Flores para Elisa escrita por Marcos Martinz


Capítulo 1
Rosas vermelhas ( Capítulo único)


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem e me perdoem algum erro.
Depois pode me dizer se gostou? Agradeço muito!



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Já era cedo, o sol se espreguiçava nos céus, apontando o raiar do dia.

Acordei e logo fui para a cozinha, lá estava Elisa com seu sorriso. Terminou as panquecas e com um beijo adocicado me deu bom dia.

Sua aparência jovial, seus olhos claros e sua camisola justa faziam eu me apaixonar por ela mais e mais naquela manhã.

— Elisa, eu vou voltar mais tarde hoje. Tenho uma reunião no escritório

— Sem problemas meu amor, hoje vou dar uma geral na casa e mais tarde podemos ir ao cinema da cidade. Dizem que é novo, algo dos novos tempos.

O jeito que ela era fascinada por filmes me cativava, mas eu jamais a deixaria atuar em um, não é coisa de moça direita.

Em minha carteira eu sempre carregava uma foto minha e de Elisa, na fotografia estávamos pescando nas férias de julho no Rio Grande do Sul. Ela estava com um sorriso lindo e eu com aquela cara de frio, afinal estava um tempo gélido pra pescaria.

Enquanto dirigia pensava sobre minha vida, e como seria bom ter um filho com minha esposa. Em meio a essa distração eu bati meu carro num estrondo horroroso, mas nada grave.

Desci do veículo e uma mulher desceu do dela, infelizmente a batida tinha afundado a lataria do carro dela.

— Moça me desculpe, não sei como isso aconteceu.

A mulher morena parecia calma e lançou despreocupação.

— Sem problemas. Eu estava quase jogando essa lata-velha fora, o senhor só adiantou meu serviço.

Seu sotaque baiano era apaixonante, percebi na hora que não era da cidade.

— Por favor, me chame de Carlos.

Sorri pra ela e depois retiramos os carros da estrada. O guincho levou o dela e o meu foi pro concerto, teria de faltar no trabalho.

— E eu sou Maria — A morena disse radiante. Ela tinha longos cabelos, olhos castanhos escuros e um gingado único.

Apertamos as mãos e enquanto caminhávamos ao bondinho mais próximo conversamos. Conversa vai e vem falei de minha esposa

— Sou casado com Elisa, ela é apaixonante, de fato você amaria conhece-la.

— Jura mesmo? Como ela é?

Ela me perguntou, entusiasmada

— Oh eu tenho uma foto dela comigo aqui na carteira — Enquanto falava pegava minha carteira do paletó — Pois se eu contar você vai achar que estou exagerando.

Mostrei a foto, ela ficou olhando por alguns minutos e com um sorriso singelo continuou.

— Bela foto da pescaria, mas não vejo mulher alguma na foto... — Para meu espanto ela disse. Com certeza ela tinha problemas de visão ou estaria brincando comigo.

— Como não? Veja ela está bem aqu... — Minha voz fora engolida, ao ver a fotografia estava apenas eu na pescaria. Não havia ninguém no lugar de Elisa — Mas... Mas... Há algo errado!

— Como assim Carlos? Essa foto só tem você... Você está bem? — Me olhou com estranheza e eu tomei a foto da mão dela, mas por um deslize escapou de mim e voou para a avenida. Corri para pega-la mas o que me pegou fora um carro, e eu? Apaguei.

Quando acordei estava numa sala de hospital, uma mulher estava ao meu lado; pude reconhecer depois de minha dor de cabeça, era Maria mas ela estava tão diferente.

— Maria, o que houve? Eu fui pegar a foto e.... — Ela se aproximou com intimidade e tocou meu rosto, via paixão em seus olhos.

— Céus, você acordou! — Abriu um largo sorriso, e eu estava sem entender nada. Nos conhecemos a pouco tempo.

— Porque está me tocando assim? Até agora pouco bati em seu carro e...

Ela me interrompeu.

— Querido, isso foi a anos atrás quando nos conhecemos. Mas depois, suas loucuras começaram a ficar constantes...

Maria me disse isso e eu fiquei pasmo. Havia algo errado ali, estavam brincando comigo.

— Loucura? Está com problemas moça, eu sou lúcido. Chame minha esposa Elisa aqui e ela provará isso!

Aumentei meu tom de voz, mas ela pareceu pedir para que eu me acalmasse, então o fiz, estava tudo muito estranho.

— Carlos, os médicos me disseram que seria um grande choque mas... — Ela lacrimejou, não estava entendendo nada — Você está a três anos neste hospício de São Paulo, seu caso foi tão grave que as clínicas do Rio não tinham medicamentos.

Eu surtei, meu coração palpitou mais forte.

— Cale a boca sua mentirosa, você está mentindo!

Eu berrei, e ela chorava.

— Quando você bateu em meu carro você estava tão louco, vestindo trapos e eu te levei para um hospital. Até que você me mostrou uma foto sua, onde alegava ter uma mulher mas só tinha você e... Descobrimos que você era — Ela travou, seu choro abafado era comovente.

— ERA O QUE? — Gritei, alterado.

— LOUCO! – Ela gritou também em prantos, mas ao engolir a tristeza continuou

— Em seus momentos lúcidos nos saímos juntos e eu me apaixonei por você, então casamos. Mas suas crises eram constantes, você jurava estar casado com outra mulher, ter outra vida, mas isso nunca existiu... — Meu coração acelerou com aquelas palavras, e eu ia associando a realidade. Eu chorei, chorei muito e depois de um tempo eu tornei a falar.

— Mas... E Elisa? — Perguntei para Maria, que me olhou com tristeza.

— Elisa nunca existiu.

Minhas lembranças com Elisa eram tão vivas e reais, meu coração preenchia-se ao lembrar de nossos passeios no cinema. No jeito que ela olhava o pôr do Sol da janela, no seu único sorriso... Mas, nada daquilo foi real, foi tudo doses da minha loucura

— E a casa que eu morei com ela?

— Bom, ela realmente existiu, mas creio que não será bom tornar a vê-la, acabou de sair da clínica.

Maria pelo jeito era uma esposa zelosa, mas eu não a amava, eu amava Elisa.

Saímos de São Paulo e voltamos ao Rio. A casa de Maria era linda, mas com o tempo fui convencendo ela de deixar eu me despedir de minha antiga casa, e ela com o tempo cedeu.

Chegamos em minha casa repleta de verde em volta. Árvores lindas e fortes. A casinha amarela encantava o lugar mesmo que as folhas estivessem tomando conta da parede. Sentia meu coração ali, sentia Elisa ali.

— Então? Vamos entrar? — Estávamos um pouco longe da casa quando Maria me perguntou, mas eu indaguei

— Maria, eu posso fazer isso sozinho? Por favor, eu espero que entenda.

Em minhas mãos eu carregava flores, rosas vermelhas as preferidas de Elisa. Maria assentiu e deixou.

Aproximei-me da casa e ao abrir a porta minha mão tremeu, e meu coração pulsou mais forte.

O bule estava fervendo, a casa estava como sempre. Parece que nada tinha mudado, era tudo muito real.

Deixei as flores na mesa com um bilhete; para Elisa. E sai da casa em prantos.

Do lado de fora olhei para dentro da casa pela janela; estava tudo velho e empoeirado, apenas as flores na mesa ganhavam destaque. Incrível como minha mente transformava tudo.

Fui me afastando devagar da residência sem tirar os olhos da janela, e em uma grande distância eu a pude ver....

Cabelos loiros até os ombros, olhos claros e um vestido rosado. Ela segurava as flores que eu dei e sorria, sua barriga estava grande parecia estar gravida.

Elisa olhou pela janela e acenou pra mim, mandando vários beijos e bem devagar foi desaparecendo.

Anos depois eu lancei meu livro em base nessa mulher incrível " Flores Para Elisa", contando nossos romances e o triste desfecho. Todos amaram e eu virei um escritor famoso, meu livro estava no auge.

Em uma das minhas exposições esbarrei numa jovem, derrubando meu livro de suas mãos.

Abaixei para pegar pra ela e quando levantei levei um susto.

Tinha as madeixas loiras, olhos claros e um rosto incrível. Era ela

— Céus... Eu.. Eu... Como é o seu nome?

— Eu me chamo Elisa, e você é?


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Notas finais do capítulo

Obrigado por ler!



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