O salão Principal estava num completo silêncio. Toda a gente aguardava a resposta de Octavia à declaração de Albus.

Octavia continuava a encarar Albus sem demonstrar qualquer emoção. Apenas tinha caído uma lágrima. Uma só lágrima.

—Esta era a altura em que dizias alguma coisa, O. - disse Albus. O seu nervosismo era notório para qualquer pessoa do salão. Ele não sabia como reagir. Ele não sabia o que fazer.

Mas, antes que mais alguém se pronunciasse, Octavia virou costas e saiu a correr. 

Sem demora, Albus seguiu atrás dela. Ela não iria fugir. Não naquele momento.

—Bem, vamos dar início ao baile. - disse à diretora. 

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—O! O! Octavia, tu não podes continuar a fugir de mim. - gritava Albus enquanto procurava por Octavia - Porra Octavia! Vamos continuar neste joguinhos?  Enfrenta-me, nem que seja para me dizeres um não. Octavia pára de ver cobarde.

—Eu não sou cobarde, seu idiota. - gritou Octavia, aparecida do escuro dos corredores de Hogwarts, batendo no peito de Albus - Porquê que tu tinhas de fazer uma coisa destas? Porque que tu tinhas de fazer um discurso tão perfeito como aquele? Um discurso que me deixou completamente desorientada. Sem saber o que fazer. Tu apareces ali com as tuas palavras todas bonitinhas, lanças um sorriso e esperas o quê?

—Não esperava ser agredido. - respondeu Albus tentando aliviar o clima. Mas, no seu interior, ele estava completamente aterrorizado com a possibilidade de Octavia não querer saber mais dele.

—Porquê que disseste aquelas palavras, Potter? Logo agora que as minhas esperanças estavam completamente acabadas. Tu sabias perfeitamente que eu não iria falar contigo. 

—Pois sabia. - concordou Albus - Porque se há pessoa mais teimosa que eu, essa pessoa és tu. E pensei que já tínhamos passado a fase de nos tratarmos pelos apelidos há muito tempo, O.

—Porquê que fizeste isto? - perguntou Octavia.

—Porque te quero de volta. - respondeu Albus. 

—E precisavas desta atenção toda? Bastava teres vindo falar comigo. - disse Octavia - Apenas isso.

—Eu quis fazer algo que te surpreendesse. Algo que tu nunca esperasses que eu fizesse. Como esta declaração em público. Eu quis mostrar a toda a gente o meu amor por ti. Quis mostrar quanta falta me fizeste. Quis mostrar o quanto me ajudaste nos piores momentos da minha vida. Eu amo-te tanto, Octavia Bale. Eu só quero ter uma segunda oportunidade contigo. - declarou Albus. Ele sabia que não tinha nada a perder, naquele momento.

—Tu sabes que conseguiste uma segunda chance a meio do teu discurso, certo? - perguntou Octavia, retoricamente. Um largo sorriso formou-se no rosto de Albus - Realmente Al, tu precisas de mim. Perdeste toda a tua perspicácia.

—Mas enriqueci o meu jeito com as palavras, O. - respondeu Albus abraçando Octavia. Dois segundos depois, Albus afastou-se, repentinamente - Então porquê que fugiste? - perguntou. 

—Achavas mesmo que eu ia deixar aquela gente toda ver tudo o que se passou aqui? - respondeu Octavia antes de beijar Albus, ardentemente - Agora, acho que qualquer sala de aula está vazia. - disse Octavia com um sorriso de lado.

—Acho que devíamos de confirmar. - responder Albus, agarrando-a e entrando na primeira porta que encontrou.

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 As cadeiras tinham sido retiradas para dar espaço para dançar. A tradição levava todos os finalistas a inaugurar a pista de dança.

Scorpius pegou delicadamente na mão de Rose e guiou-a até uma extremidade do salão para iniciarem a dança.

—Nervosa? - perguntou Scorpius ao ouvido de Rose.

—Scorp, eu posso ficar nervosa com muita coisa mas dançar em público não é uma delas. Muita experiência. - respondeu Rose com um leve sorriso.

—Muitos bailes no Ministério, certo? - perguntou Scorpius já sabendo a resposta. Rose participava em todas festas do Ministério porque os seus pais trabalhavam lá - Vamos lá ver se não passas vergonhas comigo.

—Eu nunca passaria uma vergonha contigo, Scorp. Tu és perfeito de qualquer maneira. Mesmo que dançar não seja um dos teus dons. - declarou Rose recebendo um sorriso de Scorpius - Fazemos assim. Se não te enganares num único passo, vamos falar com os meus pais e com os teus a dizer que vamos começar a procurar casa para morar juntos, que achas? - perguntou.

—Portanto, sem pressões, certo? - perguntou Scorpius com um sorriso de lado.

—Sem dúvida alguma. - respondeu Rose beijando de leve Scorpius - Parece que a Octavia e o Al lá se resolveram. - observou vendo-os entrar no salão Principal para se juntar à dança inaugural.

—Então isso quer dizer que perdi uma aposta. - observou também Scorpius sem Rose entender - Eu e a Sarah fizemos uma aposta. Ela disse que eles se resolviam até ao dia de hoje. Eu disse que eles eram demasiado teimosos para isso. 

—Portanto, perdeste. - disse Rose entre risos.

—Se me tivesses dito que ele ia fazer o discurso por ti, não apostaria. - disse Scorpius.

—Claro que apostarias. - contrapôs Rose - Agora concentra-te. Lembra-te que temos uma dança perfeita para fazer. Olhos no prémio.

—Com os olhos no prémio eu já estou. - disse Scorpius referindo-se a Rose e fazendo com que esta corasse - Já devias de estar habituada, princesa. Ou não. Eu adoro quando coras.

—Cuidado com os meus pés. - disse Rose tentando desviar o assunto.

—Sempre. - respondeu Scorpius fazendo rodopiar Rose.

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 Scorpius quase que se enganou em dois passos. Rose conseguiu corrigi-lo a tempo para que ninguém reparasse.

—Parece que não vamos falar com os nossos pais. - lamentou-se Scorpius enquanto pegava num copo com cerveja amanteigada. Rose apenas sorriu - Que foi? Parece que estás a adorar.

—A tua cara fica mesmo fofa quando estás amuado, Scorp. - respondeu Rose fazendo com que Scorpius amuasse ainda mais - Claro que vamos falar com os nossos pais. - concluiu. 

Um rápido sorriso formou-se no rosto de Scorpius. Ele pensava que Rose estivesse a falar a verdade. 

—Então vamos. - disse Scorpius começando a puxar Rose.

—Antes disso, tenho de falar com a McGonagall. - disse Rose - Por causa do trabalho.

—Está bem. - concordou Scorpius - Mas despacha-te. - sussurrou.

—Claro que me despacho. - disse Rose - Tudo para te ver a ser morto pelo meu pai. Se não pelo meu pai, então pelo Sirius.

A cor de Scorpius desapareceu completamente do seu rosto. Ele tinha-se esquecido completamente que o pai de Rose era Ronald Weasley, um dos maiores inimigos do pai em Hogwarts. O facto de estar tão contente tinha-o feito esquecer esse pequeno pormenor importante.

—Parece que te mordeu alguma coisa. - disse Albus aproximando-se, com Octavia, até Scorpius.

—Morder não digo mas algo me diz que não vou sobreviver a esta noite. O teu tio vai matar-me. - lamentou-se Scorpius. 

—Avisa-me cinco minutos antes desse acontecimento acontecer. Quero estar na primeira fila. - disse Octavia.

—Muito obrigada pelo apoio, Octavia. Eu sempre soube que podia contar contigo. - respondeu Scorpius amuando novamente.

—Eu prometo que te deixo morrer com honra. - provocou Albus.

—Ao menos não tenho de pagar a aposta à Sarah. - respondeu Scorpius.

—Qual aposta? - perguntou Albus.

—Aquela em que ela disse que vocês se resolviam até hoje e eu não acreditava. Muito teimosos e muito orgulhosos vocês os dois. - disse Scorpius. Um sorriso apareceu no seu rosto ao ver as caras do casal à sua frente.

—Sarah Finnigan. - chamou Octavia saindo furiosa de perto do Albus e do Scorpius. 

—Pelos vistos vai haver mais do que um homicídio esta noite. - disse Scorpius em tom de brincadeira. 

—Tu não acreditavas que nenhum de nós ia ceder? - perguntou Albus fazendo cara de chocado.

—Nem venhas com essa cara. Até parece que não te lembras de todas as nossas discussões por causa deste assunto. - lembrou Scorpius - Agora aconselhava-te a ir atrás da tua namorada porque a Molly já se meteu ao barulho para defender a namorada dela. 

Albus não demorou a seguir ao encontro da namorada. Scorpius apenas ria do que estava a acontecer. 

—Voltei. - disse Rose beijando de leve o namorado - Porquê que estás tão sorridente?  - perguntou. 

—Porque consegui reverter uma situação de provocação. Princesa, o teu namorado é um génio. - gabou-se Scorpius.

—Então aconselho a irmos agora falar com os nossos pais, já que estás com a auto estima tão em cima. - disse Rose agarrando em Scorpius e puxando-o em direção a Hermione e Ron.

Hermione e Ron tinham dançado as primeiras músicas mas agora encontravam-se perto da mesa das bebidas enquanto observavam os adolescentes à sua volta. Tão despreocupados. Muito diferentes da altura em que eles tinham dezassete anos.

—Rose, querida. - cumprimentou Hermione - Estás linda. 

—Obrigada mãe. - agradeceu Rose - Tu também estás fantástica. Pai.

—Princesa. - cumprimentou Ron dando um beijo na testa da filha - Malfoy.

—Senhor Weasley, boa noite. - disse Scorpius esticando a mão para cumprimentar Ron. Hermione cutucou o marido para que este cumprimentasse Scorpius - Mãe. Pai. - disse vendo os pais aproximarem-se.

—Outro Malfoy. - protestou Ron recebendo uma palmada de Hermione.

—Olá Astoria. - cumprimentou Hermione dando dois beijos no rosto de Astoria. Ao contrário de Ron, Hermione dava-se muito bem com Astoria - Olá Draco. - cumprimentou Hermione de forma mais séria. Com Draco já não era o mesmo que com Astoria. Eles tinham acabado por se dar bem durante o último ano em Hogwarts mas depois disso tinham-se afastado. 

—Ainda bem que estão aqui todos. - disse Rose tomando a frente num ato impulsivo - Eu e o Scorpius precisamos de falar com vocês.

—Tu não me vais dizer que foste irresponsável como a tua prima Dominique, Rose Granger Weasley? - perguntou Ron começando a tirar conclusões precipitadas.

—Ronald. - protestou Hermione - Deixa a tua filha falar. 

—Como vocês sabem e estão a assistir, nós estamos formados. Somos adultos. E como adultos, começamos a tomar as nossas próprias decisões. Decisões sobre o nosso futuro. Astoria, senhor Malfoy.

—Podes tratar-me por Draco, Rose. - disse Draco.

—Astoria, Draco, os meus pais já sabem e eu quero partilhar convosco. Eu vou seguir a carreira de professora em Hogwarts. Já falei com a diretora e com outra professora e está praticamente tudo tratado. Ou seja, o que eu quero dizer com isto é que já tenho o meu futuro traçado. O que quero dizer com isto é que já fiz as minhas escolhas para o futuro.

—Assim como eu. - disse Scorpius - Nós últimos meses, tenho trocado cartas com o Harry Potter. - revelou surpreendendo todos, excepto Rose - Dentro de um mês, vou iniciar os meus treinos para me tornar Auror, profissão que sempre admirei.

—Como podem ver, as nossas vidas já estão encaminhadas. - pronunciou-se Rose - E nós decidimos que queremos morar juntos. Vamos começar a procurar casa depois de sairmos de Hogwarts.

—Vocês estão loucos? - perguntou Ron tentando manter a maior calma possível. O seu rosto estava completamente vermelho -  Vocês têm apenas dezassete anos. São crianças. Crianças que pensam que encontraram o amor da vossa vida mas que pode ser apenas uma paixão fugaz. Vocês não vão morar juntos.

—Nós vamos, pai. É a nossa decisão. - afirmou Rose de forma segura - E não digas que isto é apenas uma paixão fugaz porque não é. Nós amamo-nos. Tu e a mãe tinham a nossa idade quando começaram a namorar. 

—A culpa é toda tua, Malfoy. - acusou Ron voltando-se para Draco - Fizeste o teu filho conquistar a minha princesa apenas para te vingares por a Hermione não te ter escolhido. - revelou Ron chocando Scorpius e Rose. Nenhum dos dois esperava uma revelação daquelas. Não depois de saber tudo o que se tinha passado com aquele trio durante Hogwarts. 

—Ronald Weasley passaste os limites todos. - disse Hermione no tom mais sério possível - Nota-se perfeitamente que eles estão apaixonados um pelo outro. Não tentes negar isso só porque o rapaz com quem a Rose decidiu partilhar o resto da sua vida é um Malfoy. Eles vão morar juntos sim e nós vamos ajudá-los a procurar casa. - concluiu Hermione. Ron não disse uma única palavra - Queridos, estamos muito felizes por vocês. 

—Obrigada mãe. - agradeceu Rose abraçando a mãe - Espero que um dia aceites realmente o Scorpius, pai. - disse dando um beijo no rosto de Ron.

—Nós vamos ter com o teu irmão agora. Falamos mais logo. - disse Hermione despedindo-se.

—Com que então apaixonado pela mulher que tanto detestaste em Hogwarts. - disse Scorpius arrependendo-se logo em seguida - Desculpa mãe. 

—Isso faz parte do passado, querido. Foi muito tempo antes de eu e o teu pai termos começado a falar. - explicou Astoria - Fico muito feliz por vocês os dois. Faço das palavras da Hermione as minhas.

—Ao contrário do que o Ron possa pensar, fico muito feliz por realmente vocês se terem entendido. - disse Draco - Rose, eu vejo como fazes feliz o meu filho e isso é o que eu mais quero. Ver o meu filho feliz.

—Obrigado Astoria. Obrigado Draco. - agradeceu Rose.

—Obrigada pelo apoio, país. - agradeceu Scorpius.

—Sempre. - responderam antes de se afastarem rumo à pista de dança. 

—Por esta eu não estava à espera. - comentou Rose sobre o facto de Draco Malfoy ter tido um interesse amoroso por Hermione.

—Já somos dois. - respondeu Scorpius - Vamos dançar? 

—Nem pensar, Malfoy. - disse James aparecendo de surpresa - Eu ainda não dancei com a minha prima favorita. 

Scorpius riu-se e entregou a mãe de Rose a James. Teria muito tempo para dançar com ela. Até ao fim das suas vidas.

—Vejo que vocês estão bem encaminhados. - comentou James - Eu ouvi a conversa com os vocês pais - confessou.

—Sirius! - protestou Rose.

—Quando é que me ias contar que ias começar a procurar casa para morares com o Malfoy? - perguntou James em tom magoado.

—Ia contar-te depois de falar com os nossos pais. Mas tu decidiste antecipar-te como sempre, Sirius. - respondeu Rose - Sirius não fiques assim. Eu juro que te ia contar. Tu és o meu melhor amigo. 

—E tu a minha melhor amiga. - respondeu James abraçando a prima. 

A música terminou e logo Dominique apareceu para levar James para uma maratona de dança. 

Rose decidiu procurar Scorpius mas antes de o encontrar, Liam deteve-a.

—Dás-me a honra desta dança?  - perguntou pegando Rose de surpresa.

O primeiro instinto de Rose seria fugir mas algo lhe dizia que Liam teria alguma coisa de importante a dizer. Assim, esticou a sua mão colocando por cima da mão de Liam e juntos seguiram para o centro da pista.

—É agora que me vais contar o porquê de estares a ajudar aquele maníaco? - perguntou Rose indo diretamente ao assunto. Ela queria saber a razão de Liam ajudar o maníaco dos bilhetes. 

—Rose, vamos aproveitar a dança, por favor. - pediu Liam.

—Não vamos nada. Eu preciso de saber quem é, Liam. E tu és a única pessoa que sabe. - acusou Rose - Eu pensei que nós éramos amigos mas afinal tu ajudaste o maníaco a fazer-me mal.

—E nós éramos, Rose. Por favor. Eu não posso. - disse Liam em tom desesperado.

—O quer que seja que o maníaco tenha contra ti, eu ajudo-te a ultrapassar. Por favor. Faz como a Sarah. Luta. 

—Eu não posso. O que o maníaco tem contra mim é a minha filha. - revelou Liam deixando Rose completamente chocada. Liam tinha uma filha? - Ela é pequenina. E enquanto eu estou em Hogwarts, ela está com a mãe. Mas ela foi colocada sobre a maldição Imperius. Por aquela a quem vocês chamam maníaco. Eu não posso realmente ajudar.

—Eu posso ajudar-te, Liam. Deixa-me ajudar-te. Deixa-me falar com o meu padrinho. Ele consegue resolver a situação. 

—Depois de hoje já não há nada que consigas fazer para resolver a situação. Depois de hoje,  estarei livre. - disse Liam.

—Estarás livre como? O que é que se vai passar hoje, Liam? O maníaco está aqui? - perguntou Rose em tom desesperado - Onde é que ele está? Diz-me! Eu ainda posso arranjar as coisas. É só dizeres-me onde é que ele está. Falas com o meu padrinho e ele trata do resto. Por favor,  Liam. Pela nossa amizade se dizes que ela realmente existiu.

—Ela levou o Scorpius. Para a torre de Astronomia. Segundo o que ela disse, foi lá que tudo começou. - revelou Liam deixando Rose completamente desesperada. 

—Fala com o meu padrinho já. Para ele salvar a tua filha. - disse Rose antes de correr pela saída do salão Principal em direção à torre de Astronomia.

O vestido longo dificultava a sua subida pelas escadas. Rose tentava correr o mais rápido possível. Antes que fosse tarde demais. 

A primeira pessoa que Rose viu quando alcançou o último degrau foi Scorpius em cima de uma das grades de uma das varandas da torre. Pronto a saltar. 

—Não! - gritou Rose enquanto corria.

—Para! Ou ele cai! - gritou uma voz que Rose conhecia. Então era ela o maníaco dos bilhetes.

—Tu! - disse Rose em tom completamente chocado.