Eu odeio quando você me faz rir,

ainda mais quando você me faz chorar.

~♥~

— Vamos lá, me diga algo sobre você que você nunca contou a ninguém. - Sakura disse, e eu me pus a pensar.

Nós dois estávamos ali por três horas, a garrafa de vodca tinha ficado pela metade, e a diretora Tsunade ainda não tinha aparecido na sala. Devia estar ocupada demais com seus cigarros para dar alguma importância a alguns alunos perdidos.

— Eu nunca fiz aquilo. - eu disse, sem ter noção de constrangimento. Eu tinha o esquecido horas atrás, depois do quinto gole de vodca que tomei. Sakura riu, e eu ri junto, mesmo sem saber o porquê.

— Bem, nem eu. - arregalei meus olhos, surpreso. Para mim, Sakura parecia bem vivida. Apesar de só ter dezesseis anos, parecia ter uns trinta, quando bebia, cinquenta quando olhava para o nada e oitenta quando falava. - Surpreso?

— Um pouco. - dei de ombros, e ela assentiu. - Por que nunca fez?

— Bem...- ela começou, olhando para o teto. - Embora eu pareça esquisita, nunca pensei muito sobre isso. Sempre achei que, quando fosse a hora, simplesmente aconteceria. E você?

— Falta de oportunidade. - ela assentiu, rindo logo depois. Eu a acompanhei. - Não que eu nunca tenha pensando sobre isso, acho que é algo constante na mente de um menino de dezesseis anos. Mas, também não tenho pressa.

Ela assentiu, e, pela vigésima vez naquele dia, ficamos em silêncio. No entanto, não era um silêncio incomodo.

— Gosta de dançar? - ela perguntou, mas eu neguei. - Ótimo.

Ela se levantou, pegou algo dentro da bolsa dela e voltou para onde estávamos. Estendeu a mão para mim, e eu peguei. A essa altura do campeonato, não me importava mais com o que Sakura faria.

Ela colocou uma música qualquer, meio psicodélica, meio fantasiosa, e começou a dançar. Ela se movia como um robô, passava os dedos sobre os olhos, fazia passinhos, e eu só encarava. Não percebi quando meu próprio corpo começou a se mover; também não me importava com isso.

— Vai, Sasuke! Remexe esse traseiro! - ela gritou, rindo. E eu a acompanhei.

Ficamos ali, como dois malucos, dançando uma música esquisita, no meio da sala de aula. Eu estava feliz, como se, de repente, a vida fizesse sentido.