Naquela manhã, James acordou bem-disposto. Hoje seria o primeiro jogo da temporada de Quidditch. E para começar em grande seria Gryffindor contra Slytherin. O clássico dos clássicos.

James acreditava que a Gryffindor ganharia. Não era para se gabar, mas naquele ano James achava que tinha a equipa perfeita. Muitos foram os que tentaram a sua sorte nos testes para entrar na equipa mas só os melhores ficaram. James orgulhava-se da equipa que tinha formado naquele ano. Ele seria o artilheiro junto a Albus e a Lily. Os três Potter’s juntos. Como batedores tinha Fred Weasley e Thomas Crawford. Felizmente para James, este último tinha sido melhor que David Finnigan. Ele não conseguiria estar na mesma equipa que o seu rival. Hugo Weasley era o goleiro da Gryffindor. E por fim, Scorpius Malfoy era o apanhador. Quem diria que algum dia um Malfoy seria o apanhador da Gryffindor.

No salão comunal, James encontrou Dominique. Esta estava à sua espera. James olhou para todo o lado e viu que estavam sozinhos. Sorriu e beijou de leve Dominique que correspondeu prontamente. James estava completamente viciado no beijo de Dominique. Quem diria que um dia James Sirius Potter estaria nesta situação de bobo apaixonado. Não que ele já tivesse confessado para Dominique que estava apaixonado por ela, afinal ainda nem para ele próprio tinha admitido. Ele sabia que sentia alguma coisa por Dominique. O que ele não sabia era qual era a profundidade dos seus sentimentos.

Juntos desceram até ao salão principal. Ninguém desconfiaria de nada porque antes de tudo, James e Dominique eram primos e amigos.

Juntaram-se ao resto dos Weasley’s e Potter’s que já se encontravam a tomar o pequeno-almoço. O assunto de conversa deles era o jogo que se realizaria no início da tarde. Aliás, esse era o assunto de conversa de toda a gente que estava no salão principal. Ninguém falava de outra coisa. Mas também era normal. Era o debate entre os eternos rivais.

Albus, diferente dos outros dias, estava animado. Naquele dia decidiu que esqueceria o assunto Rose. Ele tinha noção que naquele dia tinha de estar cem por cento concentrado no clássico. Não havia margem para falhar. Era o tudo ou nada.

Depois do pequeno-almoço, Albus e Scorpius voltaram para o salão comunal. Como era normal naqueles dias, não estava lá ninguém.

—Espero que hoje corra tudo bem. Não estou para ouvir aquelas cobras falarem que são melhores que nós. – comentou Albus sentando-se num sofá perto da lareira. Aqueles dias já eram frios, tanto que, era sempre bom estar ao pé de algo que aquecesse.

—Claro que vai correr, nós temos o melhor apanhador do mundo. – gabou-se Scorpius apontando para si mesmo. Albus riu.

—Então espero que o senhor melhor do mundo apanhe a snitch o mais rápido possível para ganharmos o jogo. Espero bem que a Anderson não te distraia. – comentou Albus referindo-se ao facto de Diana Anderson ser a apanhadora da Slytherin.

—Achas mesmo? Até parece que não conheces o amigo que tens. Scorpius Malfoy não se deixa distrair por nenhuma mulher.

—Nunca digas nunca. – disse Albus com ar de desdém. Ele sabia bem do que falava afinal aquilo aconteceram com ele. Ele era aquele tipo de homem que ia ficando com uma e com outra. Não tinha ninguém fixo. Mas desde que se envolvera com Alice, as coisas mudaram. Mesmo que não tivessem um namoro assumido, ele sentia a necessidade de estar somente com ela. Não sabia se já se poderia considerar apaixonado por Alice mas também se não estivesse, não faltaria muito tempo para estar.

—Eu não me chamo Albus Potter. – respondeu Scorpius com desdém. – Eu não me quero agarrar tão cedo. Quando tiver um curso tirado e assim talvez pense em arranjar alguém para alguma coisa mais séria. Agora só penso em me divertir. E confesso que a Diana é uma boa diversão.

—Andas nessa diversão com a Diana há algum tempo. Vê lá se não se torna algo mais sério. – Albus continuou a provocar Scorpius. Sinceramente, ele não acreditava muito que pudesse nascer algum sentimento mais profundo entre Scorpius e Diana mas isso também não impedia de Scorpius se apaixonar mais cedo do que o que estava a programar.

—Vira essa boca para lá. – disse Scorpius atirando uma almofada a Albus e rindo-se em seguida. Albus tinha sido apanhado desprevenido.

Assim começou uma guerra de almofadas. É claro que se alguém passasse ali veria duas pessoas de dezasseis anos a comportarem-se como pessoas de dez anos mas eles não queriam saber. Era bom ser criança de vez em quando.

James entrou no salão comunal e viu o que estava a acontecer. Mas ao contrário do que alguns possam pensar, ele não acabou com aquela batalha. Ele fez algo melhor. Ele juntou-se a ela. E aquilo que começou como uma batalha de almofadas entre dois amigos acabou como uma batalha de almofadas entre muitos alunos que pertenciam à casa dos leões.

Se eles achavam que durante o pequeno-almoço estava barulho foi porque ainda não tinham visto a hora de almoço antes de um jogo de Quidditch. A ansiedade crescia entre os alunos de Hogwarts. Todos queriam que a hora do jogo chegasse o mais rápido possível.

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Rose encontrava-se sentada num canto da mesa da Ravenclaw. Ao contrário dos outros, ela almoçava em silêncio. Não que ela não estivesse ansiosa pelo início do jogo. Ela estava. Simplesmente não demonstrava.

Quando terminou de almoçar dirigiu-se à saída do salão principal. Mas ao contrário do que normalmente fazia, Rose ficou ali à espera de James. Queria desejar-lhe boa sorte. Não demorou muito para James aparecer. Mas ele não vinha sozinho. Com ele vinha o resto da equipa da Gryffindor.

—Sirius. – chamou Rose.

James procurou quem o chamava e encontrou Rose aproximando-se dela sorridente.

—Olá priminha. – cumprimentou James dando um beijo na bochecha de Rose. Rose acabou por corar. Ela não estava habituada aquele tipo de intimidade. Só os seus pais e Hugo fariam qualquer coisa daquele tipo. Mas naquele ano parece que a vida de Rose Weasley estava a mudar.

—Queria desejar-te boa sorte para o jogo. Espero que corra tudo bem.

—Obrigado. – agradeceu James - Mas já devias saber que vai correr tudo bem afinal eles têm o melhor jogador do mundo na equipa. – disse apontando para si e arrancando risadas de Rose. – Espero que venhas ver o jogo.

Outra coisa normal em Rose era o facto de ela quase nunca ir ver os jogos de Quidditch. Não é porque não gosta. Aliás, ela é uma grande fã de Quidditch. É mais pelo facto de não existir alguém que vá notar o seu apoio. Porque no fim de contas, ela é invisível em Hogwarts. Mas agora não. Agora havia alguém que a estava a convidar para ir apoiar. Agora valia a pena ir assistir a um jogo.

—Não o perderia por nada. – respondeu Rose arrancando um largo sorriso de James.

James acabou por ter que ir embora. Ainda tinha de falar com a equipa antes da partida. Dirigiu-se portanto para os balneários para se equipar.

Agora o nervosismo começava a afetar James. Nada podia falhar. Ele queria acabar Hogwarts em grande. Aquele era o seu último ano e ele queria conquistar a taça de Quidditch de Hogwarts. E James faria de tudo para que isso acontecesse.

Os jogadores encontravam-se numa roda à espera do discurso de James. Ele estava a ponderar bem o que falaria. Ele tinha de fazer ver à sua equipa o quão importante era ganhar.

—Bem…vocês sabem que este é o meu último ano em Hogwarts. Aliás, o meu e o de Fred. E como não poderia deixar de ser, nós queremos que este ano seja inesquecível. Logo é muito importante para nós ganharmos a taça este ano. Todos os jogos são importantes mas este, em especial, dá mais gozo ganhar. Porque é um jogo contra a Slytherin, o nosso eterno rival. Por isso vamos lá. – terminou James.

Toda a equipa absorveu o discurso do seu capitão. Ali só importava uma coisa. Ganhar. E eles fariam de tudo para que aquilo fosse possível.

A equipa da Gryffindor foi chamada e eles, confiantes, entraram. Receberam aplausos e gritos de apoio por quase todos os presentes. Exceto os alunos da Slytherin, todas as outras casas apoiavam a Gryffindor. Já era uma coisa normal nestes jogos.

James, como capitão, aproximou-se do juiz da partida. À sua frente encontrava Diana Anderson, a capitã da Slytherin, com um sorriso cínico. James encarou-a friamente demonstrando que nada o afetava e que estava ali para vencer o jogo.

As equipas estavam todas a posto e assim foi iniciado o jogo. A goles estava na posse de James que percorria o campo sem deixar que lha roubassem. Estava quase frente a frente com o goleiro e toda a plateia estava em delírio pois, possivelmente, seria marcado o primeiro golo. Mas no último momento, James percebeu que não conseguiria marcar porque um dos artilheiros da equipa contrária impediria. Mas, como bom jogador e homem de estratégia que era, ele já tinha previsto isto num dos treinos. E era por isso que do outro lado se encontrava Lily completamente desmarcada. James passou-lhe a goles e assim Lily marcou os primeiros dez pontos da tarde.

O jogo prosseguia e Scorpius ainda não tinha visto a snitch. Ele visualizava todo o campo em procura daquela pequena bola de ouro. Mas algo chamou a sua atenção. No meio das bancadas onde estavam os alunos da Ravenclaw encontrava-se lá alguém que Scorpius nunca imaginou que veria. Rose Weasley estava a assistir a um jogo de Quidditch. Não que ele seguisse cada passo que Rose dava mas ele sabia que ela não era muito de ir a estes eventos.

Scorpius só percebera que a sua desatenção podia ter consequências graves quando, como uma rajada de vento, Diana passou à sua frente. Com certeza tinha avistado a snitch. Scorpius seguiu na direção de Diana. Ele tinha de apanhar a snitch custasse o que custasse. Ele culpava-se por estar tão desatento e só esperava que isso não resultasse na derrota da Gryffindor. Neste momento, eles ganhavam por sessenta pontos de diferença logo se Diana apanhasse a snitch, a Gryffindor perdia.

Diana e Scorpius debatiam-se pela snitch. Ambos queriam apanhá-la e, consequentemente, dar a vitória à sua equipa. Mas para alívio de Scorpius, fora ele que aapanhar. Levantou a snitch bem alto para que todos pudessem ver e assim o juiz anunciar o fim do jogo.

Felizes pelo desfecho, só lhes restava festejarem. E claro que haveria uma festa no salão comunal da Gryffindor para festejar esta vitória tão importante.

Scorpius seguia junto aos seus colegas de equipa para o salão comunal. Só James é que tinha ficado para trás a falar com Rose.

O resto da tarde foi de festa. Todos se divertiam e felicitavam os jogadores da sua equipa.

Já depois de todos os festejos e também do jantar ter sido servido, Scorpius saiu sorrateiramente da torre da sua casa com um único destino, a torre de Astronomia. Ele não sabia porque ia, ele simplesmente ia. Mas ao contrário das outras noites, por azar, Scorpius esbarrou em Diana. Ele sabia que não levaria detenção nenhuma mas também sabia que os seus planos para aquela noite estavam comprometidos.

—Scorpius, Scorpius. – pronunciou Diana o mais sedutora possível. - O que é que um menino como tu anda a fazer a estas horas da noite pelos corredores de Hogwarts?

—A desanuviar depois de um dia de festejos. – respondeu em tom de provocação afinal Diana pertencia à equipa adversária.

Scorpius aproximava-se mais dela para as suas bocas se tocarem. Já que Diana lhe estragara os planos, ele ao menos aproveitaria da melhor forma. Ele estava quase a conseguir o seu objetivo quando Diana o interrompeu com um comentário inoportuno.

—Reparei no quão distraído estavas, Scorpius. Qual foi a razão dessa distração?

Scorpius não sabia o que responder. Aliás, ele sabia mas nunca diria a verdadeira razão a Diana. Ninguém precisava de saber que ele se distraíra quando avistara Rose nas bancadas. Nem ele conseguia perceber como é que se tinha distraído tão facilmente com uma rapariga que não lhe era nada. Uma rapariga com quem partilhava, mesmo que ela não soubesse, o seu lugar favorito. Por isso, para evitar perguntas constrangedoras por parte de Diana, Scorpius decidiu beijá-la de uma vez e aproveitar mais uma vez aquela loira que já se perdia nos seus encantos.