Freddie

Cheguei a casa e me deparei com o mesmo homem que vi beijando Samantha há algum tempo atrás, ele estava com Blair. Senti uma vontade imensa de lhe devolver o soco, não por ele estar sozinho com minha noiva, mas por ter ido procurar a Sam. 

Depois dá visita surpresa, passei um tempo conversando com Blair que graças a Deus, estava distraída o suficiente para não me encher com coisas como as cores do convite e guardanapos.

Passei madrugada a dentro pensa em Sam. Pensei em lhe mandar uma mensagem, achei muito impessoal. Uma ligação, talvez? Íntimo demais, não que não tivesse autoridade para isso, porém ela tinha saído do meu apartamento extremamente chateada, e eu não pude deixar de ficar no mínimo contente sabendo que não era indiferente aos meus sentimentos. Ela correspondia, me queria tanto quanto eu a ela, mas estava certa sobre quase tudo, eu era noivo, tinha responsabilidades... Engraçado eu estar disposto a largar todas as responsabilidades por ela. O único problema era a impressão de que Sam me escondia algo, de que algo iria acontecer.

Decidido a não ligar para essas impressões estranhas, resolvi que iria mandar um cartão, com uma rosa vermelha.

Sam

Chuck, tinha ido embora há muito tempo e eu ainda não tinha fechado os olhos. A cada instante eu pensava no tipo de Samantha que eu deveria encarar para cumprir a minha obrigação.

Eu precisava ser dura, rigorosa e principalmente detestável. Engraçado, quando era criança tinha uma mania incrível de narrar cenas de novelas, e interpretar vilãs, e eu chorava fazendo a mocinha arrependida terminando com o amor da sua vida, deixando seu coração em pedaços pelo bem dos outros.

E agora estava em tempos de ser a atriz que sempre imaginei, a vilã-mocinha deixaria o seu coração e o coração de outra pessoa em pedaço, pelo seu próprio bem, por seus amigos, e por todos que dependiam da BASS. Mas era mesmo necessário destruí-lo de tal forma? Eu poderia contar a verdade, sem ameaças, sem julgamentos, pedir um empréstimo e... Não. Ele vai me humilhar, e acabar comigo... Seja a rainha, e ganhe o jogo, essas são as regras da vida.

A campainha tocou e tinha um entregador com um buquê de rosas vermelhas.

—Samantha?

—Sim.

—São para a senhora. Assine aqui, por favor.

—Pra mim? Esta havendo algum engano, eu não recebo buquês de rosa.

—Na verdade é uma rosa apenas.

—O que?

—A senhora pode... – O homem me mostrou uma prancheta onde rubriquei minha assinatura. – Me pediram para aguardar sua resposta.

—Obrigada. – Me entregou uma rosa com um cartão e saiu de minha vista, se encostando lateralmente a porta.

—Mas o que?

Abri o cartão escrito a próprio punho por ninguém mais, ninguém menos que Freddie B.

“Querida Sam, nosso último encontro foi realmente importante para mim, não gostaria que acabasse aqui. Ou ai. Ou lá. Enfim, te mandei uma rosa, mas o buquê inteiro é seu. É que faz parte do meu show, ser pontual e gradativo. Alguém disse que é assim que você deve lidar com sentimentos que você não consegue conter. Não sabia se queria me ver, por isso não fui pessoalmente. Espero que não amasse minha rosa.

Com amor, F.B..”

Surpresa e tocada, resolvi responder a mensagem, enviei uma rosa vermelha também com um cartão.

 “ Querido Freddie, obrigada pela rosa. A visualização do buquê é uma espécie de promessa? Já falamos sobre isso, não prometa o que não pode cumprir. Você lida com sentimentos que não consegue conter os contendo? O que teria acontecido se viesse pessoalmente me entregar a rosa? Estou intrigada. Realmente, não gostaria de lhe ver, mas preciso devolver seu lençol de linho branco. Não amassei sua rosa, amo rosas vermelhas.

Com questionamentos mil, S.P.”

Entreguei ao homem, e cheguei a pensar que aquilo era loucura demais pra fazer algum sentido, quem troca cartões às 5 da manhã? Fechei a porta decidida a tentar dormir, afinal de contas eu ainda trabalhava. Alguns minutos depois mais uma rosa.

“ Samantha, fico feliz em saber que vai me devolver o lençol de linho, minha mãe enlouqueceria. Posso cumprir, basta você me deixar prometer, entramos em um acordo. Não seria a melhor opção do mundo ter ido pessoalmente, imagino o estrago. Lido com esses sentimentos de uma forma mais branda, poderia ser explosivo, mas a última vez que tentamos algo mais emocionante você fugiu com meu lençol. Sabia que iria gostar das rosas.

Disposto a responder seu questionamentos, F.B.”

Gargalhei, e fiquei estupidamente impressionada com a agilidade daquilo, talvez a letra fosse do entregador e ele respondesse por mensagem.

“ Freddie sabia que estava preocupado com seu lençol. Que promessa é essa afinal? Posso imaginar um estrago muito feliz, como crianças fazendo cupcake! Continuo intrigada. Porque não diz de forma mais clara possível que sentimentos são esses? O que você teme afinal? Ah, e você é o flash?

Esperando que você responda meus questionamento de fato, S.P.”

Passei um tempo imaginando que loucura era essa que eu estava fazendo. Era bonitinho, trocar rosas e cartões. Fofo. Mas a verdade é que não me convencia ele falar por alto. Eu precisava ouvir, ler o que ele queria dizer com sentimentos. Dois toques na campainha eu já estava sorrindo do lado da porta. O homem me entregou o cartão com a cabeça baixa, o boné escondendo o rosto. Imaginei que fosse culpa do cansaço e constrangimento. Nunca acreditei que eles não liam os recados.

“ Não diga que não sabe do que eu estou falando. Quer mesmo que eu diga claramente? Você vai saber lidar com isso? Não vai sair correndo? Se as respostas forem sim e não, tudo bem. Ah, sobre os sentimentos: são tantos que eu me perco, desejo, admiração, ternura, medo, alegria, amor, desejo, admiração, medo. Você percebeu que repeti as palavras numa tentativa de esconder meus sentimentos?

Respondendo aos questionamentos, F.B.”

Ofeguei insistentemente até compreender aquilo. Relendo cada linha pra ter certeza de que não enlouqueci.

—Ele só pode estar muito louco... – disse sorrindo.

—Não estou. Na verdade, eu estou confuso Sam. Eu não sei exatamente como lidar com a euforia disso tudo, a impulsividade, as brigas, as charadas. Eu não sei o que te prometer, mas eu posso tentar. Eu juro, que eu aceito, qualquer condição sua.

—Onde você estava?

—É sério? Eu estava no final do corredor, enviando as rosas aos poucos.

—Lindo, de verdade, deveria tentar isso com sua noiva. Adeus Freddie.

—É sério? – ele respondeu confuso.

—Não. Mas antes de entrar aqui, com essas rosas vermelhas e esse sentimento confuso, me prometa que não vai confiar em mim.

—Impossível. – Freddie foi me puxando pela cintura.

—Freddie...

—Eu prometo tentar não confiar em você.

—Obrigado. –

Nos beijamos e eu o puxei para dentro com as rosas. Daquela noite eu guardaria algumas coisas: o brilho nos olhos dele, a batida acelerada do meu coração, meus olhos enchendo de lágrimas ao abraça-lo sem poder falar sobre meus sentimentos de volta, as rosas eu espalharia nas páginas dos meus livros e as teria como eternas, e o último cartão confuso eu poderia expor numa moldura.