Caro desconhecido... escrita por Miss Sant


Capítulo 20
Confabulações gélidas numa explosiva madrugada


Notas iniciais do capítulo

ooooooooooe
E ai? Como estão vocês? E essas festas? E o natal? O ano novo?
Espero que tenha ido tudo lindamente bem!
bjo



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SAMANTHA.

Na madrugada, eu estava à própria personificação de Nova York, a cidade que nunca dorme. Havia me revirado mais de 84 vezes na cama, num tira e bota de lençol alucinante, uma valsa completa com direito a piruetas no final. Minha mente reprisava cada momento, cada palavra do dia anterior até que repousou sobre algo que me fez saltitar.

“Hey, queridinha... Sam não é mesmo?”.  Blair, Blair havia dito isso, e meu sangue fervia tanto naquele momento que não parei pra raciocinar, em como ela sabia meu nome, Chuck devia estar certo afinal... Isso não era nada bom.

Mas antes fosse esse o motivo da minha insônia, precisava saber como Carly tinha ido com o Nate, era isso, eu estava ansiosa pela minha amiga e por isso perdia meu sono. E se eu ligar? Não Carly não vai querer falar nada por telefone eu a conheço muito bem, mas se ela foi pra cama com o Nate não deve estar em casa.

Vamos Samantha, ponha a cabeça no seu devido lugar! Amanhã, e por amanhã eu realmente queria dizer no próximo dia e não nas horas seguintes, eu irei ao apartamento de Freddie,pegarei a foto e estará tudo resolvido. Sim, sim, se acalme, será tudo muito tranquilo, Chuck deu um jeito de vigiar a entrada, eu me viro com o porteiro e feito. O único problema seria achar uma foto, afinal o apartamento é um ambiente refinado, mas não muito aconchegante e familiar...

Após mais uma falha tentativa de pegar no sono, olhei para o relógio e estávamos próximos das 5 da manhã. Decidi que o sono não iria aparecer de jeito nenhum, então lancei um olhar entusiasmado para o closet e avistei minha roupa da academia que eu sempre pagava, mas nunca ia, quem sabe uma corrida no central park não me cansa o suficiente para eu dormir até tarde.

Estávamos na primavera, correndo para o verão, coloquei os fones de ouvido e desci pelas escadas para me preparar pra corrida, topei com uns vizinhos que eu nunca vi na vida chegando da noite, com saltos na mão, e batom borrado por dois motivos vomito e pegação. É Sam, você podia estar com o batom borrado agora não podia?

É impressionante, saia uma musica animada dos fones e eu estava curtindo a vibe, imaginando que quando colocasse a cabeça para fora do prédio avistaria um lindo céu azul. E foi ai que toda a empolgação foi morrendo aos poucos, surpreendentemente o céu se encontrava numa tom de cinza exuberante, minha vontade foi de praguejar ao universo, mas não Samantha, concentre-se. Reuni novamente todas as minhas forças e fui me aventurar no central park, atravessando a rua com pura coragem e determinação as 5 da manhã.

Freddie

Me revirava exaustivamente na cama, após uma noite longa de explicações com a Blair, Nate havia me deixado em maus lençóis, Blair me questionou o tempo todo sobre a natureza da minha relação com a Samantha, como tinha tanta certeza de sua personalidade indubitável, e o que ele queria dizer com saber perder. No jantar, no mercado, nos intervalos das falas intermináveis, minha querida esposa fazia questão de perguntar sobre a loira, me testando para ver se eu esquecia de algum detalhe. E a cada vez que ela me questionava meu sangue fervia ao lembrar que Sam estava jantando com meu querido primo, e que esse jantar deve ter se estendido muito, afinal nenhum restaurante fica aberto até às 5 da manhã.

Uma reconciliação de ex-namorados, depois de tanto tempo, parecia até uma comédia romântica, e eu era o idiota que juntava o casal perfeito e no final da história se convencia de que tinha perdido e ficava com a melhor amiga.

De toda forma só existiam dois motivos para uma reconciliação, ou era ela extremamente burra, ou completamente apaixonada,se tratando de Nate, dava-lhe o beneficio de ser os dois: uma burra completamente apaixonada.

Pensava que ela era mais inteligente do que isso, uma mulher tão bonita, fascinante, encantadora, esperta, ela faria qualquer homem se apaixonar por ela, e Nathaniel não a merecia. Quem em sã consciência trai, sem sentir a  menor culpa, uma mulher como ela? Quanta hipocrisia Benson! Mas comigo era diferente, ou pelo menos eu queria acreditar que era... Por mais vezes que tenha ido para cama com outras mulheres, não tinha sentimento algum por elas, não é como se de fato eu tivesse traído minha noiva.

Samantha por outro lado, que eu nem conheço direito... Tão delicada, feroz, expressiva, a personificação da dualidade, de uma complexidade tão grande. Desejei ter a chance de passar um tempo com ela ouvindo mais que provocações e gemidos, apensar da sua voz entrecortada pelo prazer ser a coisa mais extasiante do mundo.

Deus! Não posso pensar nisso, não é como se eu estivesse... Meus pensamentos foram interrompidos por Blair que se virou na cama, e tive a melhor ideia da minha vida. Iria sair pra correr pelo Central Park, aquele lugar sempre me acalmava, além do mais dali a alguns dias estaria embarcando para Hamptons, seguido pelo sul da França, casamento e vida real, e nunca mais veria a Sam novamente.

Me arrumei, deixei um bilhete para Blair e sai sorrateiramente, peguei o celular e vi que não havia nenhuma resposta dela, melhor assim.

Samantha

Assim que comecei a correr pelo parque, me surgiram bons arrependimentos, primeiro tinha chovido em algum momento na madrugada, segundo estava praticamente deserto. O que aconteceu com os cidadãos fitness que se prontificam a desmistificar a afirmativa de que americanos são obesos e sedentários? Provavelmente, estão deitados na cama porque o sol ainda nem nasceu direito, e sinceramente parece que ele nem vai dar as caras porque é outro preguiçoso que cede espaço para a chuva. Vamos sol! Você é melhor que isso! Eu ri dos meus pensamentos e aumentei a intensidade dos passos, afinal sabe-se lá o que existia por trás de tantos matos.

Concentrei-me em algo que exigia mais trabalho, a BASS. Jack e Bart ainda estavam de férias e incomunicáveis, quanto mais o tempo passava mais as contas apertavam, precisávamos dar explicações aos sócios, tínhamos um festival para organizar artistas para contratar... Um investimento, um investimentozinho bobo, apenas alguns milhões para o novo projeto e tudo seria resolvido. Mas ainda faltaria alguma coisa, quem teria roubado a empresa? Não é tão fácil assim sumir com milhões, mas todos eram de tanta confiança, quem seria tão idiota pra se meter com essa família? Minha cabeça dava milhões de voltas sobre isso e não parava em nenhuma resposta.

Freddie, o possível príncipe frances seria a nossa salvação. Desgraçado sortudo! Duplamente rico e poderoso, o universo amava esse cara não é possiv... Minha mente se calou quando um vendo extremamente frio passou por mim.

—Não, não vai chover, não vai, eu chego em casa muito antes disso, por favor! – implorei olhando para o céu e acelerei o passo.

—Isso,isso, isso, muito obrigada, ai universo, vamos assim tudo bem? Você por mim, eu por você, vai dar tudo certo, eu só não sei muito bem que em área eu estou mas, segura ai só uns minutinhos ok? Eu sei que você quer desgarregar essa barra cinza de resentimentos, banharnos com a sua sabedoria mas... Caralho! – gritei por fim quando resoou um trovoada.

—Ei, ei, além de sair se esgueirando pela casa dos outros, abandonar suas peças íntimas por lá, você também fala sozinha? – um homem de capuz se aproximou trotando, e eu percebi que se tratava de Freddie, não nego o aliviou por não ser um tipo de maníaco da lanterna.

—Que? Como você esquece a melhor parte do meu currículo? Dormir com homens que estão prestes a se casar!

—Ah, eu não ponho isso em especialidades. – Freddie olhou para o céu, quando ouviu outro ronco.

—Não, mas é baita experiência, já pensou? Numa entrevista, o chefe pergunta se eu faço teste do sofá?

—Na verdade todas as experiências foram na cama, mas se você estiver interessada eu arranjo um sofá.

Freddie trotava na minha frente e deu uma piscadela acompanhada de um sorriso safado. Desviei dele, e nos segundos seguintes tudo o que eu senti foi um baque no meu pé e meu corpo sendo projetado para frente contra a minha vontade, sim joelhos abdômen, seios e então meu rosto batendo contra a grama.

Freddie se aproximou com uma expressão desesperada no rosto, e eu achei estranhamente fofo, tinha começado a chover e ele estava sem capuz, logo gotas furiosas perfuravam seu cabelo. Senti um ardor nos membros inferiores e um peso na cabeça, mas levantei mesmo assim.

—Você é louca? Não pode levantar assim você bateu a cabeça e eu acho melhor chamar um médico vai que...

—Ei, ei, ei, eu estou bem, ok, eu só...

Meus sentidos foram se apagando lentamente e eu me sentia como a primeira vez que tomei um porre na vida, zonza, enjoada, perdida e ausente até que tudo ficou vazio.


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Notas finais do capítulo

Beeem teórico né? Já estamos trabalhando nos próximos capítulos aos som de musicas clássicas porque a autora aqui é muito eclética, e já já troco por banda uo! bjo



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