Lost Drams escrita por Anieper


Capítulo 4
Capítulo 4




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Um mês depois.

Eu pulei da cama e corri para o banheiro. Assim que entrei corri para a privada e me ajoelhei no chão vomitando violentamente. Quando terminei me sentei no chão e passei a mão na boca para limpar. Fechei os olhos com força, essa era a decima vez em duas semanas que eu vomitava. Não sabia ao certo porque. No começo, pensei que fosse apenas algo que eu tinha comido, já que vomitei algumas vezes dos dois primeiros dias de enjoou. Mas depois passei a vomitar apenas de manhã. Não tinha contando para ninguém sobre isso. Não queria que se preocupasse comigo. Deveria ser uma virose. Muitas pessoas na escola também estavam vomitando. Me levantei, dei descarga e fui tomar banho.

— Filha? Já está pronta? – escutei minha mãe chamando depois de bater na porta.

— Sim. Falta apenas pegar minhas coisas. – falei terminando de colocar o tênis. – Desço em cinco minutos.

— Certo.

Passei a mão uma última vez na franja e peguei minha mochila. Desci as escadas e dei de cara com Rick e Shane. Desde da festa, não tinha falado com Rick. Ele tinha tentado mais duas vezes, mas quando viu que eu não queria conversar, ele resolveu me deixar em paz.

— Bom dia. – falei olhando para os dois.

— Bom dia. – Rick respondeu enquanto Shane apenas acenava.

— Mãe, já estou indo. – falei indo direto para a porta.

— Não vai comer nada?

— Vou tomar café com a Carla. Até mais tarde.

Sair de casa como o diabo foge da cruz. Fui andando até a casa da Carla. Assim que cheguei, ela estava saindo.

— Ei, não íamos comer na sua casa? – ela me perguntou confusa.

— Meu pai está conversando com alguns policiais. – disse indo até ela. – Podemos tomar café aqui?

— Claro. Entra.

Os pais de Carla eram médicos e quase não paravam em casa. Por isso ela pegou cereal para o café da manhã, já que não tinha nada pronto. Carla era uma menina solitária e sempre que podíamos, tomávamos café com ela. Ela passava mais tempo nas nossas casas, do que na dela.  Apesar de ter vomitado, eu estava morrendo de fome. E comi todo o meu cereal. Na verdade, comi mais do que normalmente como. Juntas, fomos para o ponto de ônibus. Carla e eu conversamos sobre as provas que estavam chegando e como provavelmente iriamos nos dá mal em cálculo. Se tinha uma matéria que não éramos fã, era essa.

— Você já superou sua paixonite pelo Rick? – Carla me perguntou de repente.

— O que? Por que isso agora? – perguntei surpresa.

— É que, desde que fomos a festa na casa da Ester você nunca mais falou dele.

Fiquei em silêncio por um tempo. Sabia o que ela queria dizer com isso. Respirei fundo e olhei para o outro lado da rua.

— Eu ainda gosto dele. Apenas não fico mencionando ele a cada dois segundos. – falei sinceramente. – Eu acho que notei que ele nunca vai dá bola para mim. Quer dizer, sou apenas uma adolescente. Filha do chefe dele. Nada que chamaria a atenção dele.

Carla ia falar alguma coisa, mas o ônibus chegou. Entramos e fomos para nosso lugar. As meninas estavam conversando sobre as provas e tentando adivinhar qual era o tema da aula de biologia de hoje. A professora disse que seria um tema novo e que valeria mais da metade da nota bimestral. As primeiras aulas passaram rapidamente como um borrão. Nada de muito extraordinário aconteceu. No almoço, teve uma guerra de comida, e por fim, uma menina caiu de cara na lata de lixo.

— Eu não acredito que ela caiu daquele modo. – Clarisse disse se sentando ao meu lado na mesa da sala.

— Ela tropeçou. Não escolhemos aonde vamos cair. – falei pegando meu livro de biologia.

— Mas mesmo assim. Foi um mico.

Rolei os olhos e vi que a professora tinha acabado de entrar na sala.

— Oi, pessoal. – ela disse sorrindo. – Bom, como sei que estão ansiosos para saber o que vamos estudar esse bimestre, vou logo ao ponto. Como muitos de vocês sabem tenho uma irmã que também é professora. Ela saiu da cidade a alguns anos e por isso dá aula em outra escola. Ela me ligou a duas semanas para falar como estava surpresa pelo número de aluna gravidas que ela tinha. Por isso conversei com o diretor e ele decidiu em fazermos um trabalho especial sobre isso. Hoje vou passar um texto básico sobre o assunto para vocês e depois vou explicar detalhadamente o que vamos fazer. – ela entregou algumas folhas para sua ajudante que começou a entregar. – Vamos fazer uma grande apresentação no final do bimestre com tudo o que conseguimos. Vamos pesquisar, conversar com pessoas que passaram por isso. Vamos fazer uma coisa bonita de se ver. Vou deixar vocês lerem, depois explicou tudo. Agora vamos ver esse vídeo.

A professora ligou a teve e começou a passar uma reportagem sobre gravides na adolescência e como cada vez isso estava mais comum. Quando terminou, ela mandou lermos nossas folhas. Peguei minha folha e comecei a ler rapidamente, já que faltava pouco para o sinal bater. A primeira parte basicamente falava sobre como os sintomas varia de pessoa para pessoa. Depois falavam quais eram os sintomas mais comuns. Não sei por que, mas comecei a reconhecer alguns sintomas. Como os enjoos, as dores nas costas, leve dores de cabeças, fome fora de hora e cansaço. Quantas coisas esses sintomas podiam causar? No fim, tinha uma pequena nota de como muitas mulheres não associavam esses sintomas a gravides. Seja por ser desatenta, por não acreditar que poderia estar gravida, ou não se lembra de quando transou sem proteção. E por fim, que apenas uma vez sem proteção era o suficiente.

— Bom, eu vou entregar esse cronograma para vocês. – a professora disse quando o sinal tocou. – Amanhã falamos direito sobre isso.

Assim que pegamos o nosso saímos da sala. As meninas teriam ensaio e como eu estava enjoada, decidir ir para a casa. Assim que cheguei encontrei um bilhete da minha mãe falando que saiu com as amigas e que só voltaria à noite. Fui para a cozinha e preparei o almoço. Fiz uma massa leve e comecei a comer. Quando dei a primeira garfada senti que estava faltando alguma coisa. Me levantei para pegar mais molho, quando vi o vidro de doce de leite em cima do balcão. O peguei e me sentei abrindo. Virei o pote em cima do meu macarrão. Enquanto comida, voltei a ler. Comia meu macarrão com doce calmamente até que comecei a ler os sintomas e prestei mais atenção. Vontade de comer coisas estranhas, fome fora de hora, vontade de ir ao banheiro mais frequente, sono, cansaço, seios doloridos, enjoos, dores nas costas e dores de cabeça. Eu parei de comer e coloquei o garfo no prato. A comida antes tão saborosa, tinha perdido o gosto de repente. Enquanto mastigava comecei a contar. Meu ciclo menstrual nunca foi muito regular, mas não se passava da segunda semana do mês e estávamos quase no fim do mês. Eu estava atrasada. Assim que cheguei nessa conclusão, a comida voltou. Me levantei correndo e por mais nojento que fosse, vomitei na pia da cozinha. Não daria tempo que chegar ai banheiro.

Quando acabei, lavei minha boca e a pia. Fechei meus olhos com força tentando me lembra daquela noite. Ao longe desse mês, tentei ao máximo esquecer o que tinha acontecido. Não que eu me lembrasse de muita coisa. Lembrava que assim que chegamos a casa de Rick, saímos do carro e começamos a nos beija. Rick me pegou no colo e abriu a porta. Ele entrou e chutou a porta. Fomos para o quarto e o resto era tudo borrão. Lembrava de beijos, caricias e gemidos. Eu não fazia a mínima ideia se tínhamos usado camisinha ou não.

— Não. Isso não pode estar acontecendo. – falei passando a mão pelo cabelo nervosamente. – Não. Eu estou ficando louca.

Fui até a mesa e comecei a arrumar. Joguei fora o resto do macarrão que estava no meu prato. Limpei tudo e subi correndo para meu quarto. Escovei os dentes para tirar o gosto azedo da boca. Voltei para o quarto e me troquei, peguei minha bolsa e desci as escadas correndo novamente. Eu tinha que tirar essa dúvida. Peguei um taxi e fui para o outro lado da cidade. Apesar de morar em uma cidade pequena, não morava em um ovo. Poderia comprar um teste de gravidez, sem que meu pai ficasse sabendo antes que eu chegasse em casa.

 - Boa tarde. – a senhora de trás do balcão disse assim que entrei na farmácia.

— Boa tarde. – falei olhando em volta.

— Precisa de ajudar? – ela perguntou vendo que eu estava perdida.

— Teste de gravidez, onde ficam? – perguntei sentindo meu rosto queimar.

— Nos fundos, querida. – ela disse docemente.

— Obrigada.

Fui até lá e fiquei parada na frente da prateleira. Não sabia qual pegar, quantos. Por que tinham que ter tantos? Suspirei e peguei três do primeiro que vi. Fui até o balcão. A senhora me olhava como se soubesse pelo que eu estava passando, mas não disse nada. Ela passou os testes e nessa hora um homem entrou. Eu não soube por que, mas ela escondeu os testes, os colocando rapidamente dentro de duas sacolas. Ela me disse quanto era o mais rápido que pode e eu paguei, saindo dali quase correndo.

Durante o caminho até em casa, pensava apenas que esses testes dariam falsos. Não tinha como eu está gravida. Não mesmo. Assim que cheguei em casa subi para meu quarto e tranquei a porta. Joguei minha bolsa na cama e fui para o banheiro. Abri os testes e li a bula. Fiz xixi em um pote e coloquei os três, um de cada vez por dez segundos e esperei. Enquanto esperava para saber o resultado, batia o pé impacientemente no chão. Rezava para que tive apenas um traço em cada um. Deu um pulo quando meu celular apitou avisando que tinha se passado cinco minutos. Fechei os olhos com força, antes de pegar os testes. Assim que vi o resultado, cai de joelhos no chão, chorando. Os três tinham duas barras. Isso significava que o resultado era positivo. Eu estava gravida.

A única coisa que se passava pela minha cabeça era, o que vou fazer agora.

Não sei quanto tempo fiquei ali chorando. Sabia que meu pai iria querer saber quem era o pai e eu não poderia contar para ele. Não podia simplesmente aborta. O bebê não tinha culpa que eu bebi demais e dormi com Rick. Mas como eu ia fazer? Como ia cuidar de um bebê. Não trabalhava, ainda estudava. O que eu ia fazer? Me levantei e guardei os testes. Tinha que fazer um exame de sangue para ter certeza. Não podia simplesmente confiar nesse teste. Sei que ele era quase tão seguro quanto o de sangue, mas mesmo assim podia estar errado. Mas como faria um exame se sangue. Não podia passar no médico sem um responsável. Tinha apenas uma coisa que eu podia fazer. Eu teria que contar para meus pais.

Sair do banheiro e fui para a cama. Me deitei e fiquei olhando para cima. Se meu pai me mandasse embora de casa, como iria fazer para cuidar de mim e do bebê? Não poderia e não iria pedir ajudar ao Rick. Ela tem a vida dele e o bebê é problema meu. Passei o resto do dia ali. Pensando. Eu tinha um pouco de dinheiro guardado. Minha avó tinha deixado uma pequena herança para mim antes de morrer. Poderia me virar por um tempo caso meu pai me colocasse na rua. Poderia encontrar um emprego. Teria que dá um jeito. Poderia estudar de manhã, trabalhar a tarde. Quando o bebê nascesse seria complicado, mas mesmo assim daria um jeito. Não poderia parar de estudar e não poderia deixar o bebê em qualquer lugar.

— Ally? Está em casa? – escutei meu pai chamando enquanto abria a porta. – Chegamos, querida.

 - Estou aqui. – respondi fechando os olhos.

— Venha, janta. Trocemos sua comida favorita. – minha mãe gritou.

— Estou indo. – falei me levantando.

Fui até o espelho e vi como estava horrível. Estava com os olhos inchados e vermelhos. Sabia que não poderia fingir, nem esconder isso. Tinha que contar logo para eles. Não conseguiria mentir. Fui no banheiro e passei água no rosto. Depois de respirar fundo dez vezes, desci. Assim que cheguei na cozinha, tive vontade de volta para o quarto e me esconder, mas não podia fazer isso.

— Oi, querida. Como foi seu dia? – meu pai perguntou se virando para mim sorrindo. O sorriso dele morreu e ele me olhou com um olhar preocupado. – Ally, tudo bem? Você está pálida. E seus olhos estão vermelhos. Andou chorando? Amor, fale para mim o que aconteceu.

Eu escondi meu rosto nas mãos e comecei a chorar.

— Filha, conte para a gente. – minha mãe disse se aproximando da gente preocupada. – Querida, seja o que for estamos aqui para você. O que aconteceu? Alguém fez alguma coisa com você? Te machucaram? Ally, responda.

— Eu estou gravida. – falei fechando os olhos, apenas para abri novamente ao escutar um baque no chão. Quando olhei vi que minha mãe tinha desmaiado.


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