Sekai no Sozokujin: Herdeiros de um mundo -revisão escrita por SabstoHoku, FrancieleUchihaHyuuga


Capítulo 23
Times, eu conto com vocês!


Notas iniciais do capítulo

Oieeee gente! Sei que demorou um pouquinho pro capítulo sair, mas saiu! É um capítulo meio longo, nós sabemos, mas prometo que ficou legal! ♥
Okay, não vou mentir, eu e a Fran já fizemos uma comemoraçãozinha própria aqui, com bolo e tudo. MUITO OBRIGADA A VOCÊS, SEUS GOSTOSOS, LINDOS, MARAVILHOSOS! Sem vocês não seriamos nada. Sem vocês, não estaríamos realizando esse sonho e a fic não estaria aonde está agora! TEMOS OS MELHORES LEITORES FOREVER ♥
Tá, parei de ser louca.
BEIJÃO PRA VOCÊS, SEUS LINDOS, E BOA LEITURA!



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A caminhada até a Vila do Algodão foi fácil e sem grandes interrupções. Os únicos inimigos, simples bandidos, foram encontrados pouco após a saída do grupo da Vila da Areia, e foram facilmente derrotados e entregues, em uma rápida volta, às autoridades para serem levados ao Kazekage.

Resumidamente, nada tinha acontecido.

E Boruto já estava achando uma chatisse.

Não que houvesse problema em ter uma viagem tranquila, mas, dentro de si, o menino tinha o desejo de poder enfrentar algum inimigo real. Na verdade, este desejo poderia ser fruto de outro, cujo tentava esconder de toda maneira após o incidente: O de impressionar o pai, conquistar o respeito daquele que havia o feito sentir tantas coisas ruins. Claro que, tratando-se de Boruto, o tal respeito viria a ser seguido de belas verdades jogadas na cara de Naruto e todo seu ser, sem se importar com as consequências. Mas isso, é claro, continuaria a ser apenas um desejo, segundo o próprio menino.
Mesmo com as conversas, músicas, os comentários de Inojin, as broncas de Konohamaru e outras situações que tinham se tornado comuns durante o trajeto, o Uzumaki, por algum motivo desconhecido, não conseguia sentir-se bem. Era como se um peso tivesse se instalado em suas costas, e decidisse ficar permanentemente lá, e além disso tinha aquela estranha impressão de que algo estava errado. Não deveria, certo? Se Hokuto não tinha lhe falado nada, e Hitomi também não havia detectado nada com seu Byakuringan, significava que não tinha com o que o loiro se preocupar.

Certo?

Porque então, mesmo assim, sentia-se tão estranho? Tinha vontade de proteger a irmã e a melhor amiga a qualquer custo, mesmo que não aparentasse ter quaisquer motivos. Talvez, e apenas talvez, fosse alguma consequência do acontecido em sua festa de aniversário. E ele preferia achar que era isso.

Ainda assim...

—Boruto! -Hitomi apareceu repentinamente na porta, interrompendo subitamente os pensamentos do menino, que mexia, obviamente distraído, no controle da televisão do pequeno quarto de hotel que agora dividia com a irmã. -Cadê a Hoku? Tomou chá de sumiço?

—Tá no banheiro. Disse que estava cansada da caminhada e queria tomar um banho,’ttebane.-Respondeu ele, em um tom que, embora não fosse a intenção, saira um pouco grosseiro. Pelo jeito, apenas o pequeno tempo pensando sobre o pai já fora o suficiente para alterar o humor do garoto.

—Tudo bem... Konohamaru-sensei mandou avisar que vamos sair daqui a pouco para buscar informações sobre os desaparecimentos. -Murmurou Hitomi, encarando-o com uma cara estranha, e logo após virando-se e voltando de onde viera, em algum lugar à esquerda do corredor.

—Tá. -Respondeu, mesmo sabendo que a amiga não mais podia escutar. Sua comunicação com Hitomi, (não apenas com ela, mas em especial com a menina), estava estranha desde sua conversa nada esclarecedora na casa dos Uzumaki. Era como se eles tivessem entrado em algum tipo de acordo que Boruto sequer sabia qual era, que havia sido firmado naquele dia, naquela última palavra da conversa. Gostaria de saber, assim como gostaria que a morena soubesse da pergunta que ele tinha feito, ou que ele havia tentado fazer, naquele mesmo dia, pouco antes da ida da menina.

Ouviu a porta do banheiro se abrir, e Hokuto saiu de lá,vestindo o uniforme de missões e enxugando os cabelos longos e róseos com uma toalha. Por um instante, Boruto a achou parecida com a mãe, mas logo tirou isso da cabeça. Hokuto era uma cópia dele, e ele era uma xerox do pai. Ela não tinha os mesmos olhos verdes de Sakura, seus cabelos eram mais longos e mais claros, e seu estilo completamente diferente.Hokuto tinha aqueles mesmos olhos azuis claros, aqueles mesmos risquinhos, parecidos com bigodinhos de um felino, nas bochechas. E, apesar de parecer tanto com ele, ela tinha traços mais delicados, com olhos um pouco mais curvos e lábios menores; Era visivelmente bonita, e ele não falava isso apenas por ela ser sua irmã, e sim porque, realmente, sob seus olhos, Hokuto era realmente linda. Trataria de matar o idiota que achava que merecia sua irmãzinha.

"Ninguém nunca vai ser o suficiente. " Lembrou-se de Konohamaru.

—O que foi? -A irmã o encarava, parecendo confusa, segurando a toalha de forma desajeitada.Foi só então que ele percebeu que a olhava fixamente, analisando cada detalhe do rosto dela, comparando-a com os pais, com ele mesmo, tentando ter uma visão de como ela seria quando mais velha e imaginando variadas formas de matar sem ser considerado suspeito (pra caso precisasse no futuro, com os tais pretendentes). -O que foi, Bolt? Alguma coisa errada,’ttebane?

—Hã? -O menino se tocou que, embora a tivesse ouvido, não havia ainda tirado os olhos dela. -Ah, nada não. Eu estava vendo se você não tinha se machucado.

—Me machucado com o quê? -Ela estreitou os olhos.

—Sei lá. -Ele voltou o olhar para a TV, que passava algo que presumiu ser um programa de culinária ou algo assim.
"Chatoooo". Suspirou, entediado, enquanto a irmã andava até a mochila e pegava a escova de cabelo.

—Alguém apareceu? -Questionou a menina, curiosa.

—Hãram. Hitomi avisou que saímos daqui a pouco para procurar pistas,’ttebane. -Respondeu, recebendo uma risada como reação.

"Para procurar pistas"?—Ela jogou a cabeça levemente para trás, rindo.

—Sim. -Ele a olhou com curiosidade. -O que foi?

—Você ficou parecendo um personagem de um desenho, que fazia parte de um grupo que solucionava mistérios,’ttebane. -Esclareceu ela, pousando a escova na mesinha da qual estava encostada.

—Ah, é? E qual personagem eu sou? -Riu, já sabendo da resposta.

—O cachorro falante, óbvio! -Os dois riram em conjunto, harmonicamente. Em meios aos risos, Boruto desviou os olhos para a porta e a viu aberta, com Hitomi encostada no batente, exibindo uma expressão pacífica.Não sabia dizer a quanto tempo a Uchiha estava ali, mas decidiu não a incomodar. Parecia estar sentindo-se extremamente bem.

—Desde quando esta aí, Hitomi? -Perguntou a rosada, assim que os acessos de riso pararam. Parecia ter percebido a Uchiha apenas naquele momento.

—Acabei de chegar. -Disse, simples. Boruto tinha plena consciência de que era mentira. “Você mente bem, Uchiha,’ttebane.”— Bem, o sensei disse que é para irmos pegar informações dos moradores que ainda estão aqui. -O Uzumaki olhou a amiga e pôde ver um pequeno sorriso no rosto da morena, e sorriu também. Apesar de pouco mostrar, Boruto sempre achou o sorriso da morena lindo e verdadeiro. -O que está olhando?

—Nada,’ttebane. -Olhou para o outro lado, para a irmã, que ainda sorria.

—Acho que ele tirou o dia para analisar rostos de garotas. -Brincou a Uzumaki, e então virou-se para a melhor amiga. -Himi, você já não tinha falado isso de buscar informações pro Bolt,’ttebane?

—Sim, mas do jeito que os Uzumaki são, não duvidei nem por um segundo que ele se esqueceria de dizer pra você. E o contrário também aconteceria.
Os gêmeos riram e mostraram a língua para a amiga, que respondeu da mesma forma.

—Pra sua informação, ele me falou sim, okay, Uchiha? -Hitomi fez uma careta ao escutar a resposta da amiga.

—Ah, não. -Ela andou até a cama em que Boruto estava sentado, e fez de conta que estava checando seu temperatura. -Oh, meu Santo Rikudou, Bolt. Você se lembrou. Sinto muito, mas tenho que informar que morrerá daqui a sete dias devido a isso. -Falou,sarcástica e com a voz afetada, recebendo um olhar nada legal do menino.

—Ha-ha, engraçadinha. Deviam te contratar pra fazer um Stand-Up,’ttebane. Arrasaria. -Levantou a cabeça e encarou os olhos grandes, ônix profundos que ela tinha. Olhos secretos e assustadores. Olhos que transmitiam frieza e carinho ao mesmo tempo, olhos que não se permitiam ser acessados. Que viam o mundo em outra perspectiva.

“Lindos.”

—Gente…-Hokuto pigarreou. -Missão. Busca. Se lembram?

—Ah...É...Sim. -Hitomi foi novamente até a porta. -É pra estarmos prontos em cinco minutos. -Disse, e virou-se novamente, fechando a porta atrás de si. Boruto encarou a porta por alguns segundos antes de se levantar, colocar sua jaqueta e pegar sua bolsa com armamentos ninjas. Enquanto isso, Hokuto prendia o cabelo num rabo-de-cavalo alto, e colocava a espada (que havia deixado na cama que ocupava) na bainha. Um timing perfeito para uma dupla perfeita. Esses eram os gêmeos, afinal.

—Estamos prontos,dattebane!- Declararam, coincidentemente juntos, e sorriram.
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—Okay, tudo bem, obrigado. -Konohamaru terminava de agradecer ao senhorzinho de idade com quem acabara de falar. Voltou-se aos alunos com uma expressão decepcionada, fazendo-os entender rapidamente o que queria dizer.

—De novo, nada. Eles parecem não saber de nada. -Bufou, cansado. -Fico me perguntando o que aconteceu com essa gente.

—Acho que estamos aqui pra descobrir, Konohamaru. -Brincou Moegi.

—Mas o que vamos fazer agora? - Boruto olhou com atenção para os senseis. -Precisamos das informações. É o nosso trabalho aqui, não é,’ttebane?

—É sim, Boruto. -Confirmou o Sarutobi, recebendo olhares questionadores de seus alunos. Boruto perguntou-se por um momento como era aquela sensação de ser considerado líder. De ser a esperança de todos. A ideia não o agradava; embora gostasse de proteger, Boruto preferia a simples sensação de competir à liderar. -Vamos procurar o líder do clã, ou o Kazekage, e falaremos com ele. Assim poderemos continuar nossas investigações. Tudo bem?

—Sim! -Responderam todos.

—Sensei, depois disso vamos fazer o quê? -Perguntou Hitomi, e o loiro olhou para a amiga, achando aquela pergunta um tanto idiota. -Pois já andamos quase toda vila e não achamos nada, nem pegada, nem chakra, nem armas ou arrombamento. Parece que as pessoas saíram por conta própria.

—Mas tem casas vazias. -Se intrometeu Shikadai, suspirando. - Já pensaram que eles podem ter dado proteção extra para as famílias que tiveram parentes desaparecidos? Talvez tenham escondido eles, para as histórias não se espalharem a causarem pânico na população.

—Sim. -Hokuto concordou, sorrindo de forma admirada para o Nara. -Por isso ninguém sabe de nada. Eles não foram informados dos acontecimentos. Porém, é estranho pensar que eles não acharam nada de errado com famílias inteiras saindo repentinamente. Acho que o Kazekage ou outra pessoa deve ter dado alguma desculpa para compensar a falta dessas pessoas,’ttebane.

Shikadai sorriu e concordou com a menina, parecendo satisfeito por alguém ter completado sua teoria. Boruto fuzilou lenta e dolorosamente o Nara em sua cabeça.

—Talvez eles estejam certos, Konohamaru. -Moegi olhou, aflita, para o amigo.

—Tenho quase certeza de que estão. -O Sarutobi murmurou. -Como eu já disse, vamos procurar o Kazekage, e então colocaremos fim nessa dúvida.
Todos concordaram com um gesto simples, e o grupo saiu novamente à procura, dessa vez questionando os moradores sobre a localização do Kazekage ou se alguém próximo dele. Naturalmente, como em toda pequeno vila, não foi difícil descobrir o local onde se encontravam os aposentos do Kage; Logo, o grupo estava andando, com confiança, para lá.

—Porque está com essa cara, Bolt? - perguntou Hitomi.

— Que cara? - O garoto não entendeu a pergunta da amiga, pois estava pensando como matar Shikadai sem ser pego.Seria útil, não?

—Sei lá, parece que está querendo pular no pescoço de alguém. - o loiro percebeu que a morena desviou o olhar um pouco. - Brigou com o seu pai?

—Nada. Eu só tava...É...Preocupado com a missão, sabe. -Tecnicamente, não era mentira. O Uzumaki realmente estava preocupado com a missão, só não naquele momento.

—Preocupado? -A Uchiha franziu o cenho.-Com o quê?

—Está tudo parecendo meio estranho, sabe,'ttebane? O pessoal desaparecido e tal... -Se remexeu, inquieto.

—Ah, sim. Deve ser empatia de irmãos, né? -A Uchiha sorriu, e então apontou para Hokuto, alguns passos à frente dos dois.

—Empatia...? -O menino olhou, confuso, para a irmã que andava a passos rápidos ao lado de Shikadai e Inojin, em silêncio.A menina pareceria levemente perturbada, arrumando a franja atrás da orelha, batendo os dedos um no outro sem cessar, olhando com freqüência para vários lados como se estivesse nervosa. Boruto arregalou um pouco os olhos, tentando não transparecer sua própria inquietação diante daquilo; tentou amenizar sua expressão antes de virar-se novamente para Hitomi.- Empatia. Deve ser mesmo.

—Acho que é normal com gêmeos, né? -Hitomi parecia feliz. -Eu não sei como é, mas particularmente gostaria de ter um irmão gêmeo. Teria sido bem menos solitário. Seria legal, não é? Ter alguém com quem dividir as coisas e... Ensinar...Brincar... -A expressão da menina pareceu mudar um pouco. Seria quase imperceptível, se quem estivesse observando não fosse Boruto. - Sabe... Acho que seria legal ter um irmãozinho...

—Porque não pede pra tia Hinata? -Ele riu. -Sei lá, acho que ela e o tio Sasuke poderiam te dar um,’ttebane.

A menina sorriu tristemente.

—Ela não pode. -Desviou os olhos. -Quer dizer, ela até pode, mas seria arriscado. Arriscado demais, tanto pra ela quanto pro bebê. Teriam poucas chances de dar certo e dos dois sobreviverem... Bem, você entendeu. -Boruto fez um sinal de positivo com a cabeça, porém não falou nada. - Além disso, meu pai fica pouco em casa, só teria eu para ajudá-la. E, quando o bebê crescesse, ele teria que entender que nosso pai não está ali. Que ele poucas vezes vai ter tempo de estar. Que ele vai perder muita coisa, e que não deve ficar chateado por isso, porque é pelo nosso bem. Ele vai ter que entender e aprender o que é a vida shinobi, ter que se acostumar com a morte e ver que nem todos os amiguinhos vão ter pais ou serem felizes do jeito que vivem. Vai ter que entender o porquê da vida dele ser como é, com o pai ausente, a mãe sempre ocupada e a irmã mais velha sempre tão distante. Não quero que meu irmão viva isso. Nenhuma criança deveria viver.

Boruto abaixou a cabeça, surpreso e sentido com a resposta. Era verdade. Sua vida também havia sido assim, embora tivesse Hokuto ao seu lado.

—Você vai querer ter filhos no futuro, Hitomi? -Perguntou, subitamente, fazendo a morena lhe lançar um olhar surpreso.

—O quê?

—Você disse que não quer que nenhuma criança viva isso. Mas esse é o nosso mundo. Um dia você vai crescer e se casar, não vai? Você é uma Kunoichi, e seu marido provavelmente vai ser um Shinobi. Se tiverem filhos, eles terão que lidar com isso. Conviver com a ideia que podem perder os pais a qualquer momento, e que podem morrer também. Vocês dois também vão ter missões. Não poderão ficar em casa à todo momento, junto com eles,’ttebane. Então, sendo assim, você vai querer ter filhos, Hitomi?

O silêncio reinou por alguns segundos. Era uma pergunta séria e inesperada, que provavelmente não deveria ser discutida por crianças tão novas, mas estava. Hitomi, então, olhou de relance para o loiro, com um brilho nos olhos.

—Sim, vou querer ter filhos. -O Uzumaki viu a morena sorrir e mexer em um dos colares que carregava no pescoço. -Ver um bebê nascer, pegar ele no colo e chamar de "Meu filho" deve ser algo fantástico,Boruto, e eu quero sentir essa sensação. E mesmo que eu faça missões que podem custar a minha vida, eu sempre irei arranjar um meio de voltar. Porque eu teria um motivo para voltar, sempre teria. Meu marido e meu filho. Não vou deixar nada tirar isso de mim; Sempre voltarei.

O Uzumaki abaixou a cabeça, encarando com receio os próprios pés, enquanto chutava pedrinhas.

—Por quê? -Perguntou.

—Porquê essa é a minha escolha, Bolt. Outros podem dizer que não querem ter filhos, pois esse é um mundo ruim para crianças.Eu não quero ter um irmão, porque ainda vai demorar para que eu possa melhorar as coisas para ele também, mas eu quero ter filhos,para que eles tornem o mundo melhor. Sei que agora é a nossa vez e isso, é claro, vai demorar muito para acontecer, mas eu já penso, sabe? -Ela suspirou, sonhadora. -Naqueles pestinhas loiros correndo pela casa, meu pai furioso por ser chamado de vovô e…

—Loiros? -Boruto levantou uma sobrancelha, sem entender.

—É…-A menina corou levemente e desviou o olhar. -Ou ruivos, ou morenos, azulados, quem sabe com cabelos brancos, ou rosas, sei lá, né… Não sei como vai ser meu futuro marido.

—Ah, sim. -Concordou o menino,dando de ombros, sem dar muita importância.

—Quem sabe, né,’ttebane?

—Pois é. -Hitomi se calou, enquanto Boruto pegava seu celular e começava a jogar um daqueles joguinhos sem-graça que servem apenas para passar o tempo. Antes que percebesse, Moegi já estava chamando-os para que entrassem em uma construção branca, bem parecida com onde se localizava o escritório do Hokage em Konoha, cujas letras em cima diziam “Vento”, indicando a nacionalidade da Vila e qual seria seu Kage. Era, obviamente, o lugar onde se encontrava o Kazekage do Algodão em seus dias de trabalho (que Boruto, tendo o pai que tinha, naturalmente pensou serem todos).

—Bem-vindos. -Um homem alto, com um longo bigode ruivo e cabelos perfeitamente arrumados da mesma cor, talvez com 35 ou 40 anos usando uma vestimenta branca com detalhes azuis e o conhecido chapéu que indicava o cargo que assumia os recepcionou, logo assim que adentraram o pequeno prédio. -São os ninjas de Konoha, estou certo?

—Sim senhor. -Confirmaram, confiantes.

—Sou Kurisutarufurawa Katsuo, Kazekage desta Vila e líder do clã Kurisutarufurawa. - O homem fez uma pequena reverência, como forma de respeito. O grupo o olhou, receoso, e fez o mesmo. -Me chamem de Katsuo. Não precisam estranhar meu hábito, é natural honrarmos todos em nossa vila. Nenhum cargo é superior à outro.

—Sim senhor. -Concordaram.

—Bem, sigam-me para que eu possa explicar a situação. -Declarou e virou-se lentamente, fazendo um pequeno gesto para que o grupo o seguisse, e assim fizeram. Andaram poucos metros para frente, e então viraram à esquerda, entrando em uma porta no começo do corredor. O novo cômodo era simples, porém bonito e organizado. Tinha um estante alta, contendo pergaminhos e livros encostada em uma das paredes, uma mesa quadrada e espaçosa de madeira clara em conjunto com uma cadeira elegante estofada, que para Boruto mais parecia uma poltrona. Um tapete azul com bordados dourados e detalhes brilhantes variando entre vermelho e rosa que realmente não pareciam falsificados cobria parte do chão de madeira extremamente bem-cuidado do local, deixando-o com um aspecto imponente. Era, no geral, limpo e organizado, embora os papéis e algumas xícaras, que pareciam conter restos de café frio, em cima da mesa denunciassem o estresse do ocupante da tal sala.

—Bem, primeiro, peço que se apresentem. -Katsuo andou até sua poltrona, sentando-se com calma e encarando com simpatia os jovens ninjas. - Quero saber os nomes dos ninjas que o Hokage nos enviou para auxílio.

—Sarutobi Konohamaru. -Começou o sensei, reverenciando o líder e lançando um olhar para a colega logo em seguida.

—Um Sarutobi? -O Kazekage levantou as sobrancelhas vermelhas. - Já ouvi falar no clã. É o neto do Terceiro Hokage?

—Sim, senhor. -O moreno olhou novamente para Moegi, como se na esperança de que a mulher continuasse as apresentações.

—Nakodane Moegi. -Continuou com calma, esperando alguns segundos até que os alunos continuassem.

—Nara Shikadai.

—Uchiha Hitomi. -Embora tenha parecido reconhecer o clã, Katsuo limitou-se a dar um pequeno sorriso.

—Akimichi Chouchou.

—Yamanaka Inojin.

—Uzumaki Hokuto,’ttebane.

—Uzumaki Boruto. - O Uzumaki repetiu a reverência feita pelos colegas, embora não visse necessidade de fazer aquilo. Quando levantou-se, teve como surpresa um sorriso nostálgico do Kazekage.

—Vocês dois, -Apontou para os irmãos, que se entreolharam, curiosos. -são gêmeos?

—Sim, ‘ttebane. -Responderam em uníssono, fazendo o homem rir.

—O que tem de tão engraçado, senhor? -Moegi questionou,incerta.

—Ah, me desculpem. -O ruivo se recompôs com rapidez. -Eles me lembram meus filhos. Além disso, nunca imaginei que o Hokage teria filhos gêmeos. Aquele Naruto…

—O senhor conhece nosso pai? - Boruto deu um passo à frente.

—Pessoalmente? Não, eu não conheço. Mas já ouvi falar muito dele, entende?

—Realmente, a guerra espalhou muitos rumores, senhor Katsuo.- Konohamaru prontificou-se.

—Não foi a guerra. Ou, melhor dizendo, não apenas ela. Foram minha esposa e meu enteado. -Ele sorriu. -Guren e Yukimaru tinham belas histórias com Naruto.

“Guren e Yukimaru?” Boruto refletiu por alguns segundos, tentando se lembrar de onde conhecia os nomes. Então, como num estalo, as lembranças da história contada tantos anos antes por seu pai voltaram à tona.

—O senhor é casado com a moça do kekkei genkai de cristal,’ttebane?! -Exclamou, surpreso.

—Cristal? -Shikadai olhou de forma questionadora para Moegi, que parecia tão confusa quanto ele.

—Sou sim. -Ele levantou-se, parecendo repentinamente sério. -E não apenas isso. -Katsuo uniu espaçadamente as mãos, deixando-as assim por algo em torno de dois segundos, ou até menos. Assim que as abriu novamente, Boruto pôde ver um pequeno e brilhante cristal nas mãos calejadas do homem. O Uzumaki abriu a boca impressionado, e pôde ver que o resto dos colegas tinham reações parecidas.

—Mas...Como? -Hokuto pareceu analisar de longe a pedra preciosa.

—Primeiro, antes de mais nada, acho que devo contar a história do clã primeiro, querida. -O Kazekage respirou fundo, fechando e abrindo os olhos lentamente, antes de recomeçar a falar.- Nosso Kekkei Genkai existe antes mesmo de nosso clã. Kurisutarufurawa significa flor de cristal, o que faz referência direta com nossas habilidades. O clã descende de um país já extinto, Kesshō no Kuni, que foi exterminado a anos por conta do medo que tinham de nossas habilidades. Uma história muito parecida com a do clã Uzumaki, não? -Ele olhou para o grupo. -E as coincidências não param por aí. Após a dizimação de nossa nação e a quase extinção do nosso clã, os habitantes que restaram espalharam-se pelo mundo, passando a habitar outras nações e casando-se com pessoas de outros clãs e aldeias, escondendo suas origens.Com o passar dos anos, o clã foi esquecido. Essa história, é claro, não aconteceu apenas conosco. Porém, mesmo assim, nos trouxe problemas. O kekkei genkai de nosso clã é diferente. Não é como os dōujutsus do clã Uchiha ou Hyuuga; O nosso pode pular gerações, sem uma ordem certa. Com a formação de famílias construídas em outros lugares e com nossa impossibilidade de contar sobre nossos dons, cada criança descendente do clã Kurisutarufarawa era um risco para a família e para ela mesma. Às vezes, a pausa do kekkei genkai era tão grande que o ancestral principal já tinha morrido, e a criança não tinha como aprender a controlar antes que fosse descoberta. E esse era o problema. Julgavam quem tinha o dom como estranho e os rejeitavam, ignoravam, mal-tratavam, como foi o caso de Guren, ou simplesmente matavam-os para que não trouxesse problemas.

O silêncio tomou conta da sala. Todos estáticos, sem saber ao certo o que fazer. Boruto mantinha uma expressão surpresa, embora estivesse mais curioso do que propriamente surpreso.

—Mas...O que isso tem haver…?- Shikadai tentou se manifestar, sendo logo respondido por Katsuo.

—Tudo, menino. Em minha família, o Kekkei Genkai era mais comum, pulando apenas uma geração. Sendo assim, tínhamos conhecimento de nossos poderes e da origem de nosso verdadeiro clã. Meus avós eram originalmente do clã Kurisutarufurawa, e passaram o conhecimento para os filhos, incluindo o meu pai. Ele não tinha o dom, porém eu e meus irmãos nascemos capazes de utiliza-los. -A expressão de Katsuo se tornou sombria à medida que falava, e Boruto teve a impressão de que a história era ainda mais profunda que aquilo. - Numa noite, quando eu tinha doze anos, senti que algo não me deixava dormir. A casa estava escura e silenciosa como todos os dias de madrugada. Fui tomado por um desejo de caminhar, então apenas me arrumei e saí. Não sei por quanto tempo fiquei andando, mas, quando voltei… -Fez uma pausa, talvez remoendo lembranças de seu passado. - As pessoas temem aquilo o que não entendem, crianças. O diferente é visto como perigoso. É o natural para os humanos. Não que seja o certo. -Boruto lançou um olhar para a irmã, que tinha a cabeça um pouco mais baixa que o habitual e os olhos fechados apertadamente, como se estivesse tentando lembrar de algo. O Uzumaki tinha plena consciência de que a rosada, na verdade, estava tentando esquecer. - A casa estava em chamas. Todos estavam obviamente mortos. De alguma maneira, haviam descoberto nossos dons, e tinham ficado com medo. Decidiram resolver isso da maneira mais cruel. Eu corri para me salvar, antes que eles dessem falta de uma das três crianças da família, e continuei correndo por bastante tempo, até chegar, exausto e faminto, em uma outra Vila, onde me encontraram e me levaram para um orfanato. Fiquei lá até completar dezesseis anos, quando resolvi sair em busca de outros como eu. Eu estava decidido a criar um lugar seguro e novo, para reerguer o meu clã. Andei por muitos anos, pesquisando e reunindo pessoas e informações. Encontrei Guren e Yukimaru enquanto vagavam no País da Chuva, junto com um outro amigo deles. Eles se juntaram a nós, e continuamos nossa caminhada por um longo tempo, ouvindo rumores da guerra e de seus heróis. Guren e eu acabamos nos tornando próximos e...Bem, vocês sabem o resto da história. Encontramos um lugar vazio, embora pequeno, aqui no País do Vento, e fundamos essa Vila. A guerra havia acabado. A vila cresceu com o tempo, e nunca houveram conflitos aqui. Pensei que finalmente poderíamos alcançar a paz.

—Então começaram os desaparecimentos, certo? - Questionou Hitomi, e Katsuo acenou a cabeça em confirmação.

—A uns dois meses atrás alguns membros do clã começaram a sumir sem deixar nenhum rastro. Achei que estavam saindo da Vila para conhecer outros lugares, pois outros faziam isso, mas, com o passar do tempo, comecei a estranhar e fui procurar pistas para tentar saber o motivo dos sumiços e o resultado foi negativo. Eles pareciam não ter saído por conta própria.

—Ninguém notou alguma movimentação estranha? - perguntou Moegi.

—Não, ninguém notou algo diferente ou fora do comum. As missões estão suspensas então quase todos estão na Vila. Desde do primeiro caso de desaparecimento nenhum estrangeiro ou ninja passou por aqui.

—Não teve nenhum padrão nos sequestros? -Shikadai olhou para Katsuo, que balançou a cabeça negativamente.

—Não sabemos.

—Mas o senhor não colocou shinobis para investigar? -Inojin questionou.

—Eu colocaria, se tivesse sobrado algum. A pessoa ou as pessoas que estão por trás dos desaparecimentos foram espertas. Os ninjas de elite que tinham como especialidade investigações foram alguns dos primeiros a sumir. -Uma clima de tensão se instalou na sala. Todos pensavam a mesma coisa.

"Se essas pessoas são capazes de sumir com ninjas de elite..." Um frio percorreu a espinha de Boruto.

—O senhor não detalhou isso no pedido da missão, não foi? -Perguntou o loiro, receoso.

—Mas é claro que não. Somos um país pequeno e estamos sem força militar, criança. Konoha pode ser confiável, mas outras vilas podem não ser. Se a entrega do documento fosse interferida e tudo que estou falando estivesse escrito, estaríamos em perigo. Seria praticamente chamar o inimigo para fazer um banquete conosco.

Boruto teve que concordar com o pensamento. Não era um líder como Katsuo, mas conseguia compreender tal raciocínio.

Alguns segundos estranhos passaram sem que o grupo nada falasse. Enquanto aquele tempo corria, Boruto pensava na situação daquela Vila. Nova. Sem recursos. Sem respostas. Reféns de algo que sequer sabiam o que era.

“Totalmente desesperador”

O inimigo poderia estar em qualquer Vila próxima. Poderia ter escolhido qualquer Vila para atacar, mas não o fez; Escolhera aquela. Pequena. Teoricamente vulnerável. Mas poderia ser Konoha, não poderia? Tentou imaginar aquela situação passando-se em sua própria vila, e então repassou os últimos dias na cabeça, não se lembrando de ninguém estranho. “Alguém poderia ter sumido e sido sumido e o inimigo poderia estar assumindo a vida da pessoa.” Pensou, já elaborando suas próprias teorias. “Mas com que objetivo?”

—Katsuo. -Chamou Konohamaru, fazendo o senhor ruivo olhar com atenção para ele. -Antes de virmos para cá, questionamos alguns moradores sobre os desaparecimentos. Eles pareciam não saber nada sobre eles, nem sequer de suas existências. Isso é preocupante, não?

—Na verdade não, jovem Sarutobi. Assim que os desaparecimentos se tornaram frequentes, fiz com que os familiares dos desaparecidos se deslocassem para um lugar especial, e não dissessem o porquê nem para onde estavam indo para os amigos, mesmo os próximos.Pensei que talvez fosse um problema com aquelas famílias, exclusivamente. Falamos para todos os que restaram que tínhamos escolhido alguns para testes simples pelo bem da vila, para que não tivéssemos que contar a verdade, evitando uma histeria coletiva na população. -Ele suspirou.- A desculpa funcionou, mas eles estão começando a desconfiar.

—Entendo. -O moreno faz um gesto afirmativo com a cabeça.

—A verdadeira missão de vocês, conforme o Hokage deve ter informado, é encontrar e, se possível, prender os culpados pelos recentes acontecimentos. Sinto muito ter de colocar um peso tão grande em jovens como vocês, mas não tivemos escolha. Também não me agrada jogar nossos problemas para outra vila. Mas vejo que Naruto me enviou jovens excepcionais. -Ele pareceu analisar cada uma das pessoas presentes com os olhos. -Que sei que poderão resolver a situação. Espero que tenham sorte.

—Obrigado, senhor. -Todos responderam juntos, como que sincronizados. Era algo simples de entender. Kurisutarufurawa Katsuo já havia cativado a todos.

—Senhor Kazekage? -Chouchou falou, pela primeira vez se manifestando desde o início da conversa.

—Sim?

—Temos, bem, não sei...Um ponto inicial para as buscas?

—Claro. Posso pedir para que um dos nossos leve vocês até onde as famílias dos desaparecidos estão, para que possam fazer algumas perguntas. Talvez os ajude.

—Muito obrigada, senhor. -A menina sorriu.

—Apenas Katsuo está ótimo. -A resposta fez alguns sorrirem, incluindo Boruto. -Novamente, peço que nos auxiliem durante esses dias complicados. Sei que vai parecer clichê, e para uma parte de mim é difícil assumir, mas...A Vila do Algodão depende de vocês. Por hoje é só.Comecem as buscas amanhã. Podem descansar.

—Sim! -Responderam, prontos para sair da sala. Porém, antes que alguém o fizesse, Boruto lembrou-se de mais uma importante pergunta.

—Ei, tio do cabelo vermelho. -Katsuo teve a atenção presa pelo apelido, mas não pareceu se ofender com ele. -Kurisutarufurawa é um nome grande demais pra ficar falando por aí. Não dá pra abreviar, não?

—Boruto! -Konohamaru andou até o loiro, prestes a agarra-lo pelo braço,as foi interrompido pelo Kazekage:

 

—Não tem problema, Konohamaru. - “A memória dele é impressionante, não é mesmo,’ttebane?”—A pergunta é válida. -O homem sorriu, fazendo com que seu bigode se levantasse de uma forma engraçada. Boruto pôde ouvir algumas risadinhas, que tentavam em vão ser paradas, vindo de seus colegas. -Realmente, menino, eu também acho um nome longo demais. Que tal se chamassemos só de ‘Furawa? Muito melhor, não?

—Sim, fica bem mais fácil, ‘ttebane. -O menino sorriu como não sorria em dias. Katsuo poderia ser considerado um dos Kages mais legais que Boruto já conhecera. Faria qualquer coisa pra ajudar aquele senhor.

—Ótimo. Agora vão descansar, tudo bem? Vão ter dias bem cheios daqui para frente. -Fez um gesto com a mão em direção a saída, e o grupo de retirou do local.

“Dias bem cheios” recordou Boruto, olhando para a irmã, que parecia ainda mais inquieta do que estivera antes da conversa com o simpático Kazekage, enquanto andavam de volta ao hotel. “Aposto que sim,’ttebane.”

 


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Gente, amei o Katsuo, foi o personagem não-planejado mais bem-planejado que já fizemos kkkkkk (isso faz sentido? Espero que sim! ) O que vocês acham que esta causando os desaparecimentos? Qual o palpite de vocês para o que ou quem está por trás disso?? O que acham que vai acontecer??
Comentem! Aceitamos críticas e sugestões!



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