêbado dele, acho que nem me lembro a última vez que vi ele sóbrio, sem exagero, mas concordei mesmo assim.

Eu fui para a casa de Lily, lá tinha algumas roupas minhas e ela disse que as meninas queriam muito me ver, eu é claro concordei, estava tão cansada que a esse ponto concordava com qualquer coisa e queria evitar esbarrar com aquele alcoólatra. O caminho foi silencioso, porém assim que o carro parou não consegui conter a pergunta que estava me incomodando desde o julgamento

- Você sabia?
- Não entendi
- Você sabia sobre a minha guarda? - Ela baixou a cabeça e deu um longo suspiro
- Sim eu sabia! Eu juro que tentei de tudo e até me ofereci para você vir morar conosco, mas não teve jeito, eu sinto muito Hazel - Foi tão rápido que eu nem vi chegando e quando notei ela já estava me abraçando, eu recebi de bom grado, acho que sem perceber era tudo o que eu mais queria e precisava naquele momento
- Eu sei que sim - Dei um sorriso triste para ela e desci do carro
- Imagino que esteja cansada, então eu meio que obriguei as meninas saírem e só voltarem à noite, elas não sabiam que você vinha hoje, então o quarto é todo seu, aproveite para dormir um pouco

Eu adoraria falar com as meninas, mas ela estava certa, estava muito cansada e o que mais queria agora era tomar um banho e dormir, meu corpo parecia pesar uma tonelada e já andava me arrastando. Assim que tomei um banho, vesti a blusa mais folgada e grande que encontrei e me joguei ma cama, adormecendo logo em seguida.

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Acordei com meus estômago doendo, acho que devia ter dormido mais do que esperava, mas meu corpo não me permitia levantar, depois de muito esforço me sentei e só então notei que não estava sozinha, todas as meninas estavam lá. Dei o melhor sorriso possível, tentando parecer que tudo ficaria bem, mas nem eu mesma tinha certeza se isso era possível e pela cara delas, elas também não estavam longe disso
- Antes que vocês me acusem, vocês precisam saber, eu não fiz nada, acho que armaram para mim, o único problema é que justo nesse dia eu resolvi dormir até mais tarde e o idiota bêbedo, resolveu se meter em uma briga e eu não podia deixar ele simplesmente lá jogado. O único problema foi que ele disse que não foi para casa me deixando sem álibis, ou seja, eu não tenho como provar que não foi eu - As meninas me ouviam atentamente e quando terminei ninguém ousou falar uma palavra, eu tinha mais uma coisa para falar para elas mas me faltava coragem
- Se você foi considerada culpada, o que você está fazendo aqui? Não vai me dizer que fugiu - Sarah arregalou os olhos pensando na possibilidade, eu joguei um dos travesseiros na cara dela quase derrubando ela com o susto e comecei a rir
- Você é louca? Eu não faria uma coisa dessas - Então meu riso morreu, eu não queria contar pra elas, mas não tinha outra saída - É ai que está o problema, eu vou ter que me mudar, para a California...
Elas ficaram sem reação, absorvendo minhas palavras, a primeira a se pronunciar foi Louisa

- Você não pode ir, é do outro lado do oceano! - Ela se aproximou e se sentou ao meu lado me abraçando
- Eu sei - Disse quase em um sussurro - Mas era isso ou passar um ano na reabilitação - Lou me abraçou mais apertado
- Vai ficar tudo bem! Nem que a gente precise se mudar com você! - Eu não me segurei e acabei rindo, imaginando nós seis juntas em outro país e acho que as meninas imaginaram também pois me seguiram na risada
- Ok chega! Eu só tenho mais dois dias com vocês e não vou ficar aqui me lamentando, o que está feito está feito, agora não posso fazer mais nada - Eu me levantei da cama e as meninas me seguiram para fora do quarto, indo direto para a cozinha, depois de alguns minutos nós já tínhamos esquecido toda a história e já estávamos falando de outras coisas e é claro estávamos comendo.

No dia que se seguiu, nós fomos até a minha casa pegar todas as minhas coisas e levar para a casa da Lou onde eu ficaria até a segunda quando viajaria. E as meninas acabaram dormindo lá também, mas dormir é só forma de falar, pois nós viramos a noite conversando.

- Ei, como a banda vai ficar quando você for embora? - Elise perguntou meio triste
- Não vai né! Ou vocês vão querer simplesmente, conseguir uma outra garota e substituir nossa pequena prodígio? Mas se quiserem eu posso ficar no lugar dela!
- Não! - As meninas gritaram em coro e Camilla caiu na gargalhada, ela fazia os nossos vídeos, mas não cantava nem tocava nada, ainda tentamos ensina-la mas foi uma tragédia
- Ei eu acho uma boa ideia! - Disse bem séria e as meninas me olharam com caras de espanto, inclusive Camilla que parou de rir no mesmo instante, sustentei o olhar delas por mais alguns segundos, mas não aguentei mais e cai na gargalhada, eu estava em pequeno puff meio do quarto e acabei caindo para trás em meio à minha risada, por sorte o puff era baixinho e não me machuquei, mas as meninas acabaram rindo da minha situação e acabei rindo mais ainda, fazendo minha barriga doer
- Hazel entenda, até o meu cachorro canta e tocar melhor do que a Milla - Eu sem querer concordei com a cabeça e Camilla jogou uma almofada em mim e na Mary. Tutu, sim eu sei é um péssimo nome para cachorro, mas ninguém a pode culpar por ser péssima em dar nomes, nem imaginam os nomes que ela tentou dar para a banda, mas enfim, Tutu era um pequeno buldogue que vivia comendo e dormindo, mas nunca devíamos chegar perto de sua comida, ele p se transformava de um buldogue preguiçoso para um pitbull muito raivoso.

- Ei! Eu acabei de ter uma ideia - Mary chamou nossa atenção, mas suas palavras morreram ali
- Mary... Que ideia você teve?
- Então, já que a Hazel vai embora hoje de tarde, nós podíamos fazer um vídeo de despedida e postar no YouTube
- Eu gostei da ideia de fazer um vídeo, mas é sério, para por ai - Ela vivia nos perturbando para postar nossos vídeos no YouTube mas nós não tínhamos coragem, principalmente Camilla que editava os vídeos, então nós simplesmente fazíamos altas gravações no nosso estúdio e guardávamos
- Qual é galera, então pra que fazer vídeos?
- Simples! Para quando ficarmos velinhas, termos recordações dos bons momentos juntas - Todas assentiram
- Vocês são muito chatas sabiam?
- Mas é por isso que você nos ama - Sarah disse convencida e Mary deu língua para ela que apenas mandou um beijinho, deixando Mary com mais raiva apontando o dedo do meio na direção de Sarah
- Tá bom, já chega! Vamos logo fazer esse vídeo! - Exclamei me levantando - E ai meninas, que música vamos tocar? - Elas pensaram um pouco e se olharam, provavelmente pensando a mesma coisa. Ai não, aí vem bomba
- One last time! - Elas gritaram em uníssono. PORQUÊ!!!??? Elas viviam me perturbando para tocar aquela música, mas nunca fui muito fã da garota e sempre inventava uma desculpa esfarrapada, mas elas sabiam que dessa vez eu não teria para onde fugir, então o jeito seria tocar o que elas queriam.

Caminhei até meu violão, afinando as cordas enquanto as meninas organizavam o "cenário", tínhamos decidido que iríamos cantar as quatro juntas apenas ao som do violão, logo era apenas colocar um sofá no centro da sala. Como apenas Camilla e Louisa não cantavam ou tocavam qualquer instrumento eram elas que gravavam os vídeos. Demoramos quase duas horas para fazer um vídeo de apenas 3 minutos mas valeu à pena mesmo que a música não fosse a minha preferida.

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As meninas me levaram para o aeroporto uma hora antes do voo e ficaram comigo até o embarque, nós não queríamos nos separar, estávamos em um daqueles momentos em que tudo que fazíamos era ficar em silêncio e era o suficiente naquele momento, quando Elena apareceu dizendo que estava na hora de ir eu não pude me segurar e sem perceber meus olhos se encheram de lágrimas e ao contrário de outras vezes eu as deixei cair livres. Já não me importava em parecer fraca, pois eu estava perdendo meus alicerces, as pessoas com que eu podia contar a qualquer hora estavam ficando e eu estava indo para um lugar desconhecido do outro lado do mundo, em quem eu iria me segurar agora em diante? Mas eu tinha que ir, abracei cada uma delas e não conseguimos dizer sequer uma palavra nem mesmo agora.

Entramos no avião e em menos de 10 minutos já havia pegado no sono, não tinha humor para olhar a bela paisagem que se formava logo ali ao meu lado e tudo que fiz foi dormir até chegar ao meu destino.