O funeral do Liam seria no dia seguinte. A família tinha sido avisada poucas horas depois do ocorrido. No dia seguinte, levaram-no para fazerem o seu luto.

Rose encontrava-se em Regent`s Park. A casa à sua frente fora construída por volta do século XVIII. À sua volta um pequeno jardim a rodeava. Aquela casa pertencia aos pais de Georgiana. Mãe de Flora. Mãe da filha de Liam.

Rose nunca se tinha encontrado com Georgiana. Durante os dias que separam a morte de Liam e o funeral, Rose viajou várias vezes até ali. Numa das vezes conseguiu avistar Flora, filha de Liam, ao longe. Mas Rose nunca teve coragem de bater à porta. Porque no seu mais profundo sentimento, ela culpava-se pela morte de Liam. Mesmo tendo consciência que Makoto fora a total culpada.

A porta da casa à sua frente abriu-se. Um carrinho de bebé apareceu seguido de Georgiana. 

Aquele era o momento. O momento que de coragem que Rose tinha de enfrentar. Ela sabia que tinha de falar com Georgiana.

—Precisa de alguma coisa? - perguntou Georgiana, que se encontrava à frente de Rose.

Rose nem se tinha apercebido que Georgiana chegara tão rápido até ali. Os seus pensamentos traíram-na.

—Por acaso sim. Georgiana, o meu nome é Rose Weasley. - apresentou-se Rose - Era...

—Amiga do Liam. - disse Georgiana baixando a cabeça - O Liam falava imenso de ti.

Rose não esperava que Liam tivesse falado de si a Georgiana. Aliás, Rose nunca esperou que Liam falasse de si a ninguém. Mas Rose sabia que ele o tinha feito com Makoto. Fora por isso que ela o usara.

—Existe um café ao fundo da rua. Vamos até lá. - convidou Georgiana.

Rose aceitou. Ela não podia negar um pedido daqueles. E a sua intenção era falar com Georgiana, ver como ela estava a aguentar toda a situação.

O pequeno café que Georgiana mencionara tinha uma pequena esplanada no seu exterior. Rose e Georgiana optaram por ficar ali. O dia estava radiante demais para se ficar isolado em casa.

—Suponho que estudasses na mesma escola que o Liam. - disse Georgiana começando assunto.

—Sim. - confirmou Rose - Eu e o Liam pertencíamos à mesma ca...à mesma turma. - corrigiu-se Rose lembrando-se que Georgiana era muggle.

—Era o que eu suspeitava. O Liam falou-me tantas vezes de ti. Chegou-me a dizer que um dia nos ia apresentar. Que te ia apresentar a nossa filha, Flora.

—Ela é linda. - disse Rose olhando para o pequeno carrinho de bebé.

—Ela é perfeita. Tem os cabelos do Liam. Nunca pensei que tivesse, tu sabes, por causa da genética. Como no teu caso. Os teus pais devem ser ruivos.

—Só o meu pai é que é. Mas a minha avó materna é ruiva. Deve ter sido por isso que tanto eu como o meu irmão saímos ruivos. - contou Rose - Como tens passado?

—Bem. Dentro dos possíveis. - disse Georgiana - Só um bocado chateada.

—Porquê?

—Disseram-me que o Liam morreu num acidente de carro. - contou Georgiana. Rose sabia que os pais de Liam deviam ter outra história para pessoas muggles que conheciam - Mas eu sei que é mentira. Ele estava em Hogwarts e eu sei que não há carros lá.

Rose não esperava uma coisa destas. Rose não esperava que Georgiana tivesse conhecimento de Hogwarts. Ela sabia que um dia isso aconteceria, afinal Flora era bruxa. Mas nunca pensou que Liam já lhe tivesse contado.

—Eu e o Liam conhecemos-nos desde crianças. Ele contou nessa altura. Disse me que, a partir dos onze anos, nós andaríamos em escolas diferentes. Confesso que no início Mano  acreditei. Estávamos a falar de magia. Mas depois vi o que o Liam conseguia fazer. É por isso que eu sei que Hogwarts existe. E é também por isso que sei que o facto de ele ter morrido num acidente de carro é mentira. Por isso podes, por favor, contar-me o que se passou?

Rose baixou a cabeça. Mais uma vez o pensamento que ela tinha sido culpada pela morte de Liam lhe veio à cabeça.

—Não sei se o Liam te contou mas existe um feitiço que permite matar pessoas. - começou Rose. 

—O Liam contou-me. - respondeu Georgiana deixando cair a primeira lágrima - Mas quem é que tinha motivos para o matar? Ele nunca fez mal a ninguém. 

—O feitiço...o feitiço era dirigido a mim. - revelou Rose deixando também cair a primeira lágrima - Eu desviei-me sem saber que ele estava atrás de mim. Ele morreu porque me desviei. 

—Não digas isso. - disse Georgiana colocando a sua mão sobre a mão de Rose - A culpa é da pessoa que lançou o feitiço, ninguém mais. Mas porque haveria alguém de te querer matar? 

—Durante o ano que passou, eu comecei a namorar com o Scorpius. E houve uma rapariga que não gostou que isso tivesse acontecido. Ela estava completamente obcecada com ele. Eu comecei a receber ameaças. Bilhetes. Eu não sabia quem era. Essa rapariga chegou a ameaçar a namorada de uma prima minha para esta acabar com o meu namoro com o Scorpius. Ela não cedeu e, no dia seguinte, a pessoa que andava a ameaçar-me revelou para toda a escola que ela era homossexual. Na altura, só a minha prima é que sabia. O Liam também foi chantageado. Essa rapariga descobriu que ele gostava de mim. Descobriu também que ele tinha uma filha. Ela colocou-te...ela colocou-te sobre a maldição Imperius e disse ao Liam que se ele não fizesse tudo o que ela queria que te obrigava a matar a vossa filha. 

—Como? - perguntou Georgiana sem acreditar no que tinha acabado de ouvir - Como é que é possível? 

—É extremamente complicado de o  fazer mas é possivel. - disse Rose - Eu só soube que o Liam tinha uma filha no dia do baile. Ele contou-me. Foi ele que me deu tempo suficiente para chegar à torre de Astronomia e salvar o Scorpius. Aquela psicopata ia matá-lo. Tenho a agradecer muito ao Liam. Foi ele que salvou o Scorpius. Tenho a certeza que a Flora vai ter muito orgulho no pai.

—Eu também. - respondeu Georgiana apertando a mão de Rose.

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A manhã estava nublada. Os raios de sol era mínimos. Havia a possibilidade de chuva.

Scorpius acompanhava Rose até ao cemitério de Regent`s Park. O funeral seria na Igreja ao lado.

Georgiana encontrava-se à porta da igreja. Esperava Scorpius e Rose. Flora tinha ficado com uma prima. Era demasiado nova para estar ali.

—Olá Georgiana. - cumprimentou Rose abraçando Georgiana - Este é o Scorpius. 

—Olá. - cumprimentou Georgiana dando dois beijos no rosto de Scorpius - Vamos entrar?

A missa durou pouco mais de uma hora. Liam foi lembrado como um jovem educado, assíduo e bondoso para com a comunidade. Foi lembrado também que deixou uma filha de um ano. 

A família de Liam estava completamente de rastos. Liam era filho único. 

Após o funeral, Rose, Scorpius e Georgiana foram até ao café em que as duas tinham estado no dia anterior. 

—Foi uma cerimónia muito bonita. - comentou Scorpius.

—É verdade. O Liam mereceu. - disse Georgiana.

—Mesmo. - disse Rose - Georgiana, nós queríamos fazer-te um convite.

—É verdade. - confirmou Scorpius. 

—No início do mês de Agosto, nós vamos casar. - revelou Rose - E gostaríamos muito que tu e a Flora estivessem presentes.

—Não perderia esse casamento por nada deste mundo. - respondeu Georgiana.

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O mês de Junho tinha passado com uma velocidade extremamente grande. Que o diga Rose. Num dia estava a convidar Georgiana para o casamento e hoje estava prestes a casar. Com o homem da sua vida.

—Rose, preciso que pares quieta. - ordenou Dominique enquanto encaixava mais um gancho no cabelo de Rose.

—Desculpa. - desculpou-se Rose - Porquê que o penteado tem de ser tão complexo?

—Por é o teu casamento, tonta. - respondeu Dominique como se a resposta fosse óbvia.

—Nem todas as noivas querem ser extravagantes, Domi. - disse Lily enquanto acabava de se calçar.

—Fala a menina que quer ter um casamento de princesa. - acusou Dominique - Está pronto. Vamos à maquilhagem.

—Mas isso sou eu, Domi. Acredito que a Rose não se importava de ter um casamento em que fosse só ela, o Scorpius e o senhor do ministério para os casar. - respondeu Lily.

—A Lily tem um ponto. - apoiou Octavia que ajudava Roxanne com o vestido.

—Como é possível acharem uma coisa dessas? - perguntou Dominique em tom chocado.

—É a Rose. - respondeu Molly como se fosse óbvio - Sem ofensa.

—Não ofendeste. - disse Rose - Eu não me importava que o meu casamento fosse assim.

—Como é que é possível Rose? O casamento é um dos momentos mais importantes na vida de um casal. Sem pressão para o resto do dia. - disse Dominique colocando um batom rosa clarinho em Rose. Rose tinha pedido para colocar pouca maquilhagem. Ela queria continuar com o seu ar natural.

—Desde que esteja com a pessoa que ame não é necessário mais nada. - respondeu Rose encarando o espelho. Ela estava tão nervosa.

—Vê lá se o Scorpius não foge com medo do tio. - brincou Lily.

—Se ele fizesse isso não era com o meu pai que teria de se preocupar. - respondeu Rose em tom de brincadeira - Assim está bom, Domi. Obrigada.

—Sempre às ordens. - respondeu Dominique orgulhosa do seu trabalho - Estás linda.

—Obrigada. - agradeceu Rose, corada.

—Meninas antes de irmos, acho que devíamos brindar. - propôs Octavia.

—Onde arranjaste a champanhe? - perguntou Rose.

—O segredo é a alma do negócio. - respondeu Octavia distribuindo copos por todas as presentes, exceto Lucy. Esta tinha o copo com sumo de laranja.

—Posso juntar-me a vocês? - perguntou Hermione abrindo um pouco a porta.

—Claro mãe. - disse Rose aproximando-se da porta.

—Estás perfeita, querida. - disse Hermione.

—Obrigada, mãe. - agradeceu Rose.

—Um brinde à Rose. - começou Dominique.

—E ao Scorpius por ter conseguido sobreviver à fúria do Sr. Weasley. - terminou Octavia - Desculpa, Sra. Weasley.

—Não há problema, querida. - respondeu Hermione brindando com todas as presentes.

Cinco minutos depois, Dominique, Octavia, Molly, Sarah, Roxanne, Lucy, Lily e Victoire juntaram-se aos restantes convidados no jardim da casa Malfoy.

—Nervosa? - perguntou Hermione.

—Muito. - respondeu Rose, sinceramente.

—Tenho a certeza que o noivo vai aparecer. - disse Hermione tentando aliviar o nervosismo de Rose.

—Eu sei que sim. - respondeu Rose - O Scorpius nunca me deixaria no altar. É que...o pai nunca disse que aprovava o meu casamento com o Scorpius. Ele nunca o aceitou. Esse era o maior presente que eu poderia ter hoje.

—Querida ainda não é tarde demais. O teu pai pode ser muito cabeça dura mas ele ama-te acima de tudo. - disse Hermione abrançando a filha - Eu tenho de ir. Tenho de mantar este casamento em ordem antes que alguém o destrua. O teu pai deve chegar daqui a alguns minutos para te levar. - disse ao mesmo tempo que alguém batia à porta - Eu disse-te.

Hermione levantou-se, abriu a porta e Ron apareceu à sua frente.

—Não a deixes cair. - disse Hermione beijando de leve Ron.

—Nunca. - respondeu Ron com um sorriso para a esposa.

Hermione continuou o seu caminho deixando Ron e Rose sozinhos.

—Está linda, filha. - elogiou Ron.

—Obrigada, pai. - agradeceu Rose. Naquele momento, apetecia-lhe chorar. Ela não sabia se de felicidade ou de tristeza por o pai não aceitar o seu casamento. 

—Pequena não chores, por favor. - pediu Ron - Não queremos que a Dominique tenha um ataque cardíaco.

—Pai. - disse Rose abraçando o pai - Eu só quero que este dia corra bem. Eu só queria que aceitasses o meu casamento.

—É por isso que estás assim, pequena? - perguntou Ron sem crer - Querida, eu já aceitei este casamento há muito tempo. Desculpa por não teres percebido isso.

—Mas eu pensei...

—Não vou negar e dizer que adoro a família Malfoy. Mas os meus problemas foram com o Draco. O Scorpius não tem nada a ver com isso. E eu vejo que ele te faz feliz. Realmente feliz. Como é que eu poderia negar essa felicidade à minha princesa?

—Oh pai. - Rose abraçando-o com mais força - Não sabes o quanto isso significa para mim.

—Sei, princesa. - respondeu Ron - Eu apoio-to. Eu aprovo aquele meia leca. Mas não lhe digas para já. Quero vê-lo sofrer mais um bocadinho. - disse em tom de brincadeira.

—Está combinado. - respondeu Rose.

—Preparada?

—Sim. - respondeu Rose agarrando o braço de Ron.