O dia seguinte chegou e com ele acordou um Scorpius muito determinado. Ele queria falar com Rose e era exatamente isso que ia fazer. Despachou-se o mais rápido que conseguiu e dirigiu-se até ao quinto andar na esperança de encontrar Rose.

Ao chegar lá, Scorpius encostou-se na parede ao lado da entrada para o salão comunal da Ravenclaw.

Os alunos da Ravenclaw começavam a sair, sozinhos ou em grupo. Todos eles estranhavam o facto de um aluno da Gryffindor estar ali aquela hora da manhã.  

Makoto saiu do salão comunal e reparou que Scorpius se encontrava ali. Disse às amigas que a acompanhavam para irem na frente que ela precisava de falar com o Scorpius.

—Boa dia. – cumprimentou Makoto.

—Bom dia.

—O que é que um aluno da Gryffindor faz a esta hora na entrada de outra casa? – perguntou Makoto sedutoramente aproximando-se de Scorpius. A discussão do dia anterior ainda estava presente na sua memória mas Makoto decidiu perdoar Scorpius. Afinal o seu objetivo era só um, enrolar-se com Scorpius.

—Estou à espera da Rose. – respondeu Scorpius diretamente olhando para o lado para ver se Rose saía.

Makoto desfez o sorriso que tinha na cara. Mais uma vez Scorpius estava ali por causa de Rose. Ela não conseguia perceber como uma pessoa tão sem sal podia ter um gostoso daqueles atrás dela.

—Ela já foi para o salão principal. Eu estou a ir para lá agora, se quiseres vir. – sugeriu Makoto falsamente. Na realidade, Rose ainda nem sequer tinha saído do dormitório.

—Sim vamos. – respondeu Scorpius.

Quando Scorpius e Makoto já estavam um pouco afastados, Rose saiu do salão comunal da Ravenclaw. Mesmo estando longe, Rose reconheceu-os. Aqueles cabelos loiros de Scorpius eram inconfundíveis.

Mais uma vez, Rose sentiu-se estúpida. No princípio ela desconfiou daquele bilhete que recebeu. Mas cada vez mais ele fazia sentido. Mal Makoto demonstrou interesse por ele, Scorpius não a largou. Até ao salão comunal ele a veio buscar.

Rose decidiu fazer uma pequena paragem pelo salão principal antes de ir para a sua primeira aula. Uma passagem rápida. Ela apenas buscaria algo para comer e sairia logo dali. Ela não queria ver Scorpius. Ela não queria ver Scorpius com Makoto.

Rose entrou discretamente no salão principal. Chegou perto da mesa da sua casa, que ficava perto da entrada, retirou um bolo e voltou a sair.

Rose estava tão distraída a olhar para trás a ver se ninguém a tinha visto que esbarrou em alguém. Rose olhou e viu que esse alguém era Scorpius. Este estava com os braços cruzados como se esperasse por alguém. Se calhar está à espera da Makoto, pensou Rose.

Com a ajuda de Scorpius, Rose levantou-se.

—Tenho de tomar o pequeno-almoço. – Rose voltou-se, pronta para voltar ao salão comunal pois o seu bolo tinha caído e ela ia buscar outro. Mas Scorpius impediu-a. Agarrou no seu braço e levou por entre os corredores de Hogwarts.

—Scorpius larga-me. Estás a magoar-me. – queixou-se Rose enquanto era levada. Mas Scorpius simplesmente ignorou-a. Ele não queria estar a fazer isto mas estava farto que Rose estivesse a fugir dele.

Ao chegar perto da parede que os levaria à sala das Necessidade, Scorpius passou três vezes pela parede e uma grande porta apareceu. Scorpius voltou a puxar Rose e colocou-a dentro da sala das Necessidade. Esta tinha-se transformado numa pequena sala. Tinha dois sofás e uma mesinha de centro com alguma comida. Scorpius não se esquecera do facto de Rose não ter tomado o pequeno-almoço.       

—Agora nós vamos falar. – disse Scorpius sério, colocando Rose num dos sofás e sentando-se no outro.

—Nós não temos nada para falar. – respondeu Rose levantando-se. Ela queria sair dali o mais rápido possível. Mas Scorpius foi mais rápido. Agarrou em Rose e voltou a sentá-la no sofá.

—Tu não vais sair daqui enquanto não conversarmos.

—Eu tenho aula. – disse Rose baixinho. Ela estava a começar a ficar assustada com aquela situação. Scorpius nunca a tinha tratado daquele jeito.

—Eu estou-me a lixar para as aulas. Nós vamos conversar e ponto. Eu deixei-te ir ontem. Eu não fui atrás de ti. E eu esperei a melhor altura para falar contigo porque não te queria pressionar. Mas isto passou todos os limites. Tu estás a evitar-me. Tu ontem fingiste uma má disposição para não apareceres no jantar. E, mais tarde, para não apareceres na torre.

—Eu estava mal disposta.

—Não estavas nada. Rose, eu conheço-te o suficiente para saber que isso foi uma desculpa para não te encontrares comigo. Agora eu não percebo o porquê disso tudo. Foi por causa da nossa última discussão? Estás com vergonha de falar comigo depois do que disseste? É isso, Rose?

—Podemos não falar sobre isso, por favor.

—Não, nós vamos falar sobre isso. Rose, tu tens de enfrentar as diversas situações em que te encontras e não fugir delas como estás a tentar fazer agora. Como fizeste ontem o dia todo. – Scorpius sentou-se e agarrou as mãos de Rose. Esta afastou as suas rapidamente. Ela não queria qualquer tipo de contacto com Scorpius. Não depois daquele bilhete – Como estás a fazer agora. Rose o que é que se passa?

—Não se passa nada.

—Não me mintas, já te pedi isso. Eu pensei que nós éramos amigos.

—Pois eu também.

—Que queres dizer com isso? Tem alguma coisa a ver com a Makoto? Desculpa se achaste que estavas a mais. Tu nunca estás a mais, Rose.

—Scorpius não mintas.

—Eu não estou a mentir. Como é que tu podes pensar isso. Nunca Rose e eu digo nunca iria querer que tu pensasses que estás a mais. Porque tu nunca estás a mais. Tu és minha amiga e és sempre bem-vinda nos sítios em que eu estou.

—Será que sou mesmo tua amiga ou simplesmente queres adicionar-me à tua lista? – perguntou Rose não aguentando mais. Ela não queria arranjar problemas, ela simplesmente queria seguir a sua vida como se nunca tivesse conhecido o Scorpius.

—Como assim adicionar-te à minha lista de conquistas? – perguntou Scorpius confuso – Espera aí. Tu não estás mesmo a pensar aquilo que eu estou a pensar.

—Eu ainda não leio mentes para saber o que é que tu estás a pensar. – respondeu Rose ironicamente.

—Eu nunca pensei isso quando me decidi aproximar de ti. Quando me aproximei de ti foi simplesmente para ser teu amigo. Como é que tu podes pensar uma coisa dessas de mim? Eu pensei que nós éramos amigos.

—Mal conheceste a Makoto, nunca mais a largaste. Ficaste a falar com ela ontem e hoje até a foste esperar à entrada da sua casa.

—Eu não fui esperar por ela. Eu fui esperar por ti, Rose. Eu não acredito que estás a pensar nisto tudo por causa de ciúmes.

—Eu não estou com ciúmes, não sejas ridículo. – protestou Rose. Mas tanto um como outro sabia que aquilo que ela estava a dizer era mentira. Sim, ela tinha ficado com ciúmes e uma parte de Scorpius estava a adorar aquilo. Afinal ele era tão importante para Rose como Rose era para si.

—Rose, deixa-me explicar. – Scorpius levou a sua mão até ao queixo de Rose para levantar o seu rosto para que esta o encarasse – É verdade que eu ontem fiquei a falar com ela mas foste tu que nos foste apresentar. Depois disso, só voltei a falar com ela mais uma vez e foi para perguntar por ti. E fica sabendo que ela fez uma ceninha de todo o tamanho por eu andar à tua procura e não ter ido ter com ela para estar com ela. Hoje de manhã, como já te disse, eu estava à tua espera, não à dela. Mas ela entretanto apareceu e disse que tu já tinhas descido. Por isso é que nos viste juntos.

Rose apenas ficou em silêncio. Ela estava a raciocinar tudo o que tinha acabado de ouvir. Os argumentos de Scorpius eram válidos. Ela podia-o ter visto com Makoto pelo simples facto de ele estar a perguntar por si. Mas isso continuava sem explicar o bilhete. Aquelas palavras não saíam da sua cabeça. Ela não fazia a mínima ideia de quem poderia ter escrito aquilo.

—Scorpius. – pronunciou Rose retirando o pequeno bilhete que recebeu – Toma.

Rose entregou o bilhete a Scorpius para que este lesse. A cada palavra que lia, Scorpius não queria acreditar no que estava ali escrito. Como é que era possível que tivessem mandado aquilo à Rose. Qual era o objetivo?

—Quem é que te mandou isto? – perguntou Scorpius irritado – Quem é que foi capaz de escrever uma mentira destas? Como é que tu foste capaz de acreditar numa coisa destas, Rose?

—Não sei quem foi, não estava assinado. E talvez tenha acreditado nisso por causa da tua fama, Scorpius.

—Até parece que não me conheces. – acusou Scorpius – Depois de tudo ainda continuas a acreditar que não somos amigos.

—Não é verdade Scorpius. E foi por isso que eu fiquei magoada. Foi por te considerar meu amigo e ver esse bilhete. Eu pensei que me estavas a enganar. Eu sei que nunca devia ter desconfiado de ti. Eu sei. Mas… - Rose já não conseguia dizer mais nada. Os soluços começavam a apoderar-se da sua fala.

—Ei Rose. – Scorpius aproximou-se de Rose e abraçou-a – Não precisas de ficar assim. Anda lá, eu não gosto de te ver assim. – disse Scorpius afagando-lhe os cabelos – Vamos esquecer isto tudo. Nada de bilhetes. Nada de Makoto.

—Mas tu não estás interessada nela? – perguntou Rose encarando Scorpius com os seus olhos inchados devido ao choro.

—Não. Nunca estive. Podes não acreditar mas eu deixei isso um pouco de parte desde que te conheci. – Rose não disse nada. Apenas baixou a cabeça para que Scorpius não visse o quanto ela estava rosada – Além do mais, eu descobri que ela só se aproximou de ti para chegar até mim. E eu não me envolvo com pessoas que usam a minha melhor amiga.

Rose encostou o seu rosto no peito de Scorpius. Soube-lhe bem ouvir esta confissão da parte dele. Ela sentia-se da mesma forma. Scorpius em tão pouco tempo tinha-se tornado muito importante para ela. Ele e James eram os seus melhores amigos. Claro que ficou um pouco magoada por descobrir que Makoto a tinha usado. Ela tinha de deixar de ser ingénua.

—Agora princesa nós vamos fazer alguma coisa, já que perdemos a aula.

—A aula! – exclamou Rose levando a mão à testa. Com aquela conversa, Rose esqueceu-se completamente que tinha aula.

—Vamos dar um passeio pelo lago até à próxima aula. E desta vez vamos voltar a sentarmo-nos juntos.

Rose sorriu. A verdade é que a companhia de Scorpius nas aulas lhe fazia muito bem. Todos aqueles anos ela sempre se sentou sozinha. Nunca ninguém se atrevera a sentar ao lado dela, exceto Albus no início do primeiro ano. Mas agora ela tinha a companhia de Scorpius. E ela não conseguia imaginar companhia melhor.

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A aula estava quase a terminar para alívio de Albus. A verdade era que Albus não estivera atento. A sua atenção estava para o facto de Rose estar a faltar à aula. Mais uma vez ela estava a faltar. Nunca Rose tinha faltado a aulas e só naquele ano ela já faltara a duas. Mas o que o preocupava não era só isso. Scorpius também estava a faltar e Albus temia que eles tivessem juntos. Porque se eles tivessem juntos isso significava que eles tinham feito as pazes e que o bilhete não tinha resultado. Aquele bilhete que Albus escrevera naquele dia para separar Scorpius e Rose. Aquele bilhete que ele achou ser um plano perfeito mas foi um completo fracasso se as suspeitas de Albus estivessem certas.

A aula terminou e Albus arrumou as suas coisas rapidamente para ir encontrar Diana. Esta não tinha Estudo dos Muggles.

Diana encontrava-se nos jardins quando Albus a avistou.

—Diana. – chamou Albus. Mas Diana não disse nada. Diana continuava encostada numa árvore a encarar o mesmo local que encarava antes de Albus a chamar – Diana!– Albus decidiu voltar a chamar mas mais uma vez esta não se mexeu.

Decidido a ver o que se passava, Albus aproximou-se de Diana. Ao chegar perto dela, as suas suspeitas confirmaram-se. Perto do lago encontravam-se Rose e Scorpius, sentados perto um do outro, entre risos e brincadeiras.