Jogadores, alunos e professores invadiam o campo de Quidditch. Todos festejavam a vitória dos Gryffindor. Abraços, cânticos, felicitações. O campo era marcado por isto.

—Parabéns. - disse Roxanne abraçando o primo - Eu sabia que vocês não deixariam os Slytherin ganhar.

—Claro que não deixávamos. Ainda por cima com um seeker tão talentoso como eu. - disse Scorpius que se encontrava ao lado de Albus.

—Nada convencido portanto. - brincou Roxanne.

—Ele tinha uma motivação especial. - provocou Albus.

—A nossa querida prima? - perguntou Roxanne entrando no jogo de Albus.

—Como adivinhaste? - perguntou Albus fingindo choque.

—Por falar em Rose, onde é que ela se meteu? - perguntou Scorpius aos outros dois.

—Se calhar fugiu de ti. - brincou Albus.

—Ela saiu das bancadas mal apanhaste a snitch, Scorpius. - respondeu Lorcan que tinha vindo com Roxanne felicitá-los - É estranho ela ainda não ter chegado.

A resposta à pergunta de Scorpius não demorou muito a chegar. No meio do mar vermelho, um ponto verde circulava o mais rápido que conseguia para chegar a Scorpius.

—Scorpius. Scorpius - chamava Octavia tentando chegar perto deles. Quando chegou, só disse - É a Rose.

Octavia não precisou de dizer mais nada. No instante a seguir, Scorpius, Albus, Roxanne e Lorcan seguiam Octavia para saber o que tinha acontecido com Rose.

Rose encontrava-se inconsciente perto da bancada sul dos Slytherin. Marcus Hastings, o amigo de Octavia, e Sarah encontravam-se lá enquanto Octavia tinha ido chamar Scorpius e Molly tinha ido chamar o professor Neville.

—Rose. - gritou Scorpius vendo a namorada inconsciente - Rose, acorda.

Mas Rose não acordava. Rose permanecia inconsciente para o desespero de Scorpius e dos demais que ali se encontravam.

O aglomerado de pessoas era cada vez maior. Todos queriam saber o que tinha acontecido.

Todos os Weasley também se encontravam ali. Os festejos tinham sido esquecidos. Tudo o que importava naquele momento era Rose.

—O que é que se passou com a minha irmã? - perguntou Hugo, em tom de desespero, quando descobriu que aquela confusão era por causa da sua irmã.

—Ela estava assim quando a encontramos. - explicou Octavia.

—Deixem-me passar. - ordenava Neville passando entre os alunos - O que é que se passou? - perguntou Neville ajoelhando-se ao lado de Scorpius.

—Nós encontramo-la aqui, inconsciente. - respondeu Octavia.

—Temos de levá-la para a enfermaria, agora. - disse Neville em tom sério.

Neville pegou em Rose e seguiu em direção à enfermaria. Weasley, Scorpius, Octavia, Sarah, Lorcan e Marcus seguiam-no.

Na enfermaria apenas se encontrava uma aluno de quarto ano dos Hufflepuff. As restantes camas estavam vazias.

Neville depositou Rose na cama à entrada da enfermaria.

—Madame Pomfrey. - chamou Neville.

Raphaela Pomfrey, filha de Poppy Pomfrey, saiu do seu gabinete em direção à voz que a chamava. 

—Que se passou? - perguntou Raphaela vendo uma aluna inconsciente.

—Encontraram-na assim. Ninguém sabe o que aconteceu ao certo. - explicou Neville.

—Precisam que saiam todos para eu fazer os exames necessários. - pediu Raphaela enquanto se preparava.

—Mas... - começou Scorpius.

—Todos, sr. Malfoy. - ordenou Raphaela em tom severo.

Aos poucos a enfermaria foi ficando vazia enquanto a sala de espera começava a ficar cheia.

Octavia permanecia num canto com o bilhete que encontrara na mão de Rose em sua mão. Ela fora a primeira pessoa a avistar e aproximar-se de Rose. Ela era a única que sabia da existência daquele bilhete.

O bilhete estava endereçado a Scorpius, pelo que, Octavia tinha quase a certeza que sabia a quem pertencia. A pessoa que andava há meses a mandar bilhetes a Rose. A mesma pessoa que ameaçou Sarah. A mesma pessoa que colocou Molly sobre a maldição Imperius.

—Está tudo bem? - perguntou Marcus ao aproximar-se de Octavia. Do outro lado da sala de espera, Albus observava atentamente cada passo de Octavia e Marcus.

—Claro que não está tudo bem. - respondeu Octavia baixo para que apenas Marcus ouvisse - Neste momento tenho uma amiga na enfermaria, completamente inconsciente e nenhum de nós faz a mínima ideia do que lhe aconteceu.

—Desculpa. - pediu Marcus - Foi uma pergunta estúpida. Eu sei que a Weasley é tua amiga. - disse Marcus colocando a sua mão sobre o ombro de Octavia - Eu nem imagino pelo que estás a passar.

—É horrível. - disse Octavia baixando a cabeça - Desculpa ter falado assim contigo. Tu não tens culpa do que está a acontecer.

—Tu precisavas de descarregar, Octavia. Eu não me importo de ser o teu saco de pancada. - disse Marcus abraçando Octavia.

—Mas afinal o que é que este gajo está aqui a fazer? - perguntou Albus, em tom alto, perante uma sala de espera praticamente em silêncio. Octavia separou-se de Marcus. Ela conhecia Albus demasiado bem. Ela sabia que Albus se estava a referir a Marcus - Tu não conheces a Rose de lado nenhum. Só estás a ocupar espaço.

—Ele está comigo. - respondeu Octavia não dando hipótese que Marcus dissesse algo. Era a primeira vez, desde que tinha discutido com Albus, que estava a falar com ele - Há algum problema nisso, Potter?

—Há. Não ouviste? Ele não conhece a Rose de lado nenhum. Ele não tem nada que estar aqui. - respondeu Albus.

—Que eu saiba, este lugar é público. Pode estar aqui quem quiser.

—Isto é um momento delicado. Apenas para família e amigos. Ele não se enquadra em nenhum dos dois. - explicou Albus como se fosse fácil demais entender.

—Tu não és o dono disto tudo para mandares as pessoas saírem só porque estás incomodado. Tu não és o dono do mundo. 

—Tu não percebes mesmo, pois não? - perguntou Albus, retoricamente - Isto é um momento delicado. Um momento para apenas pessoas amigas estarem aqui.

Octavia ia responder, mostrar que Albus não tinha razão no que estava a dizer. Que ele apenas estava assim porque estava a vê-la com outro rapaz. Pelo menos, ela achava que era isso. No fundo, ela tinha esperança que fosse isso. Mas Scorpius interrompeu-a.

—Podem calar-se, por Merlin. Ninguém está com paciência para os vossos dramas hoje. - disse Scorpius num tom completamente frio. Aquele não era o momento apropriado para as discussões de Albus e Octavia. Eles deviam saber disso. Aquele momento era um momento de angústia. A sua única preocupação era Rose.

—É melhor eu ir. Falamos depois, O. - disse Marcus despedindo-se de Octavia dando-lhe um beijo na testa.

Se as pessoas pensavam que Albus ia melhor depois de Marcus ter saído, então estavam muito enganados. Albus tinha ficado de completo mau humor. Para além de Octavia estar com outro rapaz, esse mesmo rapaz tratou Octavia pelo apelido que apenas ele a tratava. O. Albus não conseguia acreditar que Octavia deixava outra pessoa tratá-la assim.

 -Faíscas por todo o lado. - sussurrou Sarah para Octavia - Acho que a tensão se notava perto da casa do Hagrid.

—Ele é mesmo idiota. Quem é que ele pensa que é para expulsar as pessoas de sítios públicos. - disse Octavia completamente furiosa.

—Vais fingir que não entendeste, Octavia? - perguntou Sarah com um sorriso de lado - É que para mim está bastante óbvio. Os ciúmes sentiam-se em Londres.

Octavia não respondeu à amiga. Ela também suspeitava que fosse isso, mas não queria admitir a amiga que desejava que fosse mesmo isso. 

—Não vais mesmo dizer nada, Octavia? - perguntou Sarah. Octavia permaneceu calada - Muito bem então. Continuai os dois assim orgulhosos. Depois digam que não gostaram do resultado final. - disse Sarah antes de se dirigir para perto de Molly.

Octavia permaneceu no seu canto. Ela continuava com a ideia que tinha de ser Albus a vir falar com ela se queriam que alguma coisa se resolvesse. Ela não tomaria a iniciativa. O seu orgulho impedia-a.

—Eu não percebo, Al. Tu gostas dela, ela continua a gostar de ti. Porque não vais falar com ela e acabar com isto de uma vez por todas? - perguntou Lily que estava sentada ao lado de Albus.

—Lily, tu és demasiado nova para perceberes uma coisa destas. - respondeu Albus permanecendo com o seu olhar em Octavia.

—No entanto, eu consigo manter uma relação. Admitir quando erro e espero que o Hugo admita quando está errado. No entanto, sou eu que não percebo uma coisa dessas.

 -Lá porque andas aos namoricos com o teu primo, isso não te dá o direito de achares que sabes tudo. - replicou Albus.

—E a ti, o facto de andares frustrado porque queres ser demasiado orgulhoso só faz de ti um idiota. Idiota porque aquela mulher, de quem tu não tiras os olhos, continua à tua espera. Mas um dia, ela pode cansar-se, Albus. Um dia, pode ser tarde de mais.

Lily levantou-se e aproximou-se de Hugo, que permanecia ao lado da porta, junto a Scorpius.

—Está tudo bem? - perguntou Hugo à namorada.

—Eu é que devia estar a perguntar-te isso, Hugo. É a tua irmã que está lá dentro. - disse Lily abraçando Hugo e beijando-o de leve.

—A Rose é forte. Eu acredito que ela vai ficar bem. - disse Hugo no tom mais otimista possível - Já disse que te amo?

—Hoje ainda não. - respondeu Lily, sorrindo.

—Amo-te. - declarou Hugo.

—Também te amo muito. - declarou Lily.

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Ao fim de duas horas, ainda ninguém lhes tinha dito nada. 

Scorpius permanecia à porta da enfermaria, sem trocar uma única palavra com ninguém. A única vez que se tinha pronunciado fora para calar Octavia e Albus.

Aquele aperto no peito não saía. A cada minuto que passava, parecia que um buraco maior se fazia dentro de si. A demora significava que o caso era mais grave. Se fosse alguma casualidade, já estariam livres aquela horas. 

Por momentos, Scorpius lembrou-se do maníaco dos bilhetes. Era possível que tivesse sido ele a fazer isto a Rose. 

—Scorpius, posso falar contigo dois minutos? - perguntou Octavia tirando Scorpius dos seus pensamnentos.

—Espero que não tenhas vindo criticar a forma como falei contigo e com o Albus. Vocês mereceram. Pareciam duas crianças.

—O teu amigo é que é insuportável. - disse Octavia mas logo parou de criticar Albus face ao olhar que Scorpius lhe deitou - Vamos avançar. Quando encontrei a Rose, ela tinha um papel na mão.

—Um papel? - perguntou Scorpius antes de se aperceber o que aquilo podia significar realmente - E porquê que só estás a falar nele agora?

—A prioridade era a Rose. - respondeu Octavia - A maior preocupação é o estado dela. O problema é que isto está a demorar tempo de mais. E isso nunca costuma ser um bom sinal. Depois lembrei-me que o que aconteceu com a Rose possa ter sido intencional. E logo me lembrei da pessoa que lhe está a mandar bilhetes. Eu queria entregar-te o bilhete. Só não sabia o melhor momento para o fazer.

—Dá-me o bilhete, por favor.  - pediu Scorpius estendendo a mão.

—Foi isso que vim cá fazer. - respondeu Octavia entregando o bilhete a Scorpius.

Scorpius, Scorpius,

vocês não está seguros em lado nenhum. Se eu quiser, pode pegar num de vocês os dois a qualquer momento. E fazer-vos o que quiser. Vocês são um casal demasiado despreocupado.

Gostaste da tua prenda? Isto foi a minha prenda para ti pelos Gryffindor terem ganho.

Nem penses em contar a algum professor ou pais o que se está a passar. Viste a facilidade com que apanhei a Rose? Pensa nisso duas vezes antes de pensares em falar com algum adulto.

Com carinho, 

De tu sabes quem 

—Cabrão de merda. Eu desfaço-o em pedacinhos. - bradou Scorpius.

Octavia não precisou de mais nenhuma palavra de Scorpius. Era óbvio quem tinha feito aquilo a Rose. Era óbvio só pelo ódio que Scorpius exalava.

Raphaela Pomfrey abriu a porta da enfermaria. Pelos poucos segundos que a porta esteve aberta, Scorpius ainda conseguiu ver Rose. Esta permanecia inconsciente.

—Madame Pomfrey, diga alguma coisa. - pediu Scorpius.

—A Rose bebeu da poção do Morto-Vivo. - revelou Raphaela deixando todos em choque.