Ouça o Amor - HIATUS escrita por Wellie


Capítulo 4
Ouça a hiperatividade


Notas iniciais do capítulo

*Respira, inspira. Respira, inspira* Oh, meu Kami!!! Uma recomendação! Eu recebi uma recomendação! Sugoi! o/ Amei, amei com todas as minhas forças, linda Marina! Eu estou muito feliz, eu estou saltitante, por isso esse capítulo é dedicado especialmente à você, Flor! Agradeço imensamente pelas lindas palavras, todas foram revitalizadoras... n.n



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Ouça a hiperatividade

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~Wellie~

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“Desista de me fazer desistir” 

— Uzumaki Naruto

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Um fato concreto na vida de qualquer homem de bom senso é que sempre vai haver aquele amigo idiota disposto a lhe importunar, chatear ou, simplesmente lhe irritar. Com Sasuke não era algo muito diferente...

Veja bem, sua mãe dedica-se por toda uma vida para lhe criar com todo o amor e disciplina. O leva até a escola, disposta, ainda que você seja um mal garoto, se esperneie nos braços dela e tente fazê-la mudar de ideia sobre o rumo que ambos tomam: a escola. E apesar de tudo que você insiste em traquinar durante o trajeto, ela persiste, até mesmo o carrega no colo para que você simplesmente não fuja.

Sua mãe tem mesmo muito controle sobre si; ela faz questão de lhe dizer, já em frente à escola, que fará para o almoço sua comida preferida se se comportar como um nobre rapazinho — ainda que você, definitivamente, não se trate de um — e então você, com certeza, vai agir como lhe foi pedido, só por conta do sorriso que ela lhe lança antes de empurrá-lo para dentro e passar a caminhar na direção da professora. Mas, claro, parcialmente escondido por detrás do portão, você ainda pode ver quando ela ameaça discretamente a débil educadora para que esta o trate bem e isso lhe basta para enfrentar aquele monte de pirralhos, que nem ao menos podem se comparar a você, por um dia inteiro, ou melhor, por todo o restante do ano letivo.

Mas, naquele instante, Sasuke não conseguia enxergar propósito algum em tudo isso...  De que valia agora o enorme esforço de sua mãe, se toda a educação que ela lhe deu escorregava pelo ralo quando aquele seu amigo aparecia? Era exatamente isto que o Uchiha se perguntava no momento...

Sua mãe já não estava ali para acalentá-lo com um sorriso ou para despertar em Sasuke autocontrole enquanto Naruto lhe importunava, e ele já não sabia bem ao certo se conseguiria suportar aquilo por muito mais tempo.

Ir comigo, Teme!, o loiro sinalizava para que Sasuke pudesse o compreender.

Naruto aprendera a língua de sinais japonesa somente para se comunicar com o amigo. Haviam se conhecido quando eram muito novinhos, logo após a morte de quase toda a família Uchiha, quando Sasuke se mudara para uma outra cidade junto de seu irmão, Itachi. No início, pouco se falavam (se é que pode se dizer assim), mas o loiro havia insistido tanto que o pequenino Sasuke cedeu, até mesmo lhe ensinara alguns poucos sinais e o Uzumaki permitiu-se empenhar-se nisso, ainda que tivesse que lutar também contra sua própria “lerdeza”, como Sasuke insistia em descrever a falta de aprendizado do loirinho. Em pouquíssimo tempo, Naruto se tornara fluente na língua de sinais. Desde então, ambos tornaram-se amigos inseparáveis, mesmo que o moreno negasse esse fato com todas as suas forças; Sasuke era mesmo um ser ranzinza...

Não!, limitou-se a sinalizar de forma quase que brutal. Qual era a diferença de ele ir ou não àquele lugar? Ele não podia mesmo falar, então que falta sua presença faria? E depois, estava mesmo cansado de ter de ficar junto daqueles seus amigos, em parte, segurando a vela dos casais.

Seria apenas como em todas as outras (e raríssimas) vezes que fora para estas saídas de amigos: Gaara se atracaria com a Yamanaka, sem qualquer pudor e em frente a todos; Naruto, com toda certeza, se concentraria apenas em seu ramen e comeria tigelas e mais tigelas desta comida; era como se Sasuke já pudesse até mesmo visualizar em sua mente a imagem do loiro falando de boca cheia e espirrando o molho do alimento na cara de Hinata, que certamente estaria admirando, corada, o seu namorado baka. Neji, com seu gênio demasiado protetor, certamente esqueceria da pobre menina de coques ao seu lado tentando, em vão, chamar-lhe a atenção, para ficar apenas fuzilando com os olhos o Uzumaki, que nem sequer notaria toda a tensão no ar. Mas, no entanto, a noite só poderia mesmo dar-se por encerrada quando Temari acertasse alguns bons tabefes em seu noivo preguiçoso, para, então, este retirar-se da mesa praguejando até mesmo os inocentes céus, tachando a todos os presentes de problemáticos, com exceção, é claro, de sua geniosa noiva.

Sasuke somente não merecia isso. Definitivamente, não merecia, e a chance de ele aceitar ir àquele lugar era a mesma de um boneco de neve debaixo de um sol escaldante... então porque Naruto tinha de insistir tanto? Será que ele não conseguia enxergar que o Uchiha simplesmente odiava tudo aquilo, aquelas pessoas agindo em volta de uma mesa como completos animais?

Sentiu a fúria subir à cabeça e seu sangue borbulhar quando notou que Naruto o xingava em sinais, para logo depois prosseguir com mais alguns gestos.

Nós estar atrasados e to-, o loiro certamente completaria a frase, se sua atenção não tivesse sido totalmente desviada para a porta recém-aberta, por onde agora passava uma mulher de cabelos cor-de-rosa. Sasuke seguiu seu olhar e, após um longo segundo prendendo a própria respiração, se deu conta que era justamente aquela mulher de cabelos cor-de-rosa, a única que já havia visto em toda a sua vida com cabelos tão peculiares, afinal, alguém mais seria capaz de possuir o mesmo tom rosado em suas madeixas?

Sakura percebeu que os dois homens presentes a olhavam, estáticos, e então ela enrubesceu automaticamente.

Naruto lançou um sorrisinho malicioso para Sasuke, antes de sinalizar e também pronunciar em voz alta; o intuito daquele idiota era mesmo que a mulher ouvisse.

— Nova namorada, bastardo? — Sasuke estremeceu com o puro ódio que parecia se apossar cada vez mais de seu corpo. Teve que fazer um enorme esforço para não saltar sobre aquele Dobe e agarrar seu pescoço até que o sentisse sufocar.

A menina ficou vermelha, vermelha e mais vermelha, na verdade, seu rosto parecia pegar fogo, Sasuke notou e aquilo já estava começando a lhe assustar.

Naruto sequer esperou uma resposta — ou xingamentos — por parte do amigo, girou os calcanhares em direção à Sakura, sorrindo vitorioso, como se detivesse toda a verdade, porém, em uma questão de milésimos de segundos, o Uchiha viu o sorriso do loiro morrer em seus lábios assim que fitou a mulher de forma crítica e demorada, como se lhe fizesse uma análise. Intercalou, por alguns momentos, seu olhar sobre Sasuke e Sakura, várias e várias vezes, antes de finalmente gritar, entusiasmado:

— Sakura-chan! — e a abraçou tão forte que o moreno, que observava de fora toda aquela cena afetiva, achou sinceramente que ele fosse esmagar a pobre moça.

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Não sabia bem ao certo como fora parar ali. Em um momento, Naruto rodopiava com Sakura em seus braços e em outro, sinalizava algo como “médica” e “Hinata”, nada muito explicativo, apenas para que ele não ficasse totalmente perdido no que eles falavam, ainda assim não adiantara de muita coisa, o Uchiha ficara desnorteado de qualquer forma.

O loiro havia empurrado Sasuke bruscamente para dentro de seu banheiro fazendo gestos com as mãos e gritando, tudo ao mesmo tempo, enquanto a mulher apenas sorria de tudo muito timidamente; o moreno não gostara nada daquele risinho, mesmo que lhe parecesse um gesto adorável.

Havia tomado um banho, afinal, entendera que devia fazer justamente isto nos sinais que o Uzumaki lhe expressava. Se vestira rapidamente e, depois, lembrava-se apenas de um Naruto empurrando-os porta a fora, tanto ele como Sakura. No entanto, antes de finalmente saírem, ainda pôde visualizar um último gesto do loiro, no momento em que este conduzia ambos até a porta de seu carro:

Comemorar.

Bem, e agora estava ali, no meio dos seus amigos, ou melhor, daquela gente.

Ino, sentada no colo do Sabaku, beijava o mesmo com tamanha volúpia que aquela cena poderia facilmente ser adaptada para uma edição do livrinho laranja que seu ex-sensei tanto amava.

Mal haviam chegado àquele lugar e Naruto já tinha devorado três de tigelas de ramen. Pobre Hinata, teve o azar de sentar justamente próximo ao loiro e quase tivera sua pele queimada pelo liquido quente que o descuidado do seu namorado derramara sobre si, e olhe que ela ainda sorria como se nada tivesse acontecido...

Tenten estendia em frente ao rosto de Neji o cardápio do restaurante, para que ele deixasse de fuzilar daquela forma o casal de pombinhos, mas de nada parecia adiantar, se levada em conta a mão masculina que abaixava o folheto cada vez que a moça tentava mostra-lo.

Ah, Sasuke não poderia nunca esquecer dos mais problemáticos ali presentes (obviamente que aqueles dois não passariam despercebidos). O Nara tentava inutilmente ter um pouco de sossego para que pudesse contar as luminárias presas ao teto — certamente aquilo lhe parecia muito mais divertido, Sasuke não podia discordar, qualquer coisa era mesmo um tanto mais divertida que estar no meio daquela gente —, mas a loira não o deixava em paz e o Uchiha podia jurar que vira os lábios dela formando uma frase como ‘acorde pra vida!’, o outro apenas murmurou um ‘problemática’ e deu de ombros.

Estava tudo mesmo muito normal (se é que assim se poderia chamar), no entanto, havia ali duas pequeninas diferenças: a primeira era Sai, que nunca antes participara destas “reuniões” entre amigos. Rabiscava praticamente todos os guardanapos da mesa, aquilo era um tanto quanto esquisito, mas não era como se o que Sasuke fizesse fosse algo muito diferente disso, já que ele também usava estes papeis, só que para uma outra finalidade: escrevia. Enfim, Sai insistia em desenhar coisas aleatórias naqueles pedaços de papel, enquanto lançava sorrisos plastificados em direção à uma certa moça, dita cuja era a segunda anormalidade ali naquela mesa. Sakura Haruno. O Uchiha descobriu logo depois que se tratava da médica de Hinata, por isso não era de se assustar que todos a conhecessem... menos ele, é claro.

Não entendia muito bem porque aqueles olhares que ambos trocavam o incomodava tanto, só não entendia... como mesmo poderia permitir-se sentir algo assim, ainda que remotamente próximo ao ciúme? (Oh, eu disse ‘ciúme’? Vamos substituir então esta palavra proibida por ‘possessão’, leia ‘possessão’) Não, não era ciúmes, definitivamente não era! Era só que... como mesmo ela poderia dar tanta liberdade para um ser que nem ao menos conhecia? E- ei! Porque mesmo ela estava retribuindo o sorriso plastificado de Sai?

E, de repente, viu-se perfurando o guardanapo onde antes escrevia, ali agora se encontrava um enorme rasgo feito com a ponta da caneta, sem nem sequer perceber... Oh, Kami! Porque estava agindo daquela forma?

Deixou-se desviar a própria atenção para um Naruto estranhamente mais animado — como se fosse realmente possível — erguendo para o alto o copo com sakê. O Uzumaki gritava como se demandasse um brinde, Sasuke tinha sorte de ser um expert em leitura labial, ainda que não entendesse tudo perfeitamente, ou ficaria perdido com o que os outros conversavam, já que apenas Naruto e Neji sabiam língua de sinais e o Uchiha nunca — não mais — ousaria falar algo em voz alta, mesmo que pudesse o fazer. 

Bem, já que estava ali, deveria ao menos tentar se divertir um pouco. O copo com sakê ao lado da sua mão esquerda ainda jazia intacto, sequer cogitara a ideia de toma-lo, mas agora ele sentia que devia ao menos espairecer um pouco daquelas pessoas se afogando na bebida, não muito, obviamente, apenas o suficiente para esquecer daquele idiota de pele esbranquiçada bem ao seu lado, conhecido também como Sai.

Prendeu calmamente o copo entre os dedos, deixando de reparar na baderna que se formava ao redor, e o levou até os lábios. Foi quando notou que Naruto havia se posicionado bem à sua frente, sorrindo como um completo idiota — o que, de fato, ele era —, Sasuke apenas o ignorou e pôs-se a degustar o liquido. De repente, viu o amigo formando alguns sinais com as mãos, ao passo que também gritava; ele podia sentir as oscilações sobre a mesa onde o loiro encostara o próprio corpo. Se Naruto fazia sinais, era certamente algo que o moreno deveria saber...

Nova namorada do bastardo, e, sorridente, o Uzumaki apontou com a palma aberta na direção da menina de cabelos cor-de-rosa.

A bebida, que já lhe descia pela garganta, retornou de uma única vez e saltou para fora da boca de Sasuke; o Uchiha engasgou-se ferozmente, mas ninguém parecia se importar, apenas miravam alegres a garota completamente envergonhada. E —isso nunca poderia passar sem um devido destaque — todos a felicitavam. Todos a felicitavam!

Ele viu quando erguerem para o alto seus copos de sakê, sorrindo e exclamando bobagens, com todos os recipientes de bebida se chocando. Também teve a satisfatória visão de um Sai ainda com o sorriso idiota estampado no rosto, no entanto, resmungava algo incompreensível. Neji deu um forte tapa nas costas de Sasuke, como se o incentivasse... bem, de alguma coisa isso havia servido, já que a crise de tosse do Uchiha diminuiu relativamente depois disso. Ino saltou sobre a rosada, desatando a falar em um animado diálogo sobre como enlouquecer um homem, ou como enlouquecer um Sasuke (entendem o que quero dizer, não é mesmo?). Como ele sabia disso? Ainda fora capaz de captar a palavra “lingerie” e provavelmente a loira falava também como aquilo na cor vermelha iria combinar com os cabelos róseos da outra, a Hyuuga apenas observava tudo chocando descontroladamente os dois indicadores, tão vermelha quanto um pimentão. Shikamaru o prendeu pelos ombros e falou calmamente alguma coisa semelhante a “desista, é problemático”, antes que Temari lhe acertasse um cascudo, para logo após direcionar um sorriso dócil a Sasuke, “siga em frente”, ela dissera, esticando os lábios de uma maneira descomedida, no intuito de fazer com que ele a entendesse.

Bom, era a hora de parar com tudo aquilo. Como aquele loiro imbecil havia chegado àquela conclusão? E porque Sakura não falava nada? Ah, é! Ino não lhe dava nem mesmo oportunidade...

Gaara, do outro lado da mesa, gritou um “Sortudo!”, junto de um levantar de braços, como faz alguém que demonstra vitória, olhando pelo canto do olho a mulher de cabelos rosados.

Ok, era mesmo hora de parar com tudo aquilo! Sasuke, mais nervoso que o normal, apoiou ambas as mãos sobre a mesa e ergueu-se abruptamente, chamando a atenção de todos para si. Fuzilou com os olhos um Uzumaki assustado, para então sinalizar:

Dobe, explicar tudo!


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Notas finais do capítulo

Gente, sei que prometi algo bom e talvez esse capítulo nem tenha ficado tão bom assim... me perdoem! Juro que tentei... (Perdoe-me, Florzinha Marina, você com certeza merecia algo melhor) E, esclarecendo, a falta de concordância nas falas em linguagem de sinais foi proposital, visto que mesmo numa conversa assim as palavras não são expressadas "corretamente".
Apesar do capítulo, será que mereço um review? ^-^'



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