Desde que o vi da primeira vez, não pude evitar de seguí-lo e acompanhá-lo aonde quer que fosse. Sempre o observava de longe, furtiva e atenciosamente tentando descobrir algo que pudesse ajudar a me aproximar, algum motivo, uma desculpa talvez. Ele era admirado e conhecido na escola, suas notas eram motivo de orgulho para os professores e respeito para os colegas. As garotas disputavam diariamente a sua atenção, com mimos e presentes, mas nada parecia envolvê-lo. Era um rapaz estudioso e gentil, entretanto eram seus atributos físicos que se destacavam ante os olhos apaixonados de suas admiradoras. Seus longos cabelos ruivos emolduravam a perfeição do seu corpo, alto e esguio. A voz, as roupas, os gestos, tudo era perfeito nele, mas no fundo o que me atraia eram seus olhos, verdes como a mais preciosa esmeralda, um olhar misterioso que por detrás do brilho inocente, refletia uma profunda solidão e algo mais .... algo que me propusera a descobrir a qualquer custo. Porém não demoraria muito para atingir meus objetivos, naquele dia eu finalmente conheceria Shuichi, Shuichi Minamino.
 
 

Já se passaram alguns anos desde o último Torneio proposto por Yusuke, nunca mais houveram problemas ou ameaças entre o Maikai e o Mundo dos Homens. Yusuke voltara a estudar tentando compensar os anos que perdera por ocasião das lutas, Kuwabara continuava se esforçando, seu maior estímulo era Yukina que permanecia neste mundo. Hiei aparecia de vez em quando, conforme a sua vontade, fazia o que bem entendia, era cada vez mais imprevisível. Kurama, por sua vez continuava seus estudos e estava prestes a se formar, ganhara de presente a casa de sua mãe, já que esta morava com o padrasto e o irmão. Genkai mantinha constante contato com Koenma, sempre alerta na eminência de algum problema.

Lá estava Shuichi Minamino, perdido em seus pensamentos. Era assim toda vez que ele cuidava da estufa nas aulas de botânica, permanecia assim durante horas e horas, parecia que se refugiava dentre as plantas. Sozinho, usava suas habilidades para entreter-se com as mudas e espécimes ali presentes, especialmente as rosas.

Uma pequena muda quase sem vida, chama a atenção de Shuichi que usa seu poder para revivê-la, entretido, não percebe a presença de outra pessoa que o observa  atentamente. Ao perceber  tenta disfarçar mas já era tarde. A garota pede desculpas e se apresenta:

- Meu nome é  Kashiri yukari, desculpe, eu não devia estar aqui!

Minamino sorri e lhe entrega a flor que recuperara.

- Não se preocupe, não têm nada de mais, é apenas um truque ( mágica ) que costumo usar com as plantas. Meu nome é Minamino, muito prazer.

 Desde este dia, toda vez que me encontrava com Shuichi  ele sorria e me cumprimentava discretamente, porém não conseguia ir além disto, ele era muito reservado, também eram raras as oportunidades que tinha para iniciar uma conversa, sempre estava acompanhado por seus colegas ou rodeado de garotas insistentes. Eu continuava a admira-ló a distância, mas para mim isso não era suficiente, eu queria algo mais. Foi quando conheci duas pessoas que me fizeram uma proposta...

- Você parece estar sofrendo garota, qual é o motivo, está apaixonada?

Eu apenas abaixo os olhos tentando negar o evidente.

- Eu posso te ajudar, já estive apaixonado também e sei o sofrimento que você sente por não ser correspondida. Tenho a solução para os seus problemas .... dê isto de presente para aquele que você ama que este se apaixonará por você.

Olho admirada para aquela jóia que o estranho me entregara, somente alguns minutos depois  percebo que os dois rapazes haviam desaparecido. Permaneço ali parada, o sinal toca, anunciando o fim de mais uma jornada escolar, lanço meu olhar sobre um grupo de rapazes, não demoro para reconhecer um vulto familiar dentre eles e penso .... por que não?

No dia seguinte em meio as aulas, Kurama recebe a visita de Botan, chamando-o com urgência para uma reunião a mando de Koenma. Botan não sabe do que se trata, e diz para se encontrarem mais tarde no apartamento de Yusuke, Kurama pressente os novos problemas. Ao término das aulas, Kurama sai mais do que apressado em direção à casa do amigo, segue rapidamente por um atalho, no meio do  percurso, avista um grupo de Bad Boys de outra escola perturbando  uma garota. Imediatamente Kurama intervém na situação, a princípio tenta usar diplomacia ( já que não pode demonstrar sua verdadeira força ), porém os rapazes o chamam para briga. Já que está seria  a única maneira de resolver o impasse, Kurama aceita, e usando de sua esperteza consegue se livrar de todos sem levantar maiores suspeitas.

- Minaminooo! Eu não sabia que você sabia lutar também!

Kurama se surpreende ao ver que a garota era Kashiri.

- Está tudo bem com você? Eles não te machucaram? Tome mais cuidado, da próxima vez, evite andar sozinha por lugares afastados.

- Eu estou bem, não se preocupe e muito obrigado.

- Acho que seria prudente te acompanhar até a sua casa, seria mais seguro. Tudo bem Kashiri?

Eu faço sinal positivo com a cabeça e enquanto andamos em direção a minha casa eu me agarro em seu braço, como se pudesse tê-lo ao meu lado pela eternidade.
 
 

No apartamento de Yusuke, todos já estavam preocupados com a demora de Kurama, afinal ele sempre era o mais pontual. Yusuke estava que saia a procura do amigo, Kuwabara também achava que algo havia acontecido, Botan e Koenma  se entreolhavam com a agitação. Eis que 15 minutos depois a campainha finalmente toca.

- KURAMA, seu idiota você quer matar a gente de preocupação? – replica Yusuke

- Vai ver que ele encontrou alguma garota no caminho, daquelas que vivem atrás dele e acabou perdendo a hora. Não  é isso Kurama??? –observa Kuwabara.

Kurama ainda ofegante, pede desculpas e responde;

- É, foi mais ou menos isso.

Animados com a novidade, Yusuke e Kuwabara queriam saber mais sobre o caso, quando foram interrompidos por Koenma.

- Err, chamei vocês aqui porque recebi uma informação de Enki sobre a situação no Mundo das Trevas. Alguns grupos de youkais revoltosos estão atacando o Nigenkai, roubando e matando indiscriminadamente. Por enquanto Enki mantém o controle da situação, mas o problema real, seria se um grupo de ladrões viesse a atacar este Mundo? E é por isso que preciso da ajuda de vocês, especialmente da sua, Kurama.

Ao ouvir o relato de Koenma, Kurama já imaginava algo assim. Outra vez seria atormentado pelo passado, que a todo custo tentava esquecer.

- Koenma, a única forma da qual posso ajudar é investigando, não posso recorrer ao passado........-antes de completar seu pensamento, Kurama é interrompido por Koenma.

- Kurama, a única coisa que quero é sua ajuda, nada mais além disso, apenas conto com a sua experiência passada como ladrão das trevas, para deter os invasores, caso isto venha a ocorrer.

- É isso aí moçada, a coisa já estava ficando meio monótona mesmo. Amanhã a gente começa a investigar!!!! – declara Yusuke, com a maior alegria.

Todos concordam e decidem se encontrar assim que houver alguma pista.
 
 

No dia seguinte, aproveitando um intervalo das aulas Kurama reflete sobre o assunto, em meio aos seus pensamentos percebe alguém se aproximando, era Kashiri.

- Minamino-san, eu vim te agradecer por ter me ajudado ontem, eu .....

- O quê é isso, não se preocupe, afinal deu tudo certo. E pode me chamar de Shuichi.

- Shuichi, eu também queria te dar um presente ....

- Kashiri, não precisa, eu fiquei contente em poder te ajudar.

- Eu insisto, por favor, é apenas uma minúscula prova do meu agradecimento.

- Tudo bem, não quero ver ninguém triste.

Kashiri entrega o pequeno objeto para Kurama, que imediatamente o põe em torno do pescoço. Era uma pedra brilhante, um amuleto. Kurama agradece e sorri, Kashiri sentada ao seu lado, sorri e lhe da um beijo no rosto, e sai correndo.

Só me restava esperar e acreditar no poder daquele amuleto.

Do alto do prédio, ambos eram observados.
 
 

Dias depois a turma se reune novamente com Koenma. Não haviam vestígios de monstros em lugar algum. Esperariam mais uns dias, caso contrário a ameaça seria descartada. Todos estavam mais tranqüilos com o fato, menos Yusuke que estava doidinho por uma briga.

- Dá um tempo Yusuke, é melhor assim.

- É isso aí, se quer brigar volte lá pro Mundo das Trevas e arrume confusão por lá.- retruca Kuwabara.

- Eu, heim! A  Keiko me mataria  se eu a deixasse esperando mais tempo. E por falar em garotas... Kurama, você não chegou atrasado desta vez, o quê aconteceu???

- Vocês dois parem com isso. – reclama Kurama

Yusuke e Kuwabara começam a brincar no meio da rua, suas brincadeiras se resumiam a socos e pontapés entre eles. Kurama não acreditava naquilo, e se esquivava fingindo que não conhecia aqueles dois. Maldosamente Yusuke empurra Kuwabara em cima de Kurama, que se esquiva e acaba caindo em cima de outra pessoa. Envergonhado com a situação, Kurama pede desculpas. Era Kashiri. Yusuke e Kuwabara estranharam, mas aqueles dois não se mexiam, estavam se olhando fixamente como se não houvesse nada e ninguém mais ali naquele momento.

- Ô, Kura..., Minamino, vai ficar aí o dia inteiro. -reclama Yusuke.

A face de Kurama fica toda corada. Disfarçadamente ele se levanta, pega as coisas que Kashiri deixara cair e ajuda a levantar a garota.

- Não foi nada Shuichi, eu estava distraída. Foi muito bom te encontrar, amanhã a gente se vê de novo.

- KURAMA, quem é ela??? – pergunta Kuwabara.

- Ora, ora Shuichi, porque você não conta as novidades pra gente??? – ataca Yusuke.

- Ela estuda lá na escola. Seu nome é Kashiri – responde Kurama, sem graça.

Kuwabara e Yusuke foram perturbando Kurama até a porta de sua casa.

Os encontros com Kashiri tornam-se mais freqüentes, Minamino e ela acabam se tornando cada vez mais amigos.

Uma noite a caminho de casa, Kurama sente algo estranho, uma tontura, rapidamente se apoia num muro tentando se manter em pé. A vista vai escurecendo, suas pernas ficam dormentes. Seu corpo se move vagarosamente, está quase caindo quando Yusuke e Kuwabara dobram a esquina e entram pela rua. Ambos vinham da casa de Kurama e retornavam pelo mesmo caminho na tentativa de encontrar o amigo.

- Kurama você está bem???? - Yusuke perguntou.

- O quê aconteceu? Encontrou algum monstro??? – disse Kuwabara.

- Já está passando, foi só um mal estar. – declara Kurama, se levantando.

- Olha lá, hein! - insiste Yusuke.

Em seguida, Kurama vai pra casa de sua mãe, nem se preocupa tanto com o fato, pois poderia ser uma daquelas doenças típicas de humanos que o assolavam de vez em quando.

No dia seguinte, em meio a uma prova, Kurama têm a mesma sensação de mal-estar, só que desta vez é mais forte. Preocupado, Minamino pede licença ao professor e se retira ofegante, mal conseguia respirar, a dor intensa, vinha do interior do seu corpo, a vista estava turva, não tinha mais controle. Seus colegas estavam pasmos, afinal Minamino jamais abandonara a sala em tal situação. Kurama procurava se manter em pé encostado numa parede, sua vontade era de pedir ajudar, mas a necessidade de manter a discrição era maior. A dor tornou-se mais intensa, suas pernas não mais se sustentavam, tentava desesperadamente sufocar os gemidos de dor. Naquele momento o corredor estava vazio, mas a qualquer momento apareceria alguém e como explicaria tal situação? E qual seria a razão de tamanha dor? Seus pensamentos estavam confusos, estava fraco e exausto, então decide buscar refúgio em algum lugar. Se arrasta pela parede até chegar próximo a escada. Subitamente perde os sentidos e seu corpo cai escada abaixo.

Um som estranho chama a atenção das pessoas, que saem pelo corredor. Kaito, que estudava no andar superior pressente algo errado. Ouvem-se gritos e uma certa agitação. Ao sair da sala vê seus colegas se tumultuando defronte a escada. Com muita dificuldade consegue se aproximar e fica chocado ao constatar a cena. Minamino estava caído no chão, imóvel, sem sentidos. Pelo seu rosto corria um fio de sangue, que se espalhava pelo chão misturando-se ao vermelho de seus cabelos.

-Minamino sempre fora tão cuidadoso, principalmente aqui na escola. O que teria acontecido de tão grave para deixá-lo neste estado?- pensava Kaito.

Assim que Minamino foi conduzido para a enfermaria, Kaito correu em busca de Yusuke e Kuwabara. Talvez eles pudessem esclarecer a situação ou fazer algo a respeito.

Kashiri que presenciara o tumulto, se contém e espera a situação se acalmar pra seguir em direção a enfermaria.

Junto com o entardecer, este era o momento propício para entrar naquele quarto, a esta altura todos que aguardavam notícias sobre o estado de Shuichi já teriam ido embora. Lá estava ele, ainda sob efeito dos medicamentos, dormia profundamente. Me aproximei e fiquei  sentada  ao seu lado apenas observando-o. Um curativo envolvia sua cabeça, traspassava dentre seus cabelos ruivos, espalhado-os por toda a almofada. Sua face estava pálida, a respiração pausada, os lábios entreabertos. Por um instante segurei a sua mão enquanto meus olhos percorriam todo seu corpo, sua camisa semi aberta revelava que ele ainda mantinha o amuleto  que eu havia lhe dado. Ao constatar isso meus olhos se encheram de lágrimas, não podia mais conter a emoção. Me aproximei do seu rosto, senti o calor e a vibração de sua respiração, a suavidade de sua pele, a maciez de seus cabelos. Queria expressar meus sentimentos. Naquele momento, tomei coragem e finalmente pude sentir seus lábios úmidos e doces, como sempre imaginara.

Inesperadamente Yusuke e Kuwabara abrem a porta do quarto em busca do amigo. Ambos  arregalam  seus olhos frente à situação. Kashiri estava lá, junto de Kurama, e bem junto. Embaraçada, a garota pega sua pasta e sai correndo do quarto. Os rapazes não ligam muito, na verdade estavam mais preocupados com o estado de Minamino, e ali permanecem durante horas, até terem certeza que ele se encontrava bem.

- Kurama, você está nos ouvindo?- Kuwabara.

- Sua besta, ele ainda está dormindo, não tá vendo não??? – Yusuke.

- Vamos parar com isso vocês dois.... olhem ele está acordando! – Kaito.

- O quê houve? Vocês, aqui! Há quanto tempo estou aqui??? - Kurama.

- Vai com calma, Kurama, você passou mal, caiu da escada e foi isso!- Yusuke.

- Ninguém te atacou, não é? - Kuwabara.

- Você se lembra do que aconteceu? Minamino? – questiona Kaito – Ficamos muito preocupados com você, nós e todas as garotas do colégio.

Kurama sorri levemente, conta que se sentiu mal e saiu da sala, que sentiu uma dor muito intensa, e era só disso que se lembrava. Yusuke sente que a energia de Kurama está fraca, mas acha que isso é apenas uma conseqüência do acidente que tivera.

Kurama se recupera e retoma seu ritmo normal, porém se sentia diferente, sentia algo que não podia explicar. Na verdade, era sua energia que estava se consumindo, se esgotando a cada dia.

Algum tempo depois, cortando caminho pelo parque ao voltar pra casa, Kurama se depara com uma gangue, alguns dos integrantes o reconhecem ( Kurama havia se defrontado com eles para ajudar Kashiri ) e começam a provocá-lo como da outra vez.  Kurama não se perturba com as provocações, permanece calmo enquanto que os elementos avançam em sua direção. Minamino pretende repetir a dose, porém somente ao atacar percebe que está totalmente sem energia. Como sua força está relacionada diretamente com sua energia, seus movimentos e agilidade também são afetados. Nem mesmo as plantas que cercam o parque o obedecem. Como conseqüência, disto, mal consegue se defender e acaba se machucando. Depois deste incidente, Kurama segue pra casa, decidido a descobrir o quê realmente estava acontecendo com ele.

Ao chegar, vê Kashiri, que o esperava sentada em frente à sua porta.

- Minamino, quer dizer, Shuichi estou preocupada com você, er ......, você está todo machucado, o quê aconteceu, deixa eu te ajudar.

- Eu estou bem, não se preocupe, foi só um arranhão.

Kashiri insiste e acaba entrando na casa de Shuichi, ela faz um curativo no seu braço e o ajuda com os outros ferimentos.

Não era nada grave, mas  a oportunidade de apreciar seu belo corpo e permanecer ali ao seu lado, compartilhando desse momento me entusiasmava. Ele me contava sobre sua família, e sua mãe. Eu ouvia atentamente cada palavra, observava cada gesto enquanto ele apanhava outra camisa, para substituir aquela que vestia, toda rasgada. Ele me pede licença para ir trocar-se.  Nesse momento a campainha toca ....

 Kurama desce as escadas correndo com a insistência da campainha, pois percebe a presença de Yusuke e Kuwabara e conhecendo aqueles dois, poderiam deixar escapar alguma besteira. Com a camisa ainda aberta Kurama abre a porta, Yusuke e Kuwabara afobados começam a contar que Koenma havia localizado os invasores, e que os monstros estavam aqui na Terra. Antes de concluir, Yusuke percebe a presença de outra pessoa na sala, seus olhos se arregalam quando vêm a garota sentada no sofá e, imediatamente olha para Kurama e para sua camisa aberta. Não menos discreto, Kuwabara também. Kurama fica corado e abotoa a camisa, apenas imaginando os comentários dos amigos.

- Kashiri estes são meus amigos; Yusuke e Kuwabara. Apresenta Kurama.

- Muito prazer.

Yusuke e Kuwabara lançam seus sorrisos maliciosos para Kurama.

- Minamino, é melhor eu ir embora, vocês devem ter algo importante para fazer, não quero atrapalhar.

- Eu agradeço a sua ajuda, obrigado.

- Por favor Shuichi, cuide-se.

- Não se preocupe, eu vou estar bem.

Kurama se despede e acompanha a garota até a porta, ao voltar, já previa as perguntas indiscretas dos amigos.

- Kuramaaaaa, quem diria??? -Yusuke.

- E nós preocupados com sua saúde, e você aqui no bem bom........- Kuwabara.

- Não é nada disso que vocês estão pensando..... e mudando de assunto, o quê Koenma descobriu??? - Kurama.

- Ele descobriu um esconderijo dos ladrões das Trevas aqui na terra, nós precisamos preparar uma armadilha.

- E Hiei ? Já sabe disso? – Kurama.

- Koenma mandou Botan procurá-lo nas Trevas, mas eu duvido que o encontre.- Yusuke.

- Ninguém precisa daquele baixinho invocado, nós mesmos podemos resolver o problema.- Kuwabara.

- Vamos lá então! -Yusuke.

Kurama não diz nada sobre seus machucados e a perda de energia para não preocupar os amigos, pega um casaco e segue rumo ao lugar mencionado.

Uma floresta densa e escura, escondia a caverna-esconderijo, o objetivo era acabar com o bando e descobrir que meios estes utilizavam para se deslocar entre os dois mundos.

Não demora muito para a turma ser descoberta – para a alegria de Yusuke que sai atirando seu Leigan a esmo. Kuwabara também se lança atacando com sua espada. Kurama os segue e fica mais tranqüilo ao constatar que o bando não representava ameaça, mesmo assim utiliza seu Rosehip para ajudar, era a única maneira de lutar no momento.

Nas Trevas, em meio ao patrulhamento, Hiei percebe a presença de Botan, pressentindo haver algo errado,  vai até Mukuro, esta lhe confidencia haver descoberto um pequeno portal entre o Mundo das Trevas e o Mundo dos Homens e que vários youkais trafegavam livremente. Apesar da condição livre imposta por Genki, este portal poderia representar alguma ameaça para os humanos, Hiei decide investigar usando sua terceira visão.

De volta ao Mundo dos Homens, a turma de Yusuke levava vantagem na luta contra os demônios ladrões, porém em meio ao ataque Kurama se sente mal igual às vezes anteriores, a sua energia enfraquece e seu golpe não surte mais efeito. Yusuke percebe e socorre o amigo, deixando-o encostado em uma árvore próximo dali, onde certamente estaria seguro. Kurama diz para ele não preocupar, pois era apenas um mal passageiro e pede para o amigo voltar e dar cabo dos monstros enquanto se recuperava.

Enquanto vê Yusuke se afastar, Kurama pensa no que estaria acontecendo com sua energia, seria perigoso continuar neste estado em meio a uma batalha maior. Os ecos da luta de Yusuke ressoam dentre a mata fechada e Kurama percebe a presença de alguém.

- Vamos, apareçam ! -diz se levantando com dificuldade.

- Não pensei que vocês fossem cair tão facilmente, na armadilha.

- Principalmente você, Kurama, ou melhor, Youko Kurama.

- Pensamos que fosse mais esperto, os anos vivendo entre humanos te deixaram ...

Surpreendido, Kurama tenta atacar com seu Rosewhip, suportando a dor, porém sua energia  não lhe permite transformar a rosa em arma. Mesmo assim, atira-se pra cima deles, tentando lutar corpo a corpo, contudo, em virtude de seus ferimentos é facilmente dominado. Ambos tinham observado e estudado cuidadosamente seus movimentos e podiam prever o seu ataque. Enquanto um deles imobiliza seus braços, o outro golpeia incessantemente Kurama que sem poder reagir, cai inconsciente. Imediatamente abre-se um pequeno portal em meio a vegetação , por onde os demônios entram levando Kurama e desaparecendo em seguida.

Yusuke pressente algo e corre em direção ao lugar onde havia deixado Kurama. Kazuma o segue. Ao chegar encontram Hiei.

- Hiei? Você aqui?

- Onde está Kurama?

Sem responder, Hiei lhes mostra uma rosa despetalada. No local onde estava Kurama, havia apenas sangue.

- O alvo era Kurama, como vocês não conseguiram perceber? – declara Hiei

- Então o tempo todo, o objetivo deles era matar Kurama ..... Não acredito! – diz Yusuke levando as mãos a cabeça.

- E nós caímos direitinho ? – replica Kuwabara.

- Como você descobriu Hiei? Você sabia? Porque não nos avisou? – Yusuke

- Hnn! Eu não sabia seu idiota, eu vim aqui pra investigar um portal que estava sendo usado como passagem entre os dois Mundos e minha terceira visão me indicou este lugar. Quando cheguei senti a energia de vocês e encontrei isto.- Hiei recolhe os restos da flor que estavam no chão.

Yusuke não se conforma com sua estupidez e decide pedir ajuda para Koenma. Kazuma e Hiei o acompanham. Por sua vez, Koenma também estranha o fato e recorre ao equipamento que  utilizava para registrar os acontecimentos. Desajeitado põe a fita no vídeo tentando achar o ponto em que ocorreu a luta. A imagem surge no telão à sua frente mostrando exatamente o momento em que Kurama passava mal e era acudido por Urameshi. Volta a fita para assistir de novo e percebe um brilho estranho sob Kurama, pausa e aproxima a imagem para observar melhor e Hiei nota um pequeno objeto brilhante no pescoço de Kurama. Koenma observa o objeto e a luz vermelha que emanava da pedra, seus olhos se arregalam ao perceber a imensidão do perigo que a pedra representava.

- Koenma o quê aconteceu? Descobriu alguma coisa? - Yusuke

- Essa pedra ..... como foi parar aí ? Não é possível.

- Vamos, abre o jogo Koenma. – Yusuke

- Essa pedra é um objeto sobrenatural, que no passado era usado pelos humanos para prender monstros de categorias superiores, absorvendo sua energia e impedindo-os de fugir. Ela foi roubada há algum tempo, e é muito perigosa. Quem quer que tenha colocado isso em Kurama sabia o que estava fazendo.

- Kurama foi muito idiota em não perceber isso. – afirma Hiei.

- Não o culpe Hiei, Kurama vinha se sentindo mal há alguns dias, sua energia estava fraca, ele até foi parar no hospital.- Kuwabara

- Precisamos encontra-ló o mais rápido possível. Se essa pedra absorver toda a sua energia sobrenatural, ele morre. –Koenma

- Eu não entendo, Kurama é esperto, como o enganaram tão facilmente? – Kuwabara

- Do mesmo jeito que enganaram vocês. – retruca Hiei

- Ora, seu baixinho duma figa........ –diz Kuwabara segurando a gola de Hiei

- Parem com isso, ainda temos outro problema, essa pedra só têm poder se colocada por um humano e só pode ser destruída pelo mesmo humano que a colocou. – observa Koenma - Alguém sabe há quanto tempo Kurama estava usando isso? E quem poderia ter lhe dado?

Yusuke e Kuwabara pensam, Hiei não têm a mínima idéia, mas afirma que só poderia ter sido alguém em que ele confiasse, ao contrário não teria sido tão fácil.

- Um amigo, uma garota talvez.... é isso, uma garota ! –exclama Yusuke – Só pode ter sido ela!

- Ela quem????? - Kuwabara / Koenma / Hiei

- A garota da escola, aquela que estava na casa dele ... vamos atrás dela. – Yusuke

- Ah, aquela...
.
- Hnn!

- E sejam rápidos, se Kurama ainda estiver vivo não lhe resta muito tempo. – Koenma

Enquanto Yusuke e Kuwabara voltam ao Mundo dos Homens, Hiei segue para as trevas, em busca do portal que os demônios usaram como passagem entre os dois Mundos.

Nas trevas....

Kurama é levado até o líder do bando, este o reconhece como sendo o lendário ladrão Youko Kurama. Sabendo de sua força ilimitada, manda prendê-lo aproveitando seu estado de inconsciência. Na verdade, Kitana, a líder dos youkais, procurava pelo Youko já há algum tempo. Foi após o torneio das trevas, que ela descobriu que o seu espírito habitava o corpo de um humano, e que ainda possuia seus poderes de raposa das trevas. Sabendo disso elaborou um plano que anularia a energia deste, o que permitiria capturá-lo, só faltava localizá-lo no Mundo dos Homens, na figura do mortal Shuichi Minamino.

Kitana buscava por Youko, pois queria um último confronto com a raposa, neste seria decidido quem era o melhor ladrão das trevas. Ambos eram parceiros no passado, mas o excesso de ambição de Kitana levou Youko a se afastar, passando a atuar sozinho. Na época, chegaram a iniciar tal disputa, porém Kurama havia sido ferido pelo caçador (refugiando-se no Ningenkai )  e desaparecido do Makai. Desde então a ladra procurava pelo Youko para definir a situação.

No fundo Kitana amava o Youko e também não se conformava com o seu desprezo. Lembrando do passado, a ladra se aproxima de Kurama que está amarrado, preso a uma estrutura metálica, e o observa. Sua forma humana também era extremamente sensual -  pensava – admirando seu corpo. Kitana se aproxima mais ainda, até tomar-lhe o rosto adormecido, segurando-o firme e em seguida, pressionando seus lábios contra os dele.

Kurama abre os olhos, retornando lentamente à consciência. Seu corpo doía em virtude dos ferimentos, seus braços e pernas estavam presos, não conseguia se mexer. Sua energia estava fraca, não tinha forças para se libertar. Kurama não reconhece Kitana à primeira vista, ainda está atordoado, apenas ao ouvir-lhe a voz, as lembranças vem à sua mente.....

- Youko Kurama, finalmente te encontrei.

- O quê você quer comigo, o quê você pretende, Kitana? – diz Kurama.

- Quero resolver algumas coisas que ficaram pendentes entre nós, depois que você fugiu para isolar-se no Mundo dos Homens.

- Não há mais nada para resolver, eu abandonei a raposa Youko há muito tempo e não tenho mais interesse nessa disputa tola.

- Não importa o quê você diga, ainda quero uma revanche, Kurama.

- Não conte com isso.- retruca Kurama.

- Não quero duelar você nesta forma, eu quero que você assuma sua forma original de raposa.

- NUNCA !- afirma solene, o Youko.

- Pois eu tenho meios, de conseguir isto, quer você queira ou não.

A intenção de Kitana era transformar o corpo humano de Kurama, absorvendo toda sua energia humana através do amuleto, deixando apenas a força sobrenatural para que ele tomasse sua forma original, porém não sabia que Shuichi e Kurama representavam uma fusão, e não havia maneira de separá-los sem matá-lo.

Próximo dali, Hiei sente a energia estranha se elevando e procura localizar sua fonte através do jagan. Enquanto isso, Yusuke e Kuwabara finalmente encontram a garota.

- Foi você que entregou aquela pedra para Kurama. – grita Yusuke sacudindo a garota.

- Vai com calma, Yusuke – intercede Kuwabara.

- Do quê vocês estão falando, que pedra? – diz  Kashiri assustada.

- O maldito amuleto que você deu pra ele. – continua Yusuke

- O amuleto? Não, o amuleto que dei para Minamino ? – replica a garota.

- Sim esse mesmo, você sabe o quê fez garota??? Ele pode morrer por sua causa. – afirma Yusuke

Ao ouvir isso, a garota leva um choque, seus olhos se enchem de lágrimas. Nunca, nunca havia pretendido machucar ou ameaçar a vida de Shuichi, muito pelo contrário, havia feito isso acreditando que a pedra lhe traria sorte. Transtornada Kashiri conta a Yusuke como havia conseguido a pedra, através de uns estranhos. Yusuke a acalma, dizendo que, agora ele precisava de sua ajuda para salvar seu amigo, pois era a única que podia anular o poder do amuleto. Imediatamente partem ao encontro de Hiei nas trevas.

Eu o amava, não podia imaginar o que havia feito. Jamais me perdoaria se algo lhe acontecesse, jamais. Tinha que ajudá-lo de qualquer jeito.

Kitana não entedia a demora da transformação de Youko, já havia passado tempo suficiente para trazer sua forma de raposa. Entretanto, a energia interna de Kurama se esgotava à medida que o amuleto sugava suas últimas forças. Não suportando mais a dor, Kurama perde os sentidos e começa a desaparecer, assumindo por alguns instantes seu corpo original.

Hiei, Yusuke e Kuwabara avançavam, já próximos ao local do esconderijo. Kashiri os acompanhava, ela estranhava aquele cenário, cheio de criaturas estranhas, porém sua preocupação com Minamino era maior.

Hiei entra com tudo no lugar, projetando seu golpe contra os inúmeros youkais que atacavam. Kuwabara o segue, ajudando com seu Leican. Yusuke avança logo atrás, protegendo a garota e tentando localizar o amigo.

Todos ficam paralisados, ao ver Kurama. A pedra que estava em seu pescoço, agora emanava uma luz ofuscante, consumindo sua energia quase por completo. Estava ferido, e inconsciente. Nunca o tinham visto em tal situação.

Kashiri fica espantada ao ver o estado grave em que Minamino se encontrava.  Yusuke corre em direção do amigo, gritando seu nome, enquanto Hiei e Kazuma lhe davam cobertura, porém Urameshi não consegue se aproximar, pois a estrutura estava protegida por um campo de energia.

- KURAMAAAA! – gritava em desespero Yusuke.

Kashiri também tentava se aproximar e era impelida pela energia.

Por sua vez, Kitana não esperava o ataque repentino, não havia previsto a intromissão dos amigos de Kurama. Sua agilidade lhe permitia esquivar-se dos golpes, porém observava seu bando ser dizimado por Yusuke e os demais.

Aproveitando uma brecha, Hiei lança suas chamas negras. Kitana revida o ataque.

- Morra, maldita !!!! - clama Yusuke, impelido pela raiva, atirando-lhe um potente Leigan.

Para azar de Yusuke, a ladra rebate novamente o golpe desta vez acertando próximo ao local onde Kurama estava preso. O lugar começa a desmoronar. A estrutura desaba, liberando o campo de força, liberando Kurama, que cai ao chão.

Não havia mais tempo, tinham que destruir a pedra.

- Rápido Kashiri, antes que seja tarde demais. – apelava Yusuke apontando na direção de Kurama.

Em lágrimas, Kashiri corre na mesma direção, procurando por Minamino. Ao vê-lo, a garota o abraça desesperada, retirando-lhe o amuleto e destruindo-o com toda sua força. Shuichi permanecia inconsciente, enquanto Kashiri o embalava em seus braços.

Shuichi volte, por favor, não se entregue, não morra! – pensava Kashiri, preocupada, apertando cada vez mais o abraço em torno do  rapaz, na ânsia de senti-lo vivo. Num impulso incontrolável, a garota o beija, tentando inconscientemente obter o seu perdão.

Vendo seus planos falharem, Kitana foge, prometendo vingança contra o grupo. Hiei a persegue até ter certeza que esta não representava mais perigo.

A energia vai voltando gradativamente e Kurama começa a se recuperar.

Yusuke, Hiei e Kazuma voltam, no mesmo instante em que Kurama abre os olhos. Kashiri o abraça, chorando e pedindo desculpas. A turma respira aliviada, encerrando de vez o caso.

Em casa e totalmente recuperado, Kurama recebe Yusuke e lhe esclarece toda a história que envolvia seu passado com Kitana.

Só que agora havia outra questão pendente. Kashiri. Ela agora sabia da existência do Mundo das Trevas, e conhecia a outra identidade de Minamino.

- Ela pode correr algum perigo sabendo sobre nós. – ressalta Yusuke.

- Eu sei. Mas pode deixar, que eu resolvo isto. – declara Kurama

Mais tarde, Kurama vai até a casa de Kashiri. Ela ainda está abalada com os recentes acontecimentos.

- Minamino, eu .... eu não queria causar tantos problemas, eu ..... pensei.... me desculpe. – diz, desatando a soluçar.

- Não se preocupe, está tudo bem agora. – afirma calmamente Kurama, abraçando-a.

- Então, seu verdadeiro nome é Kurama ...... Shuuichi ??? Agora como eu devo te chamar ?  – diz a garota, secando suas lágrimas.

- Continue me chamando de Shuichi. – sorri Kurama gentilmente.

Kurama então lhe conta um pouco mais a respeito de sua vida e de seu passado. Também pede para que mantenha segredo sobre isso. Ela concorda.

Antes de sair, Kurama lhe revela que também gostava muito dela. Se aproxima e a beija suavemente.

Não podia acreditar, enquanto olhava pela janela e via Shuichi se afastar, enfim estava realizando meus sonhos. Finalmente poderia demonstrar todo o meu amor. Adormeço feliz, com certeza guardaria este momento pelo resto da minha vida.

De volta a rotina escolar, Kashiri se encontra com seu grupo de amigas e passeia pelos corredores da escola durante o intervalo, sem querer se encontram com o rapaz mais cobiçado do colégio, Shuuichi Minamino.

Minamino sorri gentilmente, cumprimentando a todas. Alegres as garotas saem e continuam comentando sobre ele.

Shuuichi espera o grupo passar e olha para trás, procurando alguma reação por parte de Kashiri. Nada. Seu plano havia funcionando perfeitamente. A fórmula que usara na ocasião do beijo, havia apagado todas as lembranças da sua mente, bem como o fato de gostar dele.

Seguro de si, Minamino sorri e continua andando. Ao fundo do corredor, ainda com as amigas, Kashiri olha para trás e observa Minamino se distanciando. Abaixa os olhos, corada e pensa:  Algum dia, Minamino. Algum dia ei de te conhecer...