Vermelho em sete atos escrita por Yuki Max


Capítulo 3
Ato 3 - Vermelho como o refresco derramado no chão


Notas iniciais do capítulo

Olá mais uma vez,

cá estou com um novo capítulo! =D
Obrigada a todos o que leram os capítulos anteriores! Esperam que tenham gostado e que gostem deste também...

beijo, beijo, =*
Yuki



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/670286/chapter/3



Ato três - Vermelho como o refresco derramado no chão



– Ele acordou com o fio amarrado no dedo. Jura que não estava lá ontem à noite e garantiu que teria, sim, reparado caso estivesse. É um fio vermelho, fininho, cheio de nó, sem fim e aparentemente está todo enrolado na gente neste exato momento, né, Shizuo?! Não machuca, não aperta e nem dá pra sentir... só fica lá amarrado no mindinho esquerdo...

Shizuo acenava em confirmação, atento às palavras de Shinra. Celty chegara há pouco e o médico dedicava-se, depois de todas as frustradas tentativas para que o guarda-costas o fizesse, a contar à noiva a história que Shizuo trouxera consigo ao irromper no seu apartamento. A entregadora o ouvia atentamente, as mãos a segurarem firmemente o palmtop sem, entretanto, fazer movimento algum sobre as teclas.

O primeiro cigarro há tempos se esgotara e Shinra proibira-o – após o terceiro aceso – de continuamente procurar por novos no maço em seu bolso. Já mais calmo, entretanto, com a nicotina a correr alegremente por suas veias, limitava-se a ocupar seus lábios com o refresco já não mais tão gelado e a esperar pela afirmação direta de que, assim como Tom, Shinra e todos com quem cruzara naquele dia, a dullahan também não era capaz de ver o fino laço em seu dedo mínimo. Ainda que, contudo, com a testa franzida em nada charmosa ruga aguardasse a confirmação, suspeitava que também Celty não era capaz de vê-lo. Caso contrário, certamente estaria tentando livrar-se da progressiva aproximação dele, que, como fizera com o médico clandestino, enrolava-lhe nas pernas e tronco.

Desviou, progressivamente, o olhar do ainda intocado palmtop para o espiralado fio e dedicou-lhe uma careta, relutantemente deixando-se convencer do porquê de o estranho objeto despertar-lhe tanta raiva e desconfiança.

– Shizuo, – chamou-o Shinra, roubando o rumo de seus pensamentos – você disse que ele não te machuca, certo? – acenou positivamente, torcendo os lábios para o fio que subitamente agitou-se – E nem atrapalha em nada, não é?! Disse que eu o atravessei como se nem existisse e tudo mais... Por que não só ignora, então?

– Quê? – fitou confuso o amigo, sondando-o em busca de indícios de que aquela fosse uma brincadeira. Ignorar? Ignorar um fio vermelho que saia-lhe do dedo e enroscava-se em tudo como se tivesse vida própria? – Em que raio de universo isso seria possível, Shinra?! É a droga de uma linha vermelha amarrada no meu dedo, como ignoro isso?! Ele tá aí todo merdado em volta de vocês dois sei lá porquê e eu devo só fingir que não vejo?

– Qual o problema? – retrucou o médico.

– Shinra, você tá me zoando ou realmente não tá entendendo?! É a droga de um fio preso no meu dedo. Não sai por nada! Já tentei. Não saiu nem quando cortou!

– Verdade, Celty querida, esqueci de te contar essa. O Shizuo me fez buscar um monte de tesoura diferente e ficar cortando o ar. Senti tanto a sua falta, amor...

– Cala a boca, Shinra! – irritou-se o ex-barman – Eu tentei ignorar, a manhã toda e a tarde também. Mas esse cheiro é insuportável... – gritou, o peito a arfar.

– Cheiro? – a voz do médico-clandestino oscilou, grave. Pelo canto dos olhos, Shizuo viu Celty remexer-se no sofá, inclinando-se sutilmente em sua direção.

Bufou irritado e dançou o frágil copo anteriormente cheio de refresco de uma mão a outra, controlando a vontade de lança-lo contra a parede, arrependimento torcendo-lhe os lábios. Não pretendia contar sobre o cheiro. Entendia que ao fazê-lo traria à sua história complicações indesejadas.

– Fede. – exclamou, irritado – Esta merda fede a Izaya. – o vidro trincou-se em seus dedos – Essa merda toda me lembra ele. Se enfiando no meu território como uma pulga. Saltitando por ai. Irritante, fedorenta. Tenho certeza que isso é coisa daquele maldito, Shinra!

– Como ass-?

– E foi só aquele desgraçado colocar as patas aqui que essa porcaria ficou toda agitada, balançando de um lado pro outro, dando nó e enrolando em volta de mim. Ele está em Ikebukuro, aquela pulga maldita! Consigo sentir!

O som do copo a chocar-se contra o piso e desfazer-se em cacos alcançou seus ouvidos antes que percebesse tê-lo soltado e o toque sutil, mas firme, em seus ombros forçou-o para baixo, de volta ao sofá, antes de perceber ter-se levantado. Arrependimento algum, entretanto, tomou-o. Quebraria outros copos, centenas deles, milhares deles, se com isso aliviasse a raiva e inquietação que sentia espalhar-se por cada célula de seu corpo.

– Fica calmo, Shizuo. – ditou-o o amigo, a voz autoritária mais firme do que estaria se fosse ele e não Celty a pousar a mão nos ombros do homem mais forte de Ikebukuro.

– “Fica calmo, Shizuo” – foi também o que leu na tela do palmtop a poucos centímetros de seus olhos – “Tá tudo bem.”

Desvencilhou-se com mais brutalidade do que normalmente dedicaria à amiga, recusando-se a sentar-se novamente. Manter-se quieto não era uma opção no momento. Mesmo que pouco, pôr-se em movimento pelo amplo cômodo o ajudaria a controlar o impulso violento que impunha-se a seus punhos. Sabia com cada milímetro de seu corpo que era observado, que sua caminhada impaciente pela sala-de-estar ganhava como acompanhante um par de olhos receosos e uma aura a expandir-se em preocupação e hesitação. Mesmo que ainda a enlouquecê-lo, entretanto, não pode evitar que sua raiva cedesse, gradativamente, para a curiosidade ao sentir a postura corporal de Celty relaxar-se enquanto a entregadora digitava algo no pequeno aparelho entre seus dedos.

Fitou-a demoradamente. Sabia que ela não aproximaria-se novamente se ele não a dissesse para fazê-lo. Suspirou fundo na tentativa de controlar os dedos trêmulos e tentou forçar-se a sorrir, desistindo ao perceber que seus lábios só abririam-se para gritos ou novos cigarros. Limitou-se, portanto, a acenar com a cabeça, assistindo-a aproximar-se e entregar-lhe as palavras já escritas:

– “Acho que sei o que é, Shizuo. Não tenho certeza ainda, mas acho que já vi em uma série. Vai ficar tudo bem. Sei que Shinra tem um livro sobre... tenho quase certeza já ter visto... espere só um pouco.”





Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olá, *.*

tudo bem até aqui?
Espero que tenham gostado!
Até amanhã,

beijo, beijo, =*
Yuki



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Vermelho em sete atos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.